quinta-feira, 17 de maio de 2012

A ESTIAGEM NA BAHIA E O FLAGELO PROPOSITALMENTE SEM FIM DAS SECAS NO NORDESTE


 A estiagem atinge o estado da Bahia há mais de cinco meses. A seca levou 239 municípios a decretar situação de emergência. No total, mais de 2,7 milhões de pessoas foram afetadas. Os ministérios da Integração Nacional e do Desenvolvimento Agrário encaminharam juntos R$ 111 milhões para reparar os prejuízos.

Não vendo só a questão da seca na Bahia de forma isolada, desde 1877, quando D. Pedro II começou com ações para combater o efeito das secas, fica claro que a questão das secas é um poço sem fundo para o erário. Somando, são 133 anos de dinheiro público sendo despejados no Nordeste sem que se de uma solução estratégica para este grande problema social. Sendo a maior parte deste desviado pelos superfaturamentos,ou aplicados em proveito de alguns oligarcas em suas propriedades (poços artesianos, barragens, etc.). Isto faz com que eu tenha a máxima certeza de que manter o povo sem água é um "bom negócio", e até do ponto de vista eleitoreiro, pelo fornecimento de água em troca de votos.

Para este quadro social tétrico de abandono ficar completo só falta os governos montarem campos de concentrações para abrigarem os retirantes, ou os forçarem a migrarem para a Amazônia,  tal qual os barões e coronéis patrimonialistas o fizeram no final do Império e na República Velha.

Como a seca sempre foi tratada de forma criminosa pelas elites, e a estrutura  de "combate as secas" sempre funcionou:  em 1909, com o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas (Iocs) foi criado o primeiro orgão a tratar do assunto. 

Em 1911 o primeiro diretor da Iocs, o engenheiro Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, já havia observado intromissão política na orientação científica dos trabalhos conduzidos pelo órgão, levando-o a organizar novo regulamento, para obter informações mais confiáveis sobre os índices pluviométricos na região.
As mudanças de governo também afetaram o orgão. Em 1919, chegou à Presidência da República o paraibano Epitácio Pessoa, que deu maior destaque à IOCS, renomeando-a como Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs). Sua determinação era fazer obras. Mas não houve continuidade no governo seguinte, do presidente mineiro Artur Bernardes, e o Ifocs quase desapareceu.

Posteriormente o Ifocs foi transformado em  Dnocs, que foi a principal agência federal no Nordeste até a criação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), em 1959, construindo, inclusive, obras de infraestrutura, como estradas, ferrovias e redes de energia.

Entre os motivos que levaram à criação da Sudene e de outras agências (
 Codevasf, etc.) 
estavam as denúncias de que o Dnocs e seus antecessores foram capturados pelas elites locais, destinando recursos, por exemplo, para a construção de açudes nas fazendas de grandes proprietários. Assim, a expressão “indústria da seca” ganhava vida. Mais uma vez mudou-se o nome para não se mudar coisa alguma.
Sempre a estrutura estatal de combate as secas funcionou da mesma forma, pois sempre as oligárquicas elites corruptas locais deram o tom em suas administrações.

 Nos últimos tempos, entre todos, um escândalo de maior repercussão de maior repercussão foi o que envolveu 
em 1993 
o então presidente da Câmara, o deputado pernambucano Inocêncio Oliveira. Inocêncio foi acusado de usar o Dnocs para perfurar três poços artesianos em suas terras, no sertão pernambucano.

Hoje começam a surgir novos escândalos, como os envolvendo a transposição do São Francisco.

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