sexta-feira, 19 de março de 2010

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL X FINANCEIRIZAÇÃO INTERNACIONAL DA ECONOMIA


O problema econômico social a ser resolvido não é individual e sim coletivo e passa pela intervenção do Estado, com ele resgatando o seu caráter regulador na economia e distribuidor de riquezas via política de salários, saúde, moradia, educação, apoio a pesquisa, fomento a pequena e média empresa, etc. em vez de manter o atual jogo econômico que da excessiva monetarização pela financeirização da economia. Este processo se alonga desde a década de 70, quando de vez o capital especulativo se torna o centro do mercado em vez da produção, o que trava o desenvolvimento da economia.

Para o mercado e a sociedade que o abriga se desenvolver, o que só acontece nos períodos de expansão do capital, que ocorrem com novas tecnologias, guerras, aberturas de novos mercados, etc. o dinheiro tem de gerar mercadorias e estas mais dinheiro (DMD). Hoje no quadro recessivo da economia mundial globalizada neoliberal, causado anteriormente pela exagerada exploração da mão de obra por parte do capital o que levou a centralização excessiva capital nas mãos de poucos.
Pela proletarização da sociedade gerada pelo pouco poder aquisitivo oriundo dos baixos salários o consumo diminui e com eles a capacidade produtiva é diminuída. Para se expandirem as grandes empresas achatam os salários com as flexibilizações da legislação trabalhista e assim terem preços mais competitivos para disputar espaços objetivando esmagar a concorrência.
Isto acabou por enfraquecer o poder de consumo da maior parte da população pessimamente remunerada, o que torna menor o consumo e aumenta a capacidade ociosa das grandes empresas e estas para fugirem da deflação causada pelo excesso de oferta de mercadorias em vez de investirem na ampliação do parque produtivo vão para a “segurança” momentânea do mercado financeiro e as suas políticas de crédito assim agregando valores não pela produção, pela transformação da matéria prima, e sim agregando valores pelo crédito, pela especulação.
Em vez de termos dinheiro transformado em mercadorias e estas em dinheiro temos o dinheiro sendo transformado em dinheiro, o que para o cidadão comum não gera empregos e distribuição de renda, mas sim mais arrocho pela ainda maior centralização das riquezas nas mãos de poucos.

No Brasil, eterno refém do capital especulativo internacional, estamos a décadas passando por um processo de desindustrialização e aumentando o nosso papel em ver o grande produtor de commodities e estas também levam a centralização das riquezas. As exportações de commodities (atividades agrícolas, mineração, etc.) além de agregarem poucos valores pela não transformação industrial destes produtos aqui, o que faria gerar mais empregos e melhores remunerações, nos tornam meros exportadores de matérias primas. Estas atividades econômicas primárias por estarem altamente mecanizadas não distribuem renda ou pelo fato de estarem altamente mecanizadas como também nos segmentos produtivos ainda atrasados usarem do trabalho mau remunerado, semi escravo.

Como o nosso desenvolvimento não foi fruto da produção de tecnologia e da poupança nacional e sim da importação de tecnologias e da invasão do capital internacional com seu parque industrial, e este sempre foi mais voltado para o mercado interno e a remessa de lucros do que no reinvestimento local, já que as filiais não competem com a matriz e estas estão mais preocupadas com a seguridade social no coração do sistema, a tendência em quadro de crise é a da repatriação do capital, o que encarece o custo do dinheiro aqui e torna o mercado financeiro interno mais especulativo (D-D) e com juros caros em vez de termos a ampliação do nosso parque industrial temos a desindustralização.

O nosso desenvolvimento está mais ligado a ampliação do crédito pessoal do que na poupança individual, já que os baixos salários nos impedem a acumulação de excedentes e isto leva ao endividamento coletivo e com o tempo ao não consumo por termos esgotado a nossa capacidade de endividamento familiar.

Sem a população consumir ocorre o desemprego e com ele a inadimplência. Para se protegerem da inadimplência os bancos agregam aos seus preços o aumento do seguro, o que eleva o valor dos juros e com eles o custo do dinheiro, o que torna o circulo econômico vicioso e recessivo.

Com o aumento da recessão e dos altos juros que ela gera aumenta ainda mais a desindustralização e a automação por parte das grandes empresas, já que para manterem e ampliarem os lucros eles necessitam reduzir custos e a redução passa no corte da folha de pagamento. As máquinas não ficam doentes, não fazem greves, não reivindicam 40 horas de trabalho e nem cobram pelas horas extras.

O setor terciário (prestação de serviços, etc.) não possui a capacidade de abrigar toda a mão de obra dispensada pela agricultura e pela indústria e com excesso de mão de obra a disposição pratica os contratos de forma temporária com os preços de salário da forma que querem, pois o que era para ser o mínimo se transforma no máximo a ser pago.

A automação também atinge o mercado da prestação de serviços e com ela o número de empregos também diminui neste setor na mesma proporção que os trabalhadores ficam obsoletos.

O sistema surge e diz sobram bons empregos e falta mão de obra qualificada, mas daí nasce à contradição de se qualificarmos a todo o mercado de reserva não haverá empregos para todos, pois estes em um país que está se desindustrializando são poucos. Assim ficando sem sentido este discurso, que na realidade serve para jogar nas costas do povo a “culpa” pela própria situação, mas está não é dele, mas sim de um sistema que é desigual e exclusivo na própria essência.

O atual modelo de desenvolvimento vive a sua mais profunda crise e ela é estrutural, pois a capacidade de crescimento se esvaiu e a contradição não ocorre somente na excessiva voracidade do mercado financeiro, mas sim também do ponto de vista da sustentabilidade ambiental já que não dá para ampliar o mercado de consumo sem que o planeta entre em colapso. A vida na terra ficaria ainda mais insuportável se todos tivessem carros e demais bugigangas e falsas necessidadesindividuais geradas pelo ciclo energético e de fonte de matéria prima dos hidrocarbonetos (petróleo).

Em defesa da nossa sobrevivência temos de parar só de pensar do ponto individual, que é o pensamento que este sistema anárquico nos empurra a ter, e começarmos mais a pensar enquanto coletivo:

-Melhoria do transporte de massa;

-Investimentos em infraestrutura (saneamento, ferrovias, hidrovias, silagem e armazenagem, etc.);

-Na ampliação do parque industrial voltado para as energias renováveis;

-No apoio e subsidio ao micro e médio cooperativismo;

-Estimular o empreendedorismo;

-Investimentos pesados em educação e pesquisa;

-Priorizar a segurança alimentar; etc..

O mais importante em tudo é sempre ter a perspectiva de desenvolvimento calcada no que é democrático, popular e nacional. Temos de ter o nosso próprio projeto de desenvolvimento soberano enquanto nação em formação, mas para que isto ocorra temos de nos livrar das amarras impostas pelo mercado internacional, que quer a nós e a outros povos como dependentes.

A saída para o Brasil passa pela integração com outros povos em iguais situações de dependência e por isso fora pensarmos a questão interna temos de pensar em bloco enquanto América Latina e o resto do países emergentes na economia global.

Carlos Molina

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