Nova Cruzada promove o falso embate entre o Ocidente contra o Oriente

Hoje nos EUA os pastores evangélicos fazem cultos onde é pedido a Deus que proteja os soldados que partem para o Iraque e o Afeganistão dos "demônios" mulçumanos!

O que ocorre nos grandes meios de comunicação de massa não é diferente do ocorrido nas Igrejas.

A mídia ocidental a serviço de escusos interesses políticos econômicos faz o possível e o impossível para estigmatizar o Oriente como uma região violenta, atrasada, etc.. Nela os orientais são genericamente taxados por de terroristas fundamentalistas. Como se o islamismo manifestado no Afeganistão tivesse as mesmas características tal qual ele ocorre no Marrocos, no Líbano ou nas Filipinas, que por sinal é o local aonde os "cristãos” ainda são crucificados em praça pública como também flagelados, tal qual os “cristãos”, o que em nada difere, o fazem na procissão dos penitentes do Cariri, e isto ocorrendo em pleno sertão nordestino.

Por que o Oriente deve sempre estar associado ao que é negativo no mundo e o Ocidente com o que é positivo?

A divisão bipolar do mundo é antiga, pois desde a antiguidade, as pessoas eram ensinadas a pensar o mundo de forma maniqueísta. O mundo estaria dividido em duas partes diferenciadas: a do bem e do mal, o que era considerado estrangeiro era visto como o que não é igual e o “diabo era o Deus que protege o meu inimigo”.

Na época da Guerra Fria esta forma maniqueísta de ver o mundo era percebida claramente e pela mídia ocidental quem defendia o bloco capitalista era considerado "bom" e quem pertencia ou simpatizava com o bloco socialista era considerado "mau".

Com o fim do socialismo real o mundo capitalista perdeu o seu lado antagônico e isto representou grande prejuízo político para os argumentos que justificavam os interesses das indústrias bélicas, já que não havia mais motivos para os enormes "investimentos" em equipamentos militares.

O Ocidente foi forçado a criar uma nova ameaça mundial, o novo inimigo a ser combatido, e a invasão do Iraque ao Kuwait em 1990, até na época aliado dos EUA, foi o mote para começar “a guerra da luz contra as trevas” e o ocidente democrático e cristão foi ao encontro do oriente para defender os “ideais democráticos”.

Como a Terra é redonda a longitude de 0° é apenas uma mera invenção européia que coloca a Europa como centro do mundo e isto foi fruto de uma convenção para tornar a Inglaterra, que era a maior potência Européia dos séculos XVIII e XIX, como o centro do mundo. Convencionou-se iniciar o 0° longitudinal tendo como referência o observatório astronômico de Greenwich na Inglaterra. Portanto, os mapas cartográficos são ideológicos, são referências de interesses geopolíticos.

Hoje, a grande dicotomia, que não passa de uma velha dicotomia oriunda das cruzadas é a do mundo cristão versus mundo islâmico, ou seja, pela visão “moderna” no conflito pela posse das jazidas quem tem petróleo versus quem não tem. Nesta nova guerra de rapina os islâmicos passaram a representar melhor
o estrangeiro, o "bárbaro", o terrorista, o "outro que é diferente de nós". Por está “lógica” perversa quem é diferente de "nós", necessariamente é inferior a "nós".

Por isso, o que conhecemos sobre o Oriente não é o Oriente, mas uma representação criada do Oriente pelo Ocidente. É uma versão inferiorizada do Oriente.

Quando se é mostrado o tratamento dispensado à mulher oriental como o símbolo da opressão e do atraso da cultura mulçumana, esquecem de que os países ocidentais são os campeões mundiais de violência contra a mulher.

A mídia ocidental cristalizou a idéia de que os islâmicos são violentos, mas certamente não foram eles que fabricaram as duas Guerras Mundiais do século XX. Na verdade, os grandes causadores da maioria dos conflitos no Oriente são os ocidentais e são eles os maiores exportadores de armas para essa região.
A grande problemática da atual visão maniqueísta de mundo é que o Islã não está confinado no Oriente Médio. O mundo islâmico não se limita aos Árabes. O islamismo é a religião que mais cresceu no último século, ela está em todo mundo.

No dia em que soubermos conviver com o que nos parece ser diferente estaremos vivendo em paz.