segunda-feira, 1 de abril de 2013

EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks


Acidente na Base de Alcântara?

José Meirelles Passos
RIO – Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área – como a Ucrânia – a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 – revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: “O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial” – ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que “embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”. Mais adiante, um alerta: “Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”.
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, “devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil”, diz outro documento confidencial.

Viagem de astronauta brasileiro é ironizada

Sob o título “Pegando Carona no Espaço”, um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões – enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente ‘um pequeno passo’ para o Brasil” – diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade. (AG)





Ronaldo Schlichting e outros    

A estratégia de guerra dos EUA autoriza “a realização de Operações Decisivas Rápidas (RDO), na área psicológica, econômica e cibernética”. Nesta, “admite invadir computadores inimigos para impedir o lançamento de mísseis e proteger interesses americanos”. (general Charles E. Wilhelm, do Centro de Informações para a Defesa, do Southcom) 2

Dados preliminares

1.1. TÉCNICOS

a. O combustível sólido do VLS-1
Sabemos que o nosso Veículo Lançador de Satélites, o VLS -1, antes de ser um lançador de satélites, é um míssil balístico, cujo propelente é sólido; o uso desse tipo de combustível sólido é, indiscutivelmente, a opção mais acertada, exatamente pelas suas características e pelos motivos abaixo descritos.
1) O propelente consiste de uma mistura de polibutadieno (o combustível), com perclorato de amônio (o oxidante); a essa mistura são acrescidos aditivos como alumínio em pó e óxido de ferro para elevar a temperatura de queima da mistura, e outros com finalidades específicas.
A essa mistura — depois de homogeneizada, mas ainda pastosa — é adicionado um catalisador, para, em seguida, ser derramada no vaso do motor, onde ela endurece lentamente, transformando seu estado pastoso em sólido, até tomar a consistência de uma borracha dura.
Essa mistura não deflagra nem detona quando submetida a choques normais. Ao fogo ela acende, queima, mas não explode, e nem sequer aquece quando submetida a microondas. Para que esse propelente venha a acender, é necessário que no seu interior se introduza um ignitor — este, acionado normalmente por uma espoleta detonada eletricamente — e o jato desse ignitor é que deflagra o propelente.
Esse propelente também pode, eventualmente, explodir, quando atingido por um projétil metálico, a velocidades muito altas, acima de 3.000 pés/segundo, como, por exemplo, o de um projétil disparado por um fuzil tipo Barrett .50 ou similar.

Figura esquemática dos componentes principais do motor do VLS-1
2) O motor: a figura esquemática — ver desenho acima — permite uma boa visualização do motor e de seus componentes principais.
Esse tipo de motor, e os dispositivos de ignição são praticamente os mesmos (ou muito semelhantes) em todos os mísseis propulsionados a combustível sólido, em todo os arsenais do mundo.
Para se ter uma idéia da segurança e universalidade desse tipo de motor, basta saber que o motor S-43 do nosso VLS é idêntico aos dois propulsores auxiliares do ônibus espacial americano. A diferença está apenas no tamanho. Os do VLS são carregados com 7 toneladas cada unidade e os do "space shutlle" com 500 toneladas de propelente sólido cada um.
Mesmo quando explodiram, os tanques de combustível líquido da nave Challenger em 1986, apesar da violência da detonação, nada sofreram, se desprenderam e continuaram voando aleatoriamente, mas sem explodir.
b. O uso universal desse tipo de míssil a propelente sólido
Existem nos arsenais do mundo inteiro, milhares de mísseis balísticos de emprego militar (e civil), do mesmo porte e até maiores do que o nosso VLS-1, dotados de motores iguais ou semelhantes ao nosso S-43, qua constituem o primeiro e o segundo estágio do nosso foguete. Praticamente todos eles usam como propelente esse "composite", (o mesmo combustível sólido a base de polibutadieno que descrevemos, com pequenas variações apenas nos aditivos), com os quais são abastecidos e que usam sistemas de ignição em tudo semelhantes ao que nós usamos.
Esses milhares de mísseis, depois de montados e testados pelos fabricantes, são entregues para as unidades de tropa (navais, de terra e de ar), e a partir daí são mantidos e operados por soldados, que embora treinados, não são altos especialistas e nem cientistas com 20 anos de experiência.
Esses foguetes são amplamente utilizados em campanhas militares, nos mais variados teatros de operação, quentes, frios, gelados, úmidos, chuvosos, etc. São também utilizados em campos de instrução, onde ficam cercados por militares com pouca habilitação (gente que fuma e usa telefone celular nas proximidades dos mísseis), que até serem disparados, ficam expostos ao sol, à chuva, à neve, ao frio e ao calor extremos, etc., são submetidos a vibrações de várias intensidades quando são transportados de lá para cá em caminhões (Sistema Astros e Patriot), em navios (o Exocet e o Tomahawk naval), em submarinos (mísseis Poseidon), em aviões (Piranha) e, mesmo assim, são depois disparados com total sucesso, e não se tem notícia de que tenha acontecido rigorosamente nenhuma "explosão" ou iniciação "intempestiva".
Por isso, podemos afirmar categoricamente que é ato grosseiro de contra-informação difundir que poderia ter havido uma "ignição espontânea", "descarga elétrica" e tudo o mais que já divulgaram, como "eletricidade estática" (e sabe-se lá o que ainda vão inventar) como causa "natural" para justificar a ignição intempestiva ("espontânea") que sacrificou 21 técnicos brasileiros.
O que pretendem aqueles que difundem tais mentiras? Obviamente desejam deixar implícito que a nossa opção por mísseis balísticos militares movidos a propelente sólido para colocar em órbitas baixas cargas úteis (satélites e outras) está errada e deve ser abandonada, e os militares devem ser afastados dessa atividade, alegando que eles nela já tiveram três fracassos.
Nada mais falso e nada mais caviloso!
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1.2. LANÇAMENTOS JÁ REALIZADOS COM SUCESSO NO BRASIL

O Brasil dispõe de dois Centros de Lançamento de veículos espaciais, ambos subordinados ao Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento do Comando da Aeronáutica: o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) e o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI)
O CLBI, situado no estado do Rio Grande do Norte, está operacional desde 1965, e possui completa infraestrutura para lançamentos de veículos de sondagem de pequeno porte. É utilizado, também, como estação de rastreamento de engenhos espaciais estrangeiros e seus satélites, e também dos veículos lançados do Centro de Lançamento de Alcântara.
O CLBI já realizou com inteiro sucesso mais de 400 lançamentos, desde os pequenos foguetes de sondagem meteorológica do tipo Lok i, até os veículos de alta performance da classe Castor-Lance de quatro estágios. Merecem referência especial os seguintes: Projeto Extranet, para estudos da atmosfera em altitudes de 30 a 60 Km, e o Projeto Ozônio, para estudar a camada de ozônio.
Este centro vem desenvolvendo também intensa cooperação com a Agência Espacial Européia (ESA), através da atividade de rastreamento do veículo Ariane, desde o seu vôo inaugural.
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)
Após cuidadosa e criteriosa análise e estudos, foi definida uma área na península de Alcântara (no Maranhão) para sediar um novo centro de lançamento.
Esta área apresenta alguns requisitos muito favoráveis, tais como baixa densidade populacional, excelentes condições de segurança e facilidade de acessos, tanto aéreo como marítimo, e — o mais importante — está situada exatamente a 2º 18' de latitude Sul do Equador, e a 44º 22' de longitude Oeste, às margens do Oceano Atlântico.
Esta excepcional posição, diríamos "quase divina", possibilita aproveitar- se ao máximo a rotação da Terra para impulsionar os lançamentos visando órbitas equatoriais, bem como apresenta também posição favorável para lançamentos polares.
Por conseguinte, sua localização privilegiada permite grande economia de combustível e/ou, como tal, o lançamento de satélites mais pesados com a mesma quantidade de combustível, e/ou performances muito superiores às características originais do veículo lançador.
O CLA já efetuou, com inteiro sucesso, mais de 250 lançamentos desde a sua ativação, o que comprova a sua excelente e invulgar capacidade operacional e a sua funcionalidad e, exceto quando lançou os três Veículos Lançadores de Satélites visando colocar essas cargas úteis em órbitas baixas, quando ocorreram três explosões mais do que suspeitas e até agora inexplicadas pelas autoridades responsáveis.

Comissões de investigação

2.1. A COMISSÃO DE INVESTIGAÇÃO NOMEADA PELO COMANDO DA AERONÁUTICA

Composta por militares e civis categorizados e de especiais qualificações técnicas e/ou profissionais do CTA e/ou IAE, a comissão de investigações nomeada certamente terá totais credenciais para realizar uma investigação inteiramente confiável e transparente.
O Ministro da Defesa, Emb. José Viegas Filho, anunciou a inclusão três integrantes da comunidade científica na comissão que investiga causas do acidente em Alcântara, além de um representante da família dos mortos.
"A determinação de abertura condução da investigação é atribuição indelegável do Ministério Defesa", avisou o ministro.

2.2. INQUÉRITO POLICIAL-MILITAR

Por força das exigências legais do CPMB (Código Penal Militar), também já está em curso um IPM (Inquérito Policial Militar), com conclusão prevista para, no máximo, 40 dias.

2.3. PARTICIPAÇÃO DE TÉCNICOS RUSSOS NAS INVESTIGAÇÕES

Não foi possível saber por iniciativa de quem, nem com a autorização de quem, nem quais foram critérios das escolhas, para a convocação rapidíssima de uma equipe seis técnicos em atividades aeroespaciais da Federação Russa que chegaram na manhã do dia 5 de setembro de 2003 ao Brasil.
Segundo se supõe, a iniciativa da indicação dessa equipe foi Agência Espacial Brasileira (AEB) teria a atuação diligente do Emb. Ronaldo Sardenberg.
É elementar que a presença elementos estranhos na cena de um crime, pode contaminar — deliberadamente ou não — com pseudos e/ou falsos indícios, todos os dados técnicos que os peritos policiais devem examinar. Por isso, é extremamente inconveniente e suspeita essa convocação de estrangeiros para realizar uma investigação que somente brasileiros devem ter a competência e o interesse em fazer com a devida transparência e sem omissões ou "soluções políticas" — no mínimo por respeito aos 21 brasileiros mortos.

Conclusões Preliminares

3.1. À vista desses breves dados, não é difícil entender algumas das razões do enorme interesse dos EUA e outros países pela utilização do CLA, autêntica "catapulta" para maximizar qualquer Sistema de Lançamentos de "cargas úteis"— civis e/militares — ao espaço exterior.
3.2. Por tudo isso — e principalmente por terem sido sacrificados brasileiros, heróis dessa saga de um povo que teima em traçar seu próprio destino — é que insistimos na participação da polícia federal e do Ministério Público Federal, em todos os inquéritos que já foram instaurados. E que a nenhum estrangeiro seja permitida a mínima interferência nessa questão chave e símbolo nossa soberania.
Curitiba, setembro de 2003

1 Ronaldo Schlichting, Administrador de Empresas, RG 676.306-PR;
Coronel Reformado do Exército Brasileiro Roberto Monteiro de Oliveira, Idt. 014198480-7 Min.Ex.;
Coronel Reformado do Exército Brasileiro Frederico Soares Castanho, Idt. 050934960-1 Min.Ex.;
Coronel Reformado do Exército Brasileiro Joaquim Carlos Guerreiro Maia, Idt 018669350-3 Min. Ex.;
Coronel Reformado do Exército Brasileiro José Camilo de Oliveira Vallada, Idt. 02 258 4250-9 Min. Ex.
2 "A nova guerra total" — Correio Braziliense - 22/07/02




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