sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ato ecumênico em cemitério lembra desaparecidos políticos


A Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, promoveu nesta sexta-feira, 2, no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, um ato ecumênico em memória de mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar. O ato foi realizado na quadra 47, local em que eram sepultados indigentes e onde já foram localizados corpos de desaparecidos políticos.
Ao discursar, o deputado estadual Adriano Diogo (PT), relacionou o terrorismo de Estado do período da ditadura às mortes que estão ocorrendo hoje na periferia de São Paulo. Um rapaz da região do Campo Limpo, na Zona Sul, que preferiu não se identificar, também falou sobre assassinatos de jovens das regiões mais pobres, cujo índice teria aumentado nas últimas semanas.
O Cemitério da Vila Formosa fica na zona leste da cidade é considerado o maior da América Latina. O ato desta sexta-feira contou com a participação de um padre católico e de um pastor da Igreja Presbiteriana e teve o apoio do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).
Além dos cartazes com fotos de mortos e desaparecidos, a celebração chamou a atenção das pessoas que visitavam o local no Dia de Finados por causa da participação do Coro Luther King. Militantes de direitos humanos distribuíram folhetos com informações sobre as vítimas da ditadura.
Entre os presentes encontravam-se Denise Crispim, irmã de Joelson Crispim, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), desaparecido em 1970; e Dimas Dias de Oliveira, irmão de Isis de Oliveira, militante da ALN, morta em 1972.
Em dezembro, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, esteve no cemitério, na sepultura onde se presume estavam os restos mortais do desaparecido político Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, militante da organização armada Aliança Libertadora Nacional (ALN) e um dos organizadores do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969.
Preso semanas depois daquele episódio, no dia 29 de setembro, Virgílio foi morto na sede da Operação Bandeirantes, em São Paulo, segundo relatos de presos políticos. De acordo com as autoridades da época, porém, ele teria fugido da prisão. Somente em 2004, sua morte foi confirmada por meio de documentos localizados em arquivos do Dops de São Paulo. Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio, também participou do ato em São Paulo.
Estima-se que pode chegar a dez o total de mortos e desaparecidos enterrados como indigentes em Vila Formosa. Um deles seria Sérgio Correia, outro militante da ALN, desaparecido também em 1969.
Procuradores federais, que fazem parte de um grupo encarregado das buscas no cemitério, suspeitam que em 1975 o local passou por um processo de adulteração, no qual várias sepulturas foram suprimidas.

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