O acampamento de 107 dias de resistĂªncia realizado em 2009, no meio dos escombros da antiga sede que foi derrubada
NinguĂ©m pode negar a importĂ¢ncia histĂ³rica da UniĂ£o Paranaense dos Estudantes Secundaristas tem e teve para o conjunto da juventude de nosso Estado em sua busca por direitos.
Por ela, que tĂ£o importantes lutas travou em defesa da educaĂ§Ă£o pĂºblica e gratuita de boa qualidade para todos, como em defesa da democracia nos terrĂveis anos da ditadura, passaram, e se formaram, importantes quadros que atĂ© hoje contribuem para a construĂ§Ă£o do processo democrĂ¡tico paranaense e brasileiro. Entre os seus ex-dirigentes podemos citar seu ex-presidente Valmor Stedile, importante quadro do PDT, como o ex-presidente Fernando Luiz Fernando Esteche e a ministra Gleisi Hoffmann, que dirigiu a UMESC, UniĂ£o Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Curitiba, entidade filiada a UPES. Poderia citar dezenas de outros que militaram no MDB jovem contra a ditadura, que nas fileiras da UPES se formaram e lutaram, tais qual o JĂºlio Manso, Clovis, Ezequias, Vermelho, Jussara, e atĂ© eu mesmo, entre tantos outros.
Para entender o que atualmente ocorre com o terreno pertencente Ă UPES, jĂ¡ que a sua antiga sede foi imoralmente demolida, temos de voltar ao passado.
Em 1970 a gestĂ£o da UPES, com grandes sacrifĂcios por parte da massa estudantil para viabiliza os recursos, conseguiu comprou o terreno localizado Ă Rua Marechal Mallet, nº250 – JuvevĂª – Curitiba, onde com mais sacrifĂcios ainda viabilizou a construĂ§Ă£o de uma modesta sede estadual para o Movimento Estudantil Secundarista em 1972. Ela alĂ©m das reuniões da entidade e deter a sua estrutura administrativa ali instalada tambĂ©m serviu de abrigo para os dirigentes estaduais, em sua maior parte estudantes de origem humilde, enquanto dirigiam a entidade instalada na capital.
Em uma tĂ£o rica trajetĂ³ria histĂ³rica eventualmente surgem percalços e entre outros um teve maior gravidade. Alguns crĂ¡pulas que momentaneamente encabeçaram uma gestĂ£o totalmente irregular na direĂ§Ă£o da UPES, ilegalmente venderam o terreno da entidade, e de forma suspeita por um preço absurdamente baixo. Isto ocorreu Ă revelia do Movimento Estudantil, pois os que fizeram a venda nĂ£o contavam com o aval e a legitimidade da aprovaĂ§Ă£o de todos os fĂ³runs legĂtimos da entidade, que representa entidades de cunho micro-regionais e centenas de GrĂªmios Estudantis, mas na criminosa venda nenhuma destas representações de base foram consultadas. Os absurdos cometidos por aqueles falsos dirigentes foram tantos que aquela gestĂ£o nĂ£o era reconhecida pela UniĂ£o Brasileira dos Estudantes Secundaristas e pela Justiça, jĂ¡ que chegaram ao poder por um processo totalmente irregular.
Em 1994 houve a primeira derrubada do prĂ©dio da UPES, a gestĂ£o da Ă©poca resistiu e logo construiu outra sede, mostrando assim o poder de mobilizaĂ§Ă£o social e de lideranças dos estudantes do Estado. Em 2009 a Incorporadora Curitibana, que se diz proprietĂ¡ria do terreno, derrubou mais uma vez a sede e os estudantes em massa se levantaram em defesa do que Ă© patrimĂ´nio de todos os estudantes secundarista paranaenses. Foram 107 dias de luta por parte de centenas de estudantes, que em repĂºdio ao que ocorria acamparam resistindo no terreno, que representa muito mais do que uma mera propriedade.
Desde o ano passado a Incorporadora mais uma vez vem tentando uma liminar para tomar o terreno dos estudantes, j[Ă¡ que desde 2008, quando o processo foi reaberto, o Juiz responsĂ¡vel nĂ£o deu nenhum encaminhamento, nenhuma sentença. Por esse motivo, na espera da decisĂ£o judicial que resgate os direitos da entidade, os estudantes este ano voltaram Ă acampar para resistir e garantir que a sede, que desde 1972 Ă© a sede representativa dos estudantes paranaenses, nĂ£o seja mais uma vez derrubada pela incorporadora.
No objetivo de preservar o que Ă© patrimĂ´nio histĂ³rico de todos os estudantes secundaristas no dia 08 de Janeiro de 2012 diversos estudantes de Curitiba e de diversas regiões do ParanĂ¡ iniciaram uma grande jornada de resistĂªncia Ă especulaĂ§Ă£o imobiliĂ¡ria que pretende dar inĂcio Ă um processo de reintegraĂ§Ă£o de posse da sede. Segundo a ImobiliĂ¡ria Menezes, principal articuladora de todo o processo de tentativa de tomada do terreno, a sede da UPES Ă© de propriedade deles, jĂ¡ para as centenas de milhares de estudantes de todo estado isto nĂ£o legal Ă©tica e moralmente verdadeiro.