Ao assistir o debate fiquei a princípio horrorizado ao ver o tanto que o “lava roupa suja”, onde ambas as partes se vitimizam, no debate causado pela pauta integrista religiosa em substituição as teses maiores tão necessárias na busca de um projeto estratégico para o país, está pautando está campanha. Não que ache que a discussão pontual sobre o aborto não deva ser tratada como parte deste processo eleitoral, mas ela não é e não pode ser o centro do debate. Ela do jeito que se coloca parece até um concurso para ver quem é mais “católico fundamentalista”.
Mais criminoso que o próprio aborto é debater um tema tão delicado sem a profundidade política sociológica, econômica e ética necessária que a questão merece, já que é um drama social cuja origem passa pela pobreza, falta de cultura, excesso de preconceito sobre se ter filhos fora do casamento, a liberalização sexual, métodos contraceptivos preventivos, etc..
O embate levou para a discussão sobre a privatização X papel interventor do estado a está começou a ter mais validade, pois o tema é estratégico, já que implica em discutir os limites do estado e o que me deixou feliz foi ver os dois postulantes a presidência dizerem que são contra novas privatizações e que as estatais seriam fortalecidas e melhor gerenciadas. Já passou da hora de tanto o PT como o PSDB fazerem a autocrítica sobre o quanto é danoso para a sociedade o ato de privatizar e quanto é danoso o péssimo e corrupto gerenciamento da máquina pública neste modelo de estado oligárquico patrimonialista, triste herança um dia importada do modelo estatal português. Será que estas posições são um aviso de que pouco importando quem ganhe o estado brasileiro está rumando para a modernidade? Espero que sim!
Quando a discussão tomou o rumo sobre o caso Erenice, que não é o único é matéria de nepotismo e corrupção a ser analisado e condenado, pois está praga oriunda do período, colonial, do aristocrático imperial e da república velha continua se perpetuando, mais uma vez tomou o rumo não do aspecto legal e ético, mas sim adquiriu novamente o tom moralista. Como se o central não fosse do ponto de vista ético e legal a falta de planejamento, de controle por parte do povo e seus representantes do que é público e também como tornar legalmente mais dura a legislação e mais rápida a ação Justiça que leve ao rigoroso apenamento destes criminosos.
Quando o debate rumou para as obras necessárias de forma pontual mais se falou sobre velhas realizações do que sobre qual será o projeto estratégico que cada candidato possuiu para o país. Quando eles falavam do futuro a Dilma afirmou que seria apenas um continuidade do que está sendo feito, do “espetáculo de desenvolvimento do governo Lula”.
Sabemos que o planejamento deste não passa de uma colcha de retalhos mal produzida, pois além de não ter caráter estratégico do ponto de vista do que é nacional e popular é um governo refém dos interesses dos banqueiros, empreiteiros e latifundiários.
O governo Lula, que quase nada difere dos que o antecederam, está sendo um governo extremamente corrupto e nele a agenda nacional continua pautada pelas oligarquias micro regionais aliadas ao grande capital nacional e internacional, que trocam os seus votos no parlamento por espaços na máquina pública para seus apaniguados, como pelas emendas no orçamento e estas beneficiam as suas “empresas de confiança”.
O Serra sobre questão da infra-estrutura se saiu melhor ao apontar para a débil política desempenhada pelo atual governo, mera continuidade dos outros, sobre as necessidades em relação à infra-estrutura, pois sem priorizarmos está questão, que vai passa pelo saneamento básico,pela produção de energia limpa, investimento em novas formas de transporte (ferroviário, hidroviário, de cabotagem, construção de novos aeroportos e readequação dos antigos, etc.), não podemos pensar em desenvolvimento.
No debate sobre as questões relativas a Segurança Pública a falta de profundidade não foi menor, pois ela envolve a diminuição da violência e isto implica na diminuição das desigualdades sociais, no maior controle da sociedade sobre o aparato policial, mudança na legislação para uma maior punição dos policiais corruptos, etc..
O problema da segurança não se resume em apenas contratar mais policiais e comprar mais armamentos e demais equipamentos e sim na inclusão social, em uma polícia mais cidadã e no combate ao grande crime organizado e este só existe quando há complacência ou conivência por parte do estado. Os que morrem ou pela ação das drogas ou pela violência por elas gerada em sua maioria são pobres, não produzem cocaína, crack, etc. e muito menos fabricam armas. Quem são os que tanto lucram no topo da cadeia do narcotráfico e do contrabando de armas? Para estes não existem cadeias?
Em relação a Educação o debate também não foi muito produtivo, pois só foi discutido a quantidade e não a qualidade do serviço a ser ofertado pelo estado. Também defendo que sem mais recursos fica impossível implantarmos outro modelo de Educação, mas para que isto ocorra também não podemos esquecer de que novas metodologias de ensino e gerenciamento são imprescindíveis, pois a nossa estrutura educacional é arcaica. Apenas aumentar o que já é ruim por origem não basta. Além da quantidade o mais importante é a qualidade.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Esperava mais deste debate, no qual a grande vítima foram os telespectadores !
segunda-feira, outubro 11, 2010
Molina com muita prosa & muitos versos
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