quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A AÇÃO SINDICAL INTERNACIONAL E AS MULTINACIONAIS

A remuneração média mensal do trabalhador metalúrgico na região do ABC (São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) é de aproximadamente R$ 5.600,00 – a mais alta do país. Enquanto isso, no Estado de Goiás, esse número cai, espantosamente, para não mais do que R$ 980,00. As montadoras lá instaladas vendem seus produtos, em todo o país, pelo mesmo valor dos que são produzidos na região do ABC. Isto significa que os lucros auferidos pelas metalúrgicas automotivas da região centro-oeste do Brasil são ainda maiores dos que as localizadas no sudeste.

Para equilibrar essa diferença, dentro da atual conjuntura, somente um acordo coletivo nacional poderia nivelar as condições salariais e de trabalho, impedindo assim que as empresas se aproveitem das desigualdades regionais. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estão conscientes dessa necessidade que faz parte de suas prioridades atuais de ação.

O mesmo ocorre em nível planetário. As empresas multinacionais estando cada vez mais integradas globalmente e plenamente aptas à atuação em diferentes locais mantêm-se ligadas a redes e mercados de investimento, produção e comércio mundializados. Ou seja, desde os anos 90 e ainda mais hoje, dão preferência em produzir nos países com níveis de vida mais baixos, onde os salários dos trabalhadores e benefícios sociais são muito menores do que os países de capitalismo central onde estão localizadas as suas sedes. Não é, portanto, coincidência o fato de as montadoras atualmente darem preferência à China, México e Índia.

Por exemplo, o custo da mão-de-obra e benefícios sociais para os trabalhadores na Alemanha são substancialmente maiores do que nos Estados Unidos. Neste país, por sua vez, os custos estão bem acima do que no México, especialmente depois de sua adesão ao NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio).

Uma forma de ação, possivelmente a única, para dificultar ou talvez até impedir esse tipo de exploração dos trabalhadores nos diferentes países está na atuação sindical internacional.

Um contrato social global seria o ideal para garantir igualdade e assim não deixar espaço para que as empresas multinacionais se aproveitem das diferentes realidades nacionais.

Concretamente os Comitês Mundiais de Trabalhadores e os Acordos Marco Internacionais são alternativas realmente viáveis para a articulação política global dos trabalhadores frente às estratégias planetárias já consolidadas das multinacionais, sempre em busca da maximização de seus lucros.

Em minha próxima coluna, detalharei um pouco o que são os Comitês Mundiais de Trabalhadores e Acordos Marco Internacionais.

Eduardo :

Sociólogo e Mestrando em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (PUC-SP, Unicamp e Unesp)

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