sábado, 3 de setembro de 2011

Almir Sater- Tocando em frente

Professor não tem plano de carreira em 57% das cidades

Mais da metade dos municípios do País ainda não oferecem plano de carreira para o professor. Os dados são do Plano de Ações Articuladas (PAR), ferramenta do Ministério da Educação (MEC).

Dos 5.565 municípios brasileiros, 5.532 (99,4%) responderam ao questionário do governo federal. Desses, apenas 43% afirmaram que têm plano de carreira. O Plano Nacional de Educação, que está em trâmite no Congresso, prevê dois anos de prazo para que todos os Estados e municípios brasileiros desenvolvam planos de carreira para todos os profissionais do magistério.

"A discussão é importante porque pesquisas nos mostram que, para ter um impacto na melhoria da qualidade, a figura do professor é central. E, por isso, é imprescindível falar de plano de carreira", diz Maria Carolina Nogueira Dias, especialista em Gestão Educacional da Fundação Itaú Social. A entidade promove em São Paulo, na segunda-feira, um evento para discutir o tema.

Antonio Roberto Lambertucci, diretor de Valorização dos Profissionais de Educação do Ministério da Educação (MEC), diz que os municípios estão sendo estimulados. "Estamos conversando com os Estados e municípios para incentivar o regime de colaboração para que todos consigam apresentar seu plano de carreira. Quem não apresenta, tem dificuldade de receber recursos voluntários", afirma.

Para os especialistas, todo plano de carreira deve contemplar a formação do professor, as condições de trabalho e a estrutura de incentivos. Uma discussão complexa, que começa no pagamento do piso salarial.

Em junho, foi aprovada a lei que institui o piso nacional de R$ 1.187. Mas, apesar disso, muitos Estados e municípios a estão descumprindo, o que gerou greves e protestos. E, mesmo que consigam pagar o piso, os municípios podem não ter caixa suficiente para bancar a progressão de renda prevista no plano de carreira.

"Resolvido o salário, é importante incorporar outros indicadores, como recrutamento, seleção, certificação e formação contínua do educador", diz Maria Carolina. "E isso, além da meritocracia, porque a política de bonificação traz essa questão para o debate, mas ainda não temos instrumentos desenhados. Falta-nos uma maneira de avaliar melhor o professor e seu desempenho em sala de aula."

Formação. A instituição do plano de carreira deve trazer consigo, também, a discussão sobre a formação desse profissional que ingressa no magistério, diz Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador do tema. "Não dá para só pensar nisso depois que já é funcionário. Tem de ver o que antecede. Hoje, os cursos de Pedagogia preparam muito pouco para a sala de aula. Focam nos conhecimentos de história e filosofia, mas a pessoa precisa aprender a dar aula", diz.

Sem contar, diz Maria Carolina, que a profissão tem sido vista como última alternativa. "A carreira é pouco atrativa, não atrai um público jovem. Vem quem não consegue entrar no mercado. Por isso, o plano de carreira tem de discutir como atrair e reter esse profissional."

Queda. Dados do Censo do Ensino Superior mostram que, em quatro anos, caiu pela metade o número de formandos nos cursos que preparam docentes para os primeiros anos da educação básica - como Pedagogia e Normal Superior. De 2005 a 2009, os alunos que concluíram essas graduações baixaram de 103 mil para 52 mil. Os graduandos em cursos de licenciaturas, que preparam professores para atuar no ensino médio e nos últimos anos do fundamental, também diminuíram - foram 77 mil em 2005, contra 64 mil em 2009.

Em junho, a Assembleia Legislativa paulista aprovou a nova política salarial do Estado. O projeto inclui o reajuste de 42,2%, escalonado em quatro anos. Com isso, o piso salarial de início de carreira (40 horas semanais) chegará a R$ 2.368,51 em 2014.

Meta

NELSON MARCONI PROFESSOR DA FGV

"Não adianta só que os municípios apresentem seus planos de carreira. É preciso que ele seja adequado: que o processo de seleção recrute gente com perfil correto, que haja incentivos para que os docentes se capacitem e que existam mecanismos de estudo e de cobrança de resultados. E isso só vai acontecer se for debatido em uma rede que envolva os agentes da sociedade" (AE)


Mustafá Contursi garante devolução de parte de dinheiro que recebeu para o cadastro de torcidas


O presidente do Sindicato das Associações de Futebol explicou que o convênio feito com o Ministério do Esporte para a realização do cadastramento de torcidas organizadas teve início em junho.
Para ouvir a entrevista:

Cauteloso, comércio adia encomendas

O comércio decidiu adiar as encomendas de fim de ano às indústrias e projeta um Natal moderado, com crescimento de 5% sobre o de 2010, que foi o melhor da década. Apesar de positivo, o acréscimo é bem menor que o registrado em 2009 e 2010, quando a taxa foi de dois dígitos (15%). O desempenho também está aquém da projeção inicial da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que era de 7% e foi reduzida para 5%.

A cautela do varejo se mantém mesmo após o Banco Central (BC) ter cortado na semana passada em 0,5 ponto porcentual os juros básicos, hoje em 12% ao ano. Estoques elevados nas fábricas, perda de fôlego no consumo em julho e agosto e o acirramento da crise nos Estados Unidos e na Europa aumentaram as incertezas em relação aos volumes de pedidos para o Natal.

"As lojas vão esperar até o último momento para fechar as encomendas", diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri, relatando depoimentos feitos por varejistas em recentes reuniões.

Ele observa que, apesar de os números ainda serem positivos, houve uma forte desaceleração das vendas nos últimos dois meses. Em julho e agosto, a média de consultas para vendas à vista e a prazo cresceu 2,6% em relação a igual período de 2010. No primeiro e no segundo trimestres deste ano, as taxas anuais de crescimento tinham sido de 7,7% e 5,7%, respectivamente. "Foi uma queda forte", observa o economista.

Ele ressalta que a correlação entre as vendas no varejo e o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) é grande e que a desaceleração é o primeiro estágio da recessão. Observando esses sinais, provavelmente, diz ele, o BC decidiu cortar os juros agora para evitar que a variação do PIB seja nula ou negativa no primeiro trimestre do ano que vem.

Estoque
O enfraquecimento no ritmo de vendas fez o estoque subir nas lojas e nas indústrias. No mês passado, 9,5% de 1.184 indústrias consultadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a sondagem industrial informaram que estavam com estoques excessivos. Em julho essa fatia era de 6,6% e em agosto de 2010, de 7,5%. "Esse é o maior porcentual de indústrias com estoques indesejáveis desde julho de 2009, quando esse índice era de 10,6%", afirma o responsável técnico pela pesquisa, o economista Jorge Ferreira Braga.

De 14 segmentos industriais pesquisados, 11 apresentaram elevação de estoques em agosto, quase o dobro do registrado em julho, quando seis segmentos tinham tido alta de estoques. Entre os mais estocados, estão a indústria automobilística, com 23,4% das montadoras com volume excessivo de produtos, vestuário e calçados (16,5%), têxtil (16,1%), produtos farmacêuticos (18,3%), alimentos (15,9%) e metalurgia (12,9%).

Braga explica que os estoques estão pesando na indústria porque a demanda doméstica por industrializados se retraiu e atingiu em agosto o nível mais baixo desde setembro de 2009. "A sondagem indica que a perspectiva de produção e de contratações entre agosto e outubro, quando as fábricas estão a todo vapor por causa do Natal, não será nada brilhante como nos últimos anos", observa Braga.

A pesquisa mostra que 36,5% das indústrias esperam aumento da produção entre agosto e outubro, ante 43,7% em 2010. Quanto às contratações, 22,6% vão admitir funcionários nesse período, ante 30,6% em agosto de 2010. É o terceiro recuo consecutivo da fatia de indústrias que vão contratar funcionários.

"Pensar na indústria em expansão neste semestre parece meio difícil", afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele argumenta que o setor continua prejudicado pela concorrência dos importados e pela perda dinamismo nas exportações.

Mas Vale acredita que o cenário doméstico ainda será muito favorável, principalmente por conta do mercado de trabalho, com ganhos de renda e emprego em alta. "O mercado de trabalho garantirá um resultado positivo no final do ano", prevê. (AE)


Cauteloso, comércio adia encomendas

O comércio decidiu adiar as encomendas de fim de ano às indústrias e projeta um Natal moderado, com crescimento de 5% sobre o de 2010, que foi o melhor da década. Apesar de positivo, o acréscimo é bem menor que o registrado em 2009 e 2010, quando a taxa foi de dois dígitos (15%). O desempenho também está aquém da projeção inicial da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que era de 7% e foi reduzida para 5%.

A cautela do varejo se mantém mesmo após o Banco Central (BC) ter cortado na semana passada em 0,5 ponto porcentual os juros básicos, hoje em 12% ao ano. Estoques elevados nas fábricas, perda de fôlego no consumo em julho e agosto e o acirramento da crise nos Estados Unidos e na Europa aumentaram as incertezas em relação aos volumes de pedidos para o Natal.

"As lojas vão esperar até o último momento para fechar as encomendas", diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri, relatando depoimentos feitos por varejistas em recentes reuniões.

Ele observa que, apesar de os números ainda serem positivos, houve uma forte desaceleração das vendas nos últimos dois meses. Em julho e agosto, a média de consultas para vendas à vista e a prazo cresceu 2,6% em relação a igual período de 2010. No primeiro e no segundo trimestres deste ano, as taxas anuais de crescimento tinham sido de 7,7% e 5,7%, respectivamente. "Foi uma queda forte", observa o economista.

Ele ressalta que a correlação entre as vendas no varejo e o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) é grande e que a desaceleração é o primeiro estágio da recessão. Observando esses sinais, provavelmente, diz ele, o BC decidiu cortar os juros agora para evitar que a variação do PIB seja nula ou negativa no primeiro trimestre do ano que vem.

Estoque
O enfraquecimento no ritmo de vendas fez o estoque subir nas lojas e nas indústrias. No mês passado, 9,5% de 1.184 indústrias consultadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a sondagem industrial informaram que estavam com estoques excessivos. Em julho essa fatia era de 6,6% e em agosto de 2010, de 7,5%. "Esse é o maior porcentual de indústrias com estoques indesejáveis desde julho de 2009, quando esse índice era de 10,6%", afirma o responsável técnico pela pesquisa, o economista Jorge Ferreira Braga.

De 14 segmentos industriais pesquisados, 11 apresentaram elevação de estoques em agosto, quase o dobro do registrado em julho, quando seis segmentos tinham tido alta de estoques. Entre os mais estocados, estão a indústria automobilística, com 23,4% das montadoras com volume excessivo de produtos, vestuário e calçados (16,5%), têxtil (16,1%), produtos farmacêuticos (18,3%), alimentos (15,9%) e metalurgia (12,9%).

Braga explica que os estoques estão pesando na indústria porque a demanda doméstica por industrializados se retraiu e atingiu em agosto o nível mais baixo desde setembro de 2009. "A sondagem indica que a perspectiva de produção e de contratações entre agosto e outubro, quando as fábricas estão a todo vapor por causa do Natal, não será nada brilhante como nos últimos anos", observa Braga.

A pesquisa mostra que 36,5% das indústrias esperam aumento da produção entre agosto e outubro, ante 43,7% em 2010. Quanto às contratações, 22,6% vão admitir funcionários nesse período, ante 30,6% em agosto de 2010. É o terceiro recuo consecutivo da fatia de indústrias que vão contratar funcionários.

"Pensar na indústria em expansão neste semestre parece meio difícil", afirma o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele argumenta que o setor continua prejudicado pela concorrência dos importados e pela perda dinamismo nas exportações.

Mas Vale acredita que o cenário doméstico ainda será muito favorável, principalmente por conta do mercado de trabalho, com ganhos de renda e emprego em alta. "O mercado de trabalho garantirá um resultado positivo no final do ano", prevê. (AE)


Pesquisador da UnB descobre 54 potenciais reservas de ouro no Pará


O pesquisador da Universidade de Brasília Ezequiel Costa identificou 54 reservas potenciais de ouro perto da cidade de Rio Maria, no sudeste do Pará. Em 20 deles, segundo a instituição, a presença do metal já foi comprovada.

A exploração deve ser feita por uma empresa que tem concessão de uso da área desde 2007 e financiou parcialmente o estudo.

De acordo com a UnB, a mineradora tinha em 2007 imagens geradas por meio do método aerogeofísica de alta resolução, que mapeia um terreno por meio de sensores localizados em asas de aviões. Costa trabalhava na empresa e teria sido convidado a analisar e interpretar os registros.

Os 54 pontos foram encontrados em uma área de 2,5 mil quilômetros quadrados. Segundo a universidade, o trabalho que Costa realizou como pesquisa de mestrado trouxe informações geológicas importantes sobre o potencial aurífero da região. O mapeamento teria indicado não somente a presença de ouro, mas também de outros metais e minerais importantes.

A universidade disse a área próxima a das potenciais reservas descobertas já tem uma mina em exploração, chamada Mamão. Além disso, existe outra mina extinta, conhecida como Lagoa Seca. (G1)

ESTADO DA PALESTINA JÁ!


O Povo Palestino tem o direito de ter o seu próprio Estado, livre, democrático e soberano! Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Plano de Partilha da Palestina, que resultou na criação do Estado de Israel. Essa iniciativa criou uma tragédia cotidiana para o povo palestino. Mais de 500 vilas e comunidades palestinas foram destruídas. Milhares foram presos, torturados e assassinados.
Palestinos foram expulsos de suas casas e de centenas de cidades. Cerca de 4,5 milhões de refugiados palestinos vivem hoje pelo mundo, sendo que a maioria destes se encontra nas fronteiras da Palestina ocupada, e o Estado de Israel segue negando o direito de retorno para todos. A ocupação militar israelense, com o apoio das potencias ocidentais, avançou e conquistou novos territórios, em Gaza, Cisjordânia, Jerusalém e até mesmo nas terras sírias das Colinas de Golã e no Sul do Líbano.
Caberá a ONU, com base no direito internacional e em suas próprias resoluções, (em especial a 181, de 1947, que reconhece o Estado da Palestina) ratificar e admitir o Estado da Palestina como membro pleno da organização, caso contrário, será conivente com os crimes cometidos pelo colonialismo israelense contra o povo palestino.
Em setembro deste ano, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), reconhecida internacionalmente como única e legítima representante do povo palestino, irá solicitar da ONU a aprovação do Estado da Palestina como membro pleno desta organização.
Enquanto o povo palestino vem insistindo por uma paz justa para o conflito, os sucessivos governos israelenses continuam não cumprindo as inúmeras resoluções da ONU, mantendo nos cárceres mais de oito mil presos políticos, reprimindo violentamente as manifestações pacíficas de palestinos e israelenses que defendem a criação do Estado da Palestina e seguindo na construção do muro do apartheid ou muro da vergonha, um muro que hoje já tem cerca de 500 km de extensão, e que proíbe a livre circulação de pessoas e produtos entre as cidades e vilas palestinas.
Uma paz justa e duradoura pressupõe a criação, de fato, do Estado da Palestina, e a inclusão deste como membro pleno da ONU, com todos os direitos e deveres que tal decisão implica.
Estados Unidos e Israel comandam a oposição sistemática para que os direitos inalienáveis do povo palestino ao retorno e à autodeterminação não sejam cumpridos.
Se a ONU permitiu a incorporação do Estado de Israel como membro pleno, apesar do mesmo não obedecer aos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, e de violar cotidianamente os direitos humanos, econômicos, sociais, políticos e culturais dos palestinos, é preciso que o Estado da Palestina também tenha o direito de existir plenamente já.
Apoiaremos as mobilizações populares dos palestinos que lutam contra o governo antidemocrático de Israel. Nós, militantes de organizações representativas do povo brasileiro, afirmamos: apoiar o povo palestino é apoiar todos os povos em sua caminhada de paz, justiça e liberdade!
Ouçam as vozes do povo brasileiro:
Estado da Palestina Já!

Documentos revelam fortes vínculos de Reino Unido e EUA com Kadafi

Documentos secretos revelam o alcance dos estreitos vínculos que Muamar Kadafi tinha com Reino Unido e Estados Unidos, até o ponto de autoridades britânicas facilitarem ao regime da Líbia informação sobre opositores.

As informações foram publicadas neste sábado, 3, pelo periódico britânico The Independent, que diz ter tido acesso a arquivos que mostram que, em virtude dos chamados voos secretos da CIA, os EUA enviaram à Líbia prisioneiros para que fossem interrogados.

Os documentos também indicam que o serviço de espionagem britânico MI6 entregou ao ditador líbio detalhes de pessoas que se opunham a seu regime, acrescenta o rotativo.

Além disso, autoridades britânicas ajudaram a redigir a minuta de um discurso para Kadafi quando este decidiu há alguns anos abandonar o apoio a grupo terroristas e colaborar com o Ocidente.

Outros documentos revelam que EUA e Reino Unido atuaram em nome da Líbia nas negociações deste país com a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA).

Segundo o The Independent, os arquivos foram achados nos escritórios privados de Moussa Koussa, braço direito de Kadafi e ex-ministro das Relações Exteriores que fugiu ao Reino Unido após a revolução iniciada há alguns meses na Líbia.

Os documentos fornecem detalhes da visita a Trípoli do então primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, cujo escritório solicitou que a entrevista com Kadafi acontecesse em uma tenda de campanha.

Após a chegada de Koussa ao Reino Unido, vários políticos pediram que este fosse interrogado com relação à participação do regime líbio em assassinatos perpetrados no exterior, como o da policial britânica Yvonne Fletcher, que morreu em frente à embaixada da Líbia em Londres em 1984 por disparos efetuados desde a legação diplomática.

Segundo a informação do The Independent, Moussa teria copiado vários documentos antes de deixar a Líbia. (Efe)


Casa Civil: Um casal nos dois lados do balcão

Carboni (o primeiro, da esq. para a dir.), com a ministra Gleisi Hoffmann, ao lado do prefeito e do vice-prefeito de Capanema (PR). Na mensagem abaixo, uma entidade de prefeitos recomenda a contratação da empresa da mulher dele (Foto: Jornal O Trombeta)

Carlos Carboni ocupa uma sala no 4o andar do Palácio do Planalto. Paranaense, petista, Carboni foi o coordenador da campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ao Senado. Foi seu funcionário no Senado e, com a ascensão de Gleisi ao ministério, em junho, foi nomeado seu chefe de gabinete. É uma função de confiança. Por vezes, a rotina pesada da ministra obriga Carboni a representá-la. Quando Gleisi, apesar da boa vontade, não pode receber prefeitos ou deputados, Carboni faz as vezes de anfitrião na Casa Civil, ouve pedidos e tira fotografias nas visitas deles ao Palácio do Planalto. Como ex-vice-prefeito de Capanema, no Paraná, Carboni tem experiência para esse tipo de relacionamento.

Sua proximidade com prefeitos vai um pouco além. A mulher de Carlos Carboni, Lucimar Carboni, é sócia da Consultoria e Assessoria Empresarial Carboni Ltda. Sediada em um prédio residencial em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, a Consultoria Carboni presta assessoria técnica a prefeituras. Nos últimos meses, vários prefeitos da região foram procurados com ofertas dos serviços da empresa. No dia 8 de agosto, a Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) enviou um e-mail a 23 prefeituras associadas oferecendo os serviços da empresa. “Informamos que a empresa ASSESSORIA CARBONI se propoe (sic) a fazer o Plano Local de Habitação de Interesse Social ao (sic) valores até o limite da dispensa de Licitação”, diz o texto assinado pelo secretário executivo Celito Bevilaqua (leia a reprodução acima). O plano citado no texto é um programa para a construção de habitações populares, do Ministério das Cidades. Ao telefonar para a associação e solicitar o contato da empresa, o interessado recebe da secretária o número do telefone celular de Lucimar Carboni. A prefeitura de Clevelândia, município com 18 mil habitantes, contratou os serviços da Consultoria Carboni em fevereiro, sem licitação. “Deve ter sido a esposa ou algum assessor dele (Carboni) que nos procurou”, diz o prefeito Ademir Gheller (PR). “Me falaram alguma coisa que ele podia... Podia ser a esposa dele para fazer um trabalho aí (em Brasília).”

Os prefeitos são frequentadores assíduos de Brasília em busca de dinheiro federal. Uma das fontes mais importantes são emendas ao Orçamento. Eles sabem que a lista das emendas efetivamente pagas sai, em última instância, da Casa Civil. A partir da triagem da Casa Civil, cada ministério faz os pagamentos. Estar ao lado de Gleisi na Casa Civil faz com que Carboni seja visto por prefeitos como um caminho mais curto para a liberação de verbas. Nos últimos meses, Carboni recebeu vários prefeitos do sudoeste paranaense na Casa Civil.

Depois de ser vice-prefeito de Capanema, entre 1997 e 2004, Carboni tentou ser prefeito, mas não se elegeu. Foi nomeado, então, para um cargo de chefia no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Francisco Beltrão. Saiu de lá em 2007. Aproximou-se do então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e, por tabela, de Gleisi Hoffmann.

A lei não impede que Carboni seja sócio de uma empresa. Muito menos que sua mulher o seja. Mas o fato de ele estar numa posição estratégica no governo, na qual, em tese, pode ajudar a promover os negócios feitos pela empresa da mulher, configura uma situação questionável do ponto de vista ético. Outro problema é o histórico complicado das empresas de prestação de serviços a prefeituras que buscam recursos na Esplanada dos Ministérios, personagens frequentes de escândalos de desvios de verbas, tráfico de influência, corrupção. Esse é um terreno fértil para irregularidades, devido à engrenagem do processo de transferência de verbas federais para os municípios. Os prefeitos procuram saber que ministérios oferecem possibilidades de convênios. Em seguida, pedem aos deputados para apresentar emendas ao Orçamento para determinadas obras e, depois, dar uma mãozinha para liberar a verba.

A dificuldade de grande parte das prefeituras é apresentar projetos que justifiquem onde vão aplicar os recursos. A maioria dos projetos encaminhados aos ministérios é rejeitada por ser malfeita. Em 2004, o governo federal criou o Sistema de Convênios (Siconv), um portal. Basta que as prefeituras interessadas acessem o site, acompanhem diariamente os convênios abertos e inscrevam seus projetos. É simples como preencher uma declaração de Imposto de Renda. Cada prefeitura deveria ter um funcionário treinado para isso, mas a maioria não tem. Consultorias como a da mulher de Carboni se aproveitam disso para vender seus serviços. Prevalece uma situação em que o Poder Público recorre a uma empresa privada para buscar financiamento público.

Por meio da assessoria de imprensa da Casa Civil, Carboni respondeu a ÉPOCA. “Não sou sócio, tampouco tenho vínculo empregatício ou de qualquer natureza com a empresa”, disse. “Conheço alguns dos integrantes da Associação Municipal, que, aliás, recomenda várias empresas de assessoria aos prefeitos associados, não apenas a de Lucimar Carboni. A empresa de Lucimar está em fase de encerramento de atividades.” (Época)

Sonda europeia identifica cratera em Marte onde pode ter havido água

Presença de delta e minerais no sul do planeta vermelho anima cientistas.
Cratera Eberswalde se formou há 3,7 bilhões de anos, por um asteroide.

A sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), detectou o caso raro de uma cratera em Marte que um dia teria sido preenchida por um lago.

A evidência, segundo os cientistas, ocorre pela presença de um delta (foz em forma de leque com vários braços de água e sedimentos) na cratera Eberswalde, que tem 65 quilômetros de diâmetro e fica nas montanhas ao sul do planeta vermelho. A descoberta aponta, portanto, para um passado bem mais úmido que o solo árido de hoje, com a existência de água em estado líquido na superfície.

Cratera Marte (Foto: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum))Cratera Eberswalde é a menor, à direita, e Holden é a maior (Foto: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum))

Na imagem acima, Eberswalde – que se formou há 3,7 bilhões de anos, quando um asteroide atingiu Marte – aparece como um semicírculo (menor, à direita da foto), já que a borda ficou intacta e visível em apenas um dos lados.

Um impacto posterior formou a cratera Holden, de 140 quilômetros de diâmetro. Ela pode ser vista à esquerda na imagem e também teria abrigado água líquida, algo indicado pela diversidade de minerais e diferentes estruturas que apresenta. O choque expulsou grande quantidade de material e enterrou parte da cratera menor.

No entanto, na parte visível de Eberswalde, o delta – que cobre uma área de 115 quilômetros quadrados – e seus pequenos e sinuosos canais de alimentação estão bem preservados, como pode ser visto no canto superior direito da cratera. Esse tipo de estrutura foi identificado pela Nasa pela primeira vez com a sonda Mars Global Surveyor.

Cratera2 (Foto: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum))A margem da cratera Eberswalde está intacta em sua parte nordeste (Foto: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum))

As duas crateras marcianas estavam na lista dos quatro possíveis destinos de um robô da missão Mars Exploration Rover, que deve ser lançada ainda este ano. Mas a cratera Gale venceu a disputa, e ela também concentra minérios e estruturas relacionadas à presença de água no passado.

O principal objetivo da agência espacial americana é procurar ambientes habitáveis atuais ou antigos no planeta. Até lá, a sonda europeia Mars Express buscará o melhor lugar para o pouso. (G1)

Juiz ordena extradição para os EUA de acusado de massacre na Guatemala

Um juiz canadense aprovou nesta sexta-feira a extradição para os Estados Unidos do ex-militar guatemalteco Jorge Vinicio Orantes Sosa, acusado de participar em 1982 do assassinato de 251 pessoas em Dos Erres (Guatemala), informaram fontes judiciais.

Os EUA consideram que Sosa era o comandante de uma unidade das forças especiais do Exército da Guatemala que em 1982 massacrou os habitantes de Dos Erres.

Orantes Sosa, além de guatemalteco, é cidadão americano e canadense, e está sendo acusado nos EUA de falsidade ao solicitar a cidadania. Sosa teria ocultado seu passado às autoridades quando solicitou a nacionalidade em ambos os países.

O juiz Neil Wittmann, determinou que há razões suficientes para aprovar a solicitação das autoridades americanas e conceder a extradição do ex-militar detido em 18 de janeiro no Canadá, enquanto visitava seus pais na província de Alberta, depois de fugir em 2010 de sua casa no estado da Califórnia (EUA).

Os advogados de Sosa têm 30 dias para apelar a decisão do juiz Wittmann. O ex-militar também pode solicitar ao ministro de Imigração do Canadá, Jason Kenney, que anule a ordem judicial e permita sua estadia no país. (Efe)

Nigéria exorta CNT a cessar massacre de cidadãos da África


A Nigéria exortou as autoridades de transição na Líbia a cessar o massacre dos cidadãos sub-sarianos, na sequência de informações chocantes de que estes últimos são visados pelos combatantes do Conselho Nacional de Transição (CNT) que os detêm, torturam e matam.

Num comunicado divulgado quinta-feira na capital, Abuja, o Ministério dos Negócios Estrangeiros qualificou de "preocupante" o rumo reservado aos Africanos Subsaharianos, que são principalmente trabalhadores imigrados.

A Nigéria faz parte dos primeiros países africanos a reconhecer o CNT, o que não impediu os rebeldes de visar os nigerianos e os outros cidadãos da África negra.

Reiterando o seu apoio aos rebeldes, a Nigéria convidou os dirigentes a controlar os excessos das suas tropas.

Informações revelam assassinatos, violações e extorsões de dinheiro de que são vítimas Africanos sem defesa refugiados em campos, bem como os que estão detidos.

"Esta situação é contrária ao desejo exprimido pelo Conselho Nacional de Transição, pela União Africana e pelas Nações Unidas para o restabelecimento da democracia e da boa governação na Líbia", sublinha o comunicado.

O Governo nigeriano considera que estas execuções extrajudiciais contrariam o apelo da Nigéria aos dirigentes do CNT a ser magnânimos na vitória.

« Ao confirmar que as preocupações do Governo nigeriano sobre estes desenvolvimentos na Líbia foram reveladas urgentemente aos representantes do CNT, o Governo aproveita novamente esta ocasião para apelar aos dirigentes do CNT a tomar imediatamente medidas para controlar os excessos destes elementos sem escrúpulos na Líbia, para restabelecer uma verdadeira democracia e uma verdadeira reconciliação », sublinha o comunicado.

Além disso, a Nigéria explica porque reconheceu rapidamente o CNT, indicando que o interesse nacional, incluindo a segurança dos seus cidadãos que vivem na Líbia, tinha motivado a sua decisão.

« Antes de tomar a decisão de reconhecer o CNT, tomamos vários elementos em consideração. Identificamo-nos com o povo líbio que luta pela democracia e e luta pela boa governação é em todo o mundo », declarou o ministro nigeriano dos Negócios Estrangeiros, Olugbenga Ashiru.

O Governo nigeriano foi criticado por se ter apressado a reconhecer os rebeldes líbios, sobretudo porque a UA ainda não o fez. ( Angola Press)

Histórico:

Líbia: rebeldes atacam negros e iniciam limpeza étnica

Os líbios negros correm risco de uma ação de limpeza étnica por causa da determinação de apoiarem o líder Muamar Kadafi. Ao leste do país, os líbios de origem árabe ligados às elites econômicas das cidades produtoras de petróleo assimilaram a ideologia racista dos ingleses e norte-americanos,dos quais recebem treinamentos, dinheiro e armas para tentar dividir o país e permitir o roubo do petróleo pelas potências ocidentais. O alerta foi dado nesta semana pelo bispo Dom Mussie Zerai, em Roma. O bispo preside a agência de desenvolvimento e cooperação Habeshia. Ele relatou que apenas na cidade de Misrata, sob controle dos rebeldes, mais de 800 negros africanos foram assassinados.
Segundo o bispo de origem eritréia, os massacres foram relatados por refugiados africanos sobreviventes, assim que desembarcaram na Itália. Eles também trouxeram uma série de vídeos e fotografias, postadas no site da agência Habeshia, revelando episódios de extrema crueldade e fúria de rebeldes pisoteando corpos sem vida de negros africanos. Na Líbia, há dois grupos étnicos de origem não-árabe, disse dom Zerai, e o risco de que eles podem se tornar vítimas de limpeza étnica durante os confrontos sangrentos entre partidários de Kadafi e os rebeldes é muito alto. Basta ser negro para ser taxado de mercenário pró-Kadafi pelos rebeldes insurgentes. O clérigo afirmou que ainda há indiferença, apesar do aviso prévio.

Dom Zerai assim, pediu a atenção da comunidade internacional para que “os líbios negros não sejam massacrados, a exemplo de centenas de milhares de sudaneses em Darfur.”
Ele alertou para o risco de ''milhares de pessoas serem esmagadas por essa intolerância que está se espalhando nos territórios ocupados pelos rebeldes”. Na opinião do bispo, os autores destes assassinatos e atos violentos são os rebeldes anti-Kadafi. Dom Zerai perguntou ''quem garante a civilidade dos novos senhores da Líbia, defendidos pela Europa? Precisamos a todo custo evitar um novo genocídio no continente africano.”
Nas últimas semanas outras organizações tem denunciado diversos massacres contra a população negra do leste da Líbia. Esses massacres só tem sido possíveis graças ao apoio militar e financeiro que os países invasores prestam aos grupos rebeldes. (

andresvieira)

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WIKILEAKS: Os momentos finais do Cablegate


Por Natalia Viana

O clima em Ellingham Hall, o casarão georgiano onde Julian Assange se encontra em prisão domiciliar no interior da Inglaterra, foi descrito como “triste” nos últimos dias. Por conta de uma cadeia de eventos inesperados, a organização decidiu publicar nesta quinta-feira os 251.287 documentos das embaixadas americanas provenientes de todo o mundo.

Foi um final apressado para o maior projeto já conduzido pela organização e um dos vazamentos de documentos mais significativos da história do jornalismo.

Ao contrário do que ocorreu nas divulgações anteriores dos documentos, quando estes eram checados e seguiam um cronograma de publicação controlado pela organização, metade desses telegramas contém o nome de todos os envolvidos nos comunicados das embaixadas, incluindo aqueles que o Wikileaks preferia proteger para evitar que sofressem eventuais represálias.

Os telegramas começaram a ser publicados no final do ano passado com a parceria de dezenas de veículos internacionais, que ajudavam a eliminar os nomes dos que poderiam ter sua segurança ameaçada pelos documentos vazados. Os parceiros se comprometiam a ler todos os documentos antes de submetê-los à publicação pelo site do WikiLeaks, o que ocorria simultaneamente à publicação dos órgãos de imprensa.

Eram os parceiros que avisavam à organização se haviam retirados nomes ou se o documento poderia ser publicado na íntegra.

O complicado sistema de publicação cooperativa, que depois de seis meses envolvia mais de 50 veículos de todo o mundo, foi uma novidade para o jornalismo internacional e para o próprio WikiLeaks. A organização garante que ninguém jamais sofreu violência por ter tudo seu nome exposto pelo site, embora tenha sido acusada de colocar vidas em risco por ter publicado documentos que traziam o nome de informantes do exército americano no Iraque.

Eu mesma fui treinada para lidar com o programa e explicar cuidadosamente para os jornais parceiros – do Brasil e de outros países da América Latina – a importância de cuidar para que os nomes de defensores de direitos humanos fossem retirados. As embaixadas americanas costumam ouvir políticos, empresários, embaixadores estrangeiros, jornalistas, além de ativistas de direitos humanos. O WikiLeaks sempre manteve uma política de omitir apenas os nomes dos últimos.

“Queremos proteger aquelas pessoas que vão até a embaixada americana para denunciar abusos e violações de direitos, em especial em países com ditaduras. São pessoas que não têm como se defender e que podem sofrer ameaças à sua integridade física ou de processos legais injustos por terem seus nomes expostos. Queremos proteger os que não podem se proteger sozinhos”, explicou Julian quando recebi os documentos brasileiros.

No Brasil

Foi a mesma orientação que eu passei para os jornais Folha de S Paulo e Globo, ainda em dezembro do ano passado. Tratava-se, claro, de uma orientação que teria mais importância em regimes opressivos e ditatoriais, onde a embaixada americana serve de fato como interlocutor para ativistas. No caso do Brasil, todos concordamos em retirar apenas um nome, de um membro de uma respeitada organização de direitos humanos. Todos os outros nomes – assim como os de muitos outros informantes de embaixadas de todo o mundo – foram publicados.

Foi assim que o público brasileiro pôde saber, por exemplo, que o ex-senador Heráclito Fortes era informante freqüente da embaixada em reportagem publicada pelo Globo, pela Folha e por mim em janeiro deste ano; que o assessor do ex-ministro Palocci, Sergio Bath, conversou diversas vezes com a embaixada durante a crise de 2006 e que o próprio ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, era tratado como uma fonte a ser “estritamente protegida”.

Todos esses nomes já estavam publicados desde o começo do ano. Em julho, todos os documentos referentes ao Brasil foram publicados pelo WikiLeaks.

Os lances finais

O WikiLeaks decidiu publicar todos os documentos agora porque o jornal alemão Freitag publicou uma reportagem na semana passada anunciando ter acessado o conteúdo integral de todos os documentos a partir de um arquivo criptografado disponível na internet. Segundo a revista alemã Der Spiegel, o ex-associado de Julian Assange, Daniel Domscheit-Berg, teria ajudado a Freitag a encontrar esse arquivo para provar que o site do Wikileaks não era tão confiável e seguro quanto Assange dizia.

Desde que saiu da organização, em meados do ano passado, Daniel tem sido o maior crítico e maior inimigo de Assange. Ele chegou a publicar um livro com acusações pessoais contra o ex-sócio, e fundou outra organização para concorrer com o WikiLeaks – o OpenLeaks.

O fato é que o arquivo se tornou público graças a uma cadeia de erros de diversos atores; uma espécie de “falha colaborativa”.

Assange criou uma senha para o arquivo dos documentos que ele colocou em um servidor, explica a Der Spiegel. A senha se completava com uma palavra que foi entregue aos cinco veículos que fizeram a parceria inicial com o WikiLeaks: New York Times, El Pais, Guardian, Le Monde e a própria Spiegel.

Em algum momento, ainda no início do projeto Cablegate, esse arquivo foi colocado na rede torrent para proteger os dados e fazer com que fosse impossível retirá-los da internet. Não está claro quem colocou o arquivo na internet, mas ele estava escondido dentro de um subdiretório oculto e criptografado – apenas quem tivesse a senha poderia acessá-lo.

Em janeiro deste ano, no entanto, os jornalistas David Leigh e Luke Harding publicaram a senha utilizada por eles no livro “WikiLeaks: dentro da guerra de Julian Assange. Ainda assim, o segredo se manteve durante mais de seis meses, até a publicação do jornal alemão.

O WikiLeaks reagiu chamando o Guardian de “negligente” e publicou um comentário irônico sobre o livro pelo twitter: “A única coisa que o jornal tinha que soletrar corretamente no livro era justamente a senha”. O Guardian, como os outros parceiros internacionais, havia assinado um termo de confidencialidade que proibia a revelação de detalhes de segurança da operação. Como a senha.

Em editorial, o Guardian alegou que o livro continha a senha, mas nenhuma indicação sobre onde encontrar o arquivo: “Era um pedaço de informação sem qualquer sentido a não ser para quem criou o arquivo”, alegou.

Desde a semana passada, porém, começaram a circular informações na internet sobre como ligar as duas coisas.

Grupos de transparência hacker que já acusavam o WikiLeaks de “conservadorismo” por retirar os nomes dos ativistas em risco decidiram postar todos os documentos. “Em breve vamos disponibilizar todos os telegramas, na íntegra – não podemos defender a liberdade de informação apenas quando achamos conveniente”, escreveu a comunidade hacker Anapnea na noite da quarta-feira.

Os documentos começaram a circular na Internet e, na noite da quinta-feira passada, o Wikileaks decidiu publicar todo o conteúdo dos telegramas no seu site – 15.652 documentos secretos, 101.748 confidenciais e 133.887 não classificados – provenientes de 247 embaixadas americanas em todo o mundo. Um material e tanto para jornalistas investigativos, pesquisadores, historiadores e ativistas.

Na sexta-feira, em um comunicado conjunto, os primeiros parceiros do WikiLeaks – o Guardian, o El Pais, o Der Spiegel e o Le Monde – “deploraram” a publicação dos documentos pelo site, afirmando que “pode colocar vidas em risco”. “Não podemos defender a publicação desnecessária do conjunto inteiro de documentos – estamos todos unidos, na verdade, ao condená-la”, diz o comunicado. “Nossos acordos anteriores com o WikiLeaks eram baseados na premissa de que só publicaríamos telegramas que tenham sido sujeitos a um minucioso processo conjunto de edição e revisão. Continuaremos a defender a nossa postura anterior”.

Votação

Antes de divulgar os documentos na integra, o Wikileaks lançou pelo twitter uma enquete sobre se deveriam ou não ocultar nomes. A votação pelo sim, segundo a organização, foi superior à negativa na proporção de 100 para 1.

Esse pode ser um indício de que uma postura mais radical pode ser adotada daqui pra frente pela organização – uma espécie de retorno à sua origem. Ou apenas o reconhecimento de que o desfecho melancólico de uma das mais inovadoras iniciativas de aliar tecnologia ao jornalismo se deve, simplesmente, a falhas e paixões humanas.

 
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