terça-feira, 6 de setembro de 2011

Trens de alta velocidade: o custo não compensa

Lula e Dilma Rousseff visitam a cabine de um Trem de Alta Velocidade, durante viagem na Alemanha, em 04/12/2009.


Políticos por todo o mundo desenvolvido têm esperança que a nova geração de trens de alta velocidade, que deslizam a uma velocidade de 400 km por hora, podem abrir as portas para uma idade de ouro da prosperidade. Mas redes de trens de alta velocidade raramente ensejam os benefícios econômicos generalizados que seus defensores alegam.

Fala-se de trens de alta velocidade em todos os lugares no momento. Seis países investiram pesado em trens-bala: Japão, França, Alemanha, Espanha, e mais recentemente Itália e China. Austrália, Portugal e Indonésia estão cogitando a construção de novas linhas. E o governo britânico estudo planos de uma ligação ferroviária de US$ 52 bilhões entre Londres e o norte da Inglaterra. Empreendimentos em outros lugares estão paralisados ou caíram por terra: o Brasil postergou planos de uma linha de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo após empreiteiras não terem se interessado pelo projeto; a China suspendeu novos projetos após uma colisão fatal entre dois trens de alta velocidade em julho. Ainda assim , os governos permanecem suscetíveis à ideia de que tais projetos podem diminuir desigualdades regionais e promover o crescimento.

Com efeito, na maioria das economias desenvolvidas, os trens de alta velocidade fracassam ao tentar abolir diferenças regionais e às vezes até as exacerbam. Conexões melhores fortalecem as vantagens de cidades ricas no centro da rede de transportes: empresas das regiões mais ricas alcançam uma área maior, piorando as perspectivas de lugares mais pobres.

Ainda que algumas cidades se beneficiem, outros lugares além da malha ferroviária podem ser prejudicados: a velocidade é atingida em parte ao custo de menos paradas, logo áreas bem servidas por serviços existentes podem ser deixadas à margem das novas ferrovias. Linhas de alta velocidade, como outros projetos de revitalização, costumam deslocar atividade econômica em vez de criá-la.

As vantagens, enquanto isso, servem sobretudo àqueles que viajam a negócios. Contudo, como as linhas de alta velocidade requerem investimentos enormes, em geral por parte do governo, contribuintes comuns acabam pagando a conta. Hoje, na maior parte dos lugares, os benefícios marginais destas fantásticas proezas da engenharia, em termo de redução de jornadas, são superadas pelos custos altos. O Brasil ainda está em tempo de abandonar este projeto de infraestrutura grandioso – e deveria seguir adiante. Outros países também deveriam reconsiderar planos para expandir ou introduzir linhas como estas. Um bom projeto de infraestrutura tem vida longa. Mas um ruim pode desgovernar tanto as finanças públicas quanto as ambições de desenvolvimento de um país. (ON)

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