segunda-feira, 29 de março de 2010

Saturno

Poema em linha reta


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu que verifico que não tenho par nisto neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão - princípe - todos eles princípes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana,
Quem confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó princípes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde há gente no mundo?

Então só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

Entrevista dada pelo Paulo Bernardo ao "O Diário do Norte do Paraná"


O Diário – O que o senhor vai fazer a partir de janeiro de 2011?

PAULO BERNARDO – Procurar emprego. Na verdade não sei. O presidente Lula me pediu para continuar no governo e, portanto, imagino que esteja contratado até 31 de dezembro deste ano. Depois vou ver. Talvez vire marido de senadora.

O Diário – Em caso de vitória da candidata do PT, Dilma Rousselff, há algum compromisso para o senhor continuar no governo?

PAULO BERNARDO – Não. Se ela ganhar deve formar o governo dela. Não tem pré-compromisso algum, com ninguém.

O Diário – Porque o senhor abriu mão de disputar uma vaga na Câmara Federal?

PAULO BERNARDO – Eu estou satisfeito com o trabalho feito e não tenho necessidade de ser candidato. Fui deputado por três vezes. Não sinto a necessidade de me manter em cargos.

O Diário – Como o senhor avalia as acusações do governador Roberto Requião?

PAULO BERNARDO – Foi uma cafajestada dele. Mais uma. Na minha opinião, o Requião está com muito medo de perder a eleição para o Senado e do futuro político dele e, por isso, briga com todo mundo. Depois desse episódio recebi muitos relatos de prefeitos que foram humilhados, de muita gente que foi maltratada por ele. Acho que é desespero mesmo.

O Diário – Ele anunciou que segunda-feira vai apresentar provas concretas sobre o episódio…

PAULO BERNARDO – É desespero, não dá para dar muita atenção. Eu entrei na Justiça. Ingressei com uma ação cível e com uma representação no Ministério Público, pedindo a apuração de algumas coisas que ele falou. Depois do dia três de abril, vou entrar com uma ação criminal. Vou esperar ele deixar o cargo e perder o foro privilegiado, assim ele não vai poder se esconder atrás da condição de governador.

O Diário – O PT participou do governo até agora. O que motivou este racha?

PAULO BERNARDO – O PT participou e nós ajudamos muito. Se olhar as políticas sociais do governo Requião, vai observar que invariavelmente são financiadas pelo governo Federal. Políticas para área de Agricultura, de Ciência e Tecnologia, de Assistência, de Educação. O programa de educação técnica é quase totalmente financiado pelo governo Federal. Nós não temos problema algum em mostrar isso e nem vamos parar de financiar essas políticas. O povo do Paraná não pode ser culpado pelas maluquices do governador. Isso é responsabilidade dele. Nós não podemos parar de ajudar o Estado porque aí quem paga é o povo e não ele.

O Diário – Foi uma questão pessoal entre o senhor e o Requião ou há interesses eleitorais específicos por trás?

PAULO BERNARDO – Não tem questão pessoal. Nunca fui amigo dele. Nunca frequentei a casa dele. Acho que o problema é eleitoral. Ele está com medo. Sabe que vai perder e cria fatos para que falem dele, para tentar se manter em evidência.

O Diário – A ida do PT para a candidatura Osmar Dias pode ser a causa?

PAULO BERNARDO – Nós não temos problema com isso. É uma questão de momento. Eu, por exemplo, não tenho problema com o Pessuti. Já falei para ele que vamos continuar ajudando o Paraná. O problema do Pessuti é que ninguém acredita que o PMDB vai fazer a campanha dele para valer. Então, porque nós do PT temos que acreditar na candidatura dele?

O Diário – Mas essa parceria com o PMDB foi boa até aqui e como fica daqui para frente?

PAULO BERNARDO – Muito boa. O Requião pode até não concordar com isso, mas ele foi eleito pelo Lula nas duas vezes em que foi candidato. Em 2006, ele saiu todo arranhado porque venceu por uma diferença de 10 mil votos. Mas não vamos reclamar. Os absurdos que ele falou, as acusações pessoais, vou responder na Justiça. O resto veremos no futuro.

O Diário – Isso leva, invariavelmente, ao PDT de Osmar Dias?

PAULO BERNARDO – Eu diria que essa é a principal opção do momento. Evidente que o PDT e o Osmar Dias têm que se manifestar. Temos conversado e acho que depende dele formalizar e puxar uma aliança.

O Diário – Mudando de assunto, o Banco Central tem sinalizado com um índice de inflação acima do projeto. Por quê?

PAULO BERNARDO – A inflação aumentou um pouco. Temos uma meta de 4,5% e ela está na casa dos 5% ao ano, no acumulado de 12 meses. Isso se deve a alguns fatores. Primeiro, a economia cresce rapidamente. Isso reflete na demanda e provoca aumento de preços. Além disso, no começo do ano tivemos alguns problemas, como o excesso de chuva que prejudicou a produção de alimentos. Janeiro e fevereiro foram meses de inflação alta. Março já acalmou. A tendência é diminuir e fechar o ano um pouco acima da meta de 4,5%.

O Diário – Não há aí um aumento de gastos do governo, crescimento da dívida pública, até por conta do ano eleitoral?

PAULO BERNARDO – Não. Os gastos do governo estão sob controle. Nós temos sido rigorosos. Se pegar os seis primeiros anos do Governo Lula nós tivemos os melhores resultados fiscais dos últimos 40 anos. Em 2009, fizemos uma mudança, diminuímos o rigor fiscal para acudir a economia, então a dívida pública oscilou. Quando assumimos estava em 56% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2008, fechou em 38% do PIB. Ano passado aumentou para 43% por conta das mudanças feitas na economia. Este ano vai cair novamente, devendo fechar abaixo dos 40%. Isso está sob controle e não sobre influência de eleição. Nossa previsão de crescimento da economia é da ordem de 5% nos próximos quatro anos.

O Diário – Governos geralmente terminam em baixa e o governo Lula está em alta, qual é o segredo?

PAULO BERNARDO – Além do carisma do presidente, o governo combinou políticas macro muito austera, com controle da inflação e da dívida, redução de juros – quando o Lula assumiu a taxa de juros Selic era 25% agora está em 8,5% – com políticas micro que atenderam todos os setores. Aumentamos o crédito e o poder aquisitivo dos trabalhadores, combinado com políticas sociais que acho ajudaram a dar uma melhorada muito grande na distribuição de renda no Brasil. Juntando tudo isso resultou em um governo bem sucedido. Além disso, nós não temos cor partidária na hora de fazer parcerias com Estados e municípios. Nós temos grandes parcerias com municípios administrados pelo DEM, pelo PSDB (é o caso de Curitiba), do PP, como aqui em Maringá. Não temos aquela coisa de ajudar só os amigos. O governo não trata com partidos, mas com administradores públicos e olhamos os interesses do cidadão. Acho que tudo isso é reconhecido pela população.

O Diário – Algumas obras do PAC estão sob suspeita. Há risco de o governo suspender o repasse de recursos?

PAULO BERNARDO – A Controladoria Geral da União (CGU) fez uma apuração rigorosa e apontou várias irregularidades. A maioria exige correções e adequações. Se há condições de sanar os problemas, o município é chamado e tem que resolver. Parar apenas se houver alguma irregularidade muito grave. Interromper o repasse só se o órgão de fiscalização mandar. A gente segue a recomendação.

O Diário – Qual a posição do governo em relação à emenda Ibsen e à rediscussão do pacto federativo?

PAULO BERNARDO – Nossa posição é não mexer nos royalties dos poços de petróleo que já operam. Seria uma violência contra estes Estados. Agora, os novos poços têm que ter um critério diferente. A Constituição exige que uma parcela fique com os Estados produtores. A emenda Ibsen comete um erro que é não deixar nada especifico para os Estados produtores. Acho razoável que os outros Estados e municípios recebam uma parte dos royalties do pré-sal. Tem que fazer um acordo mantendo os direitos dos Estados produtores e dividindo uma fatia com os demais. Acho possível este acordo.

O Diário – O Paraná ainda sofre retenção de recursos por causa da dívida do extinto banco Banestado. Qual a opinião do senhor a respeito?

PAULO BERNARDO – Nós cumprimos a legislação. Tem força de lei nesse aspecto. Faltou disposição de negociar uma saída. Lamentavelmente, essas coisas não podem ser resolvidas com xingamento. Tem que ser na base do diálogo. Um projeto do senador Osmar Dias tramita no Congresso e, se aprovado, soluciona o problema. Agora, tem que conversar.

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Requião denuncia Paulo Bernardo ao MPF


Governador Requião pede que MPF investigue o ministro Paulo Bernardo e o diretor da
ANTT

O governador Roberto Requião solicitou nesta segunda-feira (29) que o Ministério Público Federal investigue a proposta de construção superfaturada de um ramal ferroviário no Paraná que o ministro do Planejamento Paulo Bernardo e então assessor da Casa Civil, Bernardo Figueiredo, apresentaram em 2007 ao Governo Estadual.

Bernardo e Figueiredo foram à residência oficial do governador para apresentar um projeto de construção do trecho Guarapuava-Ipiranga, de 110 quilômetros, por R$ 540 milhões. Segundo o governador, a proposta apresentava preços acima dos normais e implicaria em usar recursos públicos para a construção de uma ferrovia que, ao fim, seria privada e com pedágio. A proposta incluía a empresa América Latina Logística S/A (ALL).

Os documentos apresentados ao Ministério Público pelo governador mostram que o próprio Ministério do Planejamento havia avaliado a obra em R$ 220 milhões, mas cerca de um ano depois o trecho foi orçado por R$ 540 milhões, para inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Queremos descobrir por que uma obra, em tão pouco tempo, subiu tanto de preço”, explicou o advogado do governador, Leônidas Chaves Filho.

O orçamento da obra, de R$ 220 milhões, estava na página na internet do Ministério do Planejamento, mas o documento foi retirado posteriormente. Outro documento, também apresentado ao MPF, mostra que a empresa ALL também havia avaliado a obra em R$ 220 milhões, em sua declaração à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de 31 de dezembro de 2008. “Ao receber a proposta, o governador estranhou os preços”, explicou Chaves.

PAGAMENTO - Requião ainda se surpreendeu com a forma apresentada por Paulo Bernardo para o pagamento da ferrovia. Segundo o ministro teria explicado, caso o acordo fosse fechado, a ALL deixaria de pagar o aluguel pelo uso da RFFSA - Rede Ferroviária Federal, um valor anual de cerca de R$ 52 milhões. Dessa forma, sobraria dinheiro para o pagamento do financiamento que a empresa contrairia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao final da construção, o trecho Guarapuava-Ipiranga seria administrado por uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que cobraria um pedágio ferroviário estimado em US$ 6 por tonelada.

Caso aceitasse a proposta do ministro, além de aumentar os custos da produção na região com o pedágio, o governador iria contra a avaliação de engenheiros que haviam alertado, em 2005, que a construção era tecnicamente imprópria e com custos elevados. Diante disso, Requião já havia encaminhado uma carta com os argumentos aos Ministérios do Planejamento e do Transporte.

O governador pede também que o MPF investigue a atuação de Bernardo Figueiredo no caso. Hoje diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Figueiredo era na época assessor da Casa Civil, mas teve participação em diversas empresas privadas do setor. “Ele é uma pessoa que transita entre o setor público e privado e participou da privatização de ferrovias em todo Brasil. Fizemos um histórico dele para apresentar ao ministério público”, relatou o advogado Leônidas.

Carlos Lessa diz:


“Não há melhor negócio no mundo que trazer dólares para o Brasil e ganhar as altas taxas de juros. Fico horrorizado com esta política econômica ...

...Quem manda no Brasil é o Banco Central e que este órgão hoje é independente do povo, do governo e do país e submetido aos interesses do sistema financeiro internacional....

...A crise corroeu o receituário neoliberal, que sempre era mostrado como única alternativa, e que agora há uma enorme janela ideológica no mundo. A economia não é ciência exata. Nela não existe receita única como o sistema financeiro, que impõem a recomendação de política econômica seguindo ao seu determinado interesse, quer demonstrar. A história vai mostrar o que deu certo e o que não deu certo e com certeza será a de que o BC ao paceitar as imposições do sistema financeiro agiu de forma antinacional" ...

Minha opinião:

A explosão da dívida interna decorre de uma má gestão das políticas monetária e fiscal, com altas taxas de juros, livre movimentação de capitais e isenção tributária para investidores estrangeiros, que com todos estes atrativos trazem seus dólares em massa ao país. O governo compra estes dólares pagando com títulos da dívida interna – cujos juros são altíssimos – e aplica tais dólares em títulos do Tesouro norte-americano, que rendem juros negativos.

A participação de estrangeiros na dívida pública interna subiu ao equivalente a R$ 114,45 bilhões, ou 8,74% do total em janeiro deste ano, um nível recorde. Houve alta de cerca de 4,3% sobre a posição de R$ 109,7 bilhões (8,11% do total) vista em dezembro de 2009. A dívida pública mobiliária federal interna fechou o mês de janeiro/2010 em R$ 1,355 trilhão.

O motivo claro é a rentabilidade paga pelo Tesouro brasileiro, com juros entre os mais elevados em todo o mundo. Em tempos de taxas quase zero por causa da crise em outros países, os papéis brasileiros acabam atraindo a procura volátil especulativa do grande capital internacional, pois não é um dinheiro investido a longo prazo na produção, o que para eles financeiramente é muito bom, mas para nós nenhum pouco desenvolvimentista produtivo.

Quem diz o mesmo que a oposição é o Zé Dirceu: O BC continua esquizofrênico


Publicado em 27-Mar-2010

A última reunião do Copom causou polêmica no ... A última reunião do Copom causou polêmica no mercado e não é para menos. No item 26 da ata da reunião do Comitê, divulgado na quinta-feira, está escrito: "À luz dessas considerações (discussões durante a reunião), houve consenso entre os membros do Comitê (Copom) quanto à necessidade de se programar um ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia". Uma péssima notícia para o país e para a economia.

Primeiro, porque o BC continua esquizofrênico. Morre de medo da influência política em suas decisões, como se em todos os países do mundo não houvesse uma política de desenvolvimento e econômica e como se não houvesse conseqüências dessas medidas na política monetária e fiscal. Ora, o governo tucano de FHC não impôs ao país a taxa fixa de câmbio, como aconteceu na Argentina, até os dois países quebrarem?

Está evidente que o principal perigo do BC não é a política e o rumo do governo e sim as pressões dos setores que dominam a mídia e o mercado, os interesses do sistema financeiro e dos rentistas, que não têm a transparência da política do governo e de suas decisões, orientações ou demandas sobre o BC. Já que são legítimas e públicas, derivam de sua política econômica aprovada nas urnas e pelo parlamento, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Geral da União.

Grave é a decisão de aumentar os juros para conter (um eufemismo) a demanda e compatibilizar o crescimento com nossa capacidade de produção, o maldito PIB potencial que só existe no papel e na cabeça de membros do BC. Uma previsão e avaliação que mais parece um palpite que uma realidade de nosso sistema produtivo, uma vez que sua medição não leva em conta as decisões dos empresários e do governo e não tem como avaliar a situação internacional e mesmo o aumento de produtividade de nossa economia.

Na verdade querem é manter uma taxa de juros de equilíbrio que garanta o retorno aos rentistas e especuladores. Ou seja, manter o ainda pernicioso controle, exercido por pressões a partir das acusações de uso político do BC e de suas decisões.

 
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