Como ex-católico na adolescência, um ser que um dia bebeu
das águas da Teologia da Libertação, que hoje, embora não parte dela, ainda
continua tendo pela mesma profunda consideração, já que sempre acompanho com muito
carinho e atenção os posicionamentos de Leonardo Boff, como anterioremente os de Pedro Casaldáliga,
Helder Câmara, entre outros, pessoas que
sempre admirei pela coerência de seus discursos em defesa dos mais humildes,
mas um de seus últimos me inquietou. Há pouco tempo ele teceu pesadas críticas
ao atual papa Francisco, e agora radicalmente mudou o tom.
Enquanto esquerda católica abranda o seu discurso em relação a Francisco a extrema direta católica, monárquica e feudal, começa a
fazer acusações contra o novo papa, o que também me chama a atenção, já que
este sempre foi tido como extremamente conservador. Em suas críticas ao novo
pontífice eles acusam de que na articulação que levou Francisco ao papado
esteve presente o Cardeal Rodriguez Maradiaga, religioso hondurenho, que
o Leonardo Boff defendia como sendo, pela Teologia da Libertação, o nome ideal
para ser papa. Se este que o Boff defendia como a única alternativa progressista
apoiou o que se elegeu o que de novo aconteceu? Será que este que enquanto
cardeal era tido como de direita, para tentar reunificar a Igreja e assim melhorar
a sua, pelos consecutivos escândalos, desgastada imagem, como papa terá uma
postura de centro? Quais foram às articulações e os acordos feitos para que os progressistas
o viessem apoiar para mim ainda é um grande mistério!
O que a extrema direita católica pensa e diz sobre o novo papa:
“A
surpresa para os católicos de um Papa Argentino, latino-americano foi grande no
Mundo, mas nos bastidores da Cúria Romana não foi tanto assim.
Apenas lembrando, que enquanto ainda era
cardeal, nos anos 1980, Joseph Ratzinger,que depois se tornaria o Papa Bento
XVI, condenou a Teologia da Libertação. Ratzinger, na época
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, criticou "desvios
prejudiciais à fé" pelo uso "de maneira insuficientemente
crítica" de pensamentos marxistas na Teologia da Libertação. Agora, passados mais de 40 anos desde
que o termo foi cunhado (em 1971), com a renúncia de Bento XVI e a eleição do
novo papa, o "projeto de libertação", que teve tanto impacto no
Brasil e na América Latina, parece ter à frente uma nova chance de encontrar uma aceitação maior dentro
da Igreja, ainda
mais tendo o Cardeal de Honduras, como articulador
da eleição do Papa Francisco.
Uma reportagem da BBC Brasil citou que os defensores da Teologia
da Libertação (TL) estão contando como certo, com o apoio do novo Papa
para poder impulsionar o movimento que tem como objetivo defender a justiça
social. Em resumo: Teologia da Libertação, agora, espera mudança.
O mais estranho nisto tudo, foi uma declaração antes da eleição
do novo Papa, dada pelo teólogo Leonardo Boff, um dos principais
expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, ele disse que esperava a
renúncia do Papa Bento XVI, e já antecipava que o substituto poderia ser um latino-americano.
Durante a entrevista à TV Brasil ele ainda elogiou
o cardeal-arcebispo de Tegucigalpa, Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga. Líder
máximo da Igreja em Honduras o
religioso é aberto às inovações e inclusive dialoga com a Teologia da
Libertação, segundo Boff. Para ele seria muito bom ter um Papa da periferia do
mundo e o cardial Maradiaga seria um bom nome. “Não
temos grandes cardeais. Mas ele é um teólogo da libertação. Seria um Papa da
periferia”, disse
Boff. (fonte Portal EBC de noticias)
Pois é, o Cardeal que Leonardo Boff queria como Papa não se
elegeu, mas articulou a eleição do Novo Papa Francisco, confesso que isto é um
tanto interessante.
Se o Cardeal Oscar Rodrígues Maradiaga, tivesse sido eleito,
Boff possivelmente o chamaria de "Papa
da Libertação", por sua posição simpatizante a
Teologia da Libertação. Também teria certeza de grandes mudanças progressistas
nos ensinamentos e na própria doutrina da Igreja.
Infelizmente, como verdadeiros católicos, precisamos ficar
no mínimo vigilantes, pois, se o Novo Papa teve como
apoiador e articulador de sua eleição um simpatizante declarado da Teologia
da Libertação, esperamos que não haja algum
acordo entre eles.
"Ai de vós, filhos rebeldes! - oráculo de Javé. Fazeis planos que não nascem de Mim, fazeis acordos sem a minha inspiração, de maneira que amontoais erros e mais erros". (Isaías 30,1)
"Ai de vós, filhos rebeldes! - oráculo de Javé. Fazeis planos que não nascem de Mim, fazeis acordos sem a minha inspiração, de maneira que amontoais erros e mais erros". (Isaías 30,1)
E mais cedo ou mais tarde mostre que ao invés de manter as
tradições e ensinamentos da Igreja, resolva de ”surpresa”, como de “assalto”
mudar isto, com o pretexto da Igreja adaptar-se ao mundo moderno. (fazendo a vontade dos homens e não a de
DEUS)
"Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus." (Jo 12, 43)
"Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade" (Hebreus 13, 8)”
Um dos últimos textos escrito por Leonardo Boff sobre o papa:
Nas
redes sociais havia anunciado que o futuro Papa iria se chamar Francisco. E não
me enganei. Por que Francisco? Porque São Francisco começou sua conversão ao
ouvir o Crucifixo da capelinha de São Damião lhe dizer: ”Francisco, vai e
restaura a minha casa; olhe que ela está em ruinas” (S.Boaventura, Legenda MaiorII,1).
Francisco
tomou ao pé da letra estas palavras e reconstruíu a igrejinha da Porciúncula
que existe ainda em Assis dentro de uma imensa catedral. Depois entendeu que se
tratava de algo espiritual: restaurar a “Igreja que Cristo resgatara com seu
sangue” (op.cit). Foi então que começou seu movimento de renovação da Igreja
que era presidida pelo Papa mais poderoso da história, Inocêncio III. Começou
morando com os hansenianos e de braço com um deles ia pelos caminhos pregando o
evangelho em língua popular e não em latim.
É bom
que se saiba que Francisco nunca foi padre mas apenas leigo. Só no final da
vida, quando os Papas proibiram que os leigos pregassem, aceitou ser diácono à
condição de não receber nenhuma remuneração pelo cargo.
Por que
o Card. Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco? A meu ver foi
exatamente porque se deu conta de que a Igreja está em ruinas pela
desmoralização dos vários escândalos que atingiram o que ela tinha de
mais precioso: a moralidade e a credibilidade.
Francisco
não é um nome. É um projeto de Igreja, pobre, simples, evangélica e destituída
de todo o poder. É uma Igreja que anda pelos caminhos, junto com os últimos;
que cria as primeiras comunidades de irmãos que rezam o breviário debaixo de
árvores junto com os passarinhos. É uma Igreja ecológica que chama a todos os
seres com a doce palavra de “irmãos e irmãs”. Francisco se mostrou obediente à
Igreja dos Papas e, ao mesmo tempo, seguiu seu próprio caminho com o evangelho
da pobreza na mão. Escreveu o então teólogo Joseph Ratzinger: ”O não de
Francisco àquele tipo de Igreja não poderia ser mais radical, é o que
chamaríamos de protesto profético”(em Zeit
Jesu, Herder 1970, 269). Ele não fala, simplesmente inaugura o
novo.
Creio
que o Papa Francisco tem em mente uma Igreja assim, fora dos palácios e dos
símbolos do poder. Mostrou-o ao aparecer em público. Normalmente os Papas e
Ratizinger principalmente punham sobre os ombros a mozeta aquela
capinha, cheia de brocados e ouro que só os imperadores podiam usar. O Papa
Francisco veio simplesmente vestido de branco e com a cruz de bispo. Três
pontos são de ressaltar em sua fala e são de grande significação simbólica.
O
primeiro: disse que quer “presidir na caridade”. Isso desde a Reforma e nos
melhores teólogos do ecumenismo era cobrado. O Papa não deve presidir com como
um monarca absoluto, revestido de poder sagrado como o prevê o direito
canônico. Segundo Jesus, deve presidir no amor e fortalecer a fé dos irmãos e
irmãs.
O
segundo: deu centralidade ao Povo de Deus, tão realçada pelo Vaticano II e
posta de lado pelos dois Papas anteriores em favor da Hierarquia. O Papa
Francisco, humildemente, pede que o Povo de Deus reze por ele e o abençoe.
Somente depois, ele abençoará o Povo de Deus. Isto significa: ele está ai para
servir e não par ser servido. Pede que o ajudem a construir um caminho juntos.
E clama por fraternidade para toda a humanidade onde os seres humanos não se
reconhecem como irmãos e irmãs mas reféns dos mecanismos da economia.
Por
fim, evitou toda a espetacularização da figura do Papa. Não estendeu os braços
para saudar o povo. Ficou parado, imóvel, sério e sóbrio, diria, quase
assustado. Apenas se via a figura branca que olhava com carinho para a multidão.
Mas irradiava paz e confiança. Usou de humor falando sem uma retórica
oficialista. Como um pastor fala aos seus fiéis.
Cabe
por último ressaltar que é um Papa que vem do Grande Sul, onde estão os pobres
da Terra e onde vivem 60% dos católicos. Com sua experiência de pastor, com uma
nova visão das coisas, a partir de baixo, poderá reformar a Cúria,
descentralizar a administração e conferir um rosto novo e crível à Igreja.
Leonardo
Boff é autor de São Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes 1999.
Como vejo:
Está negativamente provado que o novo papa
tem uma trajetória conservadora, é a favor do celibato, vê as mulheres em uma
situação inferior, combate a homossexualidade, etc., e que teve ligações com a
ditadura argentina. De positivo a sua trajetória também aponta que ele, ao
contrário de seu antecessor é inimigo da pompa e leva uma vida espartana, com
hábitos muito simples, tal qual viver num pequeno apartamento, em lugar da residência da
arquidiocese, usar transporte público e cozinhar a própria comida. Outros pontos positivos é o fato de
ele combater a corrupção dentro da Igreja, como não ter acobertado e punido os
sacerdotes pedófilos.
Dê início em seu novo papel ele surpreendeu
favoravelmente, ao contrário do seu antecessor, que rezava em latim e de costa
para o povo, ao adotar em sua primeira missa enquanto papa o rito Romano pós
Vaticano II, onde o sacerdote ministra a missa de frente para o povo, o que é
um forte sinal de que estará mais aberto ao diálogo com a Igreja e a sociedade,
tal qual o nome escolhido, o de Francisco, também o indica. Mas não se enganem,
na realidade o que ele propõe tem tudo mais a ver com a volta da conservadora Ação
Católica de Pio XI, do que com a Ação Popular Católica, surgida depois da Segunda
Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Medellin.
No
papado de Francisco até poderá ocorrer algumas pequenas reformas em busca de pela
depuração pelo combate e a corrupção interna melhorar a imagem da Igreja , mas
com certeza ele não representa nenhuma profunda ruptura com o arcaico e medieval
integrismo católico dominante.
Frase proferida pelo papa aos cardeais em um jantar, na noite em quer foi aclamado sumo pontífice:
"Que Deus os perdoe pelo que fizeram"
Qual é real sentido desta frase nós logo saberemos!!!
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