quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A mesma comissionada Maria da Conceição Tavares, que durante a campanha disse que o Brasil não corria risco de desindustrialização, muda o discurso

O Globo

A economista Maria da Conceição Tavares recomendou ao Brasil trabalhar sozinho para se defender da "porcaria do câmbio", sob alegação de que as importações estão crescendo de forma "desvairada", provocando a desindustrização de setores importantes da economia. Cética em relação aos resultados do G-20, receitou à equipe econômica a adoção do controle de capitais na entrada e a redução dos juros.

Ela lembrou, porém, que uma Taxa Selic menor exige uma coordenação estreita entre o Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) no governo da presidente eleita Dilma Rousseff, ao contrário dos oito anos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Quem tem que se defender dessa porcaria do câmbio é o Brasil. Não podemos esperar sentados o G20, G21, G23, G24 organizarem a ordem cambial. O que existe é uma desordem internacional - afirmou a economista, professora de uma geração de economistas brasileiros, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira.

- Não creio que vai ter acordo (no G20). Estou cética porque os EUA e a China, que pertencem ao G-20, vetam (uma solução multilateral para o câmbio) - disse, acrescentando que ligará para Lula e Dilma assim que eles retornaram de Seul para saber deles o que aconteceu de fato no encontro.

Conceição explicou que esses dois países estão se "lixando" e querem que os outros paguem a conta, citando como exemplo a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de jogar US$ 600 bilhões no mercado, enfraquecendo ainda mais o dólar.

A China, disse, também não tem interesse em ajudar a solucionar o problema, porque isso implicaria em fazer ajustes e poderia jogar na miséria milhões de pessoas (100 milhões de trabalhadores retornariam ao campo). Mudanças abruptas no câmbio alteram as relações de preços interna - incluindo os salários.

- Não há a menor hipótese de a China desistir de crescer nos próximos dez anos - afirmou a economista.

Destacou, ainda, que a questão do câmbio é o principal desafio de Dilma Rousseff. Segundo ela, o problema já afeta a balança comercial brasileira: a taxa de alta das importações de bens de capital, automóveis e eletreletrônicos já supera o crescimento da produção nestes setores.

- Isso pode desindustrializar o país em setores importantes - alertou Conceição.

0 comentários :

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles