Presos do regime semiaberto trabalham nas obras da Cohapar na Lapa

Durante a inauguração do Centro de Regime Semiaberto da Lapa nesta sexta-feira (3), a secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, reafirmou a parceria com a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), que está utilizando os presos do regime semiaberto nas obras de construção de unidades habitacionais.

“Hoje temos escassez de mão de obra na construção civil e essa parceria com a Cohapar é muito benéfica para estes homens que ganham a chance de se qualificar numa área próspera no Brasil”, destacou a secretaria Maria Tereza.

A secretaria afirmou ainda que a sociedade precisa ser parceira do governo e dar uma chance a estas pessoas que um dia cometeram erros. “O Paraná vive um novo momento, estamos devolvendo a dignidade a estas pessoas que cometeram erros mas que podem voltar à sociedade com uma ocupação”.

O presidente da Cohapar, Mounir Chaowiche, explicou que na Lapa já é o segundo projeto que utiliza a mão de obra de apenados. “Começamos com a cidade de Jesuítas, na região Oeste, e aqui na Lapa, hoje, temos 11 apenados com previsão de mais 14 homens trabalhando no canteiro. Pretendemos ampliar cada vez mais essa parceria, ajudando estas pessoas a recuperarem a dignidade”.

Para o prefeito da Lapa, Paulo Furiati, a atuação da Cohapar tem sido exemplar. As obras de 92 unidades na cidade estavam sendo negociadas desde 2004 quando a prefeitura adquiriu o terreno e somente depois que o governador Beto Richa assumiu o governo é que a solução foi dada.

“Não é nem depoimento que dou sobre a Cohapar, é um atestado de competência. Ver o terreno vazio sem as casas era uma decepção, mas agora as moradias estão praticamente prontas e, finalmente, vamos transformar a vida das pessoas. Só posso agradecer e me colocar à disposição”, destacou.

Sobre a utilização da mão de obra dos apenados, o prefeito afirmou que apoia a iniciativa. “Temos que apostar nas novas soluções, estamos passando por uma transformação muito grande e precisamos trabalhar como parceiros. A Lapa é parceira da Cohapar e de todo o governo do Estado”.

Vantagens - A cada três dias trabalhados os presos reduzem um dia da pena; recebem um salário mínimo, sendo que a família pode retirar uma parte e a outra fica depositada em juízo e só é retirada quando o preso é solto, sem contar a condição de ressocialização que os presos adquirem quando voltam à sociedade.

Obras – Na cidade da Lapa são duas obras em andamento, uma com 31 unidades destinadas a famílias com renda média de um salário mínimo e outra com 61 moradias destinadas a quem ganha entre dois e cinco salários. Estas obras tiveram os contratos assinados em 2007, mas somente em 2011, após Beto Richa assumir o governo do Paraná, as obras foram iniciadas.

Com investimentos de R$ 2,4 milhões, as novas moradias têm previsão de entrega para março deste ano. “Mostramos que com dedicação e competência podemos construir casas com qualidade e oferecer às famílias a chance de um recomeço. É o resgate social através da casa própria”, destacou Chaowiche.

Além destas 92 moradias, o governo do Estado repassou verbas para a construção de outras 15 unidades no assentamento Contestado para funcionários e famílias de assentados, que contribuem com a Escola Latino-Americana de Agroecologia. Os investimentos chegam a R$ 464.400.

Vida Nova – A.R.B. condenado por tráfico de drogas está trabalhando na obra da Cohapar e diz que descobriu uma nova vida. “Aprendi a fazer as coisas direitinho e tenho com o que trabalhar depois que cumprir minha pena. Sei que errei, mas estou pagando por tudo que fiz de errado e agora é tocar a vida nova e cuidar da minha família”, disse.

Ele é casado e agora com uma nova perspectiva de vida já pensa em ter filhos. “Antes eu era muito largado, não pensava em nada, mas agora quero sair da cadeia de cabeça erguida e construir uma família direita e de bem”.