segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Concluído o restauro da igreja de São Miguel Arcanjo, em Mallet- Pr, ela é um importante marco da comunidade ucraniana do Paraná


A Igreja de São Miguel Arcanjo, cujo trabalho de restauro foi executado sob a direção do arquiteto Roberto Martins foi construída há 120 anos por imigrantes ucranianos, e é uma obra exemplar da arquitetura deste povo.

A igreja, construída a partir de 1889 e inaugurada em 1903, está na Serra do Tigre (Mallet). A base de sustentação do imóvel são troncos encaixados e recobertos de madeira. As paredes são triplas, onde a madeira foi encaixada com pouco uso de pregos. Apresenta ainda, no interior, pinturas com imagens de São Nicolau, Nossa Senhora e São José. Além de ser uma obra feita com madeira de araucária, tipicamente paranaense, a cultura é preservada na igreja por meio da religiosidade e da vida social que a rodeia, com suas tradições, ensino da língua e atividades de folclore. “A ideia é manter a igreja aberta mesmo durante a restauração. A comunidade é muito articulada, alguns membros participam desta ação. Sem falar do amor que as pessoas têm pela igreja. É impressionante”, afirma o superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), José La Pastina Filho.

O trabalho de restauro foi coordenado pelo Instituto Arquibrasil, com o apoio do IPHAN e patrocínio da Caixa Econômica Federal.

La Pastina (IPHAN) entendem que o trabalho executado pela ArquiBrasil foi feito de forma que atendeu aos altos padrões de qualidade e de acordo com as solicitações do IPHAN. La Pastina disse que a ArquiBrasil é uma empresa de competência e renome no cenário de restaurações e trabalhos arquitetônicos.

Mais:

Construída em 1903, sob orientação do Padre Nikon Rozdolskey, foi projetada com uma planta na forma de cruz grega, possui no centro um tambor octogonal dotado de uma cúpula em oito segmentos que é, por sua vez, finalizada por um lanternim. Este se alonga, retomando a forma de um octógono coroado por uma cúpula bulbosa. Pórtico de duas águas marca a entrada. Contrasta com o restante da cobertura nos trechos dos braços da cruz, constituída de três águas de inclinação muito acentuada. Paredes maciças de troncos de madeira intertravados, revestidos de tábuas e mata-junta na face externa, e lambril na interna. Digno de atenção é a base que separa a construção o chão, para proteger a madeira da umidade do solo. Em 1938 o anexo da sacristia já se encontrava construído e em 1939 a igreja sofreu uma reforma, quando foram trocadas algumas tábuas do revestimento externo e tabuinhas da cobertura. Parte da estrutura da cúpula foi substituída em 1955, sendo que esta recebeu pintura externa. Os pisos, paredes e forro foram pintados com motivos florais em cores fortes na década de 1960. Em 1962 foram substituídos os cepos dos alicerces e o assoalho por se encontrarem danificados. Neste mesmo período, o interior da igreja foi revestido com forro paulista, ocultando os pranchões de pinheiro antes aparentes. A reforma da parte interna foi finalizada em 1964, ano em que a igreja recebeu a pintura interna. Novas intervenções ocorreram em 1969, como substituição das tabuinhas da cúpula e pintura externa. Um para-raios foi instalado em 1980. Mais do que o inóspito e o selvagem da região, há século e tanto, o nome evoca o desconhecimento das características básicas do território brasileiro por parte dos imigrantes. Do alto do morro em que está localizada, o que ainda hoje se compreende é a infinitude espacial com que se depararam nas terras novas: pouca coisa capaz de alterar as dimensões desse horizonte planaltino pode ter acontecido desde então. A solidão desta igreja em sua paisagem é testemunho eloqüente da participação dos imigrantes no árduo processo de apropriação e colonização do território paranaense. A Igreja de São Miguel Arcanjo da Serra do Tigre, em Mallet, é a mais perfeita e acabada expressão do partido de planta em cruz grega. Mesmo desiguais, os braços vertical e horizontal se interceptam sob a cúpula, organizando os espaços para a liturgia de que são originários. A composição do volume construído é piramidal: a cúpula menor de coroamento apóia-se sobre a principal, de cobertura, e a sequência dos telhados complementares que cobrem os braços da cruz, assim como os de proteção às partes de baixo da construção e dos bancos que contornam as laterais da igreja, produzem o efeito de faces inclinadas quase contínuas – interrompidas pelas áreas horizontais em que as tábuas e ripas revestem os pranchões de araucária que estruturam o conjunto. Originalmente, as tabuinhas permitiam linhas mais flexíveis, encurvadas às coberturas. As extremidades dos pranchões, que recebem o desenho em cimalha, são visíveis sob essa cobertura. O percurso do eixo longitudinal se inicia no pequeno vestíbulo – para quem vem do grandioso espaço externo, uma limitação visual extrema. Passando sob o coro, também limitador da visual em altura, começa-se a perceber o espaço da nave à frente – espaço que, no entanto, só será apreendido em sua plenitude quando se chega sob a cúpula: então, ele se expande em todas as direções, inclusive para o alto. A obstrução parcial causada pela parede dos fundos, na qual está recortado o iconóstase, antes atrai do que reprime a visualização do santuário. As pequenas dimensões das janelas produzem um interior de penumbra e recolhimento. A concordância do tambor octogonal da cúpula com o quadrado central da planta dá origem internamente a uma composição de triângulos e arcos que, associados à pintura em cores fortes – tons de azul e de verde – produz uma unidade espacial bem evidente. Os padrões decorativos aplicados sobre a pintura não são, em sua maioria, compatíveis com os encontrados em outras igrejas ucranianas. A parede que fecha o espaço do santuário tem recortadas as três portas do iconóstase, a central ladeada por pinturas inspiradas em ícones e encimada por uma Santa Ceia. Outras pinturas nas imediações participam da composição, no entanto, a presença das faixas decorativas aplicadas com estênceis é pequena. A igreja de São Miguel Arcanjo foi reconhecida como patrimônio paranaense em 1982. No entanto, a sua conservação até então só foi possível devido às inúmeras melhorias realizadas pela comunidade ao longo do tempo, demonstrando o cuidado dos fiéis com o seu templo. O coro encaixado acima da entrada é favorecido pela inclinação do telhado. O pé-direito baixo se expande repentinamente sob a cúpula central, de onde desce um fio que suspende o delicado lustre de velas, de fino cristal. Por trás do iconóstase, encontra-se o Sanctus Sanctorum. O campanário aberto abriga três sinos de bronze. Ao lado situa-se o salão de festas, e atrás, já em declive, o cemitério, cujos túmulos são guardados por cruzes de ferro forjado fixadas em peças lavradas de madeira, com desenhos geométricos da tradição ucraniana. (Dorizon)

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