terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DESPEJO EM PIRAQUARA: Sem ter aonde ir, famílias continuam amontoadas

GP

Amontoar os móveis que sobraram, improvisar uma cozinha e pendurar lonas para conter o frio. É essa a rotina de 70 das cerca de 350 famílias que viviam em uma área de proteção ambiental desocupada na semana passada, no bairro Guarituba, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. Sem ter onde morar, parte dessas pessoas está em um abrigo provisório na quadra de esportes da Escola Municipal Henrique de Souza, mesmo local onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em 2007 no início das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Naquele ano, Lula anunciou o investimento de R$ 1,25 bilhão em obras de saneamento, urbanização e ocupações irregulares no estado.

As obras do PAC estão atrasadas em Piraquara, segundo o prefeito Gabriel Jorge Samaha. Oitocentas casas devem ser entregues, mas as famílias desabrigadas não serão levadas para lá por não estarem inscritas em cadastros sociais. “Já tem fila de pessoas para essas casas. Foram três anos de análise de risco social. A única solução para o pessoal foi dar um abrigo temporário”, diz.

As famílias tinham até o último domingo para sair da escola, mas o prazo foi prorrogado por tempo indeterminado. A prefeitura forneceu cestas básicas e dois banheiros químicos para os desalojados. Porém, muitos estão sem banho há dias, já que não há chuveiro no local. Uma reunião com a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), cancelada ontem, deve acontecer hoje com participação da prefeitura e de moradores.

Uma das desabrigadas, Anair Vidal, está preocupada com a condição das crianças, entre elas sua filha Elisama, de um ano. “Ela tem bronquite e não consigo largar ela no chão para brincar porque tem muita poeira. Além disso, nos primeiros dias, muitas tiveram de dormir no chão, já que os colchões estavam todos molhados”. Beatriz Urch dos Santos está vivendo na quadra com o marido e os dois filhos. Ela conta que famílias que haviam conseguido abrigo na casa de parentes estão retornando para a escola. “Estamos improvisando do jeito que a gente pode para acolher”.

Uma cozinha com botijões de gás doados e fogão dos moradores foi montada no meio da quadra. A responsável pelo almoço, Leoni da Silva, afirma que os mantimentos fornecidos vão durar apenas dois dias. “Também estamos praticamente sem leite. Boa parte do que chegou nós já usamos para as crianças”, conta.

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