terça-feira, 14 de maio de 2013

Rússia captura espião norte-americano e revive tempos da Guerra Fria


O governo da Rússia relata, nesta terça-feira, que flagrou um funcionário da CIA tentando recrutar um agente russo de inteligência para que colaborasse com os EUA, num incidente que evoca a Guerra Fria e que ameaça perturbar um esforço de reaproximação entre os dois países.
O anúncio ocorre dias depois de uma visita do secretário norte-americano de Estado, John Kerry, à Rússia, ocasião em que os dois governos anunciaram a intenção de realizar uma conferência de paz com a Síria.
O Serviço Federal de Segurança disse que Ryan Fogle, terceiro secretário da embaixada dos EUA em Moscou, foi detido durante a madrugada com um “equipamento técnico especial”, um disfarce, uma grande quantia em dinheiro e instruções para recrutar seu alvo.
A FSB, agência russa de inteligência, disse que Fogle trabalhava para a CIA, e que foi entregue a funcionários da embaixada algum tempo depois de ser detido. O embaixador norte-americano Michael McFaul foi convocado pela chancelaria russa para prestar explicações.
Ainda pela manhã, no horário de Moscou, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou o embaixador dos Estados Unidos, Michael McFaul, após a detenção do funcionário da embaixada dos EUA. Uma porta-voz do ministro disse que McFaul, um ex-assessor do presidente Barack Obama, foi chamado ao ministério, sem dar mais detalhes.
Relações complicadas
Também no Parlamento russo (Duma), as relações com os EUA estão cada vez mais desgastadas. O deputado da Duma Estatal Mikhail Degtyarev propôs proibir a posse e o uso de dólares dos EUA na Rússia. Ele preparou um projeto de lei para o efeito. Degtyarev explicou a necessidade de proibir dólares norte-americanos por se preocupar com as poupanças dos russos.
– Se não o fizermos agora, nos próximos 5 anos o Estado terá que ajudar os proprietários russos de dólares como vítimas de uma pirâmide financeira – disse o deputado parlamentar. A lei estipula separadamente que ela não afetará qualquer outra moeda além de dólares dos EUA.
Em recente artigo publicado no Brasil, o jornalista Ignacio Ramonet relata algumas previsões para os próximos anos contidas num documento sigiloso da CIA entregue ao presidente Barack Obama, no início do segundo mandato:
1) ainda que os EUA continuem a ser uma das principais potências planetárias, perderão a sua hegemonia econômica para a China. Simultaneamente tornar-se-á impossível exercer sua ‘hegemonia militar de forma unilateral como ocorreu desde o fim da Guerra Fria;
2) caminha-se para um mundo multipolar no qual novos atores, como os Brics, tendem a constituir sólidos polos continentais;
3) a parte dos países ocidentais na economia mundial vai passar dos atuais 56%, para cerca de 25% em 2030;
4) crise na Europa durará pelo menos um decênio, isto é até 2023; não é seguro que a União Europeia consiga manter a sua coesão;
5) algumas das maiores coletividades do mundo já não serão países, mas comunidades congregadas e vinculadas entre si pela Internet e pelas redes sociais. Por exemplo, a ‘Facebooklândia’, terá mais de um bilhão de usuários; na ‘Twitterlândia’, mais de 800 milhões;
6) o controle de toda essa massa de dados por um restrito grupo de empresas privadas poderia condicionar o comportamento em grande escala da população mundial e inclusive de entidades governamentais
Questão síria
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu chegou a Moscou, nesta terça-feira, para conversações sobre a crise na Síria. Segundo as autoridades israelenses. Netanyahu tem agendas confirmadas com o presidente russo, Vladimir Putin, no ressort de Sochi, no mar Negro, e volta para Israel à noite, disseram as autoridades.
Israel expressa preocupação com os planos da Rússia de vender ao presidente sírio, Bashar al-Assad, um sistema de defesa aérea avançado que poderia complicar qualquer intervenção estrangeira no país, onde há mais de dois anos um embate entre opositores e forças do governo deixou dezenas de milhares de mortos.
A Rússia declarou na sexta-feira que não tem planos para vender um sistema de defesa aérea avançado para o governo de Assad, mas deixou aberta a possibilidade de entrega dos sistemas S-300 de mísseis antiaéreos sob um contrato existente.
A República Islâmica do Irã apoia a recente proposta da Rússia e dos EUA para a realização de uma conferência internacional sobre a crise na Síria, de acordo com o chanceler iraniano Ali Akbar Salehi, em entrevista à revista alemã Spiegel, publicada nesta segunda-feira (13). O ministro retomou a relevância do Comunicado de Genebra, documento aprovado em 2012 pelo Conselho de Segurança da ONU que segue a mesma linha da proposta.
Na última terça-feira, o secretário de Estado dos EUA John Kerry e seu homólogo Serguei Lavrov destacaram, em um encontro em Moscou, a necessidade de encontrar uma solução pacífica à crise em que a Síria está imersa. Durante o encontro, as duas partes concordaram em celebrar, no final de maio, uma conferência sobre a Síria, baseada no desenvolvimento do Comunicado de Genebra.
O documento foi elaborado no encontro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e de alguns países vizinhos com a Síria, que decorreu em 30 de junho em Genebra.
O comunicado propõe, em particular, a formação de um governo sírio provisório, com a participação de todas as partes envolvidas no conflito e a introdução de emendas na Constituição, através do diálogo nacional, como já proposto diversas vezes pelo governo de Assad.
O chefe da diplomacia persa disse que o Irã ainda não recebeu um convite para a conferência proposta na semana passada. Ainda assim, Salehi disse que quando as autoridades iranianas forem comunicadas, certamente assistirão à reunião.
Nesta mesma linha, Salehi ressaltou que o Irã é um dos países mais importantes na região e poderia facilitar o desenvolvimento das negociações entre o governo sírio e os opositores.
Não obstante, para a República Islâmica, afirma o ministro, “é essencial que não se planteie a pré-condição dos insurgentes sírios, de que o governo legítimo do presidente Bashar al-Assad se demita”.
Salehi disse também que a única solução para colocar fim ao conflito na Síria é um diálogo nacional pacífico, proposta que o governo de Assad vem fazendo reiteradas vezes e cujos esforços já iniciou, com o grupo de oposição que participa do governo.
Em alusão às relações bilaterais entre o Irã e o Egito, Salehi explicou que Teerã colabora diretamente com o Cairo no assunto sírio, pois ambos os países concordam em três princípios: a ingerência estrangeira na crise interna do país árabe é uma profunda linha vermelha; é importante garantir a independência e união dos territórios sírios; é necessária a formação de um governo de transição que inclua o atual governo e os grupos opositores.
Finalmente, Salehi condena o uso de armas químicas por parte dos grupos armados que qualifica de terroristas na Síria, e confirma que a República Islâmica reprova qualquer ato violento contra o povo e o governo sírios. (CB)

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