quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A triste situação dos trabalhadores na construção civil


Aspectos como acidentes (e subnotificações), intensificação, terceirização e informalidade ainda ameaçam a segurança e a dignidade plena dos trabalhadores da construção civil.

Com base na observação de 58 mil situações de riscos em cinco grandes obras espalhadas pelo país, uma consultoria privada identificou 12,3 mil (22%) situações de desvios dos padrões recomendados quanto ao risco de quedas de pessoas e materiais, especialmente para trabalhos em altura.

Dados disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social (MPS) fornecem um quadro mais amplo. Por meio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é possível notar que os acidentes de trabalho na construção civil cresceram 69,3%entre 2006 e 2008.

O número de óbitos aumentou 25% no mesmo período e os acidentes que causaram incapacidade permanente subiram 37%. Impressiona ainda mais o salto de acidentes que causaram afastamento de empregados por mais de 15 dias de 2006 a 2008: 122%.

Riscos e problemas
Para o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), Luiz Queiroz, a preferência dos jovens por outros setores é um indício relevante.

"Um jovem hoje prefere ir para outros setores e não para construção civil, pois os riscos da profissão não têm uma compensação financeira", coloca. "É muito menos desgastante trabalhar com telemarketing e o salário é o mesmo".

Na avaliação de Luiz, a precarização está ligada à expansão acelerada do setor. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo (Sintracon), João Rodrigues, destaca outro fator relacionado ao problema: a intensificação do trabalho no canteiro de obras.

"Falta mão de obra qualificada, aumenta-se, então, a carga horária e/ou a exigência por prazos. Desse jeito, o cansaço facilita a ocorrência de acidentes".

"O ritmo muito intenso traz novos problemas para a saúde do trabalhador como LER [Lesão por Esforço Repetitivo], Dort [Distúrbios Osteo-musculares Relacionados ao Trabalho] e hérnia. Alguns chegam a trabalhar de segunda a segunda. Isso aumenta o risco", adiciona Luiz, da Conticom, condeferação ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A expansão da setor expõe outro aspecto negativo: a falta de treinamento. A Norma Regulamentar (NR) 18, que rege as condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, obriga as empresas a fornecer treinamento. Na prática, contudo, as instruções muitas vezes não são dadas adequadamente.

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