sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Expectativa dos analistas é de que o PIB aponte desaceleração

Segundo as projeções dos analistas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar hoje um resultado do PIB do segundo trimestre que mostrará a economia brasileira em desaceleração. A principal causa da prevista freada foi o fraco desempenho da indústria, de acordo com a maior parte dos economistas. Eles acham que o ritmo deve diminuir ainda mais no terceiro trimestre.

Muitas previsões para o crescimento do PIB no segundo trimestre situam-se perto de 0,8%, ante o primeiro trimestre, na série livre de influências sazonais. Isso corresponde a um ritmo anualizado de 3,2%. No primeiro trimestre, a expansão do PIB, no mesmo critério, foi de 1,3%, ou 5,3% anualizado. Já as projeções para o crescimento do PIB do segundo trimestre ante igual período de 2010 concentram-se em torno de 3,2%.

"A gente observa que essa desaceleração está vindo em grande parte da redução da atividade industrial", diz Aurélio Bicalho, economista do Itaú-Unibanco, notando que a produção industrial recuou 0,7% no segundo trimestre, depois de um bom desempenho no primeiro.

Os economistas ouvidos pelo Estado não acham que a surpreendente decisão da quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), de reduzir a Selic, a taxa básica, em 0,5 ponto porcentual, indique que o governo já sabia de um número muito ruim para o PIB do segundo trimestre. Eles mantém suas projeções anteriores mas, nas palavras de um deles, "se vier um PIB muito menor que 0,8%, vai dar margem à especulação que o BC já sabia".

O enfraquecimento da demanda, tanto doméstica como internacional, contribuiu para a projetada desaceleração do PIB, e particularmente da indústria. No exterior, antes mesmo da grande deterioração recente, os Estados Unidos e a Europa já vinham em piora do seu desempenho econômico, o que afeta a demanda pelos produtos brasileiros, especialmente manufaturados.

Mas o câmbio valorizado também prejudicou a indústria nacional, segundo os analistas. Carlos Kawall, do banco J. Safra, nota que há um crescente "vazamento" da demanda por manufaturados para a oferta externa, isto é, importações. "As vendas do varejo sobem, já estão muito acima do nível pré-crise (global, de 2008 e 2009), mas a indústria não consegue sair daquele patamar", diz Kawall.

Ele nota que mesmo os bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, cuja demanda é a mais afetada pelas medidas macroprudenciais de contenção do crédito, mostram a mesma discrepância. Enquanto a produção tem um mau desempenho, o consumo daqueles produtos continua forte. Isso, para Kawall, é sinal de que o câmbio está provavelmente favorecendo as importações em detrimento da produção nacional.

Os analistas também esperam um número não muito brilhante para o investimento no segundo trimestre. Nesse caso, a desaceleração pode ser um pouco atenuada pela importação de bens de capital, que também é estimulada pelo câmbio valorizado. De qualquer forma, as expectativas para o investimento no ano não são promissoras. Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, acha que os investimentos são o componente da demanda que deve sofrer mais, por ser mais volátil e reagir mais rápido do que o consumo ao aumento global do pessimismo. "Todo esse noticiário ruim afeta a confiança do empresário e o investimento", ele diz.

Para o terceiro trimestre, a expectativa é de que a desaceleração prossiga, e talvez se aprofunde. O JGP, por exemplo, prevê um crescimento do PIB de apenas 0,4%, ou 1,6% em termos anualizados. Ele cita índices de confiança empresarial em queda, e estoques elevados de automóveis e aço. Já Kawall, do Banco Safra, projeta crescimento de 0,5% no terceiro trimestre (2% anualizado), e o Itaú-Unibanco, 0,7% (2,8%). Para o ano, JGP e Itaú-Unibanco preveem, respectivamente, 3,4% e 3,6%. (AE)


0 comentários :

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles