sábado, 2 de julho de 2011

Curitiba:14 bairros da capital perderam habitantes em 10 anos

Em dez anos, 14 bairros de Curitiba viram sua população encolher. Enquanto a capital paranaense teve um crescimento demográfico de 10% entre 2000 e 2010, esses bairros registraram perdas de habitantes entre 0,7% e 14,2%. Entre eles áreas nobres como Batel, Bigorrilho, Água Verde e Mercês. A maioria tem boa infraestrutura e imóveis valorizados, mas tem em comum uma população que envelhece, gera menos filhos e aos poucos é expulsa pelo avanço do comércio. O Prado Velho lidera a lista de endereços com maior perda populacional. Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam ainda que Curitiba segue expandindo em direção ao sul. No bairro Campo de Santana, por exemplo, o crescimento populacional quase quadruplicou em uma década – consequência principalmente da implantação de conjuntos habitacionais construídos pelo poder público.

Uma população que cresce 270% no Campo de Santana e diminui 14,2% no Prado Velho traz desafios em termos de políticas públicas e diferentes demandas. Nos bairros que crescem há demanda por mais escolas, enquanto nos mais antigos a busca é por equipamentos de lazer e maior atendimento em saúde, principalmente para a terceira idade.

O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Francisco de Assis Mendonça observa que no extremo sul da capital ocorre o crescimento da população de baixa renda, com pouco investimento público. “Ali quase não tem serviços. O planejamento e acompanhamento do poder público é deficitário”, diz. Já nos bairros que perdem população existem ganhos aos moradores que ficam, afirma Mendonça. “Em geral há certa desconcentração, que é compensada pela proliferação de serviços que não existiam no passado.”

O supervisor de informações do Instituto de Pesquisa e Planej­­a­­mento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lourival Peyerl, afirma que as novas áreas representam um maior desafio e que o poder público acompanha o fenômeno. “O município está se estruturando para levar todos os serviços que o restante da população já dispõe”, diz.

Os que ficam

O professor de Planejamento Urbano e Regional da UFPR Luís Henrique Cavalcanti Fragomeni verifica maior permanência de idosos nos bairros que perdem população. “Moradores antigos decidem permanecer, mas os fi­­lhos saem. Aquela estrutura já não os satisfaz.”

O Jardim Social, na região norte, por exemplo, é o bairro com maior porcentual de idosos proporcionalmente à população e o sexto em perda populacional. O professor cita ainda o aumento da área do comércio, congestionamentos, violência e degradação dos imóveis como outras causas para a saída de habitantes.

No outro extremo, o Gan­chinho, na região sul, tem o maior índice de jovens e é o quarto bairro em ganho populacional. As áreas que ganham população estão localizadas em locais pouco explorados, onde há programas habitacionais sociais e ocupações irregulares, diz Fragomeni. Para ele, a capital irá seguir expandindo para estas áreas, inclusive para a região metropolitana. “Hoje Curitiba muitas vezes é local de saída da população, que também está procurando pelos espaços metropolitanos.” (GP)

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