sexta-feira, 10 de maio de 2013

Em cinco anos, investimento em ciência aumenta 82% no PR, e isso representa um grande avanço, mas temos que ir além


Os gastos com ciência e tecnologia cresceram 82% no Paraná nos últimos cinco anos, reflexo do aumento da arrecadação do governo estadual. O investimento passou de R$ 164,2 milhões, em 2008, para R$ 299 milhões no ano passado. Na prática, isso representa mais pesquisas e melhorias na infraestrutura das universidades e instituições paranaenses. Atualmente, cerca de 4 mil projetos estão em andamento no estado.
O montante é oriundo do Fundo Paraná, que recebe 2% da receita tributária. Esse recurso é transferido da seguinte forma: 1% é aplicado em projetos de pesquisa do próprio sistema, do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar) e da Fundação Araucária. A outra metade é repassada diretamente para Tecpar, Iapar e universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM) e Ponta Grossa (UEPG).
“Todo esse repasse é revertido em pesquisa. O dinheiro enviado para as universidades pode ser direcionado para reformas do espaço físico. No entanto, é fundamental ter estrutura para realizar as pesquisas”, afirma o coordenador da Unidade Gestora do Fundo Paraná, Luiz Cezar Kawano.
Distribuição
Do total de recursos que fica para o Fundo, 50% são destinados a projetos da Unidade Gestora do Fundo Paraná, 30% para a Fundação Araucária e 20% para o Tecpar. Universidades públicas, privadas e institutos de pesquisa podem apresentar projetos para que seus trabalhos sejam financiados. O valor aplicado diretamente no Fundo aumentou 83% nos últimos cinco anos – chegou a R$ 157,5 milhões em 2012 contra R$ 86 milhões de 2008.
“Isso se deve ao aumento da arrecadação tributária do estado, que vai possibilitar mais pesquisa e investimento em ciência”, aponta Kawano. Só no ano passado, a arrecadação de impostos pelo governo do Paraná cresceu 10,9%. O estado recolheu R$ 27,83 bilhões em 2012 ante R$ 25,09 bilhões em 2011.
Segundo Kawano, a queda de investimentos em 2011, período em que menos de 2% arrecadado com a receita tributária foi aplicado (veja infográfico acima), deve-se a revisões de projetos. “Como era o primeiro ano de governo foi realizada uma revisão dos investimentos e do direcionamento dos recursos”, justifica.
Segundo o pró-reitor de pesquisa da UEPG, Benjamim de Melo Carvalho, é fundamental investir em ciência e tecnologia para o desenvolvimento socioeconômico do Paraná. “Para ter empresas competitivas, é preciso conhecimento. Nesse aspecto, as universidades são fundamentais”, diz. Ele ressalta ainda que o país não pode ficar importando pacotes tecnológicos. “Não há necessidade de comprar pacotes de tecnologia do exterior que já estão defasados. O conhecimento pode e deve ser produzido no Brasil e para isso o investimento é fundamental”, afirma.
Pesquisador aponta isolamento entre empresas e universidades
Apesar do aumento no investimento na área, um desafio ainda é tornar as pesquisas realizadas nas universidades acessíveis à sociedade. Para o pró-reitor de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Waldemiro Gremski, que integra o Conselho do Fundo Paraná, há uma cultura de isolamento entre o setor empresarial e as universidades. “Isso faz com que 90% das pesquisas terminem logo que são publicadas. Não se transformam em produto ou benefício para a comunidade”, diz.
Segundo ele, é papel do poder público tentar unir empresas e universidades. “Investir em tecnologia representa lucro e desenvolvimento no futuro. Enquanto isso não for levado a sério ainda seremos exportadores de matéria-prima, quando poderíamos exportar mais produtos finalizados, gerando tecnologia e emprego”, salienta.
Lei de inovação
Gremski diz ainda que a Lei de Inovação paranaense, que entrou em vigor em fevereiro, contribui para realização de pesquisas com o setor empresarial, mas é insuficiente para garantir que a tecnologia produzida nas universidades chegue à população. A lei possibilita que professores concursados se licenciem para desenvolver projetos na iniciativa privada e também permite que empresas e universidades públicas trabalhem em conjunto no desenvolvimento de patentes e projetos.
“A lei abre um caminho, mas o governo precisa criar estímulos, como financiamentos, para que a empresa utilize de fato a pesquisa universitária na prática.”
Na prática
Pesquisa com apoio do governo testa dieta diferente para diabéticos
Uma pesquisa em andamento na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) testa uma dieta diferente em pacientes diabéticos que já apresentam disfunções renais. O coordenador do estudo, Roberto Pecoits Filho, diz que a proposta é avaliar se a redução de consumo de sódio em diabéticos é capaz de melhorar os sintomas da doença renal. “São realizados cardápios diferentes, um considerado mais normal e outro com baixo consumo de sódio aos pacientes. Vamos analisar se a doença renal desaparece após seis meses de uma dieta diferenciada”, explica. A pesquisa tem aporte de R$ 38 mil do Fundo Paraná e faz parte de um edital que priorizou projetos que possam ser aproveitados pelo Sistema Único de Saúde.

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