O prefeito de Londrina, JosĂ© Joaquim Ribeiro (sem partido), foi preso por policiais do Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Santa Catarina, em parceria com o Gaeco do ParanĂ¡, em um hotel de Piçarras, na manhĂ£ desta quinta-feira (20). A Justiça determinou a prisĂ£o temendo que ele atrapalhe as investigações de corrupĂ§Ă£o na Prefeitura. Mais tarde, ainda pela manhĂ£, o advogado Paulo Nolasco entregou Ă CĂ¢mara de Vereadores o pedido de renĂºncia do prefeito. Quem assume o comando da administraĂ§Ă£o municipal Ă© o presidente da CĂ¢mara de Vereadores, Gerson AraĂºjo (PSDB).
Os catarinenses do Gaeco tem uma unidade em ItajaĂ. Eles faziam diligĂªncias em CamboriĂº, mas Ribeiro foi encontrado escondido num hotel em Piçarras, no litoral de Santa Catarina.
A prisĂ£o do prefeito foi determinada na quarta-feira (19) pelo desembargador JosĂ© MaurĂcio Pinto de Almeida, da 2.ª CĂ¢mara Criminal do Tribunal de Justiça do ParanĂ¡ (TJ). O magistrado entendeu que Ribeiro, como prefeito, pode atrapalhar as investigações de irregularidades na compra de kits escolares pela Prefeitura. Ribeiro confessou ao Gaeco ter recebido R$ 150 mil de propina de empresĂ¡rios que venceram a licitaĂ§Ă£o dos kits escolares.
A prisĂ£o do prefeito foi pedida pelo Grupo de AtuaĂ§Ă£o Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MinistĂ©rio PĂºblico Estadual (MP).
A renĂºncia seria uma estratĂ©gia da defesa de Ribeiro para obter um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do ParanĂ¡ (TJ-PR). O advogado Paulo Nolasco vai conceder entrevista coletiva Ă imprensa nesta manhĂ£.
Gaeco pediu prisĂ£o de Barbosa Neto
O Gaeco ainda havia pedido a prisĂ£o de outros investigados pelo caso da propina na educaĂ§Ă£o municipal, incluindo o ex-prefeito Barbosa Neto(PDT), cassado pela CĂ¢mara Municipal hĂ¡ pouco mais de um mĂªs. Mas o TJ nĂ£o acatou a solicitaĂ§Ă£o. TambĂ©m foram beneficiados pela negativa da prisĂ£o os ex-secretĂ¡rios municipais Marco Cito e Lindomar dos Santos e o empresĂ¡rio Marcos Ramos.
O MP investiga um grupo de 17 pessoas pelo superfaturamento da compra de kits escolares entre 2010 e 2011. Segundo o Gaeco, o grupo teria recebido propina total de R$ 540 mil e provocado um prejuĂzo de R$ 3,7 milhões aos cofres pĂºblicos num contrato de 7,5 milhões para aquisiĂ§Ă£o de material escolar.
SituaĂ§Ă£o “inusitada”
No caso do prefeito, o pedido de prisĂ£o foi acatado porque o desembargador entendeu que “os autos bem demonstram que ele [Ribeiro] estĂ¡ causando uma inegĂ¡vel intranquilidade social, uma vez que confessou, inclusivamente em entrevista Ă imprensa, ter participado de alguns dos crimes mencionados na denĂºncia”.
Almeida classificou essa situaĂ§Ă£o como “inusitada” e lembrou que o prefeito permanece “no comando absoluto da administraĂ§Ă£o pĂºblica, com acesso pleno a documentos que possam ser imprescindĂveis Ă s investigações ou mesmo ao processo-crime”. O magistrado tambĂ©m levou em conta o fato de o prefeito “nĂ£o ser encontrado sequer para ser intimado a prestar esclarecimentos de sua conduta ilĂcita Ă CĂ¢mara Municipal”. A CĂ¢mara abriu uma investigaĂ§Ă£o e teve de notificar Ribeiro a se defender por meio de um edital publicado no jornal Folha de Londrina.
Almeida tambĂ©m afirmou que, ao convidar o filho da ex-secretĂ¡ria de EducaĂ§Ă£o Karin Sabec para um cargo na administraĂ§Ă£o municipal, Ribeiro “se utiliza do cargo para atenuar sua situaĂ§Ă£o” e para “agradar uma importante testemunha e denunciada”. Todos esses fatos, segundo o desembargador, justificam a prisĂ£o preventiva do prefeito, pois a permanĂªncia dele no cargo poderia prejudicar o andamento das investigações.
Sem interferĂªncia
Com relaĂ§Ă£o aos outros denunciados, o magistrado entendeu nĂ£o existirem motivos para que eles sejam presos. “Tudo que sobre eles se alegou pelo MinistĂ©rio PĂºblico se situa no campo das presunções”, disse o desembargador.
Um dos argumentos citados pelo MP para justificar a prisĂ£o de Barbosa foram manifestações dos seus aliados contra o Gaeco. “Logicamente que o ex-prefeito Barbosa Neto e seu partido (PDT) nĂ£o tĂªm simpatia pelo Ă³rgĂ£o que muito tem contribuĂdo, no ParanĂ¡, no combate Ă corrupĂ§Ă£o”, escreve Almeida, para depois completar: “Mas tornar essa insatisfaĂ§Ă£o como intimidaĂ§Ă£o seria exagero, como a prisĂ£o por esse motivo”.
No caso de Barbosa e de outros denunciados, o entendimento Ă© de que, apesar dos indĂcios contra eles, a possibilidade de eles intervirem nas investigações Ă© pequena. (GP)