sábado, 7 de abril de 2012

Grupo protesta contra a ditadura em frente à casa de legista

Cerca de cem pessoas participaram neste sábado (7), em São Paulo, de uma manifestação contra a ditadura militar.

O "dia do esculacho popular", como foi chamado pelos manifestantes, aproveitou o dia do legista, comemorado no dia 7 de abril, para lembrar a atuação do médico Harry Shibata durante o governo militar. Segundo manifestantes, Shibata elaborou falsos laudos médicos que teriam acobertado atos de tortura e assassinatos.

O evento também foi marcado por críticas à demora do governo em nomear os integrantes da Comissão da Verdade, instituída em dezembro.

"É uma constatação que há uma demora em indicar os nomes da comissão", afirmou Ângela Mendes de Almeida, companheira de Luiz Eduardo Merlino, militante do POC (Partido Operário Comunista), morto em 1971 numa prisão em Santos. "Foi aceita uma emenda do DEM, que diz que devem ser indicadas pessoas neutras. É difícil encontrar neutralidade nesta questão."

Para José Luiz Del Royo, cuja mulher Isis Dias de Oliveira desapareceu aos 29 anos em 1972, afirma que é preciso pressa na análise dos casos ainda obscuros de desaparecimentos e mortes durante o regime militar.

"É evidente que há muita pressão sobre a presidente Dilma Rousseff, mas nosso dever é pedir, é cobrar. Muitas famílias estão morrendo sem saber o que aconteceu com seus parentes. Os pais da Ísis morreram sem saber o paradeiro do corpo da filha", afirmou.

No ato, que ocorreu no bairro de Pinheiros, na zona Oeste de São Paulo, manifestantes carregaram fotos de desaparecidos e mortos, além de faixas com os dizeres: "Punição para os torturadores".

Em frente à casa de Harry Shibata, eles cantaram e leram nomes de mais de 10 pessoas que, segundo os manifestantes, tiveram laudos produzidos pelo médico. Entre os citados, o jornalista Wladimir Herzog. Testemunhas afirmam que o jornalista foi torturado e morto, mas o seu falecimento foi registrado como suicídio.

"Shibata é uma peça importante da ditadura e seus métodos de torturar sem deixar marcas são até hoje praticados pela polícia. É contra a tortura que ainda existe hoje que também lutamos", diz a estudante Cândida Guariba, 20 anos, neta de Heleny Guariba, desaparecida política.

Os manifestantes escreveram as palavras "assassino" e "criminoso" no muro da casa do médico e deixaram na calçada fotos de mortos e desaparecidos, além de uma coroa de flores, em homenagem aos mortos pelo regime.

Em nenhum momento o médico apareceu na porta e a casa parecia estar vazia. Vizinhos disseram que não sabiam detalhes sobre o morador.

"Moro aqui desde que nasci e nunca soube que ele tinha participado da ditadura. É um senhor normal, nunca o vi causando problemas", disse uma vizinha. (Uol)



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