sábado, 28 de janeiro de 2012

Praias do Paraná têm mais de 10 mil casos de acidentes com águas-vivas

O sol e as temperaturas aumentando deixaram as praias do litoral paranaense lotadas e o mar cheio de banhistas neste sábado (28). Com mais tempo de permanência dos banhistas na água, a quantidade de acidentes com águas-vivas voltou a subir, ultrapassando os 10 mil casos nesta temporada, segundo números do Corpo de Bombeiros.

Depois de uma pequena queda registrada nos últimos dias por causa das chuvas que caíram no litoral, o número de casos de contato com o animal chegou à marca recorde de 10.060. Em toda a temporada anterior, foram apenas 541 casos foram registrados.

Em Pontal do Paraná, 378 pessoas sofreram com as àguas-vivas. Até então, o município era o que vinha apresentando a menor incidência de acidentes. Em Matinhos foram 175 casos e em Guaratuba 147 pessoas precisaram receber atendimento.Só neste sábado, até as 16 horas da tarde, 700 casos haviam sido registrados pelos guarda-vidas que ficam na orla dos balneários. São eles que prestam o primeiro atendimento aos banhistas.

Para descobrir a causa da grande incidência desses animais na costa paranaense, o governo do estado montou um grupo de especialistas. Além de técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) - que vai coordenar os estudos com a orientação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e com a Secretaria Estadual da Saúde -, o grupo também é formado por pesquisadores do Centro de Estudos do Mar (CEM), da UFPR e da Universidade de São Paulo (USP). (GP)


Governo monta grupo de especialistas para pesquisar águas-vivas

O Governo do Paraná montou um grupo de especialistas para descobrir as causas do aparecimento numeroso de águas-vivas no litoral. Os estudos estão sendo coordenados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), sob orientação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde. Técnicos desses órgãos e do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR e da Universidade de São Paulo (USP) participam do trabalho.

Ao mesmo tempo, a Secretaria de Saúde tem orientado a população quanto ao risco de tocar nas águas-vivas e o que fazer se for queimado por elas. Segundo os dados da Secretaria de Saúde, na temporada passada, foram registrados 508 acidentes com o animal marinho, enquanto neste verão foram quase 10 mil casos. Também há registros de acidentes com diferentes espécies de águas-vivas em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nos últimos anos.

Águas-vivas

Já foram previamente identificadas diversas espécies de águas-vivas no litoral paranaense, elas são: Physalia physalise (conhecida como Caravela Portuguesa), Chrysaora lactea (responsável por mais de 90% dos acidentes no Paraná) e Olindias samquiesis (a mais comum em acidentes no Brasil).

Esses animais capturam alimento por seus tentáculos e não costumam atacar seres humanos. Suas queimaduras acontecem apenas quando são acidentalmente tocadas pelos banhistas. Elas têm a locomoção limitada e, por isso, dependem das correntes marítimas para percorrer grandes distâncias.

Quando encalham na praia a recomendação dos especialistas é para enterrá-las na areia, porém, como mais de 90% de sua composição é água elas tendem a desaparecer à medida que o calor e o sol a desidrata. (AEN)



Polícia divulga retrato falado de suspeito de estuprar menina em Guaratuba

O retrato falado do homem suspeito de ter estuprado uma adolescente, de 14 anos, em Guaratuba, foi divulgado pela polícia neste sábado (28). O crime ocorreu em 3 de janeiro. O homem suspeito tem 1,75m de altura e 65 quilos. É moreno, magro, e tem entre 25 e 30 anos.

O retrato falado foi feito com base em informações passadas pela vítima à polícia, de acordo com o delegado Luiz Carlos de Oliveira, coordenador da Polícia Civil da Operação Verão do litoral.

A adolescente já tinha dito à polícia que foi abordada por um homem que usava uma camiseta cor-de-rosa, bermuda e estava numa bicicleta de mesma cor. O agressor tinha a barba por fazer e exalava odor etílico.

O agressor também tentou afogar a menina e jogou-a no mar. A maré trouxe a jovem para a praia. Ela foi encontrada caída na areia com sinais de asfixia e foi socorrida por pessoas que passavam pelo local. Ela foi encaminhada para o Hospital Regional de Paranaguá, mas já teva alta.

De acordo com informações da Polícia Militar, a família da menina havia combinado de sair por volta das 5h30 da manhã para ver o nascer do sol na orla da praia, mas a garota acabou saindo de casa sozinha, aproximadamente meia hora antes do horário combinado.

Quem tiver alguma informação sobre o suspeito, deve entrar em contato com a polícia por meio do telefone (41) 3452-2323. (GP)

Programa permite que 140 presos façam cursos profissionalizantes

Presos das duas penitenciárias de Londrina vão começar cursos de Construção e Reparos e de Comunicação e Marketing. A aula inaugural para os 140 alunos foi nesta sexta-feira (27). A iniciativa faz parte do Projovem Trabalhador, programa do Ministério do Trabalho promovido em parceria com Governo do Paraná, Prefeitura e o Sistema Nacional de Emprego.

Durante seis meses, os 30 presos do regime seimaberto e 110 do fechado, das duas unidades penais, fazem os cursos de Construção e Reparos/Revestimento, destinado a formar ladrilheiro, pintor, gesseiro e profissional de manutenção de edificações; e de Comunicação e Marketing, que formará operador de rádio comunitária, fotógrafo, operador de câmera de vídeo e editor de textos.

Cada curso tem 100 horas de formação pessoal e 250 horas de qualificação profissional. O preso que faz o curso recebe ajuda de custo mensal de R$ 100. Oitenta por cento do valor é destinado à família do detento e 20%, depositado em conta poupança que ele só poderá sacar quando ganhar a liberdade.

O programa melhora a qualidade de vida de jovens à margem do mercado de trabalho e promove a reintegração social do apenado, segundo Maria Tereza Uille Gomes, secretária estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. “Nossa meta é, até o final deste governo, ter 100% dos presos trabalhando ou estudando. Será a melhor forma de possibilitar a eles a ressocialização e reinserção social”.

Para o vice-diretor da Penitenciária Estadual de Londrina 2 (PEL 2), Adilson Barbosa de Souza, os presos, muitas vezes, não tiveram oportunidades e o curso ajuda na sua inserção no mercado de trabalho. Jorge Eduardo Alves, diretor da PEL 1, completou que a iniciativa facilita a aceitação do detento na sociedade e diminui o preconceito. “Esses cursos de educação e profissionalização melhoram o clima dentro da unidade penal, diminui a indisciplina e traz perspectiva de futuro para todos eles”.

BIBLIOTECA – Durante a solenidade, que teve a participação do prefeito de Londrina, Barbosa Neto, e de membros do Conselho da Comunidade, foi inaugurada a Biblioteca da PEL 2. O espaço passou por reforma e a campanha “Leitura de Mão em Mão” já arrecadou mais de 2 mil livros com instituições de ensino, editoras, sebos e comunidade. “Só pela leitura e educação vamos reinserir essas pessoas no convívio social”, afirmou o prefeito de Londrina.

Operação Verão Comerciantes recebem orientação para manter qualidade do pescado

A Secretaria de Estado da Saúde iniciou um trabalho de orientação e fiscalização nos mercados de peixes do Litoral para melhorar a qualidade dos produtos vendidos ao consumidor. Os técnicos explicam a comerciantes e pescadores as condições de armazenamento e manuseio adequadas para que os produtos não comprometam a saúde dos consumidores. O monitoramento dos mercados de peixe foi intensificado durante a Operação Verão.

O Programa de Monitoramento de Agravos do Litoral do Paraná (Promar), da Secretaria, reuniu na quarta-feira (25) permissionários do Mercado Municipal de Matinhos e representantes das secretarias municipais de Saúde e de Meio Ambiente para discutir os critérios aplicados na fiscalização. “É preciso garantir que os produtos sejam adequadamente conservados, que haja higiene nos locais de venda e que os manipuladores desses produtos estejam trajados de forma adequada, com uniformes”, explica Sezifredo Paz, superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria estadual.

“Conversar e esclarecer as pessoas sobre esse trabalho é importante, porque às vezes o pescador acha que está sendo injustiçado pelo trabalho da fiscalização”, afirma Sezifredo Paz. “O pescador e o comerciante tem que entender que, às vezes, um produto aparentemente tem condições de ser vendido, mas tecnicamente está impróprio para o consumo.”

A comerciante Marinalva Ferreira é um exemplo. Ela afirma que a situação melhorou a partir da inspeção dos técnicos da Vigilância Sanitária: “Eu me senti injustiçada, porque perdi meu material, mas agora tenho outra visão, porque muita gente não tem noção de higiene. Para mim essa reunião valeu muito e com a fiscalização vai melhorar bastante”.

O mesmo trabalho será feito nos outros mercados de peixe do Litoral, nesta primeira etapa, e depois será adotado nas demais regiões. “Na medida em que estes estabelecimentos forem se adequando à infraestrutura e com equipamentos adequados, também aperfeiçoaremos nosso trabalho, tornando ainda melhor a qualidade do pescado à venda no Litoral”, diz Sezifredo Paz.

A secretaria também está preparando uma cartilha com orientações sobre a venda de pescados e um treinamento baseado no material produzido pela Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, do governo federal. O treinamento será realizado em parceria com a UFPR e será dirigido aos funcionários dos mercados municipais de Matinhos, Guaratuba e Paranaguá. O primeiro será realizado no final da próxima semana em Matinhos, em local a ser definido.

CONSERVAÇÃO — Para esta ação do Promar, a Vigilância em Saúde definiu critérios técnicos para avaliação das características que servem para verificar a qualidade do pescado: cor das guelras e a presença de muco; o estado dos olhos; a cor e o brilho das escamas; o cheiro; a firmeza da textura da carne e a presença de danos físicos.

Cada critério tem uma pontuação, que será aplicada durante as inspeções. Esses critérios permitem avaliar se o produto está saudável e adequado à venda. Peixe com guelras escuras, grande quantidade de muco bacteriano, olhos fundos, pele deformada e sem brilho ou com descamamento, cheiro de amônia ou azedo, textura mole ou sem consistência e estrutura esmagada deve ser descartado.

FISCALIZAÇÃO — Nos dias 26 e 27 de janeiro, os técnicos da Vigilância Sanitária Estadual vistoriaram o Mercado do Peixe de Guaratuba. Foram inspecionados 18 boxes e quatro receberam auto de infração. Foram apreendidos e inutilizados 18 quilos de peixe e 21 quilos de camarão. As irregularidades encontradas foram produtos com temperatura inadequada e falta de higiene nas instalações.

Sanepar recolhe média de 8 toneladas diárias de lixo nas praias

A Sanepar está recolhendo uma média de oito toneladas diárias de lixo nas praias do Paraná. O trabalho – que pela primeira vez é realizado dia e noite, com máquinas que peneiram a areia – garante a limpeza dos 63 quilômetros de faixa de banho do Litoral. Durante o dia, são utilizadas caçambas motorizadas (dumpers) e 125 coletores. À noite, a remoção é feita por tratores que também peneiram a areia.

Depois de coletado, o lixo é depositado em pontos estratégicos. Em outra etapa, o material é retirado por equipes contratadas pelo Instituto das Águas do Paraná e encaminhado para aterros sanitários.

As máquinas limpadoras e os dumpers executam o trabalho desde a Barra do Saí, em Guaratuba, até a praia de Pontal do Sul, no município de Pontal do Paraná. “A limpeza das faixas de banho é mais um serviço que a empresa presta aos municípios litorâneos, turistas e veranistas”, diz o presidente da Sanepar, Fernando Ghignone.

Ações de educação ambiental também fazem parte da atividade. Os coletores distribuem bituqueiras, sacolas de lixo biodegradáveis e cartilhas que orientam os veranistas a zelar pela praia. A Sanepar também forneceu os 1,2 mil tambores para lixo orgânico e reciclável distribuídos pela orla.

OPINIÃO – “Vejo a limpeza sendo feita todas as tardes”, diz a estudante diz Ana Gabriela Bandeira, de 13 anos. “Além de passar as máquinas, o pessoal distribui sacolas para que cada veranista recolha seu lixo. Só suja a praia quem quer”, completa o irmão dela, João Gabriel, 12.

Dono de uma lanchonete em frente à praia de Caiobá, Laurival Paulo Pereira, 47, conta que trabalha até tarde e sempre vê o trator da Sanepar recolher o lixo e peneirar a areia. Para ele, a limpeza da praia contribui para aumentar o movimento na lanchonete. “Tem vindo muito mais gente para cá”, afirma.

O aposentado Francisco Carlos, 63, diz que acompanha a movimentação das máquinas e dos coletores desde o começo do verão. “Este é um serviço que deve ser mantido nas próximas temporadas”, sugere.

A aposentada Iraci Gomes, 55 anos, afirma que a faixa de banho está mais segura: “Vejo as crianças brincando e percebo que elas não correm risco por causa do lixo”.

Justiça manda guaranis-kaiowás desocuparem terra que estava sendo demarcada


A Justiça deu prazo de 15 dias para que um grupo de índios guarani-kaiowá da Terra Indígena Laranjeira Nhanderu, em Mato Grosso do Sul, desocupe a área, que é reivindicada por fazendeiros. A justificativa, segundo informação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na região, foi que a Fundação Nacional do Índio (Funai) não apresentou o relatório de identificação da terra.

Segundo a índia Luciene Almeida, filha de uma liderança local, policiais federais estiveram na aldeia nesta sexta-feira (27) para levar a ordem de reintegração de posse e comunicar que os índios teriam 15 dias para sair das terras. Na aldeia vivem 170 índios, sendo 100 crianças e 30 idosos.

“Não temos para onde ir. Estamos aqui há quatro anos e já tivemos que ficar na beira da estrada duas vezes”, disse Luciene, se referindo a outras duas ordens de desocupação que a tribo teve que cumprir. A Funai informou à Agência Brasil que assinou com o Ministério Público um termo de ajustamento para concluir a identificação da terra indígena até o fim de 2011, mas o processo foi paralisado várias vezes por determinação da Justiça. Além disso, garantiu que a procuradoria do órgão recorrerá da decisão para que os índios guarani-kaiowá continuem na área.

Já em 2012, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu parecer recomendando que a demarcação de terras indígenas deve continuar em Mato Grosso do Sul. Ele se manifestou em recurso que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que suspendeu a demarcação de terras no estado atendendo a um pedido da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Femasul).

Para Gurgel, a demarcação assegura o interesse público e deve ser mantida, pois permite a promoção da ordem, economia e segurança pública. “Busca-se eliminar um conflito fundiário que não é risco hipotético, mas fato consumado. Do contrário, perduraria uma situação de grave ameaça à integridade física de inúmeros cidadãos e ao próprio patrimônio público". (AE)


Juiz decide por retirada de 170 Guarani Kaiowá da terra indígena Laranjeira Nhanderu

Com a justificativa de que a Fundação Nacional do Índio (Funai) não apresentou o relatório de identificação da Terra Indígena Laranjeira Nhanderu, onde vivem 170 indígenas Guarani Kaiowá em área invadida pela Fazenda Santo Antônio, município de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, o juiz que cuida do caso decidiu pela retirada os indígenas, que em tese terão de voltar para acampamento na beira da rodovia.
De acordo com relatos, a notícia desolou os Guarani Kaiowá. Os indígenas viviam em situação precária no acampamento à beira da rodovia, até a retomada e instalação do acampamento no interior da fazenda. Inúmeros casos de atropelamentos, suicídios e mortes por falta de assistência na área da saúde ocorreram no período em que ficaram às margens da rodovia.
No ano passado, órgãos federais queriam enviá-los para um terreno do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), na zona urbana de Rio Brilhante. Os indígenas se recusaram a abandonar o tekoha. O escadaloso é que o próprio DNIT entrou com açao contra os indíegnas de Laranjeira, para que não permanecessem na beira da estrada.
Segue carta escrita pela comunidade do tekoha Laranjeira Nhanderu direcionada às autoridades de Justiça. TEKOHA GUARANI-KAIOWÁ ÑANDERU LARANJEIRA-RIO BRILHANTES-MS, EM 26 DE JANEIRO DE 2012
Para: todas as autoridades das Justiças do Brasil.
Senhores juízes federais do Brasil, nós 170 membros (100 crianças, 30 idosos, 40 adultos) do povo indígena Guarani-Kaiowá da tekoha (terra) Ñanderu Laranjeira, vimos através desta carta explicitar as nossas vidas diárias diante da úlitma ordem de despejo expedida pela Justiça Federal em Dourados-MS. Em primeiro lugar, queremos contar a todos os juízes e sociedades que estamos coletivamente em estado de medo, desespero e dor profundo, já sobrevivemos em situação mísera e perversa há várias décadas.
Hoje no dia 26/01/2012, nós compreendemos claramente que nós não temos mais chances de sobreviver culturalmente e nem fisicamente neste país Brasil, visto que em qualquer momento seremos despejados de nossa área antiga reocupada por nós, portanto estamos com muita tristeza e perplexa, ao receber esta notícia da oficial da Justiça e da Polícia Federal e FUNAI. Já estávamos com a alegria praticando o nosso ritual sagrado dia-a-dia aqui em minúscula terra antiga reocupada Ñanderu Laranjeira em que retornamos nos últimos dois anos.
Aqui em pequeno espaço só passamos a praticar apenas os nossos rituais religiosos sagrados jeroky para preservar a nossas vidas e garantir a nossa sobrevivência como povo indígena originário do Brasil. Aqui em pequeno espaço de terra antiga somente estamos exclusivamente para sobreviver culturalmente, tentamos reeducar as crianças na nossa cultura para vida boa, por isso praticamos diariamente o ritual religioso sagrado onde transmitimos entre a nova geração o bom viver futuro teko porã para não se envolver nas violências adversas existentes em toda a parte do Mundo, queremos garantir a vida boa teko porã de todas as crianças indígena que estão nascendo e crescendo aqui em pequeno espaço de terra antiga Ñanderu Laranjeira.
Queremos sobreviver dignamente e culturalmente, com essa grande esperança retornamos e estamos aqui em pequena terra antiga. Nós não somos um povo indígena nocivo e nem destrutivo. Em torno de nosso acampamento há plantação de soja, nós aconselhamos-nos para não estragar e nem fazer mal a ninguém, respeitamos os não-indígenas os proprietários de lavoura de soja, mesmo que eles ameaças nossas vida diariamente de modo cruéis, impendido a estrada de nós, não deixando entrar para nós as assistências à saúde a os alimentos, etc. Diante disso, há dois anos, nós comunidades indígenas apenas rezamos para que eles (os brancos) compreendam a nossas vidas e nossas histórias antigas neste local, não agredimos ninguém porque o nosso ritual religioso controla a nossa vida e nosso comportamento diariamente, para isso rezamos e acabamos de construir uma casa de reza oga pysy nopequeno espaço de terra antiga. Hoje (26/01/2012) recebemos aviso triste da oficial da Justiça juntamente com a PF e FUNAI que seremos despejados as forças policiais em qualquer momento de nosso pequeno espaço antigo.
O lugar pequeno antigo em que estamos morando hoje há ainda muitas plantas medicinais ao longo de rio e córrego, há ainda sapé para cobrir a casa, por isso acabamos de construir várias casas de sapé. Aqui estamos felizes com as criançadas, rezando todas as noites, educando diariamente para que não se envolvam nas violências adversas. Aqui não ameaçamos a vida de não-índios e nem corremos risco de ameaças dos não-índios, por isso nos sentimos bem integralmente nesse pequeno espaço de nossa antiga.
Por essa razão, pedimos para permanecer aqui para continuar a prática de nossa cultura e garantir um futuro melhor de nova geração indígena para o país Brasil. Não queremos ser despejados daqui. Em outro espaço de terra distante não seremos felizes e nem seremos seguros para mantermos a nossa vida e prática culturais vitais já fortalecidos e preservados aqui no pequeno espaço antigo Ñanderu Larajeira. Não queremos perder mais a nossa nova geração (crianças e jovens) para o mundo de violências existentes tanto nas aldeias superlotadas quanto nas margens da perifeiras das cidades e rodovias, por isso contamos com a compreensão e atenção de Vossas Excelências para que possamos continuar sobreviver culturalmente aqui no pequeno espaço antigo Ñanderu Laranjeira em que iniciamos a nova vida boa longe das violências adversas existentes das aldeias superlotadas e das margens da BR.
Queremos sobreviver culturalmente e fisicamente aqui, queremos proteção e apoios vitais das Justiças do Brasil para garantir a nossa nova geração guarani-kaiowá neste país sem vítimas de violências perversas.
A partir de hoje, a princípio a nossa sobrevivência depende exclusivamente da Justiça do Brasil, por isso confiamos nas compreensões das Justiças do Brasil.
Aqui aguardamos as visitações e ações das Justiças do Brasil.
Atenciosamente,
Assinamos nós 170 membros (100 crianças, 30 idosos, 40 adultos) do povo indígena Guarani-Kaiowá da tekoha (terra) Ñanderu Laranjeira-Rio Brilhantes-MS. (

CIMI)


Asteroide do tamanho de ônibus passou perto da Terra nesta sexta

Um asteroide do tamanho de um ônibus passou de raspão pela Terra na noite desta sexta-feira, 27, informou o serviço de acompanhamento de asteroides da Agência Espacial Americana (Nasa).

O asteroide 2012 BX34 esteve a 60 mil quilômetros do planeta, um quinto da distância para a Lua, mas não apresentou risco de colisão, afirmaram os especialistas por meio do Twitter. Ainda assim, foi um dos objetos espaciais a chegar mais próximo da Terra.

"Não conseguiria passar intacto por nossa atmosfera", explicaram os cientistas do Observatório de Asteroides da Nasa.

Segundo calcularam os astrônomos, o asteroide mede cerca de 11 metros de diâmetro e viaja a 9,9 quilômetros por segundo, mas ainda assim foi catalogado dentro da categoria de "objetos pequenos".

"Asteroides tão pequenos como este são difíceis de detectar e felizmente não causam a menor preocupação. Nosso objetivo é encontrar os maiores", acrescentaram.

A Nasa detecta e rastreia habitualmente os asteroides e cometas que passam perto da Terra usando telescópios terrestres e espaciais por meio do programa "Spaceguard", para averiguar se algum deles poderia ser potencialmente perigoso para o planeta.

Em 2009, lançou o satélite explorador infravermelho (Wise, na sigla em inglês) com a missão de detectar a presença de objetos próximos à Terra, que permitiu elaborar um completo mapa de asteroides.

Segundo dados publicados pela Nasa em setembro do ano passado, há 19 mil e 500 asteroides de tamanho médio vagando perto da Terra. (AE)

Custo do depósito de lixo tóxico na Somália

Contaminado com lixo tóxico

Diogo Joaquim dos Santos

Segundo Vladislav Marjanovic, contribuinte no Radio Afrika International, "o que fazer quando o depósito de resíduos tóxicos custa 250 dólares por tonelada na Europa, e apenas 2,5 dólares na África? É o que se conclui do relatório do PNUE. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) não publica quaisquer dados relativos à quantidade de dejetos produzidos nas 430 centrais energéticas em atividade. É compreensível: o capital privado, que exerce controle sobre as organizações internacionais, dita as leis. E entre essas leias, a lei do silêncio".
Isso faz parte de um estudo completo atual sobre assuntos relacionados à Somália por Marjanovic. Estão sendo desenvolvidos alguns estudos acerca da participação e influência da máfia italiana, do governo chinês e das máfias locais somalis nos acordos de depósito de lixo tóxico em terras da Somália. Outros apontam para a desenfreada exploração ilegal em pescas internacionais por parte dos países desenvolvidos, em especial no Chifre Africano. Na grande maioria deles, o resultado esperado está se convergindo para a questão da pirataria, o que fez com que fossem produzidos documentários muito bem alicerçados ideologicamente e materialmente. Muitos defendem, sob esse aspecto, com a seguinte expressão: "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão". Porém, o fato que devemos discutir é de que esse panorama tenha um custo social tão alto como a fome, lugar-comum como maior problema na Somália, ou como a ampliada mobilização de marinhas de guerra sobre os somalis, em rumos contrários aos preceitos defendidos pela ONU.
Não se trata de tomar um dos lados da questão ou um dos ideais. Afinal, o cosmopolitismo, nesse tema, é comprovadamente impraticável. Se trata de uma questão de justiça social, econômica, qual carece de coerência por parte dos governos que tomaram à frente o projeto antipirataria, no modo mais inescrupuloso de resolução do problema. Esse projeto consciente de matança e espoliação da riqueza está impune há décadas, por quanto tempo mais o outro lado será punido?

Padre Toledo, um líder inconfidente

A casa de padre Toledo

Luiz Cruz

Portugal passou por uma calorosa ação cultural a partir da década de 1770, amplamente influenciada pelos ingleses e franceses. O iluminismo despertou interesses diversos entre os portugueses, especialmente na área agrícola e industrial, diante da possibilidade de inovar e abrir novas frentes de trabalho e aquecimento econômico. Em Lisboa, muitos impressos passam a incentivar novas técnicas para melhor explorar as colônias e amenizar a forte pressão da Inglaterra.

Em 1776, quem se encontrava na movimentada Lisboa era o Padre Carlos Correia de Toledo e Melo, quando foi nomeado Vigário Colado da Freguesia de Santo Antônio, da vasta e rica Vila de São José, da Capitania de Minas Gerais. O padre tomou posse da vigária e somente em 1777 chegou à localidade para assumir suas funções.

A Vila de São José, atual cidade de Tiradentes, foi a primeira da região do Rio das Mortes a ser ocupada e logo se tornou expressiva produtora de ouro. Seu território era muito grande, pois a Comarca do Rio das Mortes era dividida entre apenas as duas vilas irmãs: São José e São João, tendo o rio das Mortes como limite territorial.

Descendente de cristão-velho e irmão inconfidente

Carlos Toledo nasceu na Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté, Capitania de São Paulo, em 1731. Seus pais eram Timóteo Corrêa de Toledo e Úrsula Isabel de Melo. Trata-se de uma família de cristãos-velhos, muito voltada para a religião. Seu irmão Bento Cortes de Toledo também era padre e foi seu ajudante na Vila de São José. Outro irmão, Antônio de Melo Freitas, tornou-se franciscano e adotou o nome de Antônio de Santa Úrsula Rodovalho, tornando-se mais tarde bispo em Angola, na África. Duas de suas irmãs se tornaram freiras. Seu pai, depois de ficar viúvo tornou-se padre também.

O irmão Luís Vaz de Toledo Pisa se casou com Gertrudes Maria de Camargo, indo residir em Cotia e depois se instalou na Vila de São João del Rei. Sargento-mor da Cavalaria Auxiliar e assistente do Termo da Vila de São José, ele se envolveu com a Inconfidência Mineira e foi preso no dia 24 de setembro de 1789.

Ao chegar a São José, Padre Toledo já possuía boa situação econômica. Mandou construir um belo casarão na Rua do Sol, edificado em blocos de moledo, retirados do Alto da Pedreira, atrás de sua propriedade. Com amplos salões, sala de jantar, biblioteca e um sobrado místico – torreão. Um dos aspectos mais interessantes do casarão é o conjunto de forros pintados. O autor das pinturas ainda está anônimo. Dentre os forros, dois merecem destaque: o da sala de jantar em gamela, apresentando frutas regionais e o da alegoria dos cinco sentidos.

Toledo: entre os mais ricos

Ficou registrado através dos autos de sequestro, nos Autos de Devassa da Inconfidência Mineira. Registrou-se a descrição da casa, com seus muros e cavalariça, assim como os detalhes do interior: mobiliário, os utensílios, os objetos e os livros de sua biblioteca. Chama a atenção entre os itens listados a existência de muitas cadeiras, são vários conjuntos, sendo um de 12 cadeiras de caviúna do campo com assentos de tripé carmesim. De sua biblioteca foram sequestrados 105 livros. A casa recebia muitas visitas e tinha muitos escravos, dentre eles Leandro Angola, além de um cozinheiro e dois músicos: José Mina, que tocava trompa, e Antônio Angola, que tocava rabecão.

Padre Toledo tinha mais posses no Arraial da Laje, atualmente município de Resende Costa. Lá possuía uma fazenda e uma casa na sede, com escravaria, plantações de milho e feijão e terreno de mineração. Na paragem chamada Monte Alegre, Arraial de São Tiago, possuía terras minerais e mais escravos. Foi seu próprio irmão Padre Bento quem informou aos sequestradores sobre a existência de seu patrimônio particular. Depois, Padre Bento entrou com recurso, na sede da Comarca, alegando que os depositários desses bens não eram de sua confiança para gerenciar as propriedades.

Há um objeto curioso que fora sequestrado em sua fazenda do Arraial da Laje: um tear. O mesmo objeto fora confiscado entre os bens de Cláudio Manoel da Costa. Trata-se de um equipamento de uso proibido pela Coroa Portuguesa, porque todos os tecidos tinham que ser importados da Inglaterra. Curiosamente, o tear se tornou amplamente utilizado na localidade e atualmente é a principal fonte de renda do município de Resende Costa, empregando centenas de pessoas. O pesquisador João Pinto Furtado, em O Manto de Penélope, levanta todos os bens dos inconfidentes e a partir do patrimônio, analisa a situação econômica de cada um. Toledo figura entre os mais ricos.

“Tal dia será o batizado”

A Comarca do Rio das Mortes concentrou a maior parte dos inconfidentes, devido à mobilização liderada por Padre Toledo. É importante lembrar que nesse período, a comarca abrigava a maior população da capitania, enquanto Vila Rica tinha decréscimo populacional.

Em outubro de 1788, aconteceu a primeira reunião dos inconfidentes na Comarca do Rio das Mortes, que teve como pretexto o batizado de dois filhos de seu grande amigo Alvarenga Peixoto com Bárbara Heliodora – cujo casamento tardio, aliás, Toledo já havia oficializado. Tomás Após o batizado, Toledo ofereceu um banquete em sua casa, com a presença de muitos convidados, dentre eles: Luis Ferreira de Araújo e Azevedo (desembargador da comarca), Luís Vaz de Toledo Piza, Luís Antônio (Tesoureiro dos Ausentes) e obviamente: Toledo, Alvarenga e Gonzaga. Foi nesse dia em que se falou do movimento contra a Coroa Portuguesa e escolheram a senha para o levante: “tal dia será o batizado”. Comeram, beberam, sonharam: Gonzaga governaria por três anos, Bárbara Heliodora seria rainha, Alvarenga, o rei. Toledo seria o “Pontífice”. E “dizem que este Padre (Toledo) pensava, depois do levante, ser bispo desta capitania”, conforme depoimento, posterior. Luís Vaz completou: “...e eu, com este fagote cortaria, se necessário for, a cabeça ao General desta Capitania”, conforme registrado no Autos de Devassa, Vol. 4, página 138.

Vila Rica era sempre visitada por Padre Toledo, que se hospedava com o Desembargador Gonzaga. Em dezembro de 1788, estiveram reunidos na casa do comandante dos Dragões de Minas, Francisco de Paula Freire de Andrade. Alvarenga Peixoto fora convocado por Toledo, através de uma carta que dizia: “Alvarenga, Estamos juntos, e venha Vme. já. Amigo Toledo.” Para o levante, Toledo ofereceria 100 homens montados de suas propriedades e assegurou o apoio de São José, Borda do Campo e Tamanduá. Toledo ficou, ainda, de mobilizar São Paulo, a partir de Taubaté, onde ainda tinha parentes e para lá enviara um sobrinho citado como um “Claro de tal”.

O padre radical

Nas reuniões em que traçaram as primeiras medidas após o levante, Toledo estava presente com suas posições consideradas “radicais”. Havia divergências. Discutiram sobre o que fariam com o Visconde de Barbacena, queriam que fosse decapitado. Gonzaga queria a cabeça do General de Minas Gerais, pela qual Toledo suplicou. Gonzaga respondeu “que havia de ser o primeiro que havia de morrer”. Sobre os europeus que moravam na Capitania, Toledo queria que fossem “eliminados”. Havia, também, preocupação entre os conspiradores com a presença dos “mazombos” - os nascidos na América Portuguesa. Toledo previa uma guerra de três anos contra a Coroa Portuguesa, achava que ela se alastraria pelas demais capitanias da colônia. Tratou-se do tema escravidão e Toledo endossou a proposta de Alvarenga: alforriar os crioulos – escravos nascidos no Brasil e os mulatos. Nas reuniões, o iluminista mais citado era o Abade Raynal (1713/1796). Segundo Padre Toledo, o Abade Raynal ensinava “o modo de fazerem os levantes”.

Envolvido com a conspiração, o gerenciamento de suas propriedades agrícolas e de mineração, a vasta vigária da Freguesia de Santo Antônio, Toledo ainda conseguiu criar entreveros com os habitantes do Arraial de São Bento do Tamanduá (atual município de Itapecerica), que pertencia ao Termo de São José, mas eclesiasticamente esteve ligado a Curral Del-Rei. Tamanduá tornara-se uma comunidade expoente devido à pecuária e à mineração aurífera. Em oposição à vigária local, Toledo dirigiu-se à Tamanduá, mas não encontrou a chave da igreja, a população saíra da localidade, em protesto. Houve intervenção do comandante Inácio Correia Pamplona, mas o povo não arredou. O episódio é longo e amplamente documentado pelo pesquisador Waldemar de Almeida Barbosa.

Os fatos com Tamanduá se transformaram em processo, que foi parar no mais alto Tribunal Eclesiástico Português, a Mesa da Consciência e Ordens, em Lisboa. Em 1788, pensou viajar para Lisboa para se defender. Toledo era tido na Corte com um dos típicos vigários paroquiais, que como dizia o ministro Melo e Castro, com “excessivas e intoleráveis contribuições ... até agora têm opprimido e vexado os povos debaixo do especioso pretexto de direitos parochiaes...”

A traição

Se entre os participantes do movimento inconfidente havia homens muito ricos e ilustrados, havia também homens endividados. Os dois mais comprometidos financeiramente eram João Rodrigues de Macedo e Joaquim Silvério dos Reis. Considerando a possibilidade de ter sua dívida perdoada como prêmio, Silvério dos Reis fez a denúncia do movimento por escrito. Em seguida Inácio Correia Pamplona e Francisco Antônio de Oliveira Lopes também denunciaram da mesma forma. Outro que fez registro da denúncia foi o português Basílio de Brito Malheiros do Lago, através de carta encaminhada ao Visconde de Barbacena, datada de 15 de abril de 1789.

O Alferes Joaquim José da Silva Xavier fora preso no Rio de Janeiro, mas, mesmo tendo conhecimento do malogro do movimento, Toledo tentou incentivar o levante, dizendo “que mais vale morrer com a espada na mão do que como um carrapato na lama”. Toledo foi preso atrás da Serra de São José, quando tentava fugir, sendo conduzido para o Rio de Janeiro. Ficou preso na Ilha das Cobras.

Ao longo do processo instaurado pela Coroa Portuguesa, tornou-se óbvia a participação decisiva dos inconfidentes taubateanos na Comarca do Rio das Mortes. Tanto Padre Toledo quanto seu irmão Luís Vaz de Toledo Piza recebeu a sentença máxima: morte na forca, que era para os líderes da conspiração. Depois, a pena fora comutada para exílio perpétuo. Luís Vaz foi degredado para Angola, falecendo em Luanda, aos 68 anos de idade. Padre Toledo foi deportado para Lisboa, ficando enclausurado até a morte. Faleceu aos 72 anos, em 1803.

O imponente imóvel do padre

A casa do Padre Carlos Toledo da Rua do Sol se destacava das demais da Vila de São José. Ela figura entre os mais importantes exemplares da arquitetura colonial mineira. Outros inconfidentes habitaram casas imponentes e amplas, mas merece destaque a casa de João Rodrigues Macedo, que passou a ser conhecida como Casa dos Contos, em Ouro Preto. Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, no poema Fala a Comarca do Rio das Mortes faz um retrato impressionante da antiga Vila de São José, que ficara decadente por quase cem anos, devido ao abandono e esquecimento. Neste poema Cecília Meireles clama por Padre Toledo, seus sonhos libertários e sua casa:

“...– Que era paulista soberbo, / paulista de grande raça, / mação, conforme o seu tempo, / e a alegoria pintara / das leis os Cinco Sentidos / nos tetos de sua casa ...”

No livro Patrimônio Construído – As 100 mais belas edificações do Brasil, a Casa do Padre Toledo figura em quatro páginas, que mostram sua fachada, o interior e destaca a beleza dos forros pintados. O espaço foi tombado em 1938.

O imóvel setecentista teve usos diversos e sofreu intervenções, algumas muito significativas. No final do século XIX, adaptaram o torreão ao gosto afrancesado de “chalé”, com lambriques. Uma outra intervenção grande foi para adequá-lo para abrigar o cinema e teatro que lá funcionaram; nesse período, Antonio Faustino da Cruz (1919) ainda se lembra que vendia pastéis dentro da casa, antes das sessões de cinema. Foi residência do Juiz Edmundo Lins, no período em que Tiradentes fora comarca. Abrigou o Seminário São Tiago, criado pela Diocese de São João Del Rei e para isso se construíram anexos para os serviços e garagens; construiu-se uma quadra para as atividades esportivas dos seminaristas. Foi a primeira residência das freiras do Sacré Coeur de Marie.

No dia 24 de janeiro de 1971, inaugurou-se o Museu Casa do Padre Toledo, criado pela Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, hoje administrada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Logo após a implantação do museu, a quadra esportiva, que era usada por muitos jovens locais, teve seu piso destruído. Vários buracos foram abertos para o plantio de árvores tanto na quadra quanto em todo o terreno, segundo proposta do paisagista Roberto Burle Marx. As árvores cresceram muito, uma paineira trouxe expressivos danos à conservação do imóvel e, após atingir grande porte, teve que ser retirada.

O imóvel passou por uma grande restauração na década de 1940, realizada pelo IPHAN e coordenada diretamente por Rodrigo Mello Franco de Andrade, na época diretor do SPHAN. No início da década de 1960 teve outra obra e adequação para abrigar o seminário. Em 1982, realizou-se mais uma reforma. Especialmente as intervenções ocorridas nos forros foram bastante danosas. Ao longo da restauração, o forro do terreão desabou e sua reconstituição ficou a desejar. O mais curioso é que esta obra foi realizada pelo órgão de proteção do patrimônio estadual em um bem que tem dupla proteção federal, através do conjunto arquitetônico de Tiradentes e de tombamento isoladamente, ambos pelo IPHAN.

A restauração em curso

Teve início em 2010, ampla reforma estrutural e artística que está sendo realizada pela Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, através de projeto incentivado e patrocinado pelo BNDES. A restauração artística está cuidadosamente sendo realizada pelo CECOR – Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Escola de Belas Artes, da UFMG. A restauração artística está resgatando o belíssimo colorido e as formas em estilo rococó dos forros pintados.

Paralelamente às obras, pesquisas estão sendo realizadas e coordenadas pelos professores Luiz Carlos Villalta sobre o Padre Toledo e José Newton Coelho Meneses sobre o quintal da casa. O arqueólogo Carlos Magno Guimarães está coordenando as prospecções arqueológicas no porão e no terreno, onde existiam cavalariça, amurados, sistema hidráulico e senzalas. A professora Ivana Parrela é a coordenadora geral do projeto e o Museu Casa do Padre Toledo terá nova proposta museográfica e deverá ser reaberto em de 2012.

O ex-governador de Minas Gerais Juceslino Kubitschek criou a Semana da Inconfidência, que tinha abertura oficial em Tiradentes, com o acendimento da Pira da Liberdade dentro da Casa do Padre Toledo e, após a cerimônia, realizava-se a Corrida do Fogo Simbólico, que chegava a Ouro Preto no dia 21 de Abril. Na cerimônia ouropretana, o Governo mineiro entrega, ainda, a maior condecoração do Estado: a Medalha da Inconfidência Mineira. Lamentavelmente, a partir a gestão do governador Aécio Neves, o Estado de Minas Gerais deixou de realizar a Semana da Inconfidência. O Largo do Sol, com a Casa do Padre Toledo ao fundo, é o cenário das cerimônias cívicas da cidade de Tiradentes.

* Luiz Cruz é professor e coordenador das Visitas Guiadas às obras artísticas da Casa do Padre Toledo.

 
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