quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Nêgo Pessoa lança livro sobre a história do Bar Cicarino



Facebook do Batel


Segundo Ernani Buchmann, um sábio da prosa e da escrita, “há bares e bares. Bares chiques e botecos chinfrins, e se você tiver que escolher entre um e outro, opte sempre pelo chinfrim”. Mas há controvérsias. No Batel por exemplo, onde o chique Cicarino Bar acaba de ser eternizado numa obra cujo nome foi um dos endereços mais chiques de Curitiba: “333, Coronel Dulcídio” é um álbum de luxo, com o texto luxuosíssimo de Carlos Alberto (Nêgo) Pessôa.
Lançado na noite de segunda-feira no Bigorrilho, com a presença maciça do Batel, podemos dizer que o álbum de recordações do Cicarino é propriamente o “Facebook do Batel”. De capa dura, papel couchê e policromia de cabo a rabo, o lamentável na edição foi a ausência de legendas nas fotos. Sem identificação, é um desfilar de mulheres bonitas e alegres senhores com o triste destino de se transformarem em ilustres anônimos para a posteridade.
Além da prosa do todo prosa Carlos Alberto (Nêgo) Pessôa, o “Facebook do Batel” nos brinda com algumas doses de bom humor nas memórias etílicas de Luiz Fernando Pereira, José Maria Correia e, em especial, o relato de Sérgio Toscano sobre dois companheiros de boemia, Raymundo Alvarez e João Carlos Zagonel, em constantes e mútuas implicâncias.
Certa madrugada, Raymundo, então beirando aos 70 anos, abordou uma moça muito bonita. O galanteador ia se saindo muito bem, a garota se divertindo a valer, quando de repente João Zagonel, que contava com quase 650 anos, aproximou-se do casal e, com todo o respeito, disparou em voz alta para o bar ouvir: “Pai, a mãe telefonou e disse para o senhor levar pão e leite para casa”.
As melhores histórias do Cicarino Bar, no entanto, não estão contadas nas páginas. Das impublicáveis, uma das melhores se trata do bacana que, depois de ganhar seguidas guampas, aproveitou a viagem em “lua-de-mel” da belíssima esposa com o amante e chutou a barraca. Levou para o próprio lar, doce lar, uma dúzia de damas da noite arrebanhadas nas melhores casas do ramo e, em vez de abrir a carteira, abriu os guarda-roupas da patroa, uma famosa modista do Batel: “É tudo de vocês, dos sapatos aos vestidos, incluindo perfumes e casacos de pele, levem tudo para casa. Não quero ver nenhuma calcinha sobrando na gaveta”.
No dia seguinte, diante dos armários vazios, a ressaca moral o levou a se internar num manicômio. Ganhou alta com as guampas de sempre e, o pior, a mulher ainda teve que pedir dinheiro emprestado com o amante para pagar a conta do hospital psiquiátrico.
*****
Um brinde a Carlos Alberto Pessôa, um brinde a Vicente Ciccarino Neto, legenda da noite curitibana. Mesmo sem legenda.

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