domingo, 23 de janeiro de 2011

O que elas querem? Marido rico ou carreira?


Por Carla Delecrode

Elas querem independência e uma carreira bem sucedida, certo? Não, errado. Segundo recente pesquisa da London School of Economics, realizada em países europeus, a busca das mulheres por independência financeira é um mito. Na verdade, a maioria das europeias veria o casamento como uma alternativa à carreira ou um complemento e, contrariando a ideia de busca pela independência em relação aos homens, muitas tenderiam a preferir parceiros com melhores condições financeiras e de instrução do que as suas. Assim, pode-se dizer que elas prefeririam ter um marido rico a ter uma carreira. Será?

A produtora de TV Karina Petito, 23, discorda da pesquisa. Para ela, as mulheres, a cada dia, buscam mais independência e qualificação em relação aos homens. “Não me vejo dependendo de marido, por isso busco sempre minha independência. Acho isso muito importante para me sentir realizada.” Segundo o psicólogo social Bernardo Jablonski, a preocupação de Karina pela realização pessoal também é o desejo de milhares de mulheres, mas que não deixaram de sonhar com o casamento e em ter uma família.

O psicólogo, que também é professor da PUC-Rio, avalia que as conclusões da pesquisa europeia, dirigida por Catherine Hakim, são um exagero e um radicalismo. Para ele, a melhor palavra para definir as mulheres hoje é ambivalência. “Elas querem trabalhar e ser mães. As que são donas de casa acham que estão ‘perdendo o trem da História’, enquanto as que trabalham fora se culpam por passarem pouco tempo com os filhos. Elas buscam a independência financeira, mas continuam com o sonho de casar e ter uma família”, esclarece ao Opinião e Notícia.

Mas, para a antropóloga Mirian Goldenberg, que também é professora da UFRJ, as brasileiras centram seu discurso mais na figura do marido do que na realização profissional. “Elas repetem, insistentemente, que ‘falta homem no mercado’. Entre as brasileiras que pesquisei, as que se mostraram mais satisfeitas com suas vidas são as casadas há muitos anos. Apesar disso, dizem que seus maridos são completamente dependentes, acomodados, inseguros e infantis.” A pesquisadora esclarece que, em todos os casos que estudou, o homem era o principal provedor e tinha um salário bastante superior ao da esposa.

A antropóloga, que também é autora dos livros “Coroas” e “Intimidade” da Editora Record, define que o marido é como uma riqueza bastante valiosa. “Ter um casamento sólido e satisfatório é considerado um verdadeiro capital para as brasileiras pesquisadas. Elas se sentem duplamente poderosas, pois, além de terem um marido, acreditam que são mais fortes, independentes e interessantes do que ele.” Mirian reforça que elas se sentem poderosas por terem um “produto” bastante valorizado no “mercado” e por se sentirem únicas e imprescindíveis para seus parceiros.

Elas não conseguem conciliar família e trabalho

Para as que escolhem buscar a realização profissional e ter uma família, o caminho não é fácil. Segundo a pesquisa europeia, em muitos casos, as mulheres não conseguem conciliar casa e trabalho. Jablonski explica que a dificuldade está em querer ter duas funções que competem entre si, o que acaba gerando insatisfação e culpa. “Se estão em casa, se sentem ficando para trás e se estão no trabalho se sentem culpadas. A maioria não consegue conciliar bem trabalho e família.” De acordo com o estudo de Catherine Hakim, o resultado desta dupla jornada são “famílias nominais”.

Na Inglaterra, por exemplo, a metade das mulheres em posição de chefia não tem filhos ou a partir dos 30 anos passam a ganhar menos que os homens. A maioria das mães tem apenas um filho e acaba delegando seus cuidados a um profissional, já que não houve uma adaptação das regras do mercado para facilitar a vida delas.

O psicólogo social, porém, acredita que a terceirização de parte das tarefas para outras mulheres demonstra que elas estão tentando conciliar trabalho e família, apesar das dificuldades, e de que a independência financeira é um objetivo. “O caminho que as mulheres percorreram na história é sem volta. A maioria não quer mais ser apenas dona de casa.”

Elas querem homens com dinheiro e mais educados

Quanto aos relacionamentos, a polêmica pesquisa afirma que elas tendem a preferir homens com mais dinheiro e educação. “Mais e mais mulheres escolhem se casar com homens que tenham uma educação substancialmente melhor que a delas e, portanto, que tenham capacidade de ter rendimentos mais elevados”, declarou a pesquisadora Catherine Hakim à BBC.

Mirian explica que as brasileiras procuram este tipo de homem pela segurança, pelo maior “valor” dado a eles e por preconceito. “No entanto, elas estão ampliando sua margem de escolha, casando-se, cada vez mais, com homens mais jovens, menos ricos e escolarizados.” Para Jablonski, é natural que as mulheres procurem companheiros com um nível social e cultural, pelo menos, similar ao delas. “Não é uma questão de escolha consciente”.

A produtora de TV Renata Amaral, 26, discorda do estudo europeu e afirma que pensar em critérios, como posição social e educação, na hora de escolher um namorado, pode gerar um problema. “É comum que eu ganhe mais do que os homens de minha idade, por isso não penso nisso. Eles é que geralmente se incomodam bastante com minha melhor condição financeira.”

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