domingo, 5 de junho de 2011

A realidade é sempre pior do que retrata a novela

Revolução Francesa

Lendo os pobres arrazoados sofistas escritos pelo Leonardo Bruno Fonseca de Oliveira, que em seu caricato “francesismo de salão” auto proclamou-se Conde Loppeux de la Villanueva, fiquei a pensar sobre o que leva um jovem vindo das camadas menos abastadas da população a ter posições tão conservadoras em relação a sociedade.

Ele, em um discurso paranóico, talvez até não percebido pelo próprio, já que não mais se assume enquanto o mortal Bruno, e sim enquanto um conde imaginário, ao tentar se colocar como porta voz da indigesta extrema direita neoliberal clerigal, na realidade não passa de mais um clone, de uma vítima do Olavo de Carvalho, o que de fato “criou” está forma distorcida e delirante de formatar a análise do que é histórico e social. A diferença entre os dois é que um se locupleta com o que faz enquanto o que a vida destinou ser um mero golem só restou às agruras da não aceitação do próprio meio, já que é visto como um mero copião do titular, e cópia é cópia. Vendo a ação do panfleteiro plebeu Conde divulgando o (des)pensar do Olavo de Carvalho por toda a internet e os estragos doentios que ele causa na juventude brasileira, do qual a maior mostra viva é o Bruno, não poderia ficar calado e assim me expresso contra está patológica idiossicrasia ideológica.

Na construção de seu pensamento maniqueísta, digno das masmorras da nada santa inquisição, em um artigo ele, em sua construção da argumentação de uma teoria conspiratória, foca como alvo de seu patológico ódio uma simples novela do SBT, cuja produção conta com parcos recursos e está é apresentada em um horário de baixa audiência, a Amor e Revolução.

O “crime cometido” por este canal de televisão é o de em vez de apresentar um roteiro repleto de personagens falando sobre “príncipes bons” e castelos distantes da nossa favelizada realidade aborda um tema social real e recente, a ditadura militar. Para pessoas como o Bruno está triste memória sobre um nebuloso e cruel processo histórico teria que ficar enterrada junto com os desaparecidos pela ação da violenta repressão que abateu pó sobre o país após o golpe civil e militar de 64. Para pessoas reacionárias como o Bruno, embora a novela com seus personagens mostre claramente os dois lados, inclusive dentro dos quartéis e dentro das próprias famílias dos militares, para este a teledramaturgia apresentada por este seriado do SBT é uma tentativa de “macular as Forças Armadas”, mas não é.

Enquanto na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, etc. os criminosos de guerra responsáveis pelos golpes de estados e pelo comando dos aparelhos terroristas de governo estão sendo punidos por seus crimes, aqui figuras menores como o Bruno não admitem que ao menos o debate democrático sobre o tema ocorra, mas para o desespero destes, eles queiram ou não, ele já está ocorrendo e os arquivos da ditadura serão abertos e os que cometeram crimes hediondos serão cedo ou tarde punidos.

O que apavora mais o Bruno e os demais vestais da seita do Olavo de Carvalho, embora incomode, não é a novela em si e seus personagens, mas são os depoimentos das pessoas, das reais vítimas diretas da ação dos criminosos aparelhos estatais clandestinos de tortura. Estes carregados de emoção, o que não poderia ser diferente, pois o resgate da memória pessoal e coletiva trás a tona os sofriementos, dado a gravidade dos atos praticados contra estes por covardes e doentios agentes do estado travestidos de Torquemadas, e ilegalmente protegidos pelo manto sinistro e desumano da ditadura, pelo MP e pela Justiça que não cumprem o seu papel de resgate da justiça, como pela desinformação coletiva até os dias de hoje.

Quando fui dar o meu testemunho para a novela Amor e Revolução conversando com a produtora Bruna ela me disse que a idéia era que para cada depoimento de perseguidos fosse apresentado outro dos repressores, mas isto estava impossível de acontecer, pois os que estiveram envolvidos com o aparelho de repressão e tortura, os na época todo poderosos, hoje se escondem nas sombras e negam em dar seus depoimentos. O coronel Ulstra, símbolo da repressão e da tortura, que era “muito macho” com as vítimas penduradas no “pau de arara” ou sentadas amarradas na “cadeira do dragão” levando choques hoje treme com a idéia de ir dar seu depoimento para o SBT, mas já está tendo de irdepor como está respondendo legalmente pelos seus atos dignos da sua ida para a prisão. A realidade de impunidade que ainda persiste em relação a não punição legal dos crimes praticados por estes monstros ainda persiste, mas aos poucos está vai se alterando.
Embora ainda não tenha ido preso, que é o que merece, a Justiça já responsabilizou o coronel Ulstra pelos crimes de tortura que este cometeu durante a ditadura militar. A sentença saiu no dia 9/10/2008 e condenou o coronel moral e politicamente pela tortura contra César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida.

Em seu artigo intitulado “Bando de hipócritas!” o Bruno, vulgo Conde, cobra das Forças Armadas o fato destas por “timidez” não se posicionarem contra a novela, pois quem até agora o fez foram apenas alguns sites de extrema direita e algumas associações que, como os sites, agrupam somente uma minoria de ex-militares, sendo que estes saudosos da ditadura hoje estão reformados e de pijama. O fato destas não se posicionarem é o de que estes oficiais militares da ativa defendem o estado democrático de direito e assim cumprem e respeitam a Constituição. Eles têm claro que os lamentáveis fatos ocorridos a partir de 64 não foram realizados pela maioria absoluta dos quadros das Forças Armadas e sim por uma pequena minoria de militares e civis que criminosamente operaram o aparelho paralelo de estado. Muitos militares, bons patriotas, por serem a favor da legalidade também foram por apenas defenderem a Constituição, que era a principal obrigação constitucional da caserna, perseguidos e ilegalmente punidos com prisões, torturas, etc. nos acontecimentos ocorridos após 64.

O Bruno, vulgo Conde, pequeno pulha que até a não muito tempo atrás defendia na íntegra tudo que era relacionado ao golpe, e até a tortura, hoje vendo o tom crítico contra o mesmo por parte da maioria da população, como também por parte dos integrantes da ativa nas Forças Armadas, se “recicla” e muda o tom do discurso assumindo que ocorreram excessos e a apresenta como “um mal necessário”, o que vindo da parte dele apenas representa mera hipocrisia e oportunismo de ocasião.

De ser papagaio de pirata do Olavo de Carvalho a ser da Folha, aquele jornaleco marrom que financiou o aparelho de tortura, é apenas um passo e assim o Bruno, vulgo Conde, incorporou o discurso de que a ditadura foi uma “ditabranda”, o que não passa de uma deslavada mentira. A ditadura brasileira em conjunto com a CIA patrocinou e participou dos demais golpes de estado acontecidos no cone sul das Américas treinando tropas, enviando armas e demais equipamentos militares, como treinou os torturadores que atuaram nos porões das ditaduras nestes países vizinhos. Infelizmente o Brasil foi o epicentro do golpes e da posterior Operação Condor, rede de Inteligência civil e militar sob o comando externo do Departamento de Estado dos EUA.

O protofascista Bruno, vulgo Conde, em seu discurso maniqueísta ironicamente fala dos sentimentos expressos pelos militantes de esquerda quando prestaram seus depoimentos e afirma que os discursos proferidos por esses é falso, pois nós da esquerda “nunca” teríamos defendido a democracia. Entre as centenas de milhares de pessoas de esquerda que se posicionaram contra a ditadura apenas algumas centenas pegaram em armas, mas dezenas de milhares foram perseguidas, detidas, presas, fichadas e muitas foram mortas, como foram os casos de assassinatos do deputado Rubens Paiva, do jornalista Herzog e do operário Manoel Filho, sem nunca terem praticado qualquer ato armado contra o governo ditatorial. Estes cidadãos passaram por um verdadeiro inferno em suas vidas somente por terem uma posição política diferente da dos golpistas de 64, e por isso foram punidas pela acusação de praticarem “crimes de opinião”, o que foi o meu caso e da maioria esmagadora dos que se rebelaram contra o regime de exceção.

Os que pegaram em armas contra a ditadura armada, grupos que no conjunto não envolviam mais de 2.000 membros entre guerrilheiros e seus grupos de apoio, em sua maioria sem treinamento militar adequado e sem armas a altura de um enfrentamento com tropas profissionais, e sobrevieram, pois a maioria dos que seguiram o caminho armado de luta morreram e não em combate, mas sendo torturados, e os sobreviventes, sendo que maior parte destes não pegaram diretamente em armas por serem apenas da estrutura de apoio a guerrilha, além de torturados passaram por grandes períodos de prisão, fizeram autocrítica sobre o processo de resistência armada e se engajaram na luta democrática pelo fim do regime militar. Mas as viúvas da ditadura e os mentores desta, sem demonstrar nenhum arrependimento sobre os seus atos, ainda tentam relativizar sobre o que aconteceu na história do Brasil após 64. Se alguns membros da esquerda se equivocaram ao pegar em armas contra um inimigo poderoso estes o fizeram após a implantação de um regime movido pelo terror de estado.

A minha geração, a dos “filhos da ditadura”, foi criada em um país onde todas as liberdades fundamentais a existência de um estado de direito tinham sido suprimidas e assim toda atividade que levasse a livre discussão das idéias, a manifestação coletiva ou individual e a organização da sociedade civil estavam proibidas ou sob censura. O ser humano é um ser social e sem as liberdades democráticas ele se torna o que?
Outro ponto abordado pelo Bruno, vulgo Conde, que não passa de mais um aprendiz de protofascista neoliberal, foi o da democracia, o que para ele representa apenas o direito de votarmos de dois em dois anos em eleições parlamentares contaminadas pelo abuso econômico (massificação de propaganda dos candidatos da elite, compra de votos, etc.). Para nós da esquerda a democracia não é uma mera palavra com cunho eleitoreiro e sim algo com maior profundidade e ela se dá nas relações que construímos todos os dias discutindo de forma organizada nas nossas entidades civis sobre tudo o que afeta as nossas vidas e assim encontrarmos na luta enquanto coletivo os caminhos em busca da construção de um mundo melhor.

Para os olavates iguais ao Bruno, vulgo Conde, o maior exemplo de "democracia" foi a ditadura chilena, onde sob forte e assassina repressão da ditadura comandada pelo general franquista Pinochet foi implantado o primeiro modelo de estado neoliberal.

1 comentários :

Molina com muita prosa & muitos versos disse...

HA! HA! HA!

Comentários de fascistas, nazistas e demais excrescências malignas putrefatas leitoras do Merda sem Mosca serão deletados!!!!

BUUUUUMMMM!

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