domingo, 13 de novembro de 2011

Queda de Berlusconi traz duro golpe para seu império da comunicação

A queda de Silvio Berlusconi, oficializada neste sábado (12) pela presidência da Itália, representa um duro golpe para o seu império de mídia, Mediaset, que tem se beneficiado muito por ter tido seu fundador no cargo de primeiro-ministro da Itália por oito dos últimos dez anos.

De acordo com muitos analistas e especialistas, o fim do reinado de Berlusconi foi antecipado pelos mercados com a queda de 49% dos títulos da Mediaset nos últimos seis meses, enquanto a Bolsa de Valores de Milão caiu 30%.

"O mercado reconheceu que havia um conflito de interesses que favorecia o grupo de Berlusconi", diz Fabrizio Perretti, professor de economia da Universidade Bocconi de Milão.

Na segunda-feira passada, começaram a circular fortes rumores de sua renúncia devido à pressão dos mercados.

Como resposta, Berlusconi preferiu reunir-se em sua residência privada em Milão com seus filhos: Marina, presidente da holding da família, a Fininvest, e da editora Mondadori, e Piersilvio, vice-presidente da Mediaset.

A eles se juntou Fedele Confalonieri, presidente da Mediaset e seu amigo fiel.

"Foi um verdadeiro conselho de guerra para considerar o futuro da dinastia", diz o jornal La Repubblica, que garante que a construção da terceira maior fortuna da Itália se beneficiou claramente de sua carreira política.

A vasta fortuna de Berlusconi, cuja origem levantou questões para as quais ele nunca deu respostas satisfatórias, subiu para 2 bilhões em 1994, ano em que foi nomeado primeiro-ministro.

Em 2000, ele chegou a acumular uma fortuna de 13 bilhões, mas a crise global reduziu esse montante drasticamente, segundo a revista Forbes.

Berlusconi favoreceu com leis específicas seus negócios e, acima de tudo, debilitou a concorrência, como quando aumentou o imposto para seu rival, o canal de televisão pago Sky Italia.

A lista de acusações é surpreendentemente longa, diz um dos especialistas consultados, que também menciona entre eles o subsídio para a compra de decodificadores construídos por uma empresa de seu irmão, razão pela qual a Mediaset foi condenado pela justiça europeia.

Berlusconi também usou o poder para limitar a publicidade em canais pagos, bem como alocar as freqüências sem licitação.

Como primeiro-ministro, Silvio Berlusconi tinha o poder de nomear os membros do conselho de televisão pública RAI, o principal concorrente no mercado de televisão de seu império da mídia.

Uma série de escutas telefônicas revelaram que os líderes da RAI por ele designados e os ex-diretores da Mediaset se reuniam periodicamente e decidiam juntos a programação mais conveniente para os canais de Berlusconi, diz Perretti.

A publicidade também sempre favoreceu seus canais de TV.

Comparando a receita com publicidade entre 2000 e 2010, anos em que esteve no poder - exceto 2006-2008 -, a RAI em 2000 representou 58% das receitas e essa participação caiu para 47% em 2010.

O futuro é sombrio para Berlusconi, que tem pela frente uma série de problemas judiciais. Em julho do ano passado ele foi condenado pelos tribunais italianos a pagar 564 milhões de euros para o CIR, de propriedade de seu rival Carlo de Benedetti, por uma aquisição ilegal, feita por meio de suborno.

Il Cavaliere está em risco de ser condenado por fraude fiscal também em um processo da Mediaset, enquanto responde com seu filho Piersilvio e com Confalonieri a um outro julgamento por fraude em outra subsidiária da Mediatrade. (AFP)

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