segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Dilma está certa. Por que existe tanto arrego nas relações do governo federal com a indústria automobilística?




Quando a Dilma disse que quer abrir a "caixa preta" das montadoras e cortar o lucros a resposta destas, via a Anfavea que é a entidade que representa o setor, foi a de um silêncio absoluto. Por que o silêncio? Quem não deve não teme!

Durante o governo Lula as regalias que obteve este setor foram totais!

Segundo a presidenta "as montadoras de automóveis recebem incentivos exagerados do governo federal e não os transferem aos consumidores. O carro brasileiro é um dos mais caros do mundo".

Não dá para negar o alto faturamento das montadoras e a péssima qualidade dos veículos produzidos aqui pelas montadoras, que não vem com os mesmos componentes de segurança, etc. que estão disponíveis nos carros produzidos em suas matrizes, que lá fora produzem visando a exportação, como atender os exigentes mercado locais.

Analisando os dados fornecidos pelo Banco Central vemos que, pelos lucros que receberam, as matrizes de diversas montadoras de automóveis não tiveram do que reclamar de suas subsidiárias brasileiras em 2011.

A indústria automotiva foi o setor que mais remeteu dinheiro ao exterior no ano passado, à frente até de bancos e empresas de telecomunicações, que ficaram com o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Foram os próprios fabricantes de veículos que registraram junto ao BC remessas de lucros e dividendos no total de US$ 5,58 bilhões. Elas equivalem a 19% de todas as operações desse tipo ocorridas no ano no Brasil, e são 36% superior aos US$ 4,1 bilhões de 2010.

As remessas recordes de lucros e dividendos das montadoras instaladas no país aumentaram  no momento em que as matrizes mais sofrem perdas na produção  nos mercados da Europa e da América do Norte. As filiais instaladas em países emergentes são usadas para sustentar com seus resultados financeiros o caixa das matrizes, hoje operando no vermelho. O BC, que deveria ser transparente neste tipo de relação, não publica a lista de empresas remetentes de dinheiro nem os valores específicos remetidos por cada uma delas, e estas empresas,  por não terem nenhum interesse em tal visibilidade, não informam qualquer dado sobre as remessas Elas alegam que o balanço só é divulgado pela matriz, mas estas só divulgam os totais gerais e não os de cada subsidiária.

As montadoras, que no ano passado remeteram para o exterior a fabulosa quantia de aproximadamente 5,6 bilhões, vivem choramingando  as "perdas econômicas do setor", o que está claro que é uma grande mentira, que encontrou eco na atitude passiva e conivente do governo Lula, que todos sabem que historicamente sempre foi ligado a defesa deste segmento da produção industrial. 

Como o alvo de mercado destas montadoras é principalmente o interno, e aqui a fiscalização é tão inerte quanto aplicação do aparato legal na defesa do consumidor, são baixos os padrões de qualidade dos veículos aqui fabricados. No Brasil ocorrem 925 defeitos para cada 100 veículos, contra 87,5 na Coréia e 69 no México.

Analisando a questão das exportações e a entrada de divisas, como a saída de divisas e a qualidade do que estas montadoras produzem para o mercado interno: em junho, do ano passado foram produzidos 272.630 veículos e exportados apenas 36.555 veículos, o que deixa claro que as montadoras praticamente só visam explorar o mercado interno, deixando as exportações a cargo de suas matrizes. Estas, para buscarem o mercado externo, fabricam carros com melhor qualidade dos que aqui produzem para abastecer o mercado interno, o que do ponto de vista dos direitos do consumidor é um verdadeira empulhação.

Outro mito que durante a ditadura militar foi muito usado para os governantes  protegerem as ações predatórias das montadoras, era o discurso da importância destas na geração de empregos. Comparando a atual geração de emprego pelas montadoras com as das décadas de 70 e 80 é importante importante analisar  a atual dissociação entre os atuais ritmos de crescimento da produção e o de emprego, fator causado pela automação. Enquanto a produção de veículos nos últimos anos cresceu 41,2% o número de empregos gerados aumentou apenas 8,6%, assim houve uma redução absoluta no número do trabalhadores, se comparada a criação de novas vagas de trabalho com o aumento da produção. Pegando a Volks como exemplo, na década de 80 a empresa multinacional teve 40 mil trabalhadores, só na planta da Anchieta (ABC), hoje tem pouco mais de 21 mil funcionários nas cinco plantas espalhadas pelo país.


Passou da hora do governo agir, mas antes tarde do que nunca!




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