quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Candidata ausente, Dilma vira alvo de adversários no debate Estadão/TV Gazeta por Jair Stangler Seção: COBERTURAS AO VIVO Eleições 08.setembro.2010 22


A ausência da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, foi o principal tema do debate promovido na noite desta quarta-feira, 8, pelo Grupo Estado e pela TV Gazeta. Participaram do evento os candidatos José Serra, do PSDB, Marina Silva, do PV, e Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL. Primeira nas pesquisas, Dilma alegou incompatibilidade de agenda para não comparecer – ela participou de um comício em Minas Gerais.

Seus adversários não pouparam críticas à candidata líder nas pesquisas. O franco-atirador Plínio de Arruda Sampaio fez um dos comentários mais contundentes contra ela. “Essa moça é um blefe. Ela foi inventada. Ela está defendendo uma política vagabunda. Defende um aumento sem-vergonha para o salário mínimo. Os problemas na educação, na saúde, ela não tem resposta para isso. Ela é uma invenção marqueteira”, disse o socialista.

Para Serra, a ausência de Dilma “reflete dificuldade de explicar o que pensa. Eu já vi a Dilma dizer que a carga tributária é boa e já vi criticar a carga tributária. E além disso, é a tendência de terceirizar a campanha.” Plínio concordou com Serra: “É isso mesmo. Onde ela vai, a capangada vai atrás.”

Vazamento de dados

O episódio da violação do sigilo fiscal de tucanos e da própria filha de José Serra, a empresária Verônica Serra, também foi tema do debate. Marina Silva voltou a criticar o ministro da Fazenda, para quem isso seria “corriqueiro”. “Se eu for presidente da República eu vou tomar todas as medidas para que esse tipo de desmando não aconteça”, afirmou a candidata verde.

Cobrado a apresentar medidas práticas para combater a falta de segurança de dados, Serra foi evasivo. Prometeu “dedicação e seriedade” e afirmou que “o controle da máquina deve ser feito pelo exemplo”. Ele voltou a acusar o PT: “O PT, da candidata Dilma, tem estado por trás desses vazamentos, comprometendo a segurança dos cidadãos.”

Confrontos

O debate teve também momentos de confronto entre os candidatos. Em um desses momentos Plínio questionou Serra por esconder o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu correligionário, e mostrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na TV. O tucano negou esconder FHC e disse ter orgulho de ter integrado seu governo. Quanto a exibir o atual presidente na TV, Serra disse que o citou em um determinado contexto, “não tem nada de mais”. Para Plínio, os dois são farinha do mesmo saco.

Já com Marina, a divergência de Serra foi sobre Saneamento. A candidata verde criticou os investimentos de FHC e Lula na área. Agitado, Serra citou realizações na área de saneamento durante o governo FHC. O tucano ainda acusou Marina verde de usar números errados para embasar suas críticas.


Confira a seguir os principais momentos:

0h33 – Termina o debate.
0h30 – Marina, em declarações finais. “A gente deve discutir proposta, sair da pegadinha, da casca de banana. Prejudicam a democracia aqueles que não comparecem. Prejudicam também aqueles que brincam com coisa séria. A sociedade civil avançou, a academia avançou, mas a política não avançou”. E responde Serra: “Eu espero, ao ir checar os dados, não descobrir que o investimento é ainda menor.”
0h29 - As considerações finais de Plínio: “Minha amiga, meu amigo, você ouviu, você decide. Se você acha que está tudo bem, vote com eles. Se você acha que está tudo errado, vote em mim. Nosso lema é a igualdade.” O candidato do PSOL aproveita para pedir o voto na legenda de “cabo a rabo”. “É preciso ver o Brasil com o olhar do pobre, do oprimido, do operário. É com essa gente que nós queremos trabalhar”
0h26 – Serra abre dizendo que Marina errou nos dados sobre saneamento e educação e diz querer discutir com a candidata verde os dados “inclusive do Acre.” Depois pergunta para Dilma, sobre altas taxas sobre energia elétrica e sobre empresas de saneamento. Diz que vai continuar lutando por “desenvolvimento com justiça social.”
0h26 - No último bloco, candidatos fazem declarações finais.
0h19 – “Você precisa demitir a sua turma da televisão”, diz Plínio. “Você não devia esconder, porque o Lula é a continuação do FHC. É tudo farinha do mesmo saco”, ataca o candidato do PSOL. “Os três candidatos, que tem o privilégio da TV, são faixa branca.” Serra procura diferenciar FHC e Lula e diz que nenhum dos dois é candidato.
0h18 – Plínio diz que Serra esconde FHC e mostra Lula e pergunta a Serra por quê. Serra diz que tem muito orgulho de ter feito parte do governo FHC. E lembra o caso da quebra de patentes. “O Lula é presidente da República, eu citei ele num determinado contexto, não tem nada demais. Eu tenho algumas pessoas que eu sou grato, mas não tenho patrono. Tenho a minha história, construi a minha biografia.
0h15 – Marina pergunta para Dilma. Devido à ausência da candidata do PT, ela tem 1 minuto e 30 para discursar. A candidata do PV cita “um retrocesso sem tamanho na política”. “Lamentavelmente nós estamos levando na brincadeira o que não deveria ser levado na brincadeira”, diz.
0h13 – Marina devolve a pergunta para Serra, que diz que quando foi ministro do Planejamento reabriu a Caixa Econômica para emprestar dinheiro para investir em Saneamento, segundo ele, fechado no governo Collor. Agitado, ele diz que fez, no Ministério da Saúde o maior programa de Saneamento, de R$ 2,5 bilhões, nos municípios de menor IDH. Na tréplica, Marina volta a criticar os investimentos de FHC e Lula em Saneamento.
0h10 - Serra pergunta para Marina: o candidato tucano cita a PNAD. “12 milhões de casa sem água e 32 milhões sem coleta de esgoto”, diz Serra, que pede um comentário da candidata. “Tanto no governo atual, como no passado, o investimento em saneamento foi ínfimo”, diz Marina. “A questão, Serra, é que você, que foi ministro da saúde e do planejamento”, pergunta Marina. Ela afirma que, em 8 anos, o governo FHC investiu apenas 20% do que deveria ter sido investido.
0h08 – Candidato pergunta para candidato. Dilma perguntaria para Plínio, que fala por um minuto e meio. “Essa moça é um blefe. Ela foi inventada. Ela está defendendo uma política vagabunda. Defende um aumento sem-vergonha para o salário mínimo. Os problemas na educação, na sáude, ela não tem resposta para isso. Ela é uma invenção marqueteira.”
0h01 - Na réplica, João Bosco Rabello pergunta se Ministério da Segurança não causaria conflito de interesse de atuações. Serra cita medidas nas áreas da educação e da saúde, e diz que a segurança está “largada”. “A cocaína abaixou de preço 50 vezes no Brasil nos últimos anos. É preciso ter uma mobilização nacional muito forte no curtíssimo prazo.”
23h59 - João Bosco Rabello pergunta a Serra sobre segurança. “Como mudar a política externa e a educação para melhorar a segurança?”, pergunta o jornalista. Serra cita a diminuição dos homicídios em São Paulo e o crescimento em outros estados. “Agora, o fato é que essa é uma política estadual”, discursa. “As fronteiras estão desprotegidas, a coca entra livremente”, diz. E volta a propor a criação do Ministério da Segurança.
23h57 – Plínio diz que irá ganhar por dizer a “verdade”. “É isso o que o Brasil quer. Dizer o que precisa ser dito”, explica. “O discursinho de vocês três é tudo igual”, ataca o socialista. Plínio: “É por isso que eu acho que vou ganhar. Eu acredito que o povo brasileiro está esperando uma cruzada pela verdade. Se o que precisa ser dito implicar em não ganhar, eu prefiro dizer o que precisa ser dito. Essas cifras não valem nada. O que vale é a cifra que eu citei: 30% dos meninos são analfabetos funcionais ou não sabem ler mesmo.
23h54 – Silvia Correa pergunta de onde viria o dinheiro para investir mais de 15 vezes o orçamento do Bolsa Família na Educação. “Se o País diminuir 2% o juro da dívida, teremos dinheiro para investir em educação”, responde Plínio. Ele defende um novo modelo de economia, não calcado no crescimento de renda, e sim na igualdade. “Não tem prioridade”, critica.
23h52 - Perguntada sobre o fraco desempenho nas pesquisas, Marina diz que não vai ser a ânsia por votos que a fará deixar de discutir o Brasil que interessa. “Eu decidi que iria participar dessas eleições discutindo aquilo que é relevante para o Brasil”, diz Marina ao ser questionada se não estaria pregando no deserto. Critica os adversários por colocarem a ausência de Dilma no centro do debate. “Vou discutir o que é relevante para o Brasil”. ”Eu vejo que mesmo os candidatos ausentes continuam pautando nossa presença aqui”, replica. “O Brasil é o País que tem as melhores condições para abordar esse debate.”
23h49 - Nos bastidores, durante o intervalo, o vice de José Serra, Índio da Costa, comenta a ausência de Dilma Rousseff. “O fato de ela não vir é ruim pra ela. Se é ruim pra ela, é bom pra nós, e se é bom pra nós é bom pro Brasil.” Na avaliação do político do DEM, o eleitor está atendo para a falta da candidata. “O processo de decisão só começa a ser tomado a partir do dia 20 de setembro.”
23h49 - Começa o terceiro bloco. Jornalistas perguntam para candidatos. O jornalista Paulo Markun pergunta para Marina Silva sobre economia e desenvolvimento. Markun pergunta sobre a incompatibilidade entre desenvolvimento e meio ambiente. Marina responde que é preciso repensar essa dicotomia. “Eu não vejo como impeditivo a proteção do meio ambiente e o crescimento econômico”, afirma.
23h41 – Plínio pergunta para Dilma, que não está. Pelas regras, Plínio tem 1 minuto e meio para falar sobre o assunto que quiser. “A Dilma adora cifras”, diz Plínio. Ele cita os homicídios de negros, o número de moradores de favelas e loteamentos irregulares e saneamento básico. “Eu pergunto Dilma, o que adianta as cifras que você diz diante dessas cifras?”, pergunta.
23h39 – Na réplica, Marina diz que a proposta que está sendo feita é reduzir a proteção das florestas. “O interessante é que tanto as bancadas do PT e do PSDB são favoráveis a isso. Você seria capaz de se comprometer com a proteção das florestas.” Serra: “Todos os ambientalistas podem contar comigo, eu me considero um ambientalista. Floresta, conta comigo.”
23h37 - Marina pergunta a Serra sobre o código ambiental. Ela cita o aumento do desmatamento pelo novo código. “Eu acho que esse semestre não é adequado para votar essa questão”, diz Serra, para quem a discussão deve se aprofundar a partir do próximo governo. Ele diz ser contra a anistia generalizada, mas faz ressalva para a análise caso a caso, “pelo tempo da propriedade e as peculiaridades das regiões”.
23h35 – Serra, na réplica, diz que “isso reflete dificuldade de explicar o que pensa. Eu já vi a Dilma dizer que a carga tributária é boa e já vi criticar a carga tributária. E além disso, é a tendência de terceirizar a campanha.” Plínio: “é isso mesmo. Onde ela vai, a capangada vai atrás.”
23h32 – Serra pergunta a Plínio: “A biografia dos que aqui estão coincidem”, introduz. “Porque você acha que a Dilma não veio?”, pergunta Serra. “Porque ela não é do ramo”, diz Plínio. Para o candidato do PSOL, a candidato do PT “não teve oportunidade de ser candidata a deputada estadual”. Na avaliação do socialista, “Ninguém conhece a moça, nem o Lula”. O candidato arranca risos da plateia ao pedir que filmem o lugar ausente da petista.
23h30 – Começa o segundo bloco. Dilma perguntaria para Marina, que ganha 1 minuto e meio para falar o que quiser. Marina critica a ausência de Dilma e volta a criticar a violação de sigilos e o ministro Guido Mantega, para quem “isso é corriqueiro.” “Se eu for presidente da República eu vou tomar todas as medidas para que esse tipo de desmando não aconteça.”
23h22 - “Eu queria insistir, candidato, medidas práticas”, diz a jornalista. Para Serra, “o controle da máquina deve ser feito pelo exemplo”, diz Serra, citando exemplo do partido. “Claro que há procedimentos mais modernos que pode evitar essas quebras, mas não há nada que evite a burla e a desonestidade”, explica. O tucano quer também uma maior cobrança da opinião publica acerca desses vazamentos.
23h20 - Jornalista Silvia Corrêa, da TV Gazeta, pergunta para Serra que medidas o tucano pretente tomar contra falta de segurança de dados. Para Serra, a primeira coisa é “dedicação e seriedade”. Ele lembra do caso recente do Enem, quando dados de alunos ficaram disponíveis na internet. “Outro exemplo, de outra natureza, são os vazamentos de dados da Receita Federal, ou até de contas em banco. O PT, da candidata Dilma, tem estado por trás desses vazamentos, comprometendo a segurança dos cidadãos.”
23h16 - Ming cita o exemplo da França, onde a universidade publica pode ser paga também. Plínio responde: “Porque se nem de graça as pessoas vão para universidade…” Para o candidato do PSOL, “educação é fundamental”. “O que não se pode é ter universidade privada, que é fabrica de diploma. Essas escolas devem ser fechadas”, diz. Para o candidato, havendo investimento nas escolas publicas, as outras fechariam por razões de mercado.
23h14 – Paulo Markun faria a pergunta para Dilma Rousseff. Então quem fará a pergunta será o jornalista Celso Ming. Pergunta para Plínio se ele é a favor de cobrar mensalidade na Universidade pública. “Não, não e não. Educação pública e de qualidade de ponta a ponta. Precisa investir 10% na Educação”, diz o socialista.
23h11 – “Os projetos dos portos também tem problemas ambientais, e a Sra. Deixou o governo por causa desse aspecto”, diz Bosco. “Nós temos conseguido avanços significativos no licenciamento ambiental”, diz Marina. “Aumentamos em mais de 93% a quantidade de licenças”, completa. “Os tensionamentos aconteciam, mas por falta de entendimento dos partidos tradicionais.”
23h09 – Jornalista João Bosco Rabello, do ‘Estadão’, pergunta a Marina como ela pretende desobstruir os portos, citando o exemplo do porto Santos, que foi barrado por problema de licenciamento do Ibama.. “O desenvolvimento econômico é fundamental para o desenvolvimento social do País. Há um problema sim no que concerne à infra-estrutura. O que nós temos hoje é uma junção de obras. No que concerne à geração de energia, estamos à beira do apagão. O problema não é o licenciamento do Ibama, mas são os projetos que não são bem feitos.”
23h07 – “Eu acho que eu tenho um saldo bastante positivo” de acertos, diz Serra. “Eu acreditei que nos teríamos bons debates nessa campanha. Pelo Plínio e pela Marina nós temos tido”, ataca. Segundo Serra, Dilma usa a “estratégia da caixa preta”.
23h06 - Plínio diz que cometeu dois erros na vida: “Acreditei no FHC e no Lula.” Socialista cobrou Dilma pela ausência. “Acho que ela foi assistir Pato Fu de novo.”
23h05 - Marina: “A questão ambiental é sempre tratada em oposição ao desenvolvimento. Mas, às vezes, a gente que conhece faz esse discurso sem explicar”
23h03 - A primeira pergunta será respondida por todos os candidatos, na ordem: Marina, Plinio e Serra. “Qual foi, na sua vida política, seu maior erro político e o que aprendeu com esse erro?”
23h – Maria Lydia explica a bancada vazia ao seu lado direito. “Pelo combinado com as assessorias dos candidatos, a bancada vazia será mantida em cena e o tempo de perguntas e respostas destinado a ela será usado pelos outros candidatos.”
22h53 – Serra é o último a chegar. “Espero que estejam todos os candidatos presentes, estou preparado para debater com todos”, disse o tucano.
22h45 – Marina Silva chega para o debate e também critica a ausência da candidata do PT. “A ausência da Dilma incomoda a democracia. A ausência da Dilma conta muito mais para a democracia do que para cada candidato individualmente.” Ela também foi questionada se mudaria o funcionamento da Receita Federal. Marina respondeu que, se eleita, daria prioridade aos cidadãos e pediu punição para os responsáveis pela quebra de sigilo.
22h23 – O candidato Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, foi o primeiro a chegar. Questionado sobre a ausência da candidata Dilma Rousseff (PT), o socialista classificou sua postura como prepotente e arrogante. “É um desrespeito ao povo brasileiro, ela que é mais desconhecida”, acusou. O ex-petista lamentou a violação de sigilo dos tucanos. “Toda vez que na política vale tudo, a moral e a ideologia perdem”, declarou.
22h16 – Já é grande a movimentação de jornalistas e assessores dos candidatos.

Brasil, tão rico e tão pobre!

Acompanhando os blogs, os jornais, etc. e vendo as posições dos candidatos governistas e de muitos que estão na oposição, como também a de seus apaniguados escribas, em relações as eleições me espanto com a parca tentativa do exercício da retórica demonstrada em alguns destes.

Para estes arautos medíocres do maniqueísmo militante o que importa não é analisar as mazelas sociais em busca de encontrar novos caminhos em busca da superação ou mesmo reafirmação do que já caiu no agrado popular por ser uma necessidade social, no caso os programas sociais de inclusão. Os verdadeiros autores destes programas são aqueles que colocados a margem da sociedade se organizam e lutam para serem incluídos, assim fazendo com que a miséria em que vivem não seja vista como uma coisa normal, pois está em um país que se pretende líder no cone Sul das Américas é de fato uma vergonha nacional.

Não existe o “rei bom”, o “pai dos pobres” ou a “mãe da nação”, pois em sociedade nada surge do nada e sim nasce da luta entre os contrários em busca da síntese, pois a “partenogênese social”, onde um ser “gera tudo”, é uma abstração, ou mais, uma aberração imposta para fortalecer os atos despóticos de governantes pessimamente intencionados, pois ninguém substitui a ação soberana do povo organizado em busca dos seus direitos.

A função sagrada do governante, que gerencia o que é publico, é a de ter dois ouvidos bem abertos aos clamores que nascem das ruas, pois o que este governa não é dele e sim apenas a coisa pública ao qual este dirige por um mandato delegado pela população.

Em um país onde a “Independência” foi um negócio de pai para filho e a “República” foi proclamada por um marechal monarquista após dar um único tiro, que em testamento implicitou a sua vontade de que quando morto ser enterrado com a farda imperial, sendo que em ambos os processos não ocorreu a participação popular, a figura do rei bom ainda se faz presente no imaginário popular, já que aqui ainda o povo não conquistou o direito de ser o protagonista de sua própria história.

Quando o governante ajuda a manter está ilusão “sebastianista” da espera do “rei bom para nos salvar” ele propositalmente presta um desserviço à construção da nacionalidade. Para este, que no fundo é um déspota que governa de forma arbitrária ou opressora ao manter a ignorância do povo em relação ao seu verdadeiro papel transformador, o povo acreditando que ele é o “pai da nação” é um bom anestésico social. Desta forma a população ao desconhecer os seus reais direitos por não serem os protagonistas da construção da própria história não age e tal qual um boi na fila para o abatedouro espera a “clemência real”.

Em seu populismo barato, forma piorada do getulismo, já que nem a falsa retórica nacionalista este possui, o governo Lula brinca e abusa do imaginário popular ao em forte campanha midiática vender a imagem de que ele é o “pai dos pobres” e de que a Dilma será a “mãe”.

Ao vermos a forma como este governo pela ação midiática fascista mantém o povo inerte pela crença de que o “Bolsa Família”, que não passa de um mero placebo, é a solução para superarmos o abismo de desigualdades sociais que existe no Brasil, mas ao mesmo tempo dirige todas as suas forças para a manutenção da antiga ordem vigente, que só aos muitos ricos ( banqueiros, empreiteiros, grandes comerciantes e grandes fazendeiros) beneficia nos dá vontade de gritar contra está mentira deslavada.

No governo Lula o “espetáculo de crescimento” passa pela exportação de commodities, o que nos joga de volta ao escravocrata sistema das plantations, e não pela industrialização, que ao agregar novos valores a nossa produção gera uma maior distribuição de renda e o fortalecimento da poupança nacional.

A nossa indústria tal qual o povo, submetida às escorchantes taxas de juros e a artificial alta do dólar, o que também dificulta ainda mais a nossas exportações, sucumbe no processo de desindustrialização porque passa o Brasil.
Neste país ainda temos 9,7% da nossa população na escuridão do analfabetismo total e 25% de analfabetos funcionais.

O Brasil possui grande parcela da população incapaz de atender às suas necessidades básicas e a distribuição de renda é uma das mais desiguais do mundo. Segundo o IPEA em 2008 28,8% da população vivia em pobreza absoluta e a proporção de miseráveis, os que vivem abaixo da linha da pobreza absoluta, neste mesmo ano era estimada em 10,5% da população.

Embora após a queda da ditadura os índices de pobreza no Brasil tenham experimentado queda mais acelerada (PIB), a melhoria das condições econômicas da população desde o Plano Real não teve uma distribuição uniforme entre as regiões do País.
O PIB nos diz qual é a riqueza total de um determinado país. Dividir a mesma aritmeticamente, pelo número de seus habitantes nos dá uma idéia imperfeita do padrão de vida de sua população.

Um país pode ser muito rico e seus habitantes muito pobres. Ou pode não ser tão rico e seus habitantes desfrutarem de um padrão de vida superior ao de um país que tenha uma renda per capita maior. O que determina essa diferença é o perfil da distribuição de renda, ou seja, como a riqueza total que é produzida no país se distribui entre os habitantes.

Para analisar estas questões de distribuição de renda na economia foram criados diversos índices estatísticos. Dentre os mais conhecidos encontra-se o P90/P10 ou 10% mais ricos a 10% mais pobres, que mede quanto o grupo formado pelos 10% mais ricos da população recebe em comparação ao grupo dos 10% mais pobres. Outro índice muito conhecido é o Coeficiente de Gini, que faz a comparação da diferença renda dos 10% mais ricos sobre os 10% mais pobres . Por ele o Brasil, caso comparado ao outros países que se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento econômico (países emergentes), com seus 51.3% apresenta um alto grau de péssima distribuição de renda. A China apresenta 21,6%, a Índia 8.6 e o México 24.6%.

Com este modelo neoliberal excludente, onde o desenvolvimento humano sucumbe junto com a desindustrialização, consequentemente e principalmente por causa do aumento dos lucros do sistema financeiro especulativo como pela má distribuição de renda desaquecendo o mercado interno, nunca sairemos do histórico e submisso papel de sermos meros exportadores de matérias primas e importadores de produtos industrializados.

Por enquanto para nós só resta o “orgulho” de sermos o país do futebol e o triste sorriso em um Brasil onde há 30 milhões de desdentados, o que é equivalente a 17,6% da população.

Até quando ao mesmo tempo seremos tão ricos e tão pobres?

Uma homenagem ao indignado libelo do Fábio Campana. Uma verdadeira ode a necessidade humana maior de não passar a vida indiferente aos fatos!

Da nobre arte de fazer inimigos e irritar pessoas

Quarta-feira, 8 de Setembro de 2010 – 20:52 hs

Modéstia à parte, eu tenho muitos inimigos. Tantos que não conseguiria contá-los. A verdade é que não quero saber quantos são. Meu interesse se concentra nos desafetos que detêm alguma forma de poder e o usa como déspota pouco esclarecido, característica muito comum nos políticos nativos.

Aprendi que não vale a pena gastar tutano e neurônios com os epígonos. A patuléia miúda é numerosa e só existe coletivamente. Não pensa. Reage emocionalmente. Segue o líder com a cegueira da paixão e da burrice.

Não perco tempo com a malta que se infla de raiva e indignação quando o chefe é atingido. Meu alvo é o suserano de alto coturno. Nunca o torcedor fanático. Meus inimigos de estimação são todos de grosso calibre. A eles dedico o melhor de meus esforços e criatividade.

Isso explica porque identifico poucos inimigos, apesar dos áulicos que servem a cada um deles e que me detestam porque coloco em risco a sua segurança representada no mais das vezes por uma sinecura, um salário, um afago, um favor ou simplesmente pela identificação de quem não consegue justificar sua existência de outra forma.

São de variada catadura, mas há algo comum entre eles. Percebo em suas reações raivosas um ressaibo de inveja e frustração que se expressa coletivamente pelo primitivo. Há uma categoria especialmente patética, próxima da bufonaria, nesse universo. É a classe dos apedeutas, dos intelectuais menores ou dos que tentam se fazer passar por intelectuais.

Se dão ares de sábios e exercitam a crítica pessoal como forma de sublimar sua evidente limitação de neurônios ativos. Não há aditivo que possa ajudá-los. Quase não suportam conviver com a própria mediocridade e isso talvez explique as tentativas de suicídio nesse meio, embora também nisso sejam incompetentes. Não há nada mais ridículo que o suicídio frustrado.

Eu não suporto nada que soe a horda. Prefiro insular-me e só ver os amigos mais chegados. Defendo-me das torcidas organizadas com distância e indiferença. Minha formação em verdadeiros partidos comunistas de antanho provou-me que a máxima dos jesuítas depois adotada pelos leninistas, poucos mas bons, é saudável e eficaz para salvar-nos da patologia social.

Os inimigos não me fazem dano. Mais me divirto com a loucura humana do que me irrito. Os inteligentes percebem. Sou uma pessoa de poucas raivas e rancores. Acredito que o pecado do orgulho me protege desses sentimentos. Em minha soberba sempre enxergo os medíocres como bufões. Há décadas tenho detratores profissionais que ganham a vida nessa faina. Eu acho engraçado. Essa profissão é uma originalidade da província.

Compreendo porque deixo de maus bofes os medíocres. Sempre houve em mim uma dose robusta de inconformismo. Tenho dificuldades para aceitar o que está posto e estabelecido. Não aceito regras imutáveis, desconfio das leis restritivas da liberdade individual, tenho horror de qualquer manifestação autoritária e um desrespeito intelectual absoluto pelos governantes e pela burocracia entrincheirada atrás dos poderosos. Daí essa minha natural vocação para o questionamento, a transgressão, a rebeldia e o que chamam de espírito anárquico.

O inimigo é o sal da terra, dizia meu avô Diego Vera. Eles são a evidência de que temos opinião e sabemos defendê-la. O homem que só tem amigos não tem caráter, dizia ele. O bom mocismo é papel para os néscios e figurantes. Eu, modéstia a parte, tenho muitos inimigos e poucos, mas bons e brilhantes amigos, que são a contraprova de que não vim à este mundo para ser coadjuvante e passá-la em branco.

Terrível, desolador, será o dia em que os inimigos desaparecerem. Esse será o verdadeiro sinal do fim.

 
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