domingo, 22 de abril de 2012

Pesquisas indicam o socialista Hollande como vencedor no 2º turno eleitoral com 54%


O candidato socialista François Hollande, vencedor do primeiro turno da eleiĂ§Ă£o presidencial francesa, derrotarĂ¡ no segundo turno (6 de maio) o atual presidente Nicolas Sarkozy com pelo menos 54% dos votos, segundo pesquisas divulgadas neste domingo pelos institutos Ipsos e Ifop.

"Os franceses me atenderam esta noite permitindo-me estar hoje em melhor posiĂ§Ă£o para ser o prĂ³ximo presidente da RepĂºblica", afirmou Hollande a seus partidĂ¡rios em Tulle (centro).

Considerado hĂ¡ meses vencedor no segundo turno, com 55% dos votos em mĂ©dia, François Hollande, 57 anos, estĂ¡ em posiĂ§Ă£o de força para se tornar o primeiro presidente de esquerda desde François Mitterrand (1981-1995).

O presidente Nicolas Sarkozy, que ficou atrĂ¡s do candidato socialista François Hollande no primeiro turno da eleiĂ§Ă£o presidencial, afirmou domingo que enfrentarĂ¡ o segundo turno, no dia 6 de maio, "com confiança", propondo trĂªs debates atĂ© lĂ¡.

Estas pesquisas confirmam as previsões das sondagens realizadas antes do primeiro turno, realizado neste domingo.

Segundo a pesquisa do Ifop, 48% dos eleitores de Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, votarĂ£o em Nicolas Sarkozy no segundo, 31% votarĂ£o em François Hollande e 21% se absterĂ£o ou votarĂ£o em branco.

Daqueles que votaram no candidato da esquerda radical, Jean-Luc MĂ©lenchon, 83% no votarĂ£o no candidato socialista.

Os eleitores do centrista François Bayrou se dividiriam em trĂªs partes: 38% para Nicolas Sarkozy, 32% para François Hollande, 30% se absterĂ£o ou votarĂ£o em branco.

A crise na zona do euro esteve presente na campanha, atravĂ©s da explosĂ£o de dĂ©ficits, da taxa de desemprego (mais de 10% da populaĂ§Ă£o economicamente ativa), da questĂ£o do protecionismo europeu e da justiça fiscal.

"Nunca deixei de votar mas, desta vez, sinto muito pouco entusiasmo. No plano econĂ´mico, hĂ¡ pouca diferença entre os dois candidatos", comentava em Paris uma eleitora de 62 anos, Isabelle Provost.

Foi neste contexto que François Hollande traçou sua estratĂ©gia metodicamente, sem levantar a multidĂ£o, mas destacando suas prioridades - o emprego dos jovens e o crescimento.

O ex-lĂ­der do Partido Socialista (1997-2008) conseguiu fazer esquecer sua falta de experiĂªncia no governo, transformando a eleiĂ§Ă£o num referendo contra Sarkozy, mergulhado em recordes de impopularidade.

O comparecimento dos franceses Ă s urnas ficou acima do esperado, num primeiro turno dominado pela crise econĂ´mica. A taxa de participaĂ§Ă£o chegou a mais de 80%, segundo estimativas dos institutos de pesquisa, uma taxa muito elevada, apesar de menor que em 2007 (83,77%).

Essas cifras dissipam a preocupaĂ§Ă£o com uma grande abstenĂ§Ă£o, expressada durante uma campanha que pouco apaixonou os franceses, que nĂ£o viam no pleito soluções para suas dificuldades. (EFE)

UEL RETOMA POSSE DO TERRENO DA ANTIGA CASA DO ESTUDANTE

No Ăºltimo dia 11, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) retomou a posse do terreno localizado no cruzamento da Avenida JK com Rua ParanaguĂ¡, local onde funcionou durante anos a Casa do Estudante e o antigo Restaurante UniversitĂ¡rio.

A reintegraĂ§Ă£o de posse foi concedida pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda PĂºblica, Emil Thomas Gonçalves. No local funcionava irregularmente uma borracharia, porĂ©m, foi concedido pela universidade um prazo de dez dias para o comerciante retirar os equipamentos do interior do prĂ©dio. Segundo a procuradora jurĂ­dica da UEL, Marinete Violin, as fechaduras foram trocadas.

JĂ¡ o prefeito do Campus UniversitĂ¡rio, TeodĂ³sio Antonio da Silva, informou que tĂ£o logo o local seja desocupado, a construĂ§Ă£o serĂ¡ removida e a Ă¡rea serĂ¡ cercada.

Intelectuais entregam Ă  PresidĂªncia manifesto a favor da reforma agrĂ¡ria

Professores e pesquisadores da questĂ£o agrĂ¡ria de diferentes instituições do Brasil entregaram ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da PresidĂªncia da RepĂºblica, Gilberto Carvalho, o “Manifesto de Intelectuais em Apoio Ă  DeclaraĂ§Ă£o das Organizações Sociais do Campo”. ApĂ³s receber documento com mais de duas mil assinaturas, Carvalho disse ver com bons olhos a uniĂ£o dos movimentos sociais para a discussĂ£o de um novo ciclo da questĂ£o.

Rio de Janeiro - Professores e pesquisadores da questĂ£o agrĂ¡ria e do campesinato de diferentes instituições do Brasil entregaram na segunda-feira (16), ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da PresidĂªncia da RepĂºblica, Gilberto Carvalho, o “Manifesto de Intelectuais em Apoio Ă  DeclaraĂ§Ă£o das Organizações Sociais do Campo”. A entrega foi feita durante reuniĂ£o com Carvalho na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O documento com 2007 assinaturas apoia a decisĂ£o lançada em fevereiro por 12 organizações sociais que atuam no campo em defesa da luta unificada por reforma agrĂ¡ria, direitos territoriais e produĂ§Ă£o de alimentos saudĂ¡veis. As 12 organizações sĂ£o a AssociaĂ§Ă£o dos Povos IndĂ­genas do Brasil (APIB), CĂ¡ritas Brasileira, Conselho Indigenista MissionĂ¡rio (Cimi), ConfederaĂ§Ă£o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ComissĂ£o Pastoral da Terra (CPT), ConfederaĂ§Ă£o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento CamponĂªs Popular (MCP), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Via Campesina Brasil. “A decisĂ£o nossa de partir para esse manifesto Ă© um pouco lembrar que esse Ă© um momento crucial para se definir a reforma agrĂ¡ria”, disse Moacir Palmeira, professor do Programa de PĂ³s-GraduaĂ§Ă£o em Antropologia Social do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em referĂªncia Ă  possibilidade de retrocesso nĂ£o sĂ³ na questĂ£o agrĂ¡ria, mas tambĂ©m na questĂ£o ambiental, caso o novo CĂ³digo Florestal seja aprovado com as mudanças que foram enviadas ao Congresso. “EntĂ£o esse manifesto, se por um lado Ă© um manifesto crĂ­tico, Ă© tambĂ©m um manifesto de apoio Ă  firmeza que a presidente teve naquele primeiro momento de discussĂ£o do CĂ³digo Florestal na CĂ¢mara, pois o significado da aprovaĂ§Ă£o desse novo CĂ³digo Florestal Ă© realmente uma coisa inimaginĂ¡vel”, afirmou. Cumpra-se No manifesto, os intelectuais reconhecem que hĂ¡ “avanços importantes” em polĂ­ticas adotadas pelo governo federal nos Ăºltimos dez anos, mas, “no que tange Ă  questĂ£o agrĂ¡ria, o essencial ainda estĂ¡ por ser feito”. Para Palmeira, “estĂ¡ na hora de se avançar. VocĂª tem a situaĂ§Ă£o de irregularidades na ocupaĂ§Ă£o territorial, quando a terra estĂ¡ registrada em nome do Incra (Instituto Nacional de ColonizaĂ§Ă£o e Reforma AgrĂ¡ria) e o Incra nĂ£o se apropria. Os posseiros e proprietĂ¡rios sĂ£o indenizados, mas quando o Incra vai tomar posse os latifundiĂ¡rios nĂ£o deixam entrar. O processo fica travado e aĂ­ a Justiça diz que Ă© caso de polĂ­cia, e aĂ­ a coisa fica abandonada. EntĂ£o esse Ă© o momento de se entrar firme nisso, absolutamente dentro da lei, fazer cumprir”. O caso do Mato Grosso, denunciado no documento, ilustra a situaĂ§Ă£o, com milhões de hectares da UniĂ£o ocupados de forma irregular e ilegal por grandes fazendas do agronegĂ³cio. Uma das importantes medidas adotadas pelo governo federal nos Ăºltimos dez anos apontada pelos signatĂ¡rios do manifesto Ă© o recĂ©m aprovado limite Ă  estrangeirizaĂ§Ă£o das terras do paĂ­s. No entanto, o declĂ­nio no processo de desapropriaĂ§Ă£o de terras para a reforma agrĂ¡ria tambĂ©m Ă© realçado. “Em 2005, segundo dados do prĂ³prio Incra, nĂ³s tivemos um total de 874 projetos de assentamentos executados. Em 2009, o Ăºltimo dado consolidado que temos, caiu para 297 projetos. EntĂ£o tĂ­nhamos quase 900 projetos executados ao ano em 2005, caiu para 700 em 2006, para 400 em 2007, 330 em 2008 e 297 em 2009, o que mostra uma desaceleraĂ§Ă£o”, ilustra SĂ©rgio Leite, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Em nĂºmero de famĂ­lias, a queda passa de 100 mil em 2005 para pouco mais de 20 mil famĂ­lias assentadas em 2009. Para Leite, esse resultado foi causado tanto por problemas internos, no Incra, como externos. “vocĂª tem uma morosidade da prĂ³pria Justiça no processo de desapropriaĂ§Ă£o das terras; um processo de encarecimento no mercado de terras, que nesse perĂ­odo ficou aquecido; e tambĂ©m um comprometimento pela aĂ§Ă£o do Incra, que poderia ser um pouco mais cĂ©lere”, enumera ele. Novo ciclo O secretĂ¡rio-geral da PresidĂªncia da RepĂºblica vĂª com bons olhos a uniĂ£o dos movimentos sociais para a discussĂ£o de um novo ciclo da questĂ£o. “De fato eu acho que Ă© um grande avanço os movimentos terem se unido. A questĂ£o agrĂ¡ria e agrĂ­cola precisa de uma nova discussĂ£o. Esse Ă© um debate muito atual dentro do governo e a pressĂ£o dos movimentos Ă© importante. NĂ³s temos aĂ­ perto de 150 mil famĂ­lias acampadas e Ă© possĂ­vel resolver essa questĂ£o. A presidenta tem um padrĂ£o de exigĂªncia muito grande, ela nĂ£o quer saber de assentamento mal feito”, afirmou Gilberto Carvalho, dizendo que entregaria o manifesto Ă  presidenta Dilma Rousseff assim que chegasse ao PalĂ¡cio do Planalto na quarta-feira. Em defesa desse bom padrĂ£o de assentamento, o secretĂ¡rio-geral citou sua experiĂªncia em visitas aos acampamentos, “o que o MST faz de qualificaĂ§Ă£o agroecolĂ³gica de seus quadros Ă© impressionante. O MST tem em vĂ¡rios pontos do paĂ­s escolas de agroecologia. EstĂ£o dando para a molecada uma capacidade, uma competĂªncia de gestĂ£o do empreendimento agrĂ¡rio e do novo manejo na linha de agroecologia que Ă© de encantar. E outra coisa, as agroindĂºstrias que eles estĂ£o montando atualmente tĂªm um padrĂ£o de produtividade e eficĂ¡cia que viabiliza os assentamentos”. Para Carvalho, o manifesto chega como mais uma mola propulsora por novos padrões agrĂ¡rios. “O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento EconĂ´mico e Social) felizmente se mostrou sensĂ­vel, e aĂ­ a Dilma foi fundamental, e começa a financiar esses empreendimentos; e por aĂ­, nessa linha da qualificaĂ§Ă£o de assentamentos, nĂ³s temos um belĂ­ssimo caminho para a gente viabilizar de fato uma reforma agrĂ¡ria que produza um novo padrĂ£o de agricultura em um novo padrĂ£o de produĂ§Ă£o de alimento, livre de transgĂªnicos. Nesse sentido Ă© que eu acho que esse manifesto, comprando esse embate, pode ser muito importante e ajuda muito”.


Entrevista da CM com o poeta argentino Juan Gelman: “HĂ¡ muita coisa a ser investigada sobre a OperaĂ§Ă£o Condor”


O poeta argentino Juan Gelman foi um dos principais convidados da Primeira Bienal do Livro e da Leitura, de BrasĂ­lia. Em entrevista ao PĂ¡gina/12, ele comenta as recentes declarações do ex-ditador argentino Jorge Videla, fala sobre a OperaĂ§Ă£o Condor e sobre o muito que ainda precisa ser revelado para se conheça a verdade e se faça a justiça. "NĂ£o estamos falando de velhas feridas, mas sim de feridas abertas que latejam como um cĂ¢ncer no subsolo da memĂ³ria e na medida em que nĂ£o sĂ£o fechadas com a verdade, fazem toda sociedade adoecer".

O argentino Juan Gelman Ă© um dos maiores poetas contemporĂ¢neos e um ativo militante da causa contra o esquecimento dos crimes cometidos pelas ditaduras militares que infestaram o cone Sul nos anos 70 e 80. O filho e a nora foram assassinados por uma aĂ§Ă£o combinada das ditaduras argentina e uruguaia, nos marcos da OperaĂ§Ă£o Condor. A neta foi roubada por militares e deixada na porta da casa de um policial uruguaio. Macarena Gelman sĂ³ descobriu sua verdadeira histĂ³ria 23 anos mais tarde, graças Ă  busca incansĂ¡vel do avĂ´. Gelman foi um dos principais convidados da Primeira Bienal do Livro e da Leitura, de BrasĂ­lia. Em entrevista ao PĂ¡gina/12, ele comenta as recentes declarações do ex-ditador argentino Jorge Videla, fala sobre a OperaĂ§Ă£o Condor e sobre o muito que ainda precisa ser revelado para se conheça a verdade e se faça a justiça.

“Esta entrevista com Videla, na qual ele confessa que matou oito mil permite-me descobrir nele uma qualidade que desconhecia: a modĂ©stia; Porque, na verdade. Foram mais de 30 mil”.

Juan Gelman estĂ¡ em seu apartamento no dĂ©cimo segundo lugar de um hotel em BrasĂ­lia, do qual se vislumbra uma paisagem urbana onde prĂ©dios pĂºblicos rigorosamente retangulares se alternam com as curvas futuristas do Congresso e da Catedral.

Para Gelman, a entrevista concedida pelo ditador deve ser vista em perspectiva.

“Videla se expressa como quem encabeçou o golpe, mas para analisar os golpes necessitamos levar em conta primeiro que eles sempre tiveram respaldo civil, segundo, que houve partidos polĂ­ticos que os incitaram e, terceiro, que os golpes foram movidos por interesses muito concretos e importantes”.

- O que faltou Videla dizer?

Faltou dizer, por exemplo, quantos campos de concentraĂ§Ă£o existiram, o que ocorreu dentro deles e qual foi o destino dos desaparecidos. Certa vez Videla disse (na condiĂ§Ă£o de chefe de Estado) algo como: os desaparecidos nĂ£o existiam, mas os militares nĂ£o sĂ£o mĂ¡gicos, eles sabem onde fizeram com que desaparecessem.

Videla tampouco disse onde estĂ£o os arquivos. Enfim, hĂ¡ uma quantidade de perguntas que os familiares dos desaparecidos se fazem e sobre as quais ele nĂ£o falou.

- Por quĂª Videla falou?

NĂ£o sei, nĂ£o me atrevo a fazer nenhuma afirmaĂ§Ă£o categĂ³rica, mas talvez isso faça parte de uma ofensiva da oposiĂ§Ă£o ao governo, dentro e fora do paĂ­s. Creio que hĂ¡ elementos pessoais e elementos polĂ­ticos que se misturam. Digo que a entrevista possa fazer parte de tudo isso, ainda que essa nĂ£o tenha sido a decisĂ£o consciente de Videla.

TambĂ©m hĂ¡ traços de autojustificaĂ§Ă£o, de autoapresentaĂ§Ă£o, na qual ele se mostra como uma espĂ©cie de herĂ³i nacional, um herĂ³i que deveria ser reivindicado, adorado, ao invĂ©s de ter sido preso.

- Alguns jornalistas consideram inaceitĂ¡vel entrevistar um tirano. Outros entendem que todo e qualquer personagem relevante deve ser interrogado, sem concessões. Qual Ă© sua opiniĂ£o?

EntrevistĂ¡-lo nĂ£o Ă© nem bom nem ruim, o que me parece sim Ă© que esta Ă© uma entrevista na qual hĂ¡ muitas perguntas que brilham por sua ausĂªncia, que Ă© uma entrevista absolutamente dirigida para a aceitaĂ§Ă£o da impunidade dos criminosos do golpe, algo que o povo argentino nĂ£o estĂ¡ disposto a aceitar.
Prestes a “completar 70 anos como fumante”, Gelman acende seu segundo cigarro ao abrir um novo capĂ­tulo na conversa e passar a perguntar sobre a atualidade brasileira e a ComissĂ£o da Verdade, com a curiosidade intensa de um repĂ³rter novato. Parece estar mais a vontade quando escuta do que quando fala.

Gelman se nega a opinar sobre a conjuntura brasileira e evita comentar a vigĂªncia da Lei de Anistia, decretada pelo ditador JoĂ£o Batista Figueiredo em 1979 e ratificada pelo Supremo Tribunal Federal hĂ¡ dois anos.

- A memĂ³ria pode ser apagada por decreto?

HĂ¡ 2.500 anos na GrĂ©cia de PĂ©ricles houve uma ditadura, a ditadura dos 400. Quando essa ditadura foi derrubada, obrigaram todos os cidadĂ£os a jurar que nĂ£o iriam recordar nada do que havia ocorrido, ou seja, estabeleceram o esquecimento por decreto.

Isso Ă© impossĂ­vel: por mais decretos que se queiram impor, nĂ£o hĂ¡ esquecimento dos crimes cometidos pelas ditaduras. Os familiares sabem muito bem o que perderam e uma sociedade que diz que “Ă© preciso nĂ£o olhar para trĂ¡s”, que “nĂ£o se deve ter olhos nas costas”, “que nĂ£o Ă© o caso de abrir velhas feridas”, Ă© uma sociedade que se equivoca.

Porque nĂ£o estĂ¡ se falando de velhas feridas, mas sim de feridas abertas que latejam como um cĂ¢ncer no subsolo da memĂ³ria e na medida em que nĂ£o sĂ£o fechadas com a verdade e com a Justiça, prejudicam toda possibilidade de que haja uma consciĂªncia cĂ­vica saudĂ¡vel.

- Ainda resta muito a ser investigado sobre o Plano Condor?

Creio que hĂ¡ muita coisa para ser investigada sobre o Plano Condor. Sabe-se quem desapareceu e nĂ£o se sabe, em muitos casos, nem como, nem quando, e isso angustia os familiares. Uma coisa Ă© imaginar o que aconteceu e outra Ă© saber. Isso nĂ£o evita a dor, mas aporta um conhecimento. Os casos da OperaĂ§Ă£o Condor nĂ£o esclarecidos sĂ£o como uma verdade partida em dois: de um lado, as perguntas dos familiares, do outro, os militares que nĂ£o deixam que se conheça o que aconteceu.

Vive-se uma situaĂ§Ă£o na qual a verdade estĂ¡ dividida pela metade como uma melancia, compara o Premio Cervantes de Literatura.

Os jornais locais deram bastante cobertura Ă  presença de Gelman na Primeira Bienal do Livro e da Leitura de BrasĂ­lia. Ele foi uma das figuras centrais do evento, junto com o Nobel nigeriano Wole Soyinka, que falou sobre tolerĂ¢ncia.

A memĂ³ria foi um dos assuntos tratados por Gelman que, alĂ©m disso, leu poemas na abertura da Bienal brasiliense, que jĂ¡ aparece como um dos eventos literĂ¡rios mais politizados do paĂ­s.

- Chegou a ler os jornais argentinos nestes Ăºltimos dias?

Outro dia fiquei rindo depois de ler no Wall Street Jornal um artigo sobre o caso Repsol, onde se dizia que o que o governo argentino fez Ă© um roubo. É divertido, Parece que quem escreveu o artigo nĂ£o foi informado sobre o que a Repsol roubou.

Isso se repete em outras publicações estrangeiras e Ă© parte da reaĂ§Ă£o de vĂ¡rios paĂ­ses como os Estados Unidos, a Espanha e a UniĂ£o Europeia. Na Espanha, vemos com um governo se converteu em defensor de uma empresa e como isso concretiza e dĂ¡ substĂ¢ncia Ă¡ teoria de que, nesses paĂ­ses desenvolvidos, nĂ£o Ă© a polĂ­tica que maneja a economia, mas exatamente o contrĂ¡rio, Ă© a economia quem manda.

Polo cinematogrĂ¡fico de PaulĂ­nia Ă© Holywood fantasma em SP

HabitaĂ§Ă£o, saĂºde, educaĂ§Ă£o, emprego e segurança. Para o prefeito de PaulĂ­nia (SP), JosĂ© Pavan JĂºnior (PSB), essas Ă¡reas deveriam ter recebido grande parte dos R$ 490 milhões gastos desde os anos 1990 no desenvolvimento do polo de cinema local.

No Ăºltimo dia 13, ele despertou a ira do setor cultural ao suspender o festival de cinema de PaulĂ­nia neste ano, um dos principais do paĂ­s. A justificativa: os R$ 10 milhões que seriam gastos foram transferidos para programas sociais prioritĂ¡rios.

Assista ao vĂ­deo em dispositivos mĂ³veis

"Foi uma decisĂ£o difĂ­cil, mas vou entregar duas escolas de 900 alunos cada uma, vamos zerar o deficit de creches. HĂ¡ 20 mil pessoas que dependem da prefeitura."

Apesar de o prefeito dizer que manterĂ¡ os investimentos no polo, a estrutura jĂ¡ se mostra abandonada: cursos foram cancelados, nĂ£o hĂ¡ editais de fomento a filmes desde 2010 e um dos estĂºdios Ă© usado hoje como depĂ³sito de materiais.

Delta obteve aumento de preço em 60% dos contratos firmados com Dnit, orgĂ£o do governo federal

Suspeita de montar uma rede de influĂªncia tanto em governos estaduais como na UniĂ£o, a Delta Construções obteve aditivos que alteraram o valor de suas obras em quase 60% dos contratos firmados com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), um dos Ă³rgĂ£os que concentram os investimentos do Programa de AceleraĂ§Ă£o do Crescimento (PAC).

De um total de 265 empreendimentos tocados pela empreiteira a serviço da autarquia responsĂ¡vel pelas rodovias federais, 154 sofreram mudanças no valor originalmente previsto, custando mais caro na maioria dos casos e aumentando o valor das obras em cerca de R$ 400 milhões.

Compilados pelo Estado com base em balanço do Dnit sobre os contratos com a Delta, os dados se referem Ă s obras de manutenĂ§Ă£o, adequaĂ§Ă£o, duplicaĂ§Ă£o e implantaĂ§Ă£o de estradas, concluĂ­das ou ainda em andamento. Da relaĂ§Ă£o, constam intervenções iniciadas de 1996 a 2012. Maior construtora do PAC, com suas atividades concentradas principalmente no setor rodoviĂ¡rio, a empresa conseguiu contratos de R$ 4,3 bilhões de lĂ¡ para cĂ¡, dos quais R$ 3 bilhões jĂ¡ foram pagos pela UniĂ£o.

O protagonismo da Delta no carro-chefe do programa de infraestrutura da presidente Dilma Rousseff e a existĂªncia, segundo a PolĂ­cia Federal, de um "deltaduto" que se aproveitou do circuito financeiro de empresas de fachada do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na OperaĂ§Ă£o Monte Carlo, colocaram a empresa como alvo da CPI a ser instalada na quarta-feira.

Um estudo realizado pelo Dnit em 2010 – sob a gestĂ£o do ex-diretor-geral Luiz AntĂ´nio Pagot – mostrou que a empreiteira, em mĂ©dia, oferecia desconto de 16% sobre o valor apresentado pelo Ă³rgĂ£o federal nas disputas, o que correspondia ao dobro das concorrentes.

A Delta domina principalmente a manutenĂ§Ă£o rodoviĂ¡ria no Dnit, tendo obtido, segundo o balanço da autarquia, R$ 3,4 bilhões em contratos nessa Ă¡rea, ou 80% do total que pactuou. Os pagamentos alcançaram R$ 2,6 bilhões – 85% do total.

Ex-DNIT acusa assessores do Planalto de complĂ´

Afastado do cargo na esteira da "faxina" no MinistĂ©rio dos Transportes, o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz AntĂ´nio Pagot lançou nesta sexta a suspeita de que assessores do PalĂ¡cio do Planalto atuaram para derrubĂ¡-lo durante a crise na pasta, vazando informações de interesse da organizaĂ§Ă£o do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Pagot afirma que o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, e o porta-voz da PresidĂªncia e do PalĂ¡cio no Planalto, Thomas Traumann, repassaram dados de reuniĂ£o sigilosa da presidente Dilma Rousseff com a cĂºpula dos Transportes, em 5 de junho de 2011, para o grupo de Cachoeira, cujos detalhes e frases, em seguida, foram reproduzidos pela revista Veja.

Pagot alega que, como diretor-geral do Dnit, afetou interesses da Delta Construções, o que teria motivado retaliaĂ§Ă£o do grupo de Cachoeira. Ele cita, por exemplo, processo administrativo aberto contra a empreiteira no Dnit por irregularidades em obra da BR-116 no CearĂ¡.

O inquĂ©rito da OperaĂ§Ă£o Monte Carlo da PolĂ­cia Federal, que motivou a criaĂ§Ă£o da CPI do Cachoeira no Congresso, indica que Noleto tem ligações com o grupo do contraventor, acusado de comandar uma rede de jogos ilegais no PaĂ­s. Cachoeira estĂ¡ preso desde 29 de fevereiro. Noleto admite ter conversado com Wladimir Garcez, ex-presidente da CĂ¢mara de GoiĂ¢nia e apontado como um dos principais aliados de Cachoeira, o qual teria conhecido entre 2001 e 2002, quando trabalhava na Prefeitura de GoiĂ¢nia. (AE)

Paranaenses na CPMI querem ouvir argentino que explorava jogo no estado

Os trĂªs representantes do ParanĂ¡ na ComissĂ£o Parla­­mentar Mista de InquĂ©rito (CPMI) que vai investigar as relações entre polĂ­ti­­cos e o bicheiro Carlos Au­­­gusto Ra­­mos, o Carlinhos Cacho­­­eira, prometem trabalhar para elu­­cidar as ações do grupo ligado a ele no estado. Na Ăºltima sexta-feira, a Gazeta do Povo revelou que interceptações de e-mails feitas pela PolĂ­cia Federal na operaĂ§Ă£o Monte Carlo mostram que pelo menos dois parceiros de Cachoeira planejavam a recriaĂ§Ă£o de uma loteria estadual paranaense. Um deles, o argentino Roberto Coppola, deve ser convocado para prestar esclarecimentos.

Na sexta-feira, a assesso­­ria do deputado federal Ru­­bens Bueno (PPS) preparava trĂªs requerimentos para apresentar na terça-feira, primeiro dia de trabalho da CPMI. O primeiro vai tratar da convocaĂ§Ă£o de Coppola. Os outros dois vĂ£o pedir a quebra dos sigilos bancĂ¡rio, fiscal e telefĂ´nico do argentino e da empresa Larami, que em 2001 ganhou uma licitaĂ§Ă£o feita pelo Serviço de Loterias do ParanĂ¡ (Serlopar), autarquia do governo estadual extinta em 2007, para administrar jogos on-line no estado.

“É um fato que nĂ£o pode deixar de ser investigado”, afirmou Bueno. ... (GP)


Pente fino: 'Tecnologia ajuda Receita a identificar fraudes nas declarações'


A Receita Federal utiliza cada vez mais a tecnologia para preparar novas operações e coibir fraudes na declaraĂ§Ă£o do Imposto de Renda Pessoa FĂ­sica (IRPF). Este ano, sĂ³ em abril, como resultado de cruzamento de dados, foram feitas operações de fiscalizaĂ§Ă£o no ParanĂ¡ e no Distrito Federal.

De acordo com subsecretĂ¡rio de FiscalizaĂ§Ă£o da Receita Federal, Caio Marcos CĂ¢ndido, cada unidade da Receita no paĂ­s tem procurado identificar, por meio dos sistemas informatizados, os tipos de fraudes para planejar as operações, que devem ser deflagradas ainda no primeiro semestre.

No Ăºltimo dia 18, a Receita Federal, a PolĂ­cia Federal e o MinistĂ©rio PĂºblico Federal deflagraram a OperaĂ§Ă£o Ferrugem com o objetivo de combater fraudes na declaraĂ§Ă£o do IR em AraucĂ¡ria, regiĂ£o metropolitana de Curitiba. Dois escritĂ³rios de contabilidade sĂ£o investigados, suspeitos de enviar, desde o inĂ­cio do ano, cerca de 10 mil declarações de IRPF com indĂ­cios de fraude.

Os prejuĂ­zos estimados aos cofres pĂºblicos, caso a Receita nĂ£o descobrisse as fraudes, ultrapassariam os R$ 60 milhões. Entre as principais infrações, estĂ£o despesas falsas com profissionais de saĂºde, pensões alimentĂ­cias e previdĂªncia privada, que buscavam gerar um abatimento ilegal no imposto a pagar, ou uma restituiĂ§Ă£o indevida de impostos.

No dia 11, o cerco aos contribuintes que fraudam a declaraĂ§Ă£o foi realizado em BrasĂ­lia por meio da OperaĂ§Ă£o MarcaĂ§Ă£o Cerrada. O esquema de fraude nesse caso envolve mais de 1,5 mil contribuintes, principalmente funcionĂ¡rios pĂºblicos. Em uma das declarações, um menor de idade, com 9 anos, declarou pagamentos de pensĂ£o alimentĂ­cia, segundo a Receita. Os prejuĂ­zos estimados em BrasĂ­lia somam R$ 30 milhões. A operaĂ§Ă£o em BrasĂ­lia Ă© continuaĂ§Ă£o de outras realizadas em anos anteriores na regiĂ£o, como a LeĂ£o Ferido, Risco Duplo e Risco Calculado.

Na Ăºltima sexta-feira (20), a Subsecretaria de FiscalizaĂ§Ă£o da Receita Federal divulgou um balanço sobre as fraudes nas declarações de pessoas fĂ­sicas. SĂ³ no primeiro dia do prazo para a entrega, foram identificados 14,7 mil formulĂ¡rios eletrĂ´nicos com indĂ­cios de fraude. Essas tentativas de burlar os sistemas informatizados do Fisco foram realizados por 6,5 mil contribuintes, que procuraram, mais de uma vez, enviar declarações com irregularidades.

A Receita informou ainda que intimidou, atĂ© agora, 158.094 mil contribuintes que tiveram problemas com declarações atĂ© 2011 e abriu mais 200 mil procedimentos de fiscalizaĂ§Ă£o atĂ© o dia 15 de abril de 2012.

O contribuinte pode retificar a declaraĂ§Ă£o quantas vezes achar necessĂ¡rio, mas se for notificado nĂ£o terĂ¡ alternativa. TerĂ¡ que provar para a Receita que houve algum tipo de engano. Caso haja sonegaĂ§Ă£o, a multa de ofĂ­cio mĂ­nima Ă© 150%, mas pode chegar a 225%, alĂ©m de aĂ§Ă£o criminal por prejuĂ­zos aos cofres pĂºblicos.

O prazo para a entrega da DeclaraĂ§Ă£o do Imposto de Renda em 2012 começou no dia 1º de março e termina em 30 de abril. O programa gerador da declaraĂ§Ă£o estĂ¡ disponĂ­vel na pĂ¡gina da Receita na internet. O contribuinte deve baixar ainda o Receitanet, aplicativo para a transmissĂ£o dos dados, disponĂ­vel no mesmo endereço. (AB)

 
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