segunda-feira, 15 de março de 2010

Os muros a nos dividir

Fora os “muros” cronicamente e historicamente intransponíveis da exclusão social, étnica ou financeira, ainda existem os que são materialmente construídos para nos separar.

No Rio o prefeito com o apoio do governo estadual está construindo barreiras para isolar a população favelada das vias de circulação da classe média, dos ricos e dos turistas.

Em vez de buscar a inclusão social as autoridades preferem manter a miséria e investir em muros e na violência policial como forma de manter calada e isolada a população carente, o que não resolve os graves problemas sociais e muito pelo contrário só os intensificam.

Sob o pretexto de serem barreiras acústicas elas estão sendo levantadas para separar as favelas do conjunto da cidade.

Será que este dinheiro desperdiçado para maquiar a presença da miséria social não seria mais bem aplicado em políticas sociais que gerem a inclusão?

A realidade é que está forma de “apartheid” só servirá para diminuir ainda mais a auto-estima destes moradores dos bairros populares, o que só servirá para amplificar a violência e a divisão entre os ricos, a classe média e os pobres.

Além das "Barreiras acústicas", sendo que estas não passam de muros camuflados, que eles estão construindo ao longo das Linhas Vermelha, Verde e Amarela também estão construindo muros nos fundos das favelas na divisa com a Mata Atlântica.

O ministro dos Direitos Humanos, em recente reunião da ONU em Genebra, Suíça, foi submetido a um grande constrangimento e isto poderia ter derrubado, antes mesmo de sua construção, o muro com que o governador Sérgio Cabral constroí para cerca a Rocinha e outras favelas. Paulo Vannuchi ouviu duras críticas ao governo brasileiro, embora a obra do cerco seja uma iniciativa do estadual é finaciada pelo PAC. A única solidariedade que Cabral teve do Planalto é o ainda inexplicável silêncio do presidente Lula.

Em Brasília tentaram convencer o presidente a fazer com o governador recuasse e fizesse na Rocinha exatamente o que estava previsto na solenidade ocorrida para o lançamento do projeto de revitalização da comunidade, quando ficou acordado que o ecolimite seria, na verdade, um anel viário, como mostrava o projeto inicial e posteriormente desvirtuado.O muro da Rocinha, que pode representar um grande risco para a população em caso de incêndio, teve a sua construção iniciada, apesar da absoluta contrariedade dos moradores.

Na Suiça, Vannuchi, foi muito questionado pelos peritos da ONU, que qualificaram o muro de ação de apartheid, e não tendo como fugir da acusaçõa na época admitiu que o projeto não é adequado a um estado democrático de direito, mas mesmo assim a cosntrução se tornou realidade.

Quando lemos que "A situação política mudou um pouco, mas não a econômica. Os negros ainda ganham menos do que os brancos e ocupam cargos inferiores" até parece que a frase está se referindo a um discurso proferido por um morador de uma favela do Rio, mas não, pois ela foi dita pelo sul-africano Ezzi, que é morador no Sweto.

É uma vergonha o PAC estar sendo usado para construir os muros da divisão.

O presidente da Federação das Associações de Moradores de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Rossino de Castro,é o maior critico a ação de isolar as favelas:

“Nós somos contra. Não precisamos de muros. O que nós precisamos é de políticas públicas e não que transformem a favela em um gueto”.

Carlos Molina

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