quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Brasil, tão rico e tão pobre!

Acompanhando os blogs, os jornais, etc. e vendo as posições dos candidatos governistas e de muitos que estão na oposição, como também a de seus apaniguados escribas, em relações as eleições me espanto com a parca tentativa do exercício da retórica demonstrada em alguns destes.

Para estes arautos medíocres do maniqueísmo militante o que importa não é analisar as mazelas sociais em busca de encontrar novos caminhos em busca da superação ou mesmo reafirmação do que já caiu no agrado popular por ser uma necessidade social, no caso os programas sociais de inclusão. Os verdadeiros autores destes programas são aqueles que colocados a margem da sociedade se organizam e lutam para serem incluídos, assim fazendo com que a miséria em que vivem não seja vista como uma coisa normal, pois está em um país que se pretende líder no cone Sul das Américas é de fato uma vergonha nacional.

Não existe o “rei bom”, o “pai dos pobres” ou a “mãe da nação”, pois em sociedade nada surge do nada e sim nasce da luta entre os contrários em busca da síntese, pois a “partenogênese social”, onde um ser “gera tudo”, é uma abstração, ou mais, uma aberração imposta para fortalecer os atos despóticos de governantes pessimamente intencionados, pois ninguém substitui a ação soberana do povo organizado em busca dos seus direitos.

A função sagrada do governante, que gerencia o que é publico, é a de ter dois ouvidos bem abertos aos clamores que nascem das ruas, pois o que este governa não é dele e sim apenas a coisa pública ao qual este dirige por um mandato delegado pela população.

Em um país onde a “Independência” foi um negócio de pai para filho e a “República” foi proclamada por um marechal monarquista após dar um único tiro, que em testamento implicitou a sua vontade de que quando morto ser enterrado com a farda imperial, sendo que em ambos os processos não ocorreu a participação popular, a figura do rei bom ainda se faz presente no imaginário popular, já que aqui ainda o povo não conquistou o direito de ser o protagonista de sua própria história.

Quando o governante ajuda a manter está ilusão “sebastianista” da espera do “rei bom para nos salvar” ele propositalmente presta um desserviço à construção da nacionalidade. Para este, que no fundo é um déspota que governa de forma arbitrária ou opressora ao manter a ignorância do povo em relação ao seu verdadeiro papel transformador, o povo acreditando que ele é o “pai da nação” é um bom anestésico social. Desta forma a população ao desconhecer os seus reais direitos por não serem os protagonistas da construção da própria história não age e tal qual um boi na fila para o abatedouro espera a “clemência real”.

Em seu populismo barato, forma piorada do getulismo, já que nem a falsa retórica nacionalista este possui, o governo Lula brinca e abusa do imaginário popular ao em forte campanha midiática vender a imagem de que ele é o “pai dos pobres” e de que a Dilma será a “mãe”.

Ao vermos a forma como este governo pela ação midiática fascista mantém o povo inerte pela crença de que o “Bolsa Família”, que não passa de um mero placebo, é a solução para superarmos o abismo de desigualdades sociais que existe no Brasil, mas ao mesmo tempo dirige todas as suas forças para a manutenção da antiga ordem vigente, que só aos muitos ricos ( banqueiros, empreiteiros, grandes comerciantes e grandes fazendeiros) beneficia nos dá vontade de gritar contra está mentira deslavada.

No governo Lula o “espetáculo de crescimento” passa pela exportação de commodities, o que nos joga de volta ao escravocrata sistema das plantations, e não pela industrialização, que ao agregar novos valores a nossa produção gera uma maior distribuição de renda e o fortalecimento da poupança nacional.

A nossa indústria tal qual o povo, submetida às escorchantes taxas de juros e a artificial alta do dólar, o que também dificulta ainda mais a nossas exportações, sucumbe no processo de desindustrialização porque passa o Brasil.
Neste país ainda temos 9,7% da nossa população na escuridão do analfabetismo total e 25% de analfabetos funcionais.

O Brasil possui grande parcela da população incapaz de atender às suas necessidades básicas e a distribuição de renda é uma das mais desiguais do mundo. Segundo o IPEA em 2008 28,8% da população vivia em pobreza absoluta e a proporção de miseráveis, os que vivem abaixo da linha da pobreza absoluta, neste mesmo ano era estimada em 10,5% da população.

Embora após a queda da ditadura os índices de pobreza no Brasil tenham experimentado queda mais acelerada (PIB), a melhoria das condições econômicas da população desde o Plano Real não teve uma distribuição uniforme entre as regiões do País.
O PIB nos diz qual é a riqueza total de um determinado país. Dividir a mesma aritmeticamente, pelo número de seus habitantes nos dá uma idéia imperfeita do padrão de vida de sua população.

Um país pode ser muito rico e seus habitantes muito pobres. Ou pode não ser tão rico e seus habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um país que tenha uma renda per capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da distribuição de renda, ou seja, como a riqueza total que é produzida no país se distribui entre os habitantes.

Para analisar estas questões de distribuição de renda na economia foram criados diversos índices estatísticos. Dentre os mais conhecidos encontra-se o P90/P10 ou 10% mais ricos a 10% mais pobres, que mede quanto o grupo formado pelos 10% mais ricos da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres. Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de Gini, que faz a comparação da diferença renda dos 10% mais ricos sobre os 10% mais pobres . Por ele o Brasil, caso comparado ao outros países que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento econômico (países emergentes), com seus 51.3% apresenta um alto grau de péssima distribuição de renda. A China apresenta 21,6%, a Índia 8.6 e o México 24.6%.

Com este modelo neoliberal excludente, onde o desenvolvimento humano sucumbe junto com a desindustrialização, consequentemente e principalmente por causa do aumento dos lucros do sistema financeiro especulativo como pela má distribuição de renda desaquecendo o mercado interno, nunca sairemos do histórico e submisso papel de sermos meros exportadores de matérias primas e importadores de produtos industrializados.

Por enquanto para nós só resta o “orgulho” de sermos o país do futebol e o triste sorriso em um Brasil onde há 30 milhões de desdentados, o que é equivalente a 17,6% da população.

Até quando ao mesmo tempo seremos tão ricos e tão pobres?

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