sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Encurralada por um lado pelos fundamentalistas religiosos e pelo outro pelas feministas e pelo público GLBT a Dilma resiste a assinar manifesto


Encurralada por um lado pelos fundamentalistas religiosos e pelo outro pelas feministas e pelo público GLBT a Dilma resiste a assinar manifesto anti-aborto e contra a união gay, pois isto de qualquer forma lhe tirará votos.

Enquanto a Dilma Rousseff, sem rumo, resiste a assinar uma carta assumindo o compromisso de não enviar ao Congresso projetos de lei que permitam a legalização total do aborto e o casamento entre homossexuais, os aliados da candidata petista, da Igreja Universal do Edir Macedo e de outras seitas fundamentalistas, se encontraram com ela e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cobraram a promessa por escrito.

O comando da campanha petista avaliou ontem que caso a Dilma assine tal documento a candidatura pode perder mais votos do que ganhar caso se posicione, por exemplo, contra a união civil gay.

Na Carta ao Povo de Deus, distribuída em templos e igrejas no primeiro turno, Dilma tentou se aproximar dos cristãos fundamentalistas. Tentando pular fora deste debate ela jogar o problema para longe da campanha escreveu o documento: "Cabe ao Congresso a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis (...)". Além disso ela já se comprometeu verbalmente a não mudar a lei que prevê o aborto em caso de estupro e risco de morte para a mãe, mas os evangélicos conservadores não se dão por satisfeitos e querem mais.

A reunião de quarta-feira entre Lula, Dilma e evangélicos de 51 denominações dividiu, o PT, o governo e o comando da campanha, pois a muito o PT defende a união civil gay e o aborto, assuntos que a própria Dilma defendia até a pouco tempo atrás.

O presidente Lula avalia que o comando petista não está conseguindo superar a agenda negativa do aborto e do casamento entre homossexuais. "Precisamos sair dessa pauta, ir para a rua", esbravejou o presidente, segundo relato de um de seus auxiliares.

A preocupação com o impacto desses temas na campanha de Dilma é cada vez maior. Um alto dirigente do PT lembrou que a candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo, em 2008, despencou de vez no segundo turno depois que os homossexuais sentiram-se ofendidos com um programa eleitoral da petista. Nele, um locutor perguntava se o prefeito Gilberto Kassab (DEM) era casado e tinha filhos. O marqueteiro de Marta também era João Santana, que agora assina a propaganda de Dilma.

Enquanto a hipócrita campanha da Dilma se perde neste desgastante cipoal de contraditórios eleitoreiros o Serra firme em suas convicções pessoais por razões humanistas diz claramente que é contra a legalização do aborto, a não ser nos casos já previstos em Lei e que é favorável a união civil gay. No que ele está certo, pois é desumano e um absurdo por razões religiosas tirar o direito destas pessoas que possuem uma outra opção sexual regularizarem a sua situação de união civil. No Brasil, embora muitos religiosos fundamentalistas não aceitem, vivemos em um estado laico.

Os dados da pesquisa Mosaico Brasil, que identifica o número de gays, lésbicas e bissexuais em dez capitais brasileiras. De acordo com a pesquisa, O Rio de Janeiro é a cidade com maior índice de gays e bissexuais masculinos com 19,3%. Manaus tem o maior índice de lésbicas e mulheres bissexuais com 10,2%.

A pesquisa Mosaico Brasil foi realizada pelo Projeto Sexualidade (Prosex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Foram entrevistadas 8.200 pessoas de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Pela ordem, as cidades mais gays são: Rio de Janeiro (19,3%), Brasília (10,8%), Fortaleza (10,6%), Salvador (9,8%), São Paulo (9,4%), Belo Horizonte (9,2%), Cuiabá (8,7%), Curitiba (7,4%), Porto Alegre (7,1%) e Manaus (6,5%). As cidades com mais lésbicas são: Manaus (10,2%), Rio de Janeiro (9,3%), Fortaleza (8,1%), São Paulo (7,0%), Salvador (6,5%), Curitiba (5,7%), Brasília (5,1%), Porto Alegre (4,8%), Belo Horizonte (4,5%) e Cuiabá (2,6%). Levando em conta a média geral entre bi, gays e lésbicas nas dez cidades, 10,4% são gays e 6,3% são lésbicas.

Embora alguns entrevistados tenham respondido ser bissexuais, a pesquisa os totaliza entre lésbicas e homossexuais para ter uma noção melhor de pessoas que fazem sexo com iguais. No entanto este número pode ser maior, pois muitos gays e lésbicas pela forte pressão social gerada pelos preconceitos podem ter se declarado heterossexuais.

O dilema eleitoreiro da candidata e da sua coordenação passa pelo fato de que o número de fundamentalistas religiosos evangélicos pentecostais, neopentecostais e católicos integristas são maiores do que os que possuem uma opção sexual diferenciada. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come é a situação, que pela falta de coragem política se encontra a candidatura do PT.

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