quarta-feira, 27 de março de 2013

Bye bye indústria!!! Salvem os serviços!


EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE

A importância da indústria na economia nunca mais será como antes. Adotar políticas para tentar recuperá-la é lutar contra as forças da "natureza" e contra o inevitável. A maior preocupação deve ser com a produtividade do setor de serviços.

A participação da indústria no PIB no Brasil cresceu de 36% na década de 60 para 45% nos anos 80, quando atingiu o seu ápice. De lá para cá, a sua importância declinou e fechou 2011 com 28%. No mesmo período, o peso da agricultura caiu de 16% para 5% e a estrela em ascensão é o setor de serviços (de 45% para 67%).

Esse processo de transformação estrutural e secular está em sintonia com o verificado na América Latina e no mundo. Ele tende a ocorrer mais tardiamente em países em desenvolvimento, mas com uma velocidade mais rápida.

No caso brasileiro, o ritmo da queda da indústria foi significativo. Do auge dos 80 até o final da década passada, somente 20 países tiveram uma redução no share (participação) da indústria superior a dez pontos percentuais (comparando a média das décadas), sendo o Brasil (-17%) o oitavo da lista. A Bulgária (-30%) lidera. Reino Unido (-14%), África do Sul (-12%) e Austrália (-11%) também estão presentes. O fato é que o Brasil hoje tem um share próximo aos 26% de alguns países ricos.

É pouco provável que ocorra um retrocesso, porque, à medida que a população fica mais rica, ela passa a demandar relativamente mais serviços, em vez de realizá-los por conta própria. E como na indústria o crescimento da produtividade é superior ao dos serviços, é necessária uma fração cada vez menor de trabalhadores empregados no primeiro setor. Os que ficam ociosos são direcionados para o segundo.

De fato, desde a década de 70, somente 21 países registraram um aumento superior a três pontos percentuais da participação da indústria no PIB em uma década --após uma queda na anterior.

Dessa lista, fazem parte nações bem diferentes do Brasil: oito países que, como a Arábia Saudita, têm participação significativa do petróleo na economia e são, por isso, vulneráveis aos preços no mercado internacional; seis países pobres da África, como Serra Leoa, envolvido em conflito interno; e sete países com população igual ou inferior a 1,5 milhões de habitantes, como Suriname. As exceções são México e Peru, cujas indústrias historicamente têm participação de cerca de 30% e registraram aumentos em torno de quatro pontos percentuais na primeira década deste século.

Não seria surpresa, portanto, se o share da indústria brasileira continuasse em torno do atual patamar ou caísse nas próximas décadas na direção do patamar de países desenvolvidos como Grã-Bretanha (24%), Estados Unidos (22%) e França (21%).

Esse processo vem com um custo e um perigo. O custo é decorrente do fato de a produtividade agregada de um país ser o resultado da média ponderada dos três setores da economia. Como a produtividade da indústria é maior do que a de serviços, além de crescer mais rapidamente, a mudança da força de trabalho para o setor de serviços tende a reduzir a produtividade total da economia e, por conseguinte, o seu potencial de crescimento.

Já o perigo consiste em tentativas de frear o processo de transformação setorial, para evitar o potencial custo, e defender a indústria por meio de políticas públicas: proteção tarifária, isenções fiscais, desonerações trabalhistas e juros subsidiados, dentre outras. O tiro tende a sair pela culatra, pois a produtividade agregada termina sendo menor do que poderia ser, dada a dificuldade em saber exatamente quais empresas incentivar. Ademais, lutar contra as forças da "natureza" é inócuo.

O foco deveria estar em soluções para aumentar a produtividade dos serviços. O fato desse setor não ser aberto à competição internacional e ser intensivo em mão de obra, que é pouco qualificada no Brasil, pode explicar parte do atraso. Já que a indústria é passado, então, entender melhor a natureza das mazelas nos serviços é fundamental para o país.


Nessa guerra civil não declarada todos somos classe média?


Não que antes o Brasil já não tivesse sérios problemas sociais, mas a realidade política, social e econômica, imposta pela ditadura a partir dos anos 70 é a que vige até hoje. Ela foi montada a partir do projeto de desenvolvimento dependente apresentado pelo Golbery do Couto e Silva na Escola Superior de Guerra em 1952, mas que só foi na íntegra implementado a partir do golpe de 64. Este projeto de desenvolvimento dependente, com a importação de capitais e tecnologias, do ponto de vista do social foi uma tragédia, que gerou a migração forçada de 20 milhões de camponeses para os grandes centros, a partir da mecanização do campo e a concentração cada vez maior da terra nas mãos de poucos grandes fazendeiros, e estas não estavam preparadas para receber o êxodo. Se somarmos estes excluídos aos milhões destes que antes já habitavam estas metrópoles o drama ficou ainda maior. Se levarmos em conta que o êxodo campo cidade ainda continua, como o fato de está população gerou filhos veremos que o problema fica cada vez mais grave.


Não adianta o governo vir com a balela de que estamos a pleno emprego e que hoje todo mundo é classe média, papo enrolador antes utilizado pelo sistema financeiro ao vender a imagem de que neste sistema existe a mobilidade social. Aqui os empregos gerados são de baixa qualificação, e quem ganha individualmente menos de 3.500 reais não é classe média, é pobre ou miserável. Continuamos a nos desindustrializar e consolidando a tendência histórica de meros exportadores de matéria prima, assim não agregando novos valores a produção. Como exportadores de commodities somos totalmente dependentes dos humores do mercado externo. Com a crise econômica internacional se acirrando a tendência é a de vendermos menos produtos primários, o que aos poucos irá enfraquecer a nossa balança de pagamentos, a geração de empregos, etc.,  e isto também afeta o nosso mercado interno, que é de sub consumo, sem poupança e este está desaquecendo, como porque temos também o agravande de os de baixa renda terem chegado no limite da capacidade de endividamento. 


Em um pais com mais de 45 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, e entre estes 26 milhões na miséria absoluta,  a tal da midiática classe C é só mais um factoide, que não enche o bolso, mas afaga o ego da maior parte da população. Em vez de aumentar a renda o governo em véspera de eleição deu aos pobres o aumento do crédito, dívidas. Dinheiro de plástico não é dinheiro em caixa é só a ampliação da capacidade de endividamento, é insolvência pessoal.
Embora a partir da democratização o fato do estado ter aumentado os recursos para a área do social ser uma realidade, este dinheiro geralmente é mal aplicado, desviado para outras áreas, ou mesmo roubado. Manchetes como "Rombo na Saúde", "Rombo na Educação", são oque mais vemos.


 As denúncias de corrupção tristemente fazem parte do nosso dia a dia, é um novo escândalo a nos fazer esquecer-se dos outros anteriores, o que a cada dia nos deixa menos esperançosos com a possibilidade de moralização. O duro é que grande parte destes atos de corrupção sempre envolve os minguados recursos para o social.


Se do ponto de vista das liberdades democráticas, o direito a manifestação e expressão, mesmo com os ocorridos no Pinheirinho, Aldeia Maracanã, etc. serem práticas policiais dignas do período da ditadura, a democracia aumentou, está ainda não chegou à economia, onde o abismo entre os que mais ganham e os que menos ganham se faz presente.


Neste país, onde o dinheiro está concentrado nas mãos de poucos, e o estado  do ponto de vista nacional devidamente presente em seu papel de levar a inclusão social, assim diminuindo as barreiras sociais, acaba imperando é uma guerra civil não declarada entre os que nada tem com os que pouco tem. Enquanto isto seguros no topo da torre, em vez de financiar as soluções devidas para os graves problemas sociais, os dignitários preferem investir em pesquisas, feitas com critérios duvidosos, e estas dizem que somos o país da “nova classe média”.  



 
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