segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Suplicy: PT precisa aprender lições do mensalão


No terceiro mandato no Senado, petista acredita que o partido que ajudou a fundar deve melhorar a transparência nos seus gastos. Mudanças internas, para ele, são necessárias para evitar perdas de quadros para outras siglas
Para o senador, a população tem de ser informada das medidas para melhorar a cultura política entre os petistas. “Temos de mostrar isso claramente ao povo: que nós aprendemos com os problemas havidos, e estamos dispostos a caminhar corretamente”, analisou Suplicy, em entrevista ao site no sábado (16) à noite.
O senador acredita ser possível até que a nova legenda de Marina caia “nas mesmas armadilhas” em que o PT foi envolvido. “A vida política muitas vezes leva a problemas sérios. Mas espero que não”, disse. Pelo PT, Suplicy está no terceiro mandato como senador, que se encerra em janeiro de 2015. Também foi deputado federal e vereador.
Questionado se, a exemplo do DEM, o PT corre o risco de perder muitos quadros, como já ocorreu com Marina e Heloísa Helena, Suplicy diz ser necessário evitar isso com mudanças internas na legenda. “Por isso eu quero insistir com o PT sobre a aprovação dessas medidas de democratização, como o processo de escolha dos candidatos, e também a transparência, em tempo real, das contribuições ao partido.”
O senador destaca que é preciso, até como forma de redenção do PT, acabar com o uso de dinheiro do caixa dois em campanhas eleitorais. “Obviamente, também o compromisso de se utilizar os recursos contabilizados. Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram”, afirma.
No episódio do mensalão, ex-dirigentes do partido foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal à prisão sob a acusação de terem comprado apoio político no Congresso, com vistas a garantir votos na aprovação de projetos de interesse do governo Lula. Em sua defesa, alguns réus afirmaram que não houve pagamento de propina, mas “apenas” caixa dois de campanha eleitoral.
Confiança
Apesar das críticas, o senador acredita que as mudanças são metas realizáveis. Assim, o partido não perderia sua importância. “O PT veio pra ficar”, disse Suplicy ao site, depois de declarar, cercado por Marina Silva e Heloísa Helena, que estava tentado a “cair na Rede”.
O senador nega que vá deixar a legenda para garantir uma candidatura ao Senado nas eleições de 2014. “Não vou realizar ações para me incompatibilizar com os anseios maiores do PT”, afirmou. Mas Suplicy anda insatisfeito. O PT, sob a influência do ex-presidente Lula, cogita apoiar candidato de outro partido ao Senado no ano que vem, quando haverá apenas uma vaga em disputa. A ideia inicial é apoiar um nome do PMDB, como o deputado Gabriel Chalita (SP), em troca de aliança com os peemedebistas para o governo de São Paulo. Até o nome do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) já foi levantado como hipótese para substituir Suplicy no Senado com o apoio do PT. O senador diz que só deixa o cargo se for em favor do próprio Lula.
Em 2012, Suplicy foi eleito pelos internautas o melhor senador do país, na votação do Prêmio Congresso em Foco. Na cerimônia de premiação, ele roubou a cena ao cantar um sucesso deBob Dylan ao lado do deputado Tiririca (PR-SP), também um dos premiados.
A entrevista completa:

Congresso em Foco – O senhor disse que está tentado a cair na rede. Vai sair do PT?
Eduardo Suplicy – 
É porque a Marina e a Heloisa são pessoas com quem tenho grande afinidade. Mas, ao mesmo tempo, me sinto como tendo realizado uma decisão de vida de estar no PT. De minha parte, não vou realizar ações para me incompatibilizar com os anseios maiores do PT, que são os mesmos que me fizeram ser convidado a fundar em o PT em 10 de fevereiro de 1980. Continuo sempre a defender os propósitos que me fizeram ingressar no PT.
A Rede não pode ser surpreendida pelas armadilhas em que o PT caiu?Pode acontecer, a vida política muitas vezes leva a problemas sérios. Mas espero que não, por isso que vim aqui [no lançamento de Rede Sustentabilidade], para dar força.
Marina e Heloisa são duas ex-petistas que se desfiliaram porque, no conceito delas, o partido se corrompeu. O PT corre o risco de virar um DEM em termos de dissidências de seus quadros históricos?Por isso eu quero insistir com o PT sobre a aprovação dessas medidas de democratização, como o processo de escolha dos candidatos, e também a transparência, em tempo real, das contribuições ao partido. Obviamente, também o compromisso de se utilizar os recursos contabilizados. Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram.
Mas o povo brasileiro via entender essas mudanças internas?Temos de mostrar isso claramente ao povo, que nós aprendemos com os problemas havidos, e estamos dispostos a caminhar corretamente.
Então o senhor se mantém no PT para evitar que o partido vire um DEM, que não corra o risco de ir se extinguindo aos poucos…Espero poder contribuir ainda para o fortalecimento do PT. Eu acredito que isso possa ser uma meta realizável. Tenho a convicção de que não [o partido perca forca]. O PT veio pra ficar.

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