domingo, 4 de dezembro de 2011

Dr. Sócrates, o que durante a ditadura foi o pai da Democracia Corinthiana, ex-jogador de futebol e médico morre em São Paulo aos 57 anos

Internado desde a noite da última quinta-feira, em razão de uma infecção intestinal causada por bactéria, o ex-jogador Sócrates, de 57 anos, morreu às 4h30 desta manhã de domingo. Ele havia apresentado uma leve melhora ontem. O quadro clínico do ex-atleta, que estava na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, encontrava-se estável, mas, segundo os médicos, ainda era considerado grave.

Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do hospital, Sócrates Brasileiro Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira faleceu em consequência a um choque séptico. Ele estava sedado e respirava por aparelhos. Os rins de Sócrates passaram por um processo de diálise para ajudar a filtrar as impurezas do sangue - apesar disso, os rins não estariam prejudicados. Segundo nota anterior do hospital, o ídolo da fiel torcida corintiana iria ficar em observação, na UTI, por mais 72 horas.

Esta terceira internação do ex-jogador nos últimos quatro meses teria sido causada por um estrogonofe. Sócrates, sua mulher e um amigo teriam passado mal após o almoço na quinta-feira, no restaurante de um hotel em São Paulo.

Ele foi internado pela primeira vez em 19 de agosto, com uma hemorragia digestiva causada pelo consumo prolongado de álcool. Foram nove dias hospitalizado. Em 5 de setembro, o ex-jogador voltou a ser internado - desta vez, por mais 17 dias. Com o fígado comprometido por uma cirrose hepática, o ex-atleta - uma das estrelas da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982 - precisava de um transplante para voltar a ter vida normal. Sócrates deixa seis filhos.

Corinthians e atitude política

Extremamente habilidoso, Sócrates mostrava a mesma agudez de pensamento fora de campo e talvez tenha sido o atleta de futebol brasileiro com maior influência na vida pública nacional. Natural de Belém e médico de formação, o Doutor (como era chamado) se notabilizou por suas opiniões políticas e por ser o mentor e personagem principal do movimento conhecido como Democracia Corintiana que, entre outras coisas, dava liberdade aos atletas e o mesmo poder de decisão a cartolas, jogadores e dirigentes em plena Ditadura Militar.

Além do aspecto político, a Democracia Corintiana teve bom desempenho dentro de campo com a conquista do bicampeonato paulista de 1982/83 (já conquistara o estadual em 1979). Por conta dos títulos e por sua postura dentro e fora de campo, Sócrates é um dos maiores ídolos da história do Corinthians, clube ao qual sempre declarou seu amor eterno.

“Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que não era corinthiano, que era até anticorintiano. Hoje, com a carreira encerrada, digo com a mesma tranquilidade que sou corintiano até morrer. Eu, que sempre digo que não mudaria nada em minha carreira, se pudesse começar tudo outra vez, talvez, na verdade, mudasse uma coisa, algo totalmente inviável, mas enfim: se pudesse, eu gostaria de ter nascido no Parque São Jorge. Porque a torcida faz isso com você. Já vi moleque mudar de time só com a visão do que a torcida corintiana é capaz de fazer num estádio.” (Sócrates, em entrevista a Juca Kfouri no livro Corinthians Paixão e Glória)

Sócrates deixou o Corinthians em 1984, quando se transferiu para o Fiorentina, da Itália. Entre 1985 e 1987 ele ainda defendeu o Flamengo e encerrou a carreira após uma rápida passagem pelo Santos, em 1989. Pela Seleção Brasileira, atuou nas Copas de 1982 e 1986. Sócrates é irmão do também ex-jogador Raí (ídolo do São Paulo).


























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