quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

GUERRA NO RIO: A POPULAÇÃO POBRE NÃO É O INIMIGO A SER ENFRENTADO E SIM O CRIMINOSO DESCASO PÚBLICO COM O SOCIAL E A CONIVENTE CORRUPÇÃO ESTATAL!

Carlos Molina

Já passando a ressaca nacional e principalmente local, no caso dos que vivem no Rio e na região onde foi deflagrada a guerra contra o narcotráfico de varejo, já que as grandes operações internacionais com certeza não passam pelas favelas fica a esperança de que está operação não seja apenas mais um mero factóide para uso midiático como foram as demais já realizadas no Complexo do Alemão e em outras comunidades carentes da “cidade maravilhosa”.

Tenho a máxima certeza de que não dá para tratar a questão do “crime organizado” sem levar em conta o envolvimento ou omissão das autoridades públicas, pois este se organiza somente quando existe comprometimento ou omissão das partes que o deveriam erradicar, mas não o fazem.

O crime organizado funciona como qualquer grupo que tenha estrutura empresarial formalizada, mas cujo objetivo é a busca de lucros através de atividades ilegais. Esses grupos usam da violência e da corrupção de agentes públicos. As principais características das organizações criminosas são a influência nas instituições do Estado, altos ganhos econômicos, práticas fraudulentas e coercitivas.

Outro aspecto importante é o de que somente a ação policial não é o suficiente para equacionar tal quadro de desintegração social, já que a miséria, mãe da ignorância, da fome e do desespero é filha direta da não presença do Estado enquanto agente de e distribuidor de serviços sociais geradores do equilíbrio social. Sem uma forte ação social em conjunto com a forte repressão as organizações criminosas fará com que estas quadrilhas não encontrem espaço para manipular estas populações carentes e junto a estas a substituírem o papel que constitucionalmente cabem ao poder público. O “ESTADO PARALELO” só consegue se estabelecer onde o Estado descumprindo a sua função não se faz presente.

A “banda boa” da Polícia carioca possui bons quadros em seus efetivos, mas a ação benéfica desta a muito está conspurcada pela famigerada ação orquestrada pela “banda podre” e está a muito está associada ao narcotráfico e a outros tipos de crimes, o que macula a imagem da Polícia e faz a população se sentir insegura em relação à mesma como um todo, pois fica difícil de entender que em um dia os policias estão no morro buscando a sua parte nos lucros do narcotráfico e no outro invadindo o morro para combater o mesmo.

Fora o envolvimento de segmentos do poder executivo com o “crime organizado” os outros poderes também possuem a sua banda podre, pois não são raros os casos envolvendo juízes e promotores com as facções criminosas, como também existem políticos envolvidos eleitoralmente com as mesmas, tal qual ocorre com os vereadores e deputados eleitos com o apoio das milícias e do Comando Vermelho e da ADA.

Sem que o poder público assuma a sua verdadeira função social e corte a própria carne, assim eliminando o que lhe corrói internamente, toda está grande Operação policial não passará de somente mais um grande espetáculo televisivo, mas que infelizmente só servirá para aumentar ainda mais a desconfiança que a população já possui em relação às autoridades, sendo estas policiais ou não.

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