quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

De Neusah Cerveira: TRISTE ANIVERSÁRIO


"...05 de dezembro de 1973, O major Joaquim Pires Cerveira, 49 anos(usando p/ questões de segurança o nome de Walter de Souza ou Walter Moura Duarte) encontra João Batista de Rita Pereda, 25 anos, e sua esposa Amália (com quem estava casado há 15 dias, tendo como Padrinho , o amigo Cerveira) se encontram ao meio dia para tratar de assuntos referentes a documentação, já que ambos estavam radicando-se na Argentina, vindos do Chile quando da deposição de Salvador Allende.Conversam um pouco e marcam na presença de Amália um novo encontro para as 18 hs do mesmo dia. Foram vistos no horário combinado por várias pessoas. 18:30, esquina da rua Corrientes um carro com vários homens simula um atropelamento dos dois e na presença de testemunhas os leva sob protestos. Amália é alertada em Combate de los Pozos onde viviam os exilados do Chile. 23hs Agentes da Repressão Argentina, acompanhados de Brasileiros chegam a casa onde Cerveira resid
ia com uma família de amigos na calle Horácio Quiroga. A família já estava preocupada com a demora de Cerveira que tinha o hábito de sempre deixar um bilhete avisando onde ia e a que horas chegaria. 


Os agentes invadem a residência, vasculham tudo, levam pertences pessoais de Cerveira que dizem estar sendo requerido pelas autoridades de seu País: o Brasil. Vão embora depois de muitas ameaças. 4 horas da manhã os agentes voltam dessa vez comandados por um brasileiro com uma cicatriz no rosto(mais tarde identificado por fotografia pelas testemunhas como o Delegado Sérgio Paranhos Fleury) agridem a família e procedem nova busca de armas e documentos. Fleury mostra uma foto de Cerveira e diz a família que o mesmo já está detido e será levado para o Brasil. Antes de se retirar o Delegado Fleury deixa de regallo para a menina mais jovem da família, uma bala de revolver. Os moradores são novamente espancados e ameaçados. A última notícia que se tem é que ambos chegaram quase mortos numa ambulância vinda da OBAN em SP para O Doi-Codi do RJ, na rua Barão de Mesquita na madrugada do dia 12 /13 de Janeiro de 1974. Segundo testemunhos prestados a ONU. No dia 11 de dezembro de 1973 a Associação Gremial dos Advogados da Argentina denunciou o sequestro e protestou contra a violação da soberania nacional argentina. Um advogado da Gremial, o Drº Rossi Impetrou Habeas Corpus para o Major Cerveira, que resultou inútil. A comunidade internacional de Direitos Humanos organizou inúmeros protestos, assim como autoridades internacionais e a imprensa. Mesmo admitindo o assassinato no Brasil do Major Joaquim Pires Cerveira e de Rita Pereda, o governo brasileiro não devolveu até hoje os restos mortais dos dois opositores da ditadura."



Neusah Cerveira


Histórico:

Major Joaquim Pires Cerveira
Militante da FRENTE DE LIBERTAÇÃO NACIONAL (FLN).
 Nascido a 14 de dezembro de 1923, em Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, filho de Marcelo Pires e Auricela Goulart Cerveira.
 Desaparecido desde 1973, quando tinha 50 anos de idade.
 Casado, tinha filhos. Major do Exército Brasileiro, passou à reserva pelo ato institucional n° 1, de 1964. Conforme documentos encontrados nos arquivos do antigo DOPS/SP foi preso no dia 21 de outubro de 1965 e encaminhado à 5ª Região Militar e entregue ao Coronel Fragomini. Em 29 de maio de 1967 foi absolvido pelo Conselho Especial de Justiça da 5ª Auditoria, da denúncia do processo 324, por crime de subversão.
 Foi preso novamente, em 1970, com sua mulher e o filho, que foram torturados no DOI-CODI/RJ.
 Foi banido do país em junho de 1970, quando do seqüestro do embaixador da Alemanha no Brasil, viajando para a Argélia com outros 39 presos políticos.
 Preso em Buenos Aires em 11 de dezembro de 1973, juntamente com João Batista Rita, por policiais brasileiros, provavelmente comandados pelo delegado Sérgio Fleury.
 Ambos foram vistos por alguns presos políticos no DOI-CODI-RJ quando chegavam trazidos por uma ambulância. Estavam amarrados juntos, em posição fetal, tendo os rostos inchados, esburacados e repletos de sangue na cabeça.
 A nota do Ministro da Justiça Armando Falcão esclarecendo os casos de desaparecimentos no Brasil, dava conta que Cerveira estava banido do País, nada esclarecendo sobre seu paradeiro.
 Em matéria publicada no jornal “Folha de São Paulo”, baseada em entrevista com um general de responsabilidade comprovada dentro dos órgãos de repressão política, a morte do Major Cerveira e outros 11 desaparecidos é confirmada.
 No Arquivo do DOPS/PR, o nome do major Cerveira foi encontrado numa gaveta com a identificação “falecidos”.
Grupo Tortura Nunca Mais/RJ
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