sábado, 25 de junho de 2011

Após novos ataques de hackers, PF anuncia investigação

No terceiro dia seguido de ataques de hackers a sites governamentais, a Polícia Federal (PF) informou ontem que abriu oficialmente uma investigação para apurar os responsáveis pela “guerra cibernética” contra as páginas on-line do Estado brasileiro.

Os “piratas da internet”, como são conhecidos os hackers, conseguiram ontem derrubar os sites do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Senado. A página do Ministério da Cultura também foi atacada, ficou instável, mas não caiu. O site da Infraero, estatal federal que administra os aeroportos do país, também ficou inacessível ontem por algum tempo. Mas a empresa negou que tenha sido vítima de um ataque virtual. Disse que tirou a página do ar para fazer manutenção.


Suspeitos

Ontem, um grupo de hackers – o LulzSecBrazil – divulgou ainda na internet informações pes­­soais de funcionários da Petrobras. Algumas pessoas ouvidas pela reportagem que se trata, de fato, de seus dados pessoais.

A Polícia Federal informou que, em princípio, a investigação será centrada nos ataques aos sites da Presidência da República, do Senado e da Receita Federal. A PF informou que já tem alguns suspeitos, mas não quis revelar nomes até concluir a apuração.

Agentes da PF confidenciaram à reportagem, porém, que terão dificuldades para propor a punição dos hackers porque não existe lei específica que classifique como crime o ataque e a invasão de páginas on-line. Para a Polícia Federal, a alternativa será indiciar os invasores no artigo 265 do Código Penal. Pelo artigo, é crime “perturbar” um serviço de utilidade pública – e os sites poderiam ser classificados nessa categoria.

A Polícia Federal vê no ataque dos hackers um motivo a mais para se votar o Projeto de Lei 34/99, em tramitação na Câmara dos Deputados desde 1999. O texto tipifica o crime de invasão de sites e estabelece penas mais rigorosas para esse tipo de fraude.

Nacionalistas

O site do IBGE foi derrubado durante a madrugada de ontem por um grupo de hackers que ainda não havia participado da onda de ataques virtuais. O grupo, autodenominado Fail Shell, postou na página do instituto a mensagem “IBGE Hackeado – Fail Shell” e uma imagem com um olho representando a bandeira do Brasil.

Os hackers se apresentaram como um grupo nacionalista, que condena os demais grupos de ciberativistas que estão promovendo ataques por supostamente não terem ideologia.

Na página do IBGE, eles deixaram a seguinte mensagem: “Este mês, o governo vivenciará o maior número de ataques de natureza virtual na sua história feito pelo Fail Shell. Entendam tais ataques como forma de protesto de um grupo nacionalista que deseja fazer do Brasil um país melhor. Tenha orgulho de ser brasileiro, ame o seu país, só assim poderemos crescer e evoluir!. Atacado por FIREH4CK3R. Brasil, um país de todos! Não há espaço para grupos sem qualquer ideologia como LulzSec ou Anonymous no Brasil”. Os hackers do LulzSec, ligado ao grupo internacional Anonymous, reivindicou a autoria de várias das derrubadas de sites desta semana.

O ataque do Fail Shell ao IBGE aconteceu às quatro horas da madrugada. O instituto, então, decidiu tirar a página do ar para análise do ocorrido – o site só voltou a estar acessível às 16 horas. O IBGE, após a avaliação, informou que o banco de dados da entidade foi preservado. O instituto é responsável, dentre outras pesquisas, pela elaboração do Censo e pelo índice oficial de inflação (IPCA).

O site do Senado saiu do ar por alguns minutos ontem à noite e o grupo Fatal Error Crew indicou ser o autor, por meio de mensagem no Twitter. Já o site do Ministério da Cultura sofreu um ataque, reconhecido pelo governo, entre as 7 e 8 horas da manhã. A página ficou com navegação lenta, mas não caiu. Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque.

Por volta das 14 horas, internautas não conseguiam acessar o site da Infraero, no qual são divulgados atrasos e cancelamentos de voos. O acesso à página da Infraero foi retomado por volta das 14h20, de acordo com a empresa. Entre­­tanto, a navegação permaneceu instável. Segundo a instituição, o site estava em manutenção preventiva para evitar problemas e não sofreu ação de hackers. Caso o site volte a apresentar instabilidade, a Infraero pede que os passageiros busquem informações nas páginas ou telefones das próprias companhias aéreas.

Dados vazados

Já a Petrobras, também alvo de tentativa de invasão na quarta-feira, informou ontem, em nota, que o site da empresa não foi violado. Isso significa que os dados pessoais de seus funcionários que foram colocados na internet teriam sido obtidos de outra maneira. As informação dos funcionários foram divulgadas numa rede social pelo grupo hacker LulzSecBrazil, que reivindica o ataque à estatal. O grupo também divulgou supostos dados pessoais da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Segundo o governo, o número de documentos pessoais da presidente que estão circulando na internet não foram obtidos nos sites oficiais.

O Ministério dos Esportes, alvo de hackers na última quinta-feira, informou ontem que são falsos os dados vazados sobre supostas fraudes nos repasses de recursos para os estados onde haverá jogos da Copa de 2014. (AE)

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