segunda-feira, 11 de julho de 2011

MPF apura participação do BNDES na fusão Pão de Açúcar - Carrefour

O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) informou nesta segunda-feira (11) que instaurou no dia 7 de julho procedimento preparatório para apurar o interesse público no uso de recursos federais – pela BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na operação que pode resultar na fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e Carrefour. Segundo o MPF, a medida foi tomada para que seja melhor apurada não apenas a origem dos recursos financiados na ação, mas também verificar se há interesse social que os justifique, de forma a esclarecer como é feita a escolha dos projetos a serem financiados pelo Banco.

"Para apurar melhor a situação, o MPF-DF encaminhou ofício para o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, solicitando esclarecimentos, tais como: qual a modalidade de apoio financeiro – operação direta, indireta ou mista – requerida pelo Grupo Pão de Açúcar; se o grupo atende aos requisitos mínimos para pleitar o financiamento; quais os critérios para a adoção de prioridades nos investimentos do BNDESPar; de onde provêm ou como serão captados os recursos a serem utilizados", infomou o Ministério Público, em nota.

Segundo o órgão, outro ofício também foi expedido ao Secretário Federal de Controle Interno da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Agapito Teixeira, para que seja informado se alguma auditoria já foi realizada no BNDESPar sobre os financiamentos concedidos a empresas privadas.

Conforme os pedidos, as informações solicitadas devem ser encaminhadas ao MPF/DF no prazo de 15 dias após o recebimento das requisições.

O projeto de fusão, que não é aceito pelo grupo francês Casino, rival do Carrefour e sócio do Pão de Açúçar, prevê a fusão dos ativos brasileiros do Carrefour com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). A proposta foi apresentada no dia 27 de junho pela empresa brasileira Gama, que pertence ao fundo BTG Pactual, do investidor André Esteves, com o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para acontecer, a fusão precisa ser aprovada pelos acionistas e também pela área técnica e diretoria do BNDES. Pela proposta, o BNDESpar, braço de investimento do banco estatal, estatal entraria com R$ 3,91 bilhões no negócio e o BTG Pactual com R$ 690 milhões. Ambos se tornariam sócios do Pão de Açúcar. A participação do BNDES no negócio foi alvo de muitas críticas.

No dia 30 de junho, o BNDES disse que "confia no entendimento das partes envolvidas", e que, se Pão de Açúcar e Casino chegarem a um acordo, participará do negócio porque o projeto tem "alto potencial de criação de valor para todas as partes envolvidas". No dia 1º de julho, divulgou outra nota dizendo que o apoio ao projeto "baseia na premissa do entendimento amigável entre todos os atores privados". (G1)

Canalhas: Denúncias indicam desvio de verbas destinadas à Região Serrana no Rio

Seis meses depois das chuvas que provocaram 918 mortes na Região Serrana do Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal e o Tribunal De contas da União apuram denúncias de corrupção.

Segundo as investigações, logo depois da maior tragédia natural do país, autoridades de algumas cidades atingidas teriam desviado parte dos R$ 30 milhões destinados pelo Governo Federal à reconstrução de sete municípios.

Pouco mudou desde aquela madrugada de 12 de janeiro e vítimas preferiram não esperar pela ajuda do poder público.

“Começamos a fazer a limpeza nós mesmos. A gente mesmo porque estamos cansados de esperar”, disse Maximiliano Cardoso, da Associação de Vítimas de Teresópolis.

A maioria das obras emergenciais ainda não saiu do papel. Em algumas aéreas, há perigo por todos os lados. Encostas podem deslizar. Se não bastasse toda essa preocupação, moradores de Teresópolis foram surpreendidos por denuncias de corrupção, esquemas que teriam sido fechados poucos dias depois da tragédia.

Uma reportagem publicada no domingo (10) pelo jornal “O Globo” afirma que, em troca de perdão judicial, um empreiteiro denunciou que os habituais 10% de propina para aprovação de contratos saltaram para 50%, por conta do grande repasse de verbas por causa das chuvas.

Segundo a reportagem, o Ministério Público Federal investiga se os ex-secretários municipais de governo e de obras de Teresópolis estavam à frente da negociação.

Um relatório do Tribunal de Contas da União revela outras irregularidades, como empresas prestando serviços na mesma localidade, no mesmo dia, e que, mesmo dois meses depois da tragédia, serviços foram prestados sem contratos assinados e nem empenho de despesa.

O prefeito de Teresópolis, Jorge Mário, negou as irregularidades: “Não tenho reconhecimento disso, não permito esse tipo de prática no nosso governo. Eu não tenho conhecimento de nenhuma investigação no Ministério Público. Parece uma notícia fantasiosa”.

Nova Friburgo foi outro município devastado pelas chuvas. Em alguns bairros, os cenários ainda são de destruição completa.

Um relatório do Ministério Público Federal mostra que pode ter havido desvio de parte dos R$ 10 milhões que deveriam ser usados para a recuperação da cidade.

Segundo a investigação, a Fundação Municipal de Saúde não se preocupou em fazer um levantamento do material médico-hospitalar que seria necessário para atender as vítimas da catástrofe. Comprou, sem licitação, uma quantidade suficiente para manter os hospitais funcionando por meses.

O prefeito em exercício, Dermeval Moreira, contestou as denúncias. “Tenho minha vida sempre pautada na honestidade. A prefeitura não deve um tostão”, ele afirmou.

“O que é que estão fazendo com esse dinheiro? Por que a gente está assim, largado à própria sorte?”, questiona Maximiliano.

O ex-secretário de Governo de Teresópolis José Alexandre Almeida negou as acusações e declarou que não acompanhava processos de licitação, nem contratações feitas pela prefeitura. o ex-secretário de Obras Paulo Marquesine não foi encontrado para comentar as denúncias.

Dilma virá amanhã (12) ao Paraná. Requião não foi convidado e acusa o golpe

Dilma busca 'agenda positiva' no PR

A presidente Dilma Rousseff lança amanhã o Plano Safra de Agricultura Familiar 2011/2012 em Francisco Beltrão, município da região Sudoeste do Paraná. É a primeira vez que Dilma visita o estado depois de tomar posse. A região também é considerada berço eleitoral da petista e reduto da nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que vai acompanhar a presidente na viagem. No segundo turno das eleições presidenciais, em 2010, Dilma bateu o tucano José Serra em todos os 37 municípios do Sudoeste do Paraná. Só em Francisco Beltrão, cidade com 56.030 eleitores, Dilma obteve 25.698 votos ou 45,8% do total, no segundo turno. O evento no sudoeste do Paraná é tido como importante para a presidente fugir da crise política que perdura há várias semanas em Brasilia.

A necessidade de ter uma "agenda positiva" hoje é destacada por fontes do governo na região. Ontem, a assessoria da presidência confirmou que a presidente deveria pernoitar em Chapecó, no Oeste Catarinense, e seguir, de helicóptero, na manhã desta terça-feira para Francisco Beltrão. Há duas semanas, o mau tempo obrigou a presidente a cancelar o evento, marcado para 1º de julho. Para não correr riscos, os ministros Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) teriam aconselhado a presidente a embarcar de Brasília para Chapecó no dia anterior.


O evento está marcado para as 11h da manhã no Centro de Eventos do Parque Jayme Canet Júnior no bairro Miniguaçu. O governador do Paraná, Beto Richa também confirmou presença.


Esta é a primeira vez nos governos petistas que o Plano Safra é lançado fora de Brasília. Em 2005, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto (PT), chegaram a planejar o lançamento do pacote agrícola na cidade de gaúcha de Santa Rosa, mas o mau tempo impediu o desembarque no local e a solenidade foi transferida.


O Plano Safra prevê o investimento de R$ 16 bilhões do governo federal para as operação de custeio e investimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo Arnoldo de Campos, diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a escolha do município de Francisco Beltrão para o lançamento do Plano Safra é simbólica.


- Há 20 mil agricultores familiares no município e 302 mil no Sudoeste do estado. Foi em Francisco Beltrão que nasceu o Pronaf, o cooperativismo de produção e a agroindústria familiar. Por isso a importância da região para o desenvolvimento agrário do país - disse Arnoldo de Campos.



Requião acusa o golpe:





Planalto confirma Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes


O ministro interino dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, foi convidado nesta segunda-feira, 11, pela presidente Dilma Rousseff a assumir a titularidade da Pasta. O convite foi aceito, confirmou o Palácio do Planalto por meio de nota. Como amanhã Dilma viajará a Francisco Beltrão (PR), a posse de Passos deverá ocorrer somente na quarta-feira, 13. (AE)

Ação apreende 11 toneladas de maconha e cocaína na fronteira

Em trinta dias de ações integradas na fronteira do Brasil com dez países da América do Sul, a Operação Sentinela apreendeu 11 toneladas de maconha e cocaína. O volume é quase duas vezes superior ao que foi apreendido no mesmo período do ano passado, em junho de 2010. A informação faz parte do balanço do Plano Estratégico de Fronteiras, divulgado hoje pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O plano foi lançado pela presidente Dilma Rousseff no dia 8 de junho e se destina a intensificar as operações de combate ao tráfico de drogas e de armas nos 11 Estados brasileiros que fazem fronteira com os países vizinhos. Participam das ações a Polícia Federal (PF), a Força Nacional e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O Plano Estratégico de Fronteiras prevê a integração da Operação Sentinela com a Operação Ágata, que é realizada periodicamente pelas Forças Armadas, sob o comando do Ministério da Defesa.

O ministro da Justiça se disse surpreso com o excelente desempenho das operações, o que demonstra que o governo está no caminho certo. "Melhoramos significativamente, mas há muito que fazer. A guerra não está ganha", afirmou Cardozo, explicando que a estratégia prevê também acordos com os governos dos países vizinhos para a eliminação de drogas do outro lado da fronteira.

Denúncias nos Transportes

Na ocasião, em entrevista a jornalistas, Cardozo fez menção às investigações das denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. Ele informou que já encaminhou para a PF o pedido do PSDB e de outros partidos de oposição para que sejam rigorosamente investigadas as denúncias de cobrança de propina em obras conduzidas pelo ministério.

Cardozo disse que a PF já investiga regularmente denúncias na área dos Transportes há anos, mas que a PF analisará se há no pedido da oposição fatos novos que justifiquem a abertura de novos inquéritos. Para tanto, vai aguardar também a auditoria que a Controladoria-Geral da União (CGU) vem realizando nos contratos da pasta, a mando da presidente Dilma Rousseff.

E a marolinha se torna tsunami: Bovespa cai 2,10% para o nível mais baixo desde 26/5/2010

Comentário: Em um país de economia dependente como é o Brasil em um mundo cuja economia está globalizada ao contrário do que o Lula disse qualquer marolinha lá fora poderá provocar um tsunami aqui dentro. Os efeitos da crise global não nos atingiram mais duramente ainda a nossa economia até o ano passado pelo fato do governo federal durante o mandato Lula ter liberado o crédito para os de baixa renda sem que estes tivessem qualquer capacidade real de endividamento, o que provocou o consumo sem que este fosse fruto de poupança.

A capacidade do povo se endividar esgotou e hoje o consumo dá lugar a inadimplência. Sem consumidores economia desaquece e a desindustrialização é o o que dá tônica ao atual momento vivido pela economia brasileira e com ela virá o desemprego em massa.

Só não estamos piores por causa das commodities vendidas principalmente aos mercados asiáticos, pois os nossos produtos industrializados por causa das altas taxas de juros inviabilizando o financiamento a produção somadas com as altas taxas de impostos e a valorização artificial do real, enquanto o dólar e outras moedas fortes são desvalorizadas artificialmente, fazem os nossos produtos ficarem pouco competitivos no mercado externo.

Bovespa cai 2,10% para o nível mais baixo desde 26/5/2010

"O temor de contágio da crise da dívida grega para outros países da Europa gerou uma onda de aversão a risco que derrubou as ações pelo globo. A Bolsa brasileira acompanhou a derrapagem externa e o índice Bovespa caiu mais de 2%, para o pior nível em mais de um ano. Apenas nove ações não encerraram no vermelho.

O Ibovespa terminou o dia em baixa de 2,10%, a segunda maior perda porcentual de 2011 (atrás apenas da queda de 2,36% registrada em 9 de fevereiro). Em pontos, o fechamento situou-se em 60.223,63, o menor nível desde os 60.190,36 pontos de 26 de maio do ano passado. Na mínima do pregão de hoje, o índice registrou 60.098 pontos (-2,30%) e, na máxima, 61.502 pontos (-0,02%). Com o resultado de hoje, a perda acumulada em julho já atinge 3,49%. No ano, a queda é de 13,10%. O giro financeiro totalizou R$ 5,17 bilhões na sessão desta segunda-feira. Os dados são preliminares.

Uma reunião entre ministros de Finanças da zona do euro turbinada pela participação de autoridades como o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, deixou os investidores com a pulga atrás da orelha com a Itália e eles trataram de se proteger. Venderam ativos de risco e imputaram perdas às commodities (matérias-primas negociadas em bolsa) e às ações.

A Itália já havia ganhado os holofotes na sexta-feira, com os rumores de que seu ministro das Finanças, Giulio Tremonti, estaria perto de renunciar ao cargo depois de ser criticado pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Depois, a agência de classificação de risco Moody's levantou dúvidas sobre o plano de austeridade do país.

A preocupação dos investidores é que novos problemas vão aparecendo sem que os antigos desapareçam, caso da Grécia. Há ainda o temor de mais alta de juros na China, já que o último dado de inflação foi elevado, e preocupação com a evolução débil da economia norte-americana. Para finalizar, a inflação no Brasil segue pressionada e chama mais taxa de juros.

Assim, na Europa, o índice FTSE-100 da Bolsa de Londres foi o que menos caiu, 1,03%, enquanto em Milão o índice FTSE MIB caiu 3,96%, para 18.295,19 pontos e, em Lisboa, o índice PSI 20 teve queda de 4,28%, para 6.844,98 pontos. O índice ASE, da Bolsa de Atenas, perdeu 2,58%, para 1.218,88 pontos.

Em Nova York, o Dow Jones recuou 1,20%, aos 12.505,76 pontos, o S&P-500 perdeu 1,81%, aos 1.319,49 pontos, e o Nasdaq caiu 2%, aos 2.802,62 pontos.

Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo para agosto recuou 1,09%, a US$ 95,15 o barril. Os metais fecharam em baixa em Londres: o contrato do cobre para três meses fechou a sessão em queda de 0,9%, para US$ 9.570 a tonelada.

Na Bolsa brasileira, as blue chips recuaram, mas os setores financeiro e de siderurgia registraram perdas bem mais acentuadas. Petrobrás ON recuou 1,66%, Petrobrás PN caiu 1,24%, Vale ON cedeu 0,86%, Vale PNA recuou 1,06%, Gerdau PN teve perda de 2,57%, Metalúrgica Gerdau PN caiu 1,98%, CSN ON, -3,53% e Usiminas PNA, -4,17%.

Itaú Unibanco PN caiu 3,69%, Bradesco PN, -3,02%, BB ON, -2,82%, e Santander unit, -2,75%." (AE)

Rede de silos-pulmão aumentará produção da Ferroeste e do porto

A Ferroeste, a Codapar, a Claspar e o Porto de Paranaguá estão envolvidos, com apoio da Secretaria de Infraestrutura e Logística, em um projeto de R$ 11 milhões para a criação de um corredor de exportação, dotado de silos-pulmão que devem ser distribuídos em estruturas logísticas pré-existentes nas cidades de Cascavel, Guarapuava, Araucária, Maringá, Ponta Grossa e Paranaguá. “É um projeto conjunto de multimodalidade”, disse o presidente da Ferroeste, Maurício Querino Theodoro, “que nasceu da necessidade da ferrovia”.

Os pátios da Codapar, hoje subutilizados, serão readequados, com estacionamento, refeitórios, banheiros e logística de TI (informática) interligada ao porto. Os estacionamento de caminhões servirão para armazenar temporariamente e classificar os granéis destinados à exportação. A descida de veículos será controlada pela administração do porto, eliminando as filas. A Conab, órgão do governo federal, que também possui armazéns deve participar do projeto.

Theodoro acredita que em dois anos poderá ser implantado o “selo Paraná”, que vai garantir a qualidade do produto exportado no Estado, com certificação de origem. A carga transportada no território paranaense terá um lacre com chip, explica, e se os caminhões demorarem mais de 30 minutos na escala de chegadas, será feita nova classificação no porto, para evitar fraudes. Em relação a prazos, segundo Theodoro, já em 2012 “o Corredor Oeste deve entrar em operação”.

Entre as vantagens do projeto, o presidente da Ferroeste menciona o fim da fila de caminhões na BR 277. Com silos da Ferroeste, Codapar e Conab, também deve aumentar a capacidade estática do porto em 50%, que hoje é de 557.340 toneladas. O aumento na velocidade do fluxo de liberação de cargas, dos atuais 1.800 para 4.100 caminhões/dia, é outra vantagem, sem contar o aumento da produção da Ferroeste em 35%, antes mesmo da ampliação prevista das linhas.
De acordo com Theodoro, “o projeto não exclui todas as outras medidas necessárias, como a ampliação da Ferroeste, mas dá sobrevida à ferrovia”. O investimento será diluído em cinco ou seis anos, estima o presidente da empresa.

A "bolha" brasileira crescendo: Inadimplência tem a maior alta semestral em 9 anos

Comentário: Se para os norte americanos a "bolha" foi imobiliária a nossa é a da linha branca. Quando durante a campanha passada o Lula liberou os empréstimos pelas linhas de crédito para os de baixa renda, estimulando este segmento mal remunerado da sociedade ao consumo, mas não pelo excesso de poupança e sim pelo endividamento com o uso do "dinheiro de plástico" a juros estratosféricos, estava claro que mais para frente estes consumidores iriam ficar inadimplentes. O povo, iludido com o discurso de que os preços tinham baixados, comprou um produto (geladeira, fogão, micro-ondas, etc.) e agora paga por três, o que leva a milhões de brasileiros ficarem dependurados no SEPROC e no SERASA. Como resultado temos um povo falido e sem crédito e os bancos e demais financeiras ganhando como nunca, pois no fim das contas estes nunca perdem.

Inadimplência tem a maior alta semestral em 9 anos
A inadimplência no primeiro semestre desse ano subiu 22,3% em relação ao mesmo período de 2010, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor. Trata-se do maior aumento em nove anos. Segundo os economistas da instituição, o crescimento da inadimplência no semestre é justificada pelos efeitos da política monetária para controle da inflação, alta dos juros, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e encarecimento do crédito.

Ainda de acordo com os economistas, a evolução ocorreu em quase todas as modalidades de pagamento, excluindo apenas os protestos. O consumidor enfrenta uma redução no poder aquisitivo e o crescente endividamento dificulta o pagamento das dívidas assumidas anteriormente.

Eles chamam atenção para o crescimento da inadimplência com cheques, devido a vários segmentos do varejo intensificarem o uso do pré-datado, para contornar os custos com cartões de crédito e para aliviar o consumidor do maior IOF.

Comparações. A inadimplência do consumidor também apresentou crescimento nas comparações mensais e anual. Na relação mensal, o índice perdeu o fôlego e registrou alta de 7,9%, na comparação com maio. Na análise anual, o indicador apontou crescimento de 29,8% (em maio o percentual foi de 21,7%), representando o maior aumento desde maio de 2002.

Na decomposição do indicador, a inadimplência com os bancos foi a principal responsável pela alta do índice mensal, com aumento de 8,1% (contribuição de 3,8 pontos percentuais na variação total). As dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água), e os cheques sem fundos também colaboraram para a alta do indicador com variação de 5,4% (2,2 p.p) e 18,9% (2,1 p.p), respectivamente. Os títulos protestados não permitiram que o índice subisse pouco mais e apresentou queda de 11,7%, com contribuição negativa de 0,2%. (AE)


Tremendo cara de pau: No Senado, Eunício Oliveira nega ter fraudado licitação da Petrobrás

Comentário: Todo dia surge um novo escândalo e junto com eles a negação por parte das partes envolvidas que tenham relação com estes crimes. O senador Eunício, que é dono de 50 % da empresa Manchester, sendo que está foi uma das principais doadoras de sua campanha, e agora teve a cara de pau em dizer que "desde 98 não tem mais nada com os negócios da empresa". Será que ele, um péssimo político oligarca patrimonialista, acredita que somos um país de trouxas?

"O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) defendeu-se nesta segunda-feira, 10, da reportagem publicada no domingo, 9, pelo jornal O Estado de S. Paulo que mostra o envolvimento da empresa dele em uma fraude em licitação no valor de R$ 300 milhões da Petrobrás. Aos senadores da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, da qual é presidente, Eunício afirmou que está afastado do comando dos negócios de sua empresa desde 1998. "Não tenho nenhuma ingerência", disse. "Minha vida é dedicada ao meu País", completou.

Eunício Oliveira é dono de 50% da Manchester, empresa que doou R$ 400 mil à sua campanha ao Senado em 2010. A reportagem do jornal mostra que a Manchester soube com antecedência da relação de seus concorrentes e os procurou para fazer acordo. No dia 30 de março, um dia antes da entrega das propostas, um diretor da empresa de Eunício reuniu-se por mais de duas horas com a Seebla Engenharia, uma das empresas convidadas pela Petrobrás para participar da concorrência, destinada a prestar mão de obra terceirizada para a Bacia de Campos.

A Seebla não teria topado um acerto e ofereceu uma proposta de R$ 235 milhões, R$ 64 milhões menor do que a oferta da Manchester. A estatal, no entanto, desclassificou a Seebla e declarou a Manchester como a primeira colocada. Antes dessa licitação, a empresa de Eunício já recebeu R$ 57 milhões da Petrobrás sem licitação." (AE)

Ainda bem: ANTT confirma que não houve proposta para leilão do trem-bala, obra que não é prioridade

Comentário: A obra está orçada pelo governo em 30 bilhões, mas muitos afirmam que ela não será terminada por menos de 50 bilhões.

Com tantas necessidades estratégicas para serem viabilizadas prioritariamente na área de infra-estruturas voltadas para os transportes (ferrovias, hidrovias, navegação de cabotagem, etc.) é no mínimo um péssimo investimento para o país priorizar o trem bala.


"Como já era esperado pelo mercado, a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) confirmou há pouco nesta segunda-feira, 11, via Assessoria de Imprensa, que não houve nenhuma proposta para o leilão do trem-bala brasileiro, planejado para ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

Apesar da recomendação do Tribunal de Contas da União de alterações no edital e dos pedidos do setor privado para uma postergação do processo licitatório, o governo decidiu manter para esta segunda a entrega das propostas. Mas no período estipulado, de 9 às 14 horas, nenhum investidor apareceu para esse fim na BM&FBovespa.

O leilão estava marcado para o próximo dia 29. Mas como ocorreu o chamado no show, o governo deverá dar um novo prazo ou suspender o processo. Às 17 horas, o diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, dará entrevista coletiva na sede da agência para prestar maiores esclarecimentos sobre o processo daqui para a frente. Avaliado pelo governo em R$ 30 bilhões, o projeto do trem-bala ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro já foi adiado outras duas vezes.

O terceiro pedido de adiamento, não aprovado, havia sido feito por três consórcios. O consórcio chamado TAV Brasil, conhecido também como grupo dos coreanos, pediu o adiamento do processo em 45 dias. A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), solicitou uma postergação de seis meses. Já a Agência de Desenvolvimento de Trens Rápidos entre Municípios (ADTrem), entidade que agrega os fabricantes de trens, pediu o adiamento sem especificar datas." (AE)

Feirão de armamentos e drogas no Rio

Na definição do secretário responsável pela pasta, José Mariano Beltrame, “foi o 11 de setembro da Segurança Pública do Rio”. Era manhã de sábado, 17 de outubro de 2009. Com o fogo espalhando-se pela fuselagem, o helicóptero Fênix 3 da Polícia Militar desapareceu entre os barracos do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. A cena era cinematográfica. O aparelho fez um pouso forçado em um campo de futebol e, em poucos segundos, foi tomado pelas chamas. Morreram três dos seis policiais a bordo. O helicóptero foi atingido no ar por tiros de fuzil disparados por traficantes que enfrentavam a polícia em terra. Abatido, como se o Rio estivesse em gerra civil.

Ao comparar o atrevimento antiaéreo dos traficantes ao atentado terrorista que derrubou as Torres Gêmeas em Nova York, Beltrame explicitou para a sociedade aquilo que a comunidade de segurança estava cansada de denunciar em reuniões oficiais: a escandalosa omissão do governo federal na luta contra o tráfico de armas. Por ser Beltrame um delegado da Polícia Federal cedido ao governo do Estado, sua afirmação ganhou ainda mais peso. Na prática, criou um fato político que não poderia ficar sem resposta.

A reação veio da Procuradoria da República. O órgão instaurou um procedimento e passou a investigar a atuação da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal no Rio de Janeiro no combate ao tráfico de armas. O inquérito, que já tem mais de 30 volumes, foi produzido ao longo de um ano e meio e revela um quadro alarmante. As principais conclusões:

1) policiais e servidores pagos para combater o ingresso de armas ilegais no país estão sob suspeita de formar quadrilhas engajadas em facilitar a ação dos criminosos;

2) depoimentos de delegados federais à Procuradoria revelaram uma briga interna na Polícia Federal do Rio que, segundo os procuradores, fragilizou ainda mais as investigações;

3) o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, e os portos do Rio de Janeiro e de Itaguaí são verdadeiras peneiras para a entrada de armas e drogas.

O cenário descrito pelos procuradores seria preocupante em qualquer circunstância. No caso do Rio, chama ainda mais a atenção porque a cidade deverá abrigar a final da Copa do Mundo de 2014 e sediar a Olimpíada de 2016. Durante esses dois eventos, a atenção do mundo estará concentrada no Rio. Antes deles, seria bom impedir que marginais tivessem acesso a armas capazes de derrubar helicópteros e atingir as forças policiais a quilômetros de distância.

122 traficantes foram presos no Galeão em 2008, em relação aos 39 em 2010. A cocaína apreendida caiu pela metade

Os procuradores identificaram os primeiros sinais da existência de uma “organização criminosa” a partir do depoimento do policial federal Adir Cardoso Meirelles, em junho do ano passado. Ele disse que existia uma quadrilha no Galeão, envolvendo funcionários da Receita e policiais. O grupo facilitaria o contrabando de mercadorias diversas, incluindo o tráfico de armas pesadas. Meirelles contou que seis malas com componentes eletrônicos para a máfia dos caça-níqueis, avaliados em R$ 1 milhão, foram deixadas dentro de um avião da empresa Delta que vinha dos Estados Unidos no final de 2009. O dono da bagagem teria fugido ao ser alertado por policiais ou funcionários da Receita de que havia uma operação para prendê-lo. Meirelles afirmou que as malas pertenceriam a Fernando Duarte Santiago Rodrigues. Apontado pela PF como um grande contrabandista, Rodrigues entrou e saiu aproximadamente 100 vezes do Brasil entre o final de 2007 e junho de 2010. O policial disse que passou a enfrentar falsas acusações porque continuava empenhado em prender Rodrigues. “Um agente da polícia me procurou dizendo que as câmeras do aeroporto tinham me gravado extorquindo US$ 1.000 de um passageiro e que eu havia cobrado muito porque fiscais da Receita cobram apenas US$ 250 por mala”, afirmou.

A partir dessas denúncias, o esquema no Galeão começou a se confirmar. Rodrigues foi preso em fevereiro deste ano no aeroporto. Quando foi pego, estava com uma carga mais modesta. “Material eletrônico e suplementos vitamínicos”, segundo o relatório da PF. Acabou liberado um dia depois. A reportagem de ÉPOCA não o localizou.

O depoimento de outro policial reforçou a suspeita de que uma quadrilha opera no aeroporto. O delegado federal Leonardo de Sousa Gomes Tavares, que chefiou uma das equipes da PF no Galeão, encaminhou a denúncia sobre malas milionárias à Corregedoria e depois ao serviço de inteligência da Polícia Federal. Aos procuradores, disse que o então superintendente da PF no Rio, Ângelo Gioia, ao assumir o cargo no final de 2008, “desmontou a capacidade” de fiscalização no aeroporto, deixando apenas dois policiais no combate ao tráfico de armas e drogas. Antes, eram ao menos sete. Desse modo, despencaram as apreensões de entorpecentes, segundo afirma Tavares.

As estatísticas sobre prisões e apreensões corroboram o depoimento dele. Em um relatório enviado ao Ministério Público na semana passada, a PF informa que houve 122 prisões de traficantes no Galeão em 2008, em relação às 39 no ano passado. No mesmo período, a quantidade de cocaína apreendida caiu pela metade, para 179 quilos em 2010. Apenas duas armas foram apreendidas nos últimos três anos. Segundo informações da Receita Federal, apenas 3% das cargas do Galeão passam por vistoria completa dos fiscais, que analisam tanto a documentação quanto o conteúdo da mercadoria que chega. O índice é considerado baixo pela Procuradoria. Nos últimos três anos, a Receita apreendeu 161 quilos de drogas no aeroporto.

Logo depois de ouvir o delegado Tavares, o procurador Marcelo Freire mandou um ofício ao então superintendente Gioia, que deixou o cargo em março deste ano e tornou-se adido em Roma. Ele queria saber se havia alguma investigação aberta diante “da possível existência de uma organização criminosa no âmbito do aeroporto internacional com suposta participação de servidores da Receita e Polícia Federal”. Questionou também sobre a redução de apreensões de drogas.

EFEITO E CAUSA
No Morro dos Macacos, Rio, um helicóptero da PM é derrubado por traficantes em 2009. No Galeão, um policial revista cargas com o auxílio de cachorro. Brigas internas fragilizam as investigações

A reação de Gioia levantou ainda mais suspeitas. Ele mandou abrir processo disciplinar contra Tavares, com base nas declarações por ele prestadas à Procuradoria. Isso poderia levar à demissão do policial. Os procuradores Freire e Fábio Seghese, responsáveis pelo inquérito, interpretaram a medida como crime de coação contra uma testemunha. E moveram ação penal contra Gioia e outros dois delegados envolvidos no processo disciplinar aberto contra Tavares. No final deste mês, vários delegados da PF no Rio serão ouvidos pela Justiça Federal no processo contra o ex-superintendente.

De Roma, por e-mail, Gioia respondeu às perguntas de ÉPOCA. “Sobre essa denúncia (de coação) promovida pela Procuradoria, eu me defenderei oportunamente. Trata-se de disputa institucional por eu ter negado o acesso aos procuradores de dados de inteligência que não guardassem relação com investigações policiais”, afirmou.

Gioia disse ainda que desconhece a existência de quadrilha de contrabando de armas e tráfico de drogas atuando de forma organizada no aeroporto. “Alguns servidores foram ouvidos (pela Procuradoria) e devem ter falado contra a minha administração em razão de terem interesses contrariados, notadamente os que foram substituídos no aeroporto, o que deveria ser encarado como rotina”, afirmou Gioia. Ele diz que, durante sua gestão, “não houve qualquer desmonte na estrutura investigatória”.

Embora negue saber da existência de quadrilhas, o ex-superintendente da PF no Rio enviou aos procuradores dois relatórios de inteligência que apontavam suspeitas de esquemas no Galeão. O primeiro deles, datado de agosto de 2010, relata que o delegado Rodrigo de Sousa Alves e sua mulher, também policial, ganharam no final de 2008 uma viagem a Angola, ao custo de R$ 10 mil. O presente foi dado por um empresário com negócios de exportação no país africano. O documento também informa que Alves vendeu um apartamento por R$ 285 mil ao empresário e que esse preço estaria acima do praticado no mercado. Por fim, o documento informa que o delegado tinha outro apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, avaliado em R$ 500 mil.

Graças a esses relatos, Alves ficou afastado oito meses da PF. Ele disse a ÉPOCA que provou sua inocência ao ser absolvido pela comissão de disciplina interna e já voltou ao trabalho. O policial confirma que ganhou as passagens do exportador Valdomiro Minoru Dondo, com um grupo de 40 pessoas. Ele diz que era amigo do empresário muito antes de virar delegado e que aceitar a viagem não representaria conflito de interesses com sua função na polícia. Argumenta ainda que foi sua mãe, e não ele, quem vendeu um apartamento para Dondo. E nega ser dono de imóvel na Barra.

O procurador Seghese espera receber o relatório da comissão de disciplina da PF que apurou o caso de Alves. No inquérito movido pela Procuradoria ele não é investigado. Figura como testemunha, pois foi um dos delegados que denunciaram a queda na apreensão de drogas dentro do aeroporto na gestão do ex-superintendente Gioia. Gioia enviou o relatório contra o delegado Alves duas semanas após ele ter prestado depoimento à Procuradoria –, mas nega ter sido um ato de represália. Em outro relatório, Gioia cita o nome de ao menos 15 policiais acusados de envolvimento em crimes como liberação de contrabando e facilitação de entrada de drogas no país. Passados alguns meses, contudo, a Procuradoria recebeu informação do próprio serviço de inteligência da PF de que a fonte dessas informações não era idônea.

Navios na Baía de Guanabara armazenariam drogas e armas, depois levadas em lanchas ao continente

Em meio a tantos relatórios e à troca de acusações, o Ministério Público concluiu que a PF ficou ainda mais fraca em suas ações contra a circulação de armas ilegais. A Secretaria de Segurança do Rio informa que, em 2010, foram apreendidas 7.554 armas, das quais 35% eram metralhadoras, fuzis, submetralhadoras e pistolas de grosso calibre. O delegado Anderson de Andrade Bichara, que está na PF há quase oito anos e comandou a Delegacia de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas da PF no Rio, enviou à Procuradoria estimativas sobre o arsenal que circula no Brasil. São 16 milhões de armas de fogo, 47,6% delas ilegais. Dados atualizados sobre as apreensões de armas são vitais para o trabalho de inteligência da PF, como o mapeamento de rotas do contrabando usadas pelos criminosos. Mas o Sinarm, sistema criado pelo Estatuto do Desarmamento de 2003 para registrar apreensões de armas, contém dados defasados. As informações mais recentes sobre o Rio se referem às apreensões feitas pelas polícias estaduais em 2004. De acordo com levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 73% das apreensões de armas em todo o país estão concentradas no Estado do Rio.

A PF acredita que a maior parte das armas enviadas ilegalmente para o Brasil vem do Paraguai, por terra. Os traficantes são criativos. Buscam novos mercados e burlam as fronteiras nacionais de diversas formas. Nas apreensões feitas na operação do Complexo do Alemão no final de 2010, havia metralhadoras desviadas do Exército boliviano. A investigação do Ministério Público mostra que o mar tem sido um caminho alternativo procurado pelos traficantes, devido às fragilidades de fiscalização nos portos brasileiros. A alfândega do Porto do Rio de Janeiro informa que, desde janeiro de 2007, ocorreram oito apreensões de armas e munição. Isso sem que a PF tenha feito, segundo o relatório dos procuradores, um “trabalho sistemático na repressão” ao tráfico. A Procuradoria ouviu o inspetor-chefe da alfândega, Ewerson Augusto Chada, que descreveu um quadro precário de segurança interna do porto. O sistema de câmeras e o controle eletrônico de acesso ao local não funcionam há dois anos, enquanto o registro manual de quem entra e sai “não é confiável”. Chada contou também que soube de navios na Baía de Guanabara usados para armazenar drogas e armas, depois levadas em lanchas ao continente. Isso já era uma suspeita da PF, de acordo com um documento enviado à Procuradoria no início das investigações em 2009. Não há informações de que a polícia tenha adotado alguma medida para impedir esse tipo de crime.

A situação no Porto de Itaguaí também é descrita como grave. Em outubro de 2010, a PF apreendeu 250 quilos de cocaína que seriam despachados do porto, escondidos em vasos de plantas, para o Porto Gioia Tauro, no sul da Itália, onde, segundo a Justiça Federal, atuam organizações mafiosas. Apesar da ação bem-sucedida da PF naquele momento, a abertura dos arquivos de um pen drive do italiano Emanuele Savini, condenado em maio a 14 anos de prisão por envolvimento com o tráfico, revelou a fragilidade dos portos. O documento lista outras quatro remessas de plantas a Gioia Tauro entre 2007 e 2010, levantando suspeitas de que a quadrilha tenha mandado mais drogas ao exterior do mesmo modo. Dois carregamentos saíram do porto do Rio de Janeiro e outros dois de Itaguaí. Não se sabe se há um fluxo contrário de entrada de armas. Drogas são comumente trocadas por armamento.

Os procuradores ainda não têm prazo para concluir o trabalho de investigação e apresentar um diagnóstico final sobre o tráfico de armas. Como se trata de um inquérito civil, ao final da apuração a Procuradoria vai apresentar recomendações à Receita e à Polícia Federal. Se os conselhos não forem seguidos, um caminho pode ser uma ação judicial para fazer cumpri-los. Há também uma investigação criminal da própria PF que deve resultar numa operação contra servidores federais acusados de envolvimento em casos de contrabando e tráfico de armas no Rio.

O novo superintendente da PF no Estado, Valmir Lemos de Oliveira, no cargo desde maio, não está satisfeito com as explicações que atribuem ao contrabando papel essencial no armamento do crime no Rio de Janeiro. Ele disse ter feito um estudo sobre apreensões em 2008 e 2009, cujo resultado mostrou que 96% do que foi retirado de circulação no Estado do Rio é de fabricação nacional. Portanto, não seria um problema de tráfico internacional de armamentos. Isso não significa, segundo ele, que a Polícia Federal deva desprezar o assunto. O secretário Beltrame, procurado por ÉPOCA, preferiu não falar. Ele foi discreto também ao ser ouvido pelos procuradores e não fez críticas a sua corporação de origem, a Polícia Federal. Tudo bem. A polícia não precisa brigar internamente para prestar um serviço eficiente à população. Melhor mesmo que não o faça. O importante é que os maus policiais sejam afastados e que a ação das autoridades impeça os bandidos de se armarem – coibindo, por falta de meios, que eles encenem um outro 11 de setembro à carioca.

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Péssimos brasileiros: O bolsa imigração

O biólogo Carlson Paula Cabral era uma promessa para a ciência brasileira quando recebeu, em 1996, uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para fazer um doutorado na área de toxicologia no Canadá. Três anos antes, ele havia recebido o Prêmio Jovem Cientista, concedido a pesquisadores que se destacam no início da carreira. A aposta do CNPq em Cabral, porém, se revelou frustrada. Ele acabou se estabelecendo no exterior, onde abriu uma empresa que faz consultoria sobre mudanças climáticas. O governo brasileiro ficou sem o retorno de seu investimento e agora cobra Cabral por uma dívida de R$ 760 mil, o total com juros e correção que teria sido desembolsado para financiar seus estudos no exterior. Notificado por meio do Diário Oficial da União, já que se encontrava em lugar “incerto e não sabido”, ele aguarda o desfecho de seu processo no Tribunal de Contas da União (TCU). Contatado por e-mail por ÉPOCA, Cabral disse que, por orientação de sua advogada, não iria comentar a situação. Ele vive na província de Ontário, no Canadá.

Cabral é um entre as centenas de pesquisadores de quem os dois órgãos federais de fomento à pesquisa cobram a restituição de bolsas de estudos que foram usadas pelos beneficiários como uma espécie escandalosa de verba de imigração. A outra instituição é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes. Só no ano passado, as duas instituições produziram 110 novos processos desse tipo, um recorde desde 2001, quando as cobranças começaram a ser feitas. Juntos, esses 110 processos somam R$ 30 milhões. Desde 2002, foram abertos 338 processos.

Enviar alguém para estudar no exterior custa caro. O valor varia de acordo com o país, o curso e a duração do plano de estudos. Uma estimativa feita pela Capes para os próximos anos mostra uma média anual de gastos de cerca de R$ 40 mil para cada doutor forjado fora do país. É quase o dobro do custo da formação em território nacional. Para garantir que esse investimento volte para o Brasil, exigem-se duas coisas: que o pesquisador conclua seus estudos e que, logo depois do curso, retorne ao Brasil e permaneça no país por um tempo correspondente à bolsa. Se alguma das duas contrapartidas não é cumprida, abre-se um processo administrativo que geralmente envolve novas negociações com o bolsista. A prioridade das agências é resolver o assunto nessa instância. Caso não haja acordo, o caso é encaminhado ao TCU. Por enquanto, são essas as providências ao alcance do Estado. O histórico dos processos em andamento, porém, prova que isso não tem sido suficiente para garantir a devolução do dinheiro. Na Capes, isso nunca ocorreu. O CNPq não divulgou essa informação.

O processo do biólogo Cabral está no estágio final. A partir de agora, situações como essa tendem a ganhar mais relevância. Em abril, a presidente Dilma Rousseff anunciou que deseja promover um aumento substancial no número de brasileiros que vão estudar no exterior, principalmente na área de ciências exatas. A ideia é enviar 100 mil estudantes de graduação e de pós até 2014. Desses, 75 mil teriam subsídio da União. Os demais, se possível, seriam patrocinados por empresários. Os números representam um salto significativo em relação ao quadro atual. Nos últimos quatro anos, o total de bolsas para o exterior ficou em 24 mil. A maioria absoluta é de bolsas de doutorado. Os países que mais recebem brasileiros são França e Estados Unidos. Entre as universidades, os destinos mais comuns são Califórnia, Nova York e Harvard.

A agrônoma Lea Velho, professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), classifica como “marginal” o número de bolsistas que não voltam ao país. Embora somem dívidas milionárias, os pesquisadores que não cumprem os compromissos assumidos quando vão estudar no exterior não chegam a 2% de todos que são enviados. Uma dessas “exceções” é o pianista Paulo Steinberg, financiado pela Capes entre 1996 e 1998 para fazer o mestrado na área de música na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Concluído o curso, ele fez ainda um doutorado no país e acabou se estabelecendo por lá, onde, segundo uma manifestação sua enviada à Capes, sua vida profissional “apresentava-se mais propícia”.

Steinberg propôs a Capes morar no Brasil quatro meses por ano, durante suas férias, período em que daria conferências e concertos. Seis anos depois, estaria paga a dívida de 24 meses de permanência exigida pelo governo federal. Inicialmente, a Capes demonstrou interesse em aceitar o acordo, mas depois voltou atrás e argumentou que não havia a possibilidade de fracionar o período de permanência no país. O caso Steinberg chegou ao TCU, que, em fevereiro, determinou ao ex-bolsista a devolução dos R$ 96 mil investidos pelo governo brasileiro em sua formação. Na prática, a dívida de Steinberg já é consideravelmente maior, já que, sobre esse valor, devem ser cobrados uma correção pela inflação e juros de 1% ao mês, relativos à demora no pagamento desde 2006.

Procurado pela reportagem, Steinberg se limitou a dizer que vem cumprindo “fielmente” o acordo que a Capes inicialmente havia aceitado em 2005.

Nem sempre os processos de cobrança são relativos aos casos que alguns chamam de “fuga de cérebros”. Há situações em que o investimento no bolsista é cobrado porque ele não terminou os estudos no exterior, apesar de ter recebido a bolsa. Foi o que aconteceu com Roselena Gomes de Souza Alves Campos. Financiada pelo CNPq para fazer um doutorado em Direito em Portugal, ela abandonou o curso sem comunicar o órgão. Procurada por ÉPOCA para comentar a situação, disse que não queria se manifestar. No processo que corre no TCU, Roselena afirmou que não fez o trabalho porque teve problemas de saúde. Disse também que precisava voltar a seu trabalho no Tribunal de Justiça Federal, onde disse que depois iria “exercer função de maior complexidade e responsabilidade”. Roselena concluiu sua defesa com uma espécie de alerta ao Estado brasileiro: “A concessão de bolsa pelo CNPq tem embutido um risco inerente, afeto às circunstâncias da vida pessoal do bolsista, inclusive sua saúde, além da capacidade intelectual e acadêmica”. Os argumentos não sensibilizaram os ministros do TCU. “É de estranhar que alguém com quadro de saúde a ponto de impossibilitar a elaboração de trabalho acadêmico ao qual se havia comprometido tivesse condições de assumir função de maior complexidade e responsabilidade que aquela que ocupava até então”, diz o despacho final do órgão. Roselena foi condenada a pagar R$ 113 mil.

Os motivos que levam pesquisadores brasileiros a largar seus estudos e voltar ao Brasil, ou concluí-los e permanecer no exterior, são vários. Há pessoas que se casam com estrangeiros, outras alegam doenças e algumas mencionam a dificuldade de conseguir emprego no Brasil. Essa é uma justificativa particularmente duvidosa. O CNPq oferece uma bolsa de pós-doutorado “júnior” no valor de R$ 3.200 mensias, que pode ser paga ao pesquisador que retorna do exterior por um ano.

Dilma quer enviar 100 mil brasileiros para estudar no exterior até 2014. Nos últimos quatro anos foram 24 mil

Mas a questão da evasão permanece. Ela (ainda) não é estatisticamente preocupante nem significa, em termos de verba, um grande golpe nas finanças públicas. Mas permitir que acadêmicos usem impunemente o dinheiro dos brasileiros que pagam impostos para se instalar no exterior e começar uma nova vida seria um escárnio duplo: contra os contribuintes e contra a maioria dos bolsistas que age com retidão e retorna ao Brasil para retribuir o privilégio que recebeu. Como lidar com o problema é outra questão. Lea Velho, da Unicamp, diz que seria importante que as agências de fomento à pós-graduação fossem mais flexíveis na hora de cobrar de volta o investimento do bolsista, com a permissão de que a pessoa retribuísse do exterior com alguma atividade vinculada aos interesses do Brasil. Essa, porém, não é a visão predominante.

O que se tenta em Brasília é privilegiar modelos de financiamento a estudantes que diminuam a possibilidade de calote. De acordo com um plano do governo, a maior parte das novas bolsas deverá ser enquadrada numa modalidade mais barata e de curta duração, conhecida como “sanduíche”. É o modelo em que o estudante faz parte do curso no Brasil e parte no exterior, mas volta para defender a tese numa instituição brasileira. Dura de quatro a 12 meses. A outra modalidade é o chamado “doutorado pleno”, em que o curso é feito inteiramente fora do país. Leva quatro anos. É no pleno que está a maior parte dos casos de alunos que não voltam. Esse tipo de bolsa tem sido restrita às áreas em que a pós-graduação no Brasil tem fragilidades. De 2005 a 2010, as bolsas de doutorado pleno caíram de 2 mil para 700.

Nem todos gostam dessa opção. Para a cientista política Elizabeth Balba-chevsky, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), o risco de que cientistas brasileiros se fixem no exterior não deve inibir a oferta de bolsas que financiem o doutorado completo fora do país. Em primeiro lugar, porque o Brasil tem um ambiente acadêmico atrativo, capaz de trazer de volta a maioria absoluta dos que saem para estudar bancados pelo governo. Segundo porque quem não voltar poderia retribuir o investimento de outra maneira – devolvendo os recursos, vindo periodicamente ao Brasil ou colaborando com instituições brasileiras. “Não temos de agir como se estivesse ocorrendo uma fuga de cérebros. Não é o caso”, diz ela. Por enquanto, de fato, são apenas algumas centenas de estudantes se aproveitando do dinheiro público para melhorar a própria vida. Não é fuga de cérebros. É malandragem.


 
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