Para qualquer parte..."
Passando um pouco a euforia resultante do magnĂfico espetĂ¡culo de vivĂªncia da nacionalidade e conquista da cidadania propiciado pela juventude, que sai as ruas para dizer de tudo um pouco, pois as carĂªncias sociais vĂ£o muito alĂ©m do aumento de 0,20 centavos das tarifas.
O paĂs inteiro se levanta para dizer: nĂ³s somos o povo e estamos despertos, somos muitos e queremos mais, queremos tudo o que a nossa ConstituiĂ§Ă£o diz que sĂ£o os direitos fundamentais, entre eles principalmente a prevalĂªncia dos direitos humanos.
Um Movimento que nasceu com a discussĂ£o sobre as pĂ©ssimas condições de mobilidade urbana, nas ruas ganha outras caracterĂsticas, assume outras bandeiras em defesa da educaĂ§Ă£o, saĂºde, melhores salĂ¡rios, combate a corrupĂ§Ă£o, etc., cada cartolina apontava para um objeto, mas todos convergentes, as melhores condições de vida para o povo.
"Roncou, roncou
Roncou de raiva a cuĂca
Roncou de fome
Alguém mandou
Mandou parar a cuĂca, Ă© coisa dos home"
A juventude, quietamente impaciente com justa causa, nĂ£o vinha para as ruas desde a derrubada do Collor, mas a mesma Ă© herdeira dos que lutaram contra ditadura, a que foi para as ruas nas marchas das Diretas JĂ¡, de novo assume o seu protagonismo, o que Ă© muito bonito e significativo. Com ela saĂmos do comodismo e resgatamos a nossa soberana dignidade nacional.
Tenho trĂªs filhos adentrando a fase adulta, e eles, mesmo tendo uma situaĂ§Ă£o mais privilegiada dos que a maioria dos jovens, podem ser considerados sem recursos, jĂ¡ que desde adolescentes sempre tiveram de estagiar para com o pouco ganho ajudar a cobrir suas despesas pessoais. A mais velha se formou em jornalismo, o filho homem termina o curso de Direito neste final de ano e a caçula tem mais trĂªs anos para tambĂ©m completar o curso de Direito. Formados terĂ£o de cair em um mercado de trabalho mau remunerado e altamente competitivo, e nele as vagas para os de nĂvel superior sĂ£o escassas. Se para os de situaĂ§Ă£o econĂ´mica igual a deles a vida nĂ£o estĂ¡ fĂ¡cil, imagino como seja a vida dos realmente de baixa renda.
Deve ser muito dura a vida de um jovem casal com filhos tendo de no mĂ¡ximo sobreviver com dois ou trĂªs salĂ¡rios mĂnimos. Se somar aluguel, mercado, farmĂ¡cia, transporte, vestuĂ¡rio, etc. o que sobra Ă© desespero. Estes jovens tambĂ©m estavam na manifestaĂ§Ă£o, que muitos tentam diminuir para como se fosse uma manifestaĂ§Ă£o de filhinhos de papais, mentira!
Do jeito que a força se acumula logo teremos eventos populares tĂ£o amplos e massivos como foram os da Diretas JĂ¡ e o Fora Collor, onde a totalidade do conjunto social estarĂ¡ representada, atĂ© a tal da classe mĂ©dia alta que a mĂdia canalha tentou vender como se estĂ¡ fosse a força hegemĂ´nica dentro deste importante grito de nacionalidade mobilizado atravĂ©s da rede.
A maioria dos que lĂ¡ estavam eram da classe mĂ©dia baixa ou pobres. Nem um potentado via sair as ruas para reclamar uma pauta tĂ£o amplamente popular. A maioria absoluta destas pessoas nĂ£o sĂ£o militantes ou quadros polĂticos de organizações, mas gente comum que para as ruas o foram para lembrar que o povo nĂ£o Ă© gado e dizer que estĂ£o acordados vendo tudo acontecer e nĂ£o gostando do que aqui em Pindorama cronicamente acontece.
Os baderneiros
Enquanto a maioria do que foram as ruas lutavam por uma pauta concreta uma minoria, verdadeiros "iscas de polĂcia", buscavam como pauta o confronto, e pelos mais diversos motivos, pois entre eles estavam militantes de extrema, pouco importando se eram de esquerda ou de direita; membros de torcidas organizadas; sociopatas e tambĂ©m outros bichos exĂ³ticos, entre estes atĂ© bandos de pichadores.
Apesar das tentativas destes baderneiros de criar um clima de terror, o que vai contra a imagem do Movimento, estes nĂ£o conseguiram o seus intentos. A populaĂ§Ă£o soube identificar bem que estes escrotos eram uma pequena minoria, embora os meios de comunicaĂ§Ă£o tenham tentado de forma canalha vender a imagem de que estes representavam o conjunto dos participantes das passeatas.