O sindicato de pilotos da Air France se revoltou contra a multiplicação de rumores não confirmados sobre as circunstâncias em que ocorreu o acidente do voo 447 quando fazia a rota Rio-Paris, em 2009. Os principais argumentos referem-se a atuação da tripulação.
As caixas-pretas do avião A330 foram encontradas no início do mês. Desde então, veículos de imprensa internacional vêm publicando informações para tentar explicar as circunstâncias e causas do acidente que deixou 228 mortos próximo à costa brasileira.
De acordo com a revista alemã Der Spiegel, o acidente teria sido causado por um desligamento repentino da aeronave em função do congelamento das sondas pitot, que medem a velocidade da aeronave. A versão já tinha sido aventada pelos investigadores.
A revista afirma também que o comandante do avião não estava na cabine do piloto no momento em que o avião encontrou as primeiras dificuldades em seu percurso. O piloto teria voltado à cabine às pressas e gritado instruções para seus dois copilotos, menos experientes.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, o sindicato SNPL-France Alpa denunciou as "suspeitas infundadas" e destacou que uma eventual ausência do comandante de bordo na cabine estaria "inteiramente em conformidade com as regras internacionais".
"De fato, durante tais voos de longa duração está prevista a presença de um piloto de reforço para que cada um dos membros da tripulação possa tirar momentos de descanso. Dois pilotos permanecem sempre nos comandos, conforme exigem as regras de certificação do avião", explicou o sindicato.
O BEA (órgão responsável pela investigação de acidentes aéreos na França) quer tomar o tempo necessário para analisar os dados contidos nas caixas-pretas antes de divulgar, dentro de várias semanas, as primeiras informações sobre as circunstâncias do acidente.
Mas os investigadores do orgão decidiram adiantar parcialmente sua agenda em função das informações "parciais e mais ou menos" contraditórias divulgadas pela imprensa e que, segundo o sindicato, podem prejudicar a "serenidade" da investigação.
Por essa razão, o BEA anunciou na semana passada que elementos factuais sobre as circunstâncias do acidente --mas não sobre as causas-- serão divulgados na próxima sexta-feira (27).
A Air France e a Airbus foram indiciadas em março por homicídios culposos dentro da investigação judicial sobre a catástrofe.
GELO
A revista alemã publicou no domingo (22) que o avião sofreu uma parada súbita provocada pelo gelo acumulado nas sondas de velocidade Pitot.
Citando um investigador do acidente que pediu anonimato, a publicação garante que as causas exatas do acidente ainda não são conhecidas, mas que as informação recuperadas até agora das caixas-pretas sugerem que os medidores de velocidade congelaram, o que provocou uma falha no Airbus A330.
Segundo o áudio gravado por um dos aparelhos, o CVR (Cockpit Voice Recorder), o comandante do voo, Marc Dubois, não estava na cabine quando os alarmes soaram. É possível ouvir ele chegando correndo à cabine, quando 'grita instruções aos seus dois copilotos', afirma o especialista à revista alemã.
Até agora se pensava que a tripulação havia direcionado o avião diretamente para uma área de tempestade. Mas a trajetória do voo gravada na caixa-preta FDR (Flight Data Recorder), segundo a revista, revela que os pilotos claramente tentaram escolher o melhor caminho possível através da tempestade.
Inicialmente a manobra pareceu ter funcionado, mas cristais de gelo se formaram nos medidores. As informações do FDR mostram que instantes após a falha dos sensores houve uma parada súbita dos motores, disse o especialista à "Der Spiegel". (Reuters)
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Sindicato de pilotos da Air France rebate suspeitas do voo 447
segunda-feira, maio 23, 2011
Molina com muita prosa & muitos versos
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