segunda-feira, 22 de março de 2010

Desemprego atinge 23% entre os mais pobres, mostra estudo do Ipea


“Segundo o Ipea, a taxa de desemprego entre os pobres foi de 23,1%. É 5,2 vezes maior do que a daqueles que não se encontravam em situação de pobreza".
"Segundo o estudo, 59,9% dos desempregados tinham idade entre 21 e 40 anos, e 23% com até 20 anos.

"Bens primários não geram empregos de qualidade e o Brasil precisa ter mais qualidade nas vagas geradas, na busca por produtos com maior valor agregado", afirmou o presidente do Ipea.

“Holerite: quase 80% dos pisos não ultrapassam 1,5 salário mínimo”, diz Dieese

Por Pedro Peduzzi, da Agência Brasil:

A conclusão consta do estudo A Desigualdade no Desemprego no Brasil Metropolitano, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O presidente do Ipea, Márcio Pochmann explicou que o estudo abrange o conjunto das principais regiões metropolitanas que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "E ele mostra as principais tendências da evolução da desigualdade no interior do mercado de trabalho para as principais regiões metropolitanas brasileiras, desde março de 2002", afirmou.

Segundo o Ipea, a taxa de desemprego entre os pobres foi de 23,1%. "É 5,2 vezes maior do que a daqueles que não se encontravam em situação de pobreza", disse o presidente do Ipea. No mesmo período, a taxa de desemprego para os trabalhadores não pobres foi de 4,4%. O Ipea considera pobre o indivíduo cuja renda mensal per capita da família, ou seja, por pessoa, é de, no máximo, meio salário mínimo.

"Quanto à distribuição pessoal de renda, em julho deste ano, registramos que os 20% mais pobres respondiam por 40,4% do desemprego, enquanto os 20% mais ricos correspondiam a 5,2%", informou Pochmann. "Além disso, mais de 80% da composição absoluta do desemprego estão concentrados entre as pessoas de até 40 anos de idade. "Segundo o estudo, nesse período, 59,9% dos desempregados tinham idade entre 21 e 40 anos, e 23% com até 20 anos.

Um ponto que chamou a atenção dos técnicos foi a questão da escolaridade: os desempregados pobres tendem a ter maior dificuldade de conseguirem uma vaga no mercado de trabalho, mesmo tendo mais escolaridade.

"Isso nos leva a crer que a educação é condição necessária para o acesso a um melhor posto de trabalho, mas não é necessariamente suficiente para isso", disse o pesquisador.

A maior parte dos desempregados registrados em julho (56,1%) frequentaram a escola durante 11 ou mais anos. No mesmo mês de 2002, eram 35,6% o número de desempregados com a mesmo tempo de escolaridade. Em julho de 2005, o índice aumentou para 45,8% e, em 2007, para 49,8%.

"Muitas conclusões podem ser extraídas dessa informação. Em primeiro lugar, mostra que existe, sim, um preconceito que acaba por valorizar as pessoas de origem não pobre. Há também a questão do racismo, uma vez que há, entre os pobres, um maior número de negros. Além disso, a competição é mais acirrada quando o que há em vista são os melhores postos de trabalho", analisou Pochmann.

O ritmo de expansão da escolaridade, segundo ele, tem sido maior do que o ritmo de criação de empregos para este grupo. "Bens primários não geram empregos de qualidade e o Brasil precisa ter mais qualidade nas vagas geradas, na busca por produtos com maior valor agregado", afirmou o presidente do Ipea.

"É bom lembrar que escolaridade é diferente de qualificação, que significa adaptação específica a um determinado posto de trabalho", completou.

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