domingo, 19 de agosto de 2012

Zé Ramalho-Admirável Gado Novo

Famílias de Fazenda Rio Grande recebem chave da casa própria


Na manhã desta sexta-feira (17) mais 15 famílias de Fazenda Rio Grande foram contempladas com a entrega de sua casa própria, fruto de uma parceria entre os programas Morar Bem Paraná, do governo do estado, e Minha Casa Minha Vida, do governo federal, com a prefeitura da cidade. O Conjunto Residencial Fazenda Rio Grande atenderá, ao todo, 264 famílias da cidade, com investimentos que ultrapassam os R$3 milhões.

“Agora se for para chorar, que seja de felicidade” foi como Luiz Espina descreveu, emocionado, seu sentimento ao entrar junto com sua mulher, Shirlei de Fátima Espina, pela primeira vez em sua casa própria. Até então, os dois viviam de aluguel após precisarem deixar a antiga residência que ficava às margens do Rio Iguaçu, em uma área de risco. A espera, no entanto, não foi longa. Apenas oito meses após se cadastrarem no projeto eles já receberam a chave da casa própria.

O casal, que já começou a mudança para a casa nova junto com seus três filhos, não esconde a felicidade ao falar dos planos para o novo lar. “Nós vamos primeiro construir um muro e uma garagem, depois colocar azulejos na cozinha, para ir melhorando aos poucos”, afirmou Shirlei, que descreveu a diferença da casa nova. “Agora nós vamos investir no que é nosso, com a certeza de que daqui ninguém nos tira” relata.

Outra beneficiada do projeto foi a família de Maria Sirene Machado, que morava há 12 anos em uma área de risco, sofrendo com os constantes alagamentos do rio Iguaçu em dias de chuva. Ela relata que, enquanto estava na casa antiga com seu marido e dois filhos, acabaram não investindo, por medo de perderem o local, sem documentação, e de perderem os bens durante os temporais.

“Nós vivíamos numa casa inacabada. Já dava medo a cada vez que começava a ventar” disse Maria. Agora, ela relata o alívio de poder se mudar para um local melhor. “Agora nós vamos ter mais segurança na hora da chuva e a garantia de um bem nosso” afirmou.

Remédio contra o câncer de mama será distribuído pelo SUS


O Ministério da Saúde (MS) vai incorporar o Trastuzumabe, um dos mais eficientes medicamentos de combate ao câncer de mama, no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa iniciativa faz parte do Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica no país, lançado pela presidenta Dilma Rousseff, no ano passado. O ministério investirá R$130 milhões/ano para disponibilizar o medicamento à população.
O câncer de mama é o segundo mais comum no mundo e o mais frequente entre as mulheres, com uma estimativa de mais 1,15 milhão de novos casos a cada ano, e responsável por 411.093 mortes a cada ano. No Brasil, estimam-se 52.680 novos casos em 2012/2013. Em 2010 ocorreram 12.812 mortes por causa da doença. E neste ano, o Ministério da Saúde já custeou mais de 100 mil procedimentos para quimioterapia do câncer de mama inicial ou localmente avançado.
“A expectativa é que o Trastuzumabe beneficie 20% das mulheres com câncer de mama em estágio inicial e avançado”, afirma o ministro da saúde, Alexandre Padilha.
A partir da publicação, nesta semana, no Diário Oficial da União (DOU), o SUS tem prazo de 180 dias para efetivação de sua oferta á população brasileira. O novo medicamento reduz as chances de reincidência do câncer.  A incorporação do Trastuzumabe foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) para o tratamento de câncer de mama inicial e avançado.
INCLUSÃO – O Trastuzumabe é um dos primeiros medicamentos incorporados no SUS a partir da Lei 12.401, de 2011. O decreto, que cria uma Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), define regras que garantem a proteção do cidadão quanto ao uso e eficácia desses medicamentos, que devem ter registro nacional e serem reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O documento estabelece também que seja publicado um protocolo de como e quais as situações que o medicamento deve ser utilizado. “A Conitec é um aprimoramento do sistema de incorporação de novas tecnologias, protegendo o cidadão e reduzindo os riscos de judicialização do medicamento, que muitas vezes é recomendado de forma indevida”, destaca o ministro.
O medicamento é um dos mais procurados. Em 2011, o ministério gastou R$ 4,9 milhões para atender a 61 pedidos judiciais. Esse ano já foram gastos R$ 12,6 milhões com a compra do Trastuzumabe por demanda judicial.
De acordo com o ministro Padilha, essa aquisição só foi possível devido à economia de custos gerada por inovação tecnológica, parcerias público-privadas, comparação de preços internacionais e a centralização de compras. “A melhor gestão dos recursos possibilitou gerar uma economia de R$ 1,7 bilhão/ano no orçamento do ministério. Isso nos permite ampliar o acesso dos brasileiros às novas tecnologias”, explica.

Operação da PM apreende 33 pessoas no Parcão e no Bosque do Papa


Em atendimento às frequentes solicitações da comunidade, policiais militares do 12º Batalhão da Polícia Militar (12º BPM), pertencente ao 1º Comando Regional da PM (1º CRPM), realizaram a Operação Bosque do Papa, por meio da qual foram encaminhadas 33 pessoas às delegacias, durante o fim de semana. A ação ocorreu no Bosque do Papa João Paulo II, no bairro Centro Cívico, em Curitiba.

Nos últimos dois fins de semana (28 e 29/07 e 04 e 05/08), o Serviço Reservado da Polícia Militar monitorou o local, fez levantamento e alguns encaminhamentos de usuários de droga. Desta vez, em operação conjunta com as companhias do 12º BPM (1ª, 2ª e 5ª Cia), os policiais realizaram abordagens e busca pessoal em frequentadores do parque que apresentavam atitudes suspeitas. No momento em que os usuários de maconha estavam sendo encaminhados, a população aplaudiu a ação da PM.

“O objetivo de toda a operação não é só reduzir a criminalidade, mas também evitar que as pessoas pratiquem outros delitos, além de inibir o consumo de álcool e drogas na área”, afirmou o capitão Hailton Jun Matsumoto, comandante da 2ª Companhia do 12º BPM (2ªCia/12ºBPM). Apesar de todos os quase 80 abordados estarem consumindo drogas, no momento da abordagem apenas os detidos ainda tinham consigo provas materiais.

No sábado (11), 13 pessoas foram revistadas e 8 foram encaminhadas, entre elas um adolescente. Já no domingo (12) foram 64 abordagens, 14 pessoas presas e 11 menores apreendidos. Os adultos foram encaminhados ao Centro de Atendimento ao Cidadão (Ciac-Sul) e os menores à Delegacia do Adolescente.

Com as pessoas detidas, foram apreendidos quase 300 gramas de maconha em tablete, em forma de cigarro, quatro aparelhos para moer maconha artesanalmente, além de cocaína envelopada em saquinhos e tubos de plástico, em forma de pino. “Os números da operação ficaram dentro do esperado, tanto no sábado, quanto no domingo. Já sabíamos que no primeiro dia o número de detenções e abordagens seria menor do que no segundo. No entanto, o mais importante é a tranquilidade que a população sente”, comentou o capitão Matsumoto.

BOSQUE DO PAPA – O Bosque do Papa João Paulo II foi inaugurado em 1980, logo após a visita do papa João Paulo II à Curitiba. O parque envolve uma área de 48 mil metros quadrados, onde existia uma antiga fábrica de velas, é cortado pelo rio Belém e inclui uma reserva de mata atlântica, com mais de 300 araucárias.
O Bosque do Papa é um museu ao ar livre que traduz a luta, as crenças, as tradições e estilo de vida dos imigrantes. O espaço também conta com trilha ecológica, ciclovia, palco, loja de artesanato e uma casa de chá, ao estilo polonês.

'Cafetina do mensalão' ainda abala a capital federal



Passados sete anos desde que ficou conhecida como a "cafetina do mensalão", por "fornecer meninas" a festas bancadas por Marcos Valério a parlamentares no início do governo Lula, Jeany Mary Corner continua na ativa e atazanando casamentos. De lá pra cá, a mais conhecida agenciadora de garotas de programa de luxo da capital federal se mantém longe dos holofotes para preservar a discrição do ofício. Mas bastam breves aparições para estremecer meio mundo político e, com isso, garantir que a fonte nunca seque ao fim de cada mês.
Integrar seu cast é o sonho de dez entre dez garotas de programas brasilienses, mas realidade de poucas. Não serve muita maquiagem, roupas curtas demais nem jeito vulgar. As meninas de Jeany entendem inglês e espanhol. São contratadas não só para sexo, mas para serem agradáveis e "nunca encher o saco do cara". Não fazem escândalo. Mas, no primeiro semestre, Jeany deu azar. As juras de um parlamentar subiram à cabeça de uma menina, que cresceu o olho na fortuna do cliente e ligou para a esposa dele. O erro custou à cafetina ameaças e nova temporada forçada em São Paulo.
"Só não foi pior porque a mulher não quis escândalo. Ele falou que ia dar um tiro na cabeça da menina e da Jeany", conta outra garota, dispensada após o ocorrido.
Ela aguarda ansiosa a volta da antiga chefe. Hoje, consegue R$ 500 por programa, em casas noturnas. Com Jeany, ganha pelo menos o dobro, nas festinhas em mansões no Lago, suítes presidenciais ou apartamentos funcionais. Com o dinheiro que juntou quando trabalhava para a cafetina, comprou um carro e metade de seu apartamento.
Não foi a única a lucrar. Ganhar crédito com políticos é o objetivo de financiadores das farras abastecidas por Jeany. Como foi no namoro de Marcos Valério com dirigentes do PT recém-chegado ao poder. Pelo menos duas festas bancadas por meio de seu sócio Ricardo Machado chegaram ao conhecimento da PF nas investigações do mensalão.
Em 9 de setembro e em 5 de novembro de 2003, os tapetes persas da suíte presidencial do Hotel Grand Bittar foram cenário de festas regadas a Veuve Cliquot, uísques 15 anos e dezenas de latas de energético para garantir euforia com as meninas de Jeany.
O depoimento-bomba do sócio de Valério, em 2005, levou Jeany aos holofotes. Em 2006, continuou presente, capaz de constranger autoridades envolvidas no mensalão. O preço do seu silêncio ficou mais caro, garantem dois parlamentares ouvidos pelo Globo e procurados por emissários dela. Um relatório com detalhes dos encontros com autoridades passou a circular pelas mãos certas, o assunto foi resolvido e morreu.
Jeany foi dispensada pelo então procurador-geral da República Antônio Fernandes de Souza de falar à Justiça o que sabia sobre o mensalão. Localizada pelo Globo, não quis falar.
"Não sou celebridade. Não quero saber de jornalista. Saí há mais de um ano desse negócio, agora tenho é um salão de beleza", disse, desligando o telefone. (AG)

Privatização da infraestrutura com financiamento do BNDES confirma a conhecida incapacidade do governo


Prova dos nove – Ao deixar a solenidade em que a presidente Dilma Rousseff anunciou a privatização de setores da infraestrutura do País, o empresário Eike Batista chamou o plano de “kit felicidade”. Estimado em R$ 133 bilhões, o tal plano prevê investimentos de R$ 42 bilhões na duplicação e melhoria de nove trechos de estradas federais e R$ 91 bilhões para a construção de dez mil quilômetros de ferrovias, no prazo de 25 anos.
Por certo o plano fará a felicidade dos empresários que entrarem no negócio, pois a juros subsidiados o BNDES financiará 80% do investimento, com prazo de carência de cinco anos. As empresas ou consórcios que participarem do projeto poderão cobrar pedágios nas rodovias e também pelo transporte de cargas nas ferrovias. O prazo da concessão – na verdade é privatização – é de trinta anos, renovável por igual período.
Condições aparentemente convidativas, pois do contrário nenhum empresário ousaria colocar a mão no bolso. O plano que contempla a logística nacional, como anunciado, mostra a incompetência gerencial de um governo que financia com o suado dinheiro do contribuinte a terceirização do seu próprio papel.
Quando o ucho.info afirma que o estrago deixado pelo messiânico e irresponsável Luiz Inácio da Silva exigirá dos brasileiros pelo menos cinco décadas de esforço continuado para ser revertido, alguns entendem ser exagero de nossa parte. A primeira prova incontestável que referenda nossa afirmação foi dada pela presidente Dilma Rousseff. Contudo, a parte hilária da história, que ninguém mais se recorda, é que Lula tem sido costumeiramente homenageado pelo mundo afora com títulos de doutor honoris causa e outros salamaleques correlatos, como se fosse a derradeira solução do Brasil. Enfim… (Ucho)

HPV - O VIRUS QUE CAUSA CANCER



Uma forma rara de cancer de faringe causada pelo mesmo papilomavirus que provoca cancer de colo do utero nas mulheres esta se espalhando rapidamente pelas nações ocidentais. Diferentemente de outros tipos de câncer oral, que mais freqüentemente são provocados pelo uso do tabaco e álcool, esse novo tipo usualmente se propaga através do beijo, relações sexuais ou o compartilhamento de utensílios tais como copos de uma bebida.

Podendo ficar incubado durante anos no organismo e se revelar em algum momento que a pessoa esteja com baixa resistência ou por outro motivo.

Cerca de 75% das vitimas são homens 

Um recente estudo demonstrou que pessoas infectadas pelo HPV eram 32 vezes mais capazes de desenvolverem câncer de amigdalas e base da língua.
De qualquer forma, os números estão aumentando e, se a tendência for de crescimento progressivo, mais desse tumores causados por HPV aparecerão do que os causados por tabaco ou álcool nos próximos anos.
Medidas de conscientização e prevenção deverão ser intensificadas pois já bastam as causas de doenças e de morte que os jovens estão sujeitos com mais freqüência, hoje em dia, e esse tipo de câncer pode ser bem mais controlado se houver seriedade nas medidas de informação.
 
Recentemente, uma pesquisa apresentada em Chicago, durante o Congresso da Sociedade Americana de Oncologia, apontou uma relação entre a doença, o comportamento da juventude e o vírus HPV (papiloma vírus humano, na tradução em português), que pode ser contraído através de relações sexuais, beijo e uso de utensílios em comum, por exemplo, um copo.
 
O HPV tem a capacidade de se incorporar à estrutura do DNA das células, o que altera os genes responsáveis pelo crescimento celular e provoca uma reprodução descontrolada. Ao observar esse fenômeno, o médico alemão Harald zur Hausen conseguiu provar a relação do vírus com o câncer de colo uterino, fato que acabou lhe valendo o prêmio Nobel de Medicina de 2008.
Mas a novidade que causou impacto em Chicago, apresentada por cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doença dos Estados Unidos, foi a constatação de que também há uma associação entre o câncer de garganta e o HPV.
Até pouco tempo, o câncer de garganta era mais comum em pessoas acima dos 50 anos, fumantes e usuários de bebidas alcoólicas. O aumento da incidência entre jovens assustou os oncologistas e foi exatamente o que motivou a pesquisa. O oncologista André Murad, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, observa que a descoberta já está tendo forte impacto internacional, mas no Brasil a repercussão ainda é tímida. “Precisamos chamar atenção para essa pesquisa, porque ela permite aprimorar a prevenção e o tratamento deste tipo de câncer”, diz ele.
 
Diagnóstico e tratamento

O HPV pode ficar na sua forma latente por muitos anos, isto é, sem acarretar sintomas. Por isso, nem todo mundo que contrai o vírus irá desenvolver algum câncer. Isso facilita a contaminação, porque uma pessoa aparentemente saudável pode ser portadora e transmitir o vírus.
O exame capaz de detectar a doença é a biópsia e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura.
Segundo o professor, cerca de 80% dos cânceres de garganta diagnosticados no Brasil devem estar associados ao HPV. Por esta razão, ele faz o alerta para que otorrinolaringologistas, oncologistas e clínicos gerais não hesitem em pedir a biópsia em caso de suspeita. “Há médicos que julgam, equivocadamente, que o câncer de garganta é incomum nos jovens. Eles percebem a lesão, mas não levantam a possibilidade de ser um tumor. Até porque os sintomas são semelhantes ao de uma inflamação: dificuldade para engolir e irritação”, diz André Murad.
 
Existe vacina

O combate à disseminação do HPV pode ganhar novos contornos desde que a Anvisa aprovou, em maio, a aplicação da vacina no público masculino entre 9 e 26 anos. Até então, ela só estava liberada para mulheres. Mas a vacina só está disponível na rede privada, e custa cerca de R$900. “Os cânceres associados ao HPV fazem vítimas suficientes para que o SUS ofereça gratuitamente a vacina”, defende André Murad.
 

Mais de 500 anos de genocídio: Fazendeiros anunciam 'guerra' contra índios em Mato Grosso do Sul para próxima semana




Dois grupos de brasileiros se preparam para o confronto armado em Mato Grosso do Sul a partir da próxima semana e cogitam o derramamento de sangue. Ambos culpam o Governo Federal pelo conflito, que tem posse de terras no extremo sul do Estado como principal motivo.
De um lado, índios guarani-kaiowá, com mulheres e crianças, anunciam novas ocupações em fazendas que ficam nas áreas declaradas como terra indígena pela União. Eles garantem que não têm armas de fogo, mas prometem resistir no local.
Do outro, pequenos e médios produtores rurais reclamam dos prejuízos e dizem que estão indignados com a perda do patrimônio. Poucos aceitam falar, mas admitem articulações que já consideram a contratação de homens para uma ‘guerra’.
No último dia 10, os índios iniciaram em Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande, um protesto contra a demora na demarcação de terras indígenas com o movimento que chamam de ‘retomada’. Eles ocuparam áreas da tekohá (espaço onde se vive, em guarani) Arroyo Corá e houve confronto.
Durante um Aty Guasu, espécie de conselho político de povos indígenas, os guarani-kaiowá decidiram ocupar todas as áreas em Mato Grosso do Sul que estão com a homologação suspensa por uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal).
"Estamos declarando guerra à enrolação. Vai ter mais retomada em Mato Grosso do Sul porque faz anos que aguardamos quietos e nada acontece", diz o líder indígena Eliseu Gonçalves, membro do Aty Guasu.

Em Paranhos, homens armados reagiram e dispararam com armas de fogo contra os indígenas. Segundo eles, um homem identificado como Eduardo Pires, de aproximadamente 50 anos de idade, estaria desaparecido desde então.
A morte de um bebê de nove meses de idade também é considerada pelos guarani-kaiowá como resultado do ataque ao grupo durante a ocupação.
'Grande desgraça'
A fazendeira Vergilina Pereira Lopes, de 83 anos de idade, é proprietária da fazenda Campina, que foi ‘retomada’. Ela nega que tenha havido qualquer tipo de reação com arma de fogo. “Pelo menos da parte dos meus peões tenho certeza que ninguém atirou”, afirma.
A produtora rural registrou queixa na Delegacia de Paranhos e foi para casa de uma filha, aguardar o desfecho da situação.
Sobre o risco de violência, a idosa é ponderada: “Eu sou uma velha e não vou mexer com isso. Mas tem muita gente revoltada demais com essa injustiça. Para isso tudo virar uma grande desgraça tá muito fácil”, analisa.
Em entrevista gravada no último dia 16, a fazendeira diz que a postura das autoridades aumenta a indignação dos produtores.
“Eu sempre trabalhei muito e paguei todos os impostos. Nunca imaginei que um dia seria tirada de lá assim desse jeito, feito cachorro tocado. E revolta porque as autoridades ficam do lado dos índios como se a gente fosse bandido”, reclama.
Outros produtores da região aceitaram falar com a reportagem e relatam que há uma articulação entre fazendeiros ‘se preparando para o pior’. Mas a maioria prefere não se identificar porque ‘a Federal tá encima’.
Eles se referem ao inquérito da Polícia Federal sobre o ataque a índios na área de Guayviry, que recentemente colocou 18 pessoas, entre fazendeiros e até o presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, um município próximo, atrás das grades.
No episódio, o líder indígena Nísio Gomes foi ferido e levado por pistoleiros. O corpo ainda não foi localizado, mas já houve indiciamentos.
'Culpa dos políticos'

“A situação aqui é de desespero e raiva. Estão brincando com a paciência da gente. Nós sempre fomos gente de bem, pagamos os impostos e nunca mexemos com esses bugres, mas estão deixando todo mundo sem alternativa. Vai correr pra onde, se a Polícia, o Governo, tá tudo do lado da bugrada”, questiona o proprietário de uma área nas proximidades de Arroyo Corá.
“Veja se pode essa situação. Inverteram tudo de um jeito, que eu, um trabalhador, que vivo no lombo do cavalo ai lidando com gado, gerando emprego, comida, pagando imposto, não posso nem mostrar a cara pra falar. Estão tratando a gente como bandido, mas eu paguei por essas terras”, desabafa.
Tal qual os índios, os fazendeiros culpam o poder público pela situação: “Se tiver morte, a culpa é desses políticos que enrolam todo mundo no Brasil. Declararam essas terras como área indígena para agradar as ongs, os índios e os brancos que vivem às custas dos índios. Depois, adiaram a decisão lá no STF, sei lá onde, só para agradar os ruralistas, a bancada rural. Os bugres escutam que é deles, vão querer entrar mesmo. A gente tem escritura e pagou pela terra, não vamos querer sair mesmo. Isso aí só pode acabar de um jeito ruim”, diz um produtor que há mais de 30 anos possui área em Paranhos.
‘Lenço Preto’

Entre tantos fazendeiros acuados, que preferem não se envolver publicamente no conflito, um produtor fez questão de receber a reportagem e relatou, em entrevista gravada na última quinta-feira (16), como os ruralistas estão se organizando.
Conhecido como ‘Lenço Preto’, há 35 anos Luis Carlos da Silva Vieira é proprietário de uma área a poucos quilômetros da Fazenda Campina e diz que está convocando os fazendeiros da região para a ‘guerra’. Ele tem gado na área já ‘retomada’.
“Se o Governo quer guerra, vai ter guerra. Se eles podem invadir, então nós também podemos invadir. Não podemos ter medo de índio não. Nós vamos partir pra guerra, e vai ser na semana que vem. Esses índios aí, alguns perigam sobrar. O que não sobrar, nós vamos dar para os porcos comerem”, dispara.
O fazendeiro conta que já houve conversas com outros produtores da região e confirma que o conflito armado já é considerado uma opção. Ele diz que a intenção é aguardarem até a próxima semana, para então agir caso não haja novidades favoráveis.
“A maioria dos fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e na guerra não tem bandido”, avisa.
Segundo Lenço Preto, a revolta dos fazendeiros aumentou com a forma como a retomada está acontecendo. “Se viessem numa boa, avisassem a gente, ou se o Governo resolvesse logo, e dissesse que temos de sair mesmo, acho até que a gente podia tirar o gado e aceitar. Mas assim, estão brincando demais com a gente”, diz.

Mídia aplaude “privatização” de Dilma


 Altamiro Borges


Deixando de lado o infindável debate terminológico sobre privatização ou concessão, é indiscutível que a mídia privatista gostou muito do “pacote logístico” apresentado pelo governo Dilma nesta semana. Nos editoriais dos principais jornalões, a iniciativa foi elogiada e tratada como uma emblemática mudança de postura da presidenta – que se elegeu condenando as privatizações do governo FHC. De forma matreira, todos os veículos afirmaram que o governo finalmente se rendeu à força do “deus-mercado”.

Valor e o "voluntarismo estatista"

O editorial do jornal Valor, mais voltado à nata dos empresários, soltou rojões. “Uma saudável dose de realismo fez o governo dar uma guinada e deixar, pelo menos provisoriamente, a rota do intervencionismo estatal para a uma maior participação privada nos projetos de infraestrutura do país. A mudança foi sacramentada ontem com o anúncio de um pacote de R$ 133 bilhões em obras a serem gastos em 25 anos... Atacando as privatizações, o governo Dilma tem, porém, se aproximado aos poucos do seu espírito”.

Para o jornal, pertencente às famiglias Marinho e Frias, o “Programa de Investimento em Logística” representa uma vitória das forças do mercado sobre a “ineficiência e a corrupção” do estado. “Os avanços atuais do governo Dilma são passos salutares em boa direção. A presidente corrige orientações seguidas no primeiro ano de mandato, marcado por boa dose do voluntarismo estatista, e busca um novo caminho. Há menos ideologia e mais pragmatismo nas recentes ações e planos que vêm à luz em profusão”.

O Globo e a rendição ao mercado

Já o editorial do jornal O Globo, mais dedicado à propaganda rastaquera do receituário neoliberal, afirmou que o pacote evidencia que a “privatização começa a ser política de Estado”. O jornal, que se mais se parece com um partido da direita, aproveita para fustigar o atual governo e para fazer campanha dissimulada da oposição demotucana – desesperada com as eleições de outubro próximo. Não há qualquer análise econômica mais séria, mas puro proselitismo político, com muitas provocações e futricas.

“Entendem-se os cuidados semânticos da presidente Dilma. Afinal, seu partido soube manipular o tema da privatização, na campanha eleitoral de 2006, para tachar o candidato de oposição Geraldo Alckmin de perigoso ‘privatista’, e assim fragilizá-lo no segundo turno daquelas eleições presidenciais, ganho por Lula. Por isso, Dilma e equipe fazem contorcionismos para tentar provar que ‘concessão’ não é ‘privatização’. Mas a discussão é pueril, diante do que é importante: o governo se rendeu ao óbvio, à necessidade de ceder à iniciativa privada parte da infraestrutura de transportes do país”, fuzila o jornal da famiglia Marinho.

Mesmo destilando veneno, O Globo não deixa de elogiar o pacote. “Embora haja inevitável exploração partidária, o lucro da mudança de rumo é da sociedade, porque privatizar começa a ser uma política de Estado, independentemente de quem esteja no poder. É o que se espera. Dilma, em certa medida, repete o candidato Lula quando ele, na campanha de 2002, assinou a Carta ao Povo Brasileiro, para garantir que não executaria os delírios prometidos do palanque pelo PT, durante os tempos de oposição".

Estadão e superação dos preconceitos

Outro panfleto da direita, o Estadão, também aplaudiu a iniciativa do governo, que prevê investimentos de R$ 133 bilhões em projetos de rodovias, portos e ferrovias, “financiados na maior parte pelo BNDES”. Para o jornal da famiglia Mesquita, “com atraso, a presidente Dilma pôs de lado alguns preconceitos e decidiu, afinal, recorrer não só a concessões, mas também às Parcerias Público-Privadas (PPPs), já usadas com sucesso em projetos estaduais” – só faltou bajular o governador tucano Geraldo Alckmin.

“A presidente Dilma reconhece, enfim, a necessidade urgente de medidas estruturais para tornar o País mais eficiente. Até agora, ela agiu a maior parte do tempo como se o Brasil enfrentasse apenas problemas conjunturais, decorrentes da crise global. Mas o desafio é muito mais amplo e a competitividade é o ponto central. Admitir esse ponto é um avanço. Para tomar as medidas necessárias, mesmo com a participação do setor privado, o governo precisará, no entanto, de competência gerencial. É o primeiro obstáculo”, alfineta.

Um opção perigosa

Como se observa, a mídia privatista não está tão preocupada com o debate semântico sobre privatizações e concessões. Para ela, o “pacote logístico” do governo Dilma representa uma vitória do “deus-mercado” e garantirá bilionários lucros para a iniciativa privada, em projetos “financiados na maior parte com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. Ou seja: com recursos públicos! 

Diante do agravamento da crise capitalista mundial, que já causa estragos no Brasil, o governo optou por um caminho. Ao invés de enfrentar a maldição do superávit primário - o nome fictício da reserva de caixa dos banqueiros -, ele decidiu apostar na iniciativa privada. O capital aplaude e a mídia privatista ainda faz ironias. O ouvido vai virar penico!

 
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