domingo, 3 de junho de 2012

UPS devolve a paz ao Parolin


Barulho incessante é o indício mais evidente de desordem em uma comunidade de baixa renda. Garrafas quebrando, pneus cantando, gritos e tiros chegam ao ouvido dos moradores como um sinal de hostilidade imposta pela criminalidade. Por isso, a mudança mais perceptível proporcionada pela Unidade do Paraná Seguro (UPS) no Parolin foi sonora. A implantação do policiamento ostensivo, que completa um mês neste domingo, silenciou o bairro e afastou o sentimento de perigo constante que influenciava o cotidiano de 11 mil moradores.
“O comércio pode trabalhar à vontade e as pessoas conseguem dormir à noite”, diferencia o comerciante Mau­­ricio Horst, 59 anos, proprie­­tário de uma mercearia na região. “Antes era tiroteio até no meio do dia. Agora está sossegado.” Ele avalia que a transformação está se revertendo em melhoria nos negócios. “Agora, as mães não têm mais medo de mandar os filhos sozinhos para comprar algo.”
A PM deve divulgar um balanço dos primeiros 30 dias de atuação no Parolin nesta semana. A impressão prévia dos moradores aponta para uma redução dos crimes mais graves, como homicídio e tráfico de drogas. Porém, algumas das pessoas ouvidas pela Gazeta do Povo relataram a continuidade de ocorrências de furtos a residências.Na sexta-feira pela manhã, a caminhonete do gás passava por uma das vielas do bairro, o que chamou a atenção do ser­­vente de pedreiro Rogerio Go­­doy, 35 anos, e do pintor Claudio Gonçalves, 43 anos. Eles lembram que o serviço pra­­ticamente inexistia naque­­las quadras. As ruas estreitas e sinuosas eram escolhidas como ponto de emboscada por as­­saltantes. “Quando [os vendedores] passavam, era correndo”, lembra Godoy. Os amigos contam que costumam deparar com as viaturas da Polícia Militar (PM), mas nunca foram abordados pelos policiais.
“Não tivemos nenhum homicídio neste último mês”, an­­tecipa o comandante-geral da PM, coronel Roberson Bondaruk. “Os crimes mais graves ocorriam ali com muita frequência por se tratar de um bolsão de pobreza. O resultado foi mais substancial que o observado no Uberaba [bairro onde foi implantada a primeira UPS, há três meses]”, compara.
Estrutura física tímida
Diferentemente do que ocorreu no Uberaba, o comando da UPS não está instalado dentro do perímetro ocupado. A operação é coordenada a partir da base localizada na Praça Afonso Botelho, no Rebouças, sede da 5.ª companhia do 12.º batalhão da PM. Bondaruk afirma que o comando terá uma sede dentro da UPS, mas não estipulou data. “Estamos estudando qual é o local mais adequado. Precisamos de acesso fácil para os veículos e proximidade com a população. Precisamos de algum tempo de planejamento antes”, justifica.
A equipe permanente da UPS do Parolin é composta por 30 policiais. O bairro foi dividi­­do em dez setores – cada um pa­­trulhado por uma dupla fixa – e duas viaturas circulam por toda a área ocupada. Uma unidade móvel é usada co­­mo base no local durante o dia. A reportagem tentou conta­­to com o comando da operação, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
Assim como ocorreu no Ube­­raba, não houve – ao menos até agora – a instalação de novos equipamentos públicos, uma das iniciativas descritas no plano geral das UPSs. A prefeitura de Curitiba informa, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria Mu­­nicipal de Planejamento, que os serviços destinados à comunidade são oferecidos na estrutura pré-existente na região. (GP)

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