sábado, 1 de janeiro de 2011

Brasil: É isso que queremos?


Chegou a hora de focalizar os temas que possam colocar o Brasil em bases sólidas e não ilusórias. Por Rubens Barbosa

Um novo governo estará dando seus primeiros passos a partir deste sábado, 1º de janeiro, com novos desafios e novas esperanças.

Devido aos positivos indicadores econômicos, políticos e sociais, a presidente Dilma Rousseff assumirá o comando do país em situação relativamente confortável. Essa condição, contudo, esconde problemas sérios que vão requerer ações rápidas e enérgicas para serem corrigidos. A maior presença do Estado, base da visão nacional desenvolvimentista, poderá facilitar a mudança de atitude, o fortalecimento das empresas e a expansão do emprego.

Apesar das consequências desses grandes avanços internos, com as exceções de praxe, nem os lideres políticos de todos os partidos, nem a burocracia estatal, nem os sindicatos, nem mesmo o setor privado se dão conta que será necessária uma urgente e drástica mudança de atitude para enfrentar os desafios criados por essas transformações internas e externas.

O Brasil em primeiro lugar

Qual é nossa visão do futuro? Vamos continuar como estamos ou vamos querer transformar o país para alcançar o lugar de destaque que o mundo espera que o Brasil ocupe? Chegou a hora de os partidos políticos, os sindicatos e o setor empresarial, sob a liderança da presidente Dilma Rousseff, somarem esforços, em uma parceria real, para pensar mais no Brasil e menos nos interesses pessoais e partidários.

Essa mudança de atitude passa pelo incentivo à inovação e pelo aumento da competitividade a fim de gerar mais de 150 milhões de empregos em 2030.

Conhecimento, inovação, educação, ciência e tecnologia, competitividade, rumos da globalização e inserção externa deveriam ser discutidos em profundidade, da mesma forma como se dá destaque a assuntos como violência, crime, MST, juros, câmbio e dança de cadeiras para o Ministério. O Ministério do Desenvolvimento deveria ser tão importante quanto o da Fazenda nesse desenho de nosso futuro.

Devemos estar conscientes da necessidade de olhar para a frente e de estar atentos às tendências dos próximos anos, sobretudo com o aparecimento da China e da Índia como potências globais econômicas, comerciais e políticas, que vão competir com o Brasil.

A dura realidade é que as mudanças sendo tão rápidas e constantes fazem com que o mundo avance célere e sem esperar que consigamos entender o que está acontecendo ou nos ajustemos aos novos tempos e às transformações em curso.

Sem ameaçar a estabilidade econômica e política, novas políticas terão de ser aprovadas, com o objetivo de criar incentivos para aumentar a poupança e o investimento, reverter a tendência da taxa de câmbio e de juros, promover a redução dos gastos públicos e reduzir a carga tributária. A geração de emprego dependerá do aumento da competitividade do setor produtivo com medidas concretas para reduzir ou eliminar o custo Brasil, responsável por mais de 35% nos preços finais da produção nacional. O comércio exterior deveria ser colocado em um nível decisório mais elevado para que seja tratado com a prioridade que merece, uma vez que é uma das variáveis mais importantes do crescimento econômico.

Exportações

Estamos de acordo em transformar o Brasil em um país exportador de matérias-primas e produtos agrícolas? Com a perda de espaço dos manufaturados, mais de 50% de nossas exportações são de produtos primários, situação que poderá agravarse com a entrada, nos próximos anos, da produção dos campos de petróleo do pré-sal.

Vamos deixar o setor industrial desaparecer, a exemplo do que ocorreu na Argentina? A indústria que já representou mais de 20% do PIB viu sua participação reduzir-se a 15%. O consumo doméstico, que era atendido pela produção nacional, hoje depende em mais de 20% das importações. As empresas brasileiras, sem capacidade de competir nem interna nem externamente, ou estão fechando suas portas, transformando-se em montadoras e importadoras, ou passaram a produzir no exterior. As importadoras representam o dobro das exportadoras. É isso que queremos?

Chegou a hora de focalizar os temas que possam colocar o Brasil em bases sólidas e não ilusórias, entre os países de relevo na economia e na política mundiais.

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