sexta-feira, 6 de abril de 2012

Em tempo Comissão da Verdade empacada, e de Cachoeira e tsunamis de jogatinas a todo vapor, por onde será que anda o torturador "capitão" Guimarães?


O Ailton Guimarães Jorge, o famigerado "capitão" Guimarães, vira e mexe volta a frequentar o noticiário, sempre acusado de explorar jogos de azar. Os crimes por ele cometidos não são só os de contravenção, formação de quadrilha, assassinatos e fomentar a corrupção entre os poderes, crimes "comuns".

O Guimarães, tal qual o Brilhante Ulstra, ainda está vivo, não teve o mesmo destino nebuloso que tiveram o Fleury e o "Dr. Ney", também torturadores, sendo portanto um arquivo vivo. Ele é ainda o maior exemplo do banditismo gerado pelos órgãos de repressão da ditadura militar, mas que descambou do crime hediondo de torturar para o crime comum.

O hoje bicheiro famoso durante a ditadura foi um torturador a serviço da II seção (Inteligência) da PE da Vila Militar/Rio. Um pouco da história contada por Élio Gaspari sobre a fraude que foi o julgamento dele na Justiça Militar:

"A Ditadura Escancarada"

– Todos os indiciados disseram em juízo que o coronel do 1PM lhes extorquira as confissões. A maioria deles sustentou que, surrados, assinaram os papéis sem lê-los. Num procedimento inédito, os oficiais do Conselho de Justiça decidiram que o processo tramitaria em segredo. Durante o julgamento a promotoria jogou a toalha, e, em maio de 1979, os 21 acusados foram absolvidos. O caso voltou ao STM, cinco ministros recusaram-se a relatá-lo, e, por unanimidade, confirmou-se a absolvição. A sentença baseou-se num só argumento: ‘Tudo o que se apurou nestes autos, o foi, exclusivamente, através de confissões, declarações e depoimentos extrajudiciais, retratados e desmentidos posteriormente em juízo, sob a alegação de violências e ameaças praticadas durante o IPM”.

Ora, todos os IPMs instaurados contra os resistentes poderiam ser anulados pelos mesmíssimos motivos. Dois pesos, duas medidas.

A carreira militar do Capitão Guimarães, ficou, entretanto, comprometida. Nos quartéis, ele seria sempre visto como ovelha negra e tratado com má vontade. Então, pediu baixa e foi capitanear o jogo-do-bicho, conforme narra o Gaspari:

– Coube ao bicheiro Tio Patinhas consertar a vida de Ailton Guimarães Jorge. (...) O processo do contrabando ainda tramitava (...) quando ele se transferiu formalmente para a contravenção, levando a patente por apelido e diversos colegas como colaboradores. Começou como gerente do banqueiro Guto, sob cujo controle estavam quatro municípios fluminenses. Um dia três visitantes misteriosos tiraram Guto de casa e sumiram com ele. (...) Tio Patinhas passou-lhe a banca. Em três anos o Capitão Guimarães foi de tenente a general, sentando-se no conselho dos sete grandes do bicho, redigindo as atas das reuniões, delimitando as zonas dos pequenos banqueiros. Seu território estendeu-se de Niterói ao Espírito Santo. Seguindo a etiqueta de legitimação social de seus pares, apadrinhou a escola de samba Unidos de Vila Isabel e virou a maior autoridade do Carnaval, presidindo a liga das escolas do Rio de Janeiro. Rico e famoso, adquiriu uma aparência de árvore de Natal pelas cores de suas roupas e pelo ouro de seus cordões. Tornou-se um dos mais conhecidos comandantes da contravenção carioca. Do seu tempo da PE ficou-lhe o guarda-costas, um imenso ex-cabo que, como ele, começara no crime organizado da repressão política."

Hoje:

Operação Hurricane


Justiça condena 24 investigados na Operação Hurricane




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