sexta-feira, 25 de março de 2011

Fóssil descoberto no Rio Grande do Sul explica evolução dos mamíferos


O Pampa gaúcho abrigou, há 260 milhões de anos, um parente longínquo dos mamíferos. Batizado de Tiarajudens eccentricus, o animal representa o registro mais antigo de uma estrutura dentária sofisticada: com incisivos, molares e caninos. Graças aos diferentes tipos de dentes, ele podia cortar e mastigar alimentos, um luxo que ampliou drasticamente sua dieta.

O fóssil de São Gabriel, cidade a 325 quilômetros de Porto Alegre, também surpreendeu os cientistas por exibir caninos em forma de dentes de sabre. O Tiarajudens era herbívoro. O artigo que descreve a descoberta na Science levanta três hipóteses para explicar os caninos de 12 centímetros: manipulação dos alimentos antes de os abocanhar, defesa contra predadores ou uso em disputas com indivíduos da mesma espécie (por fêmeas ou território, por exemplo).

Antes do Tiarajudens, a maioria dos animais apresentava dentição semelhante à dos jacarés: dentes pontiagudos especializados em rasgar para engolir. Quase todos se alimentavam de carne ou insetos. O fóssil gaúcho representa uma nova fase.

Capazes de mastigar alimentos, os herbívoros mais evoluídos incluíram plantas fibrosas, mais abundantes, à sua dieta. Foi o primeiro passo rumo à hegemonia numérica. Iniciava o cenário, que persiste até hoje, de um ambiente com predomínio de vertebrados herbívoros e um número menor de carnívoros. "(O Tiarajudens) é um representante do primeiro ecossistema moderno", sintetiza Juan Carlos Cisneros, salvadorenho da equipe que descobriu o fóssil. Na época, realizava pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje, leciona na Federal do Piauí. (AE)

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