VINICIUS BOREKI E FABIANE ZIOLLA MENEZES/GP
Quase a metade da população não se sente segura em sua cidade, conforme o estudo “Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil”, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, elaborado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado ontem. Ao todo, 47,2% dos brasileiros temem circular onde vivem. No Paraná, o número de pessoas amedrontadas (45%) é menor do que a média nacional, mas é disparada a mais alta da Região Sul. A sensação de insegurança cresce na proporção em que as pessoas se afastam de casa. Apesar de ser característica comum ao país, nem sempre os domicílios são fortalezas invioláveis.
Não há explicação para a diferença sentida entre Paraná e os demais estados do Sul, segundo especialistas. O medo, de uma forma geral, é irracional e a mídia é, de certa maneira, “culpada” por isso, avalia o sociólogo e criminólogo Túlio Kahn, diretor do Departamento de Planejamento e Análise da Polícia do Estado de São Paulo. “Os crimes violentos, que são minoria na realidade policial, são superexpostos na cobertura jornalística. Do mesmo modo, os crimes contra o patrimônio, como o roubo de veículos, que são a maior parte dos números das estatísticas criminais, dificilmente aparecem na tevê ou nos jornais”, afirma.
Quanto mais distante da realidade, maior a sensação de insegurança, na avaliação de Kahn, também ex-coordenador de Pesquisa do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente (Ilanud). “Um exemplo é a diferença de perfis entre as pessoas que se dizem inseguras e aquelas realmente vítimas dos crimes”, afirma.
Perfil
Em geral, conforme o estudo do IBGE, homens entre 16 e 34 anos são potenciais vítimas de roubos e furtos. Se a renda for mais alta, maior é a chance de ser vítima da violência. “Na pesquisa, as pessoas que se mostram com mais medo são as mulheres e os mais velhos, por questões físicas e culturais”, diz.
Quando os índices de criminalidade destoam dos demais indicativos de um municípios, a sensação de insegurança atrapalha ainda mais, avalia o ex-secretário Nacional de Segurança Pública e coordenador do Instituto Minas pela Paz, José Vicente da Silva Filho. Ele cita Curitiba como exemplo: “teve um aumento grande na criminalidade, como na taxa de homicídios, mas apresenta bons indicativos de qualidade de vida”, afirma.
Metade das pessoas não presta queixa na polícia
Mais da metade da população não registra roubos e furtos na polícia. De acordo com o estudo do Pnad, o cidadão deixa de fazer boletim de ocorrência em 48,4% dos roubos e em 37,7% dos furtos. Os principais motivos apontados pelos cidadãos são o descrédito na instituição polícia; por não considerar o crime importante; temor de represálias; e falta de provas para registrar a queixa. De uma forma geral, sete em cada dez roubos acontecem nas ruas, enquanto quase cinco em dez furtos ocorrem em residências. Celulares e dinheiro (cartão de crédito/débito) são os principais objetos obtidos à força pelos criminosos.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Paraná: 45% da população não se sentem segura perante a onda de violência
quinta-feira, dezembro 16, 2010
Molina com muita prosa & muitos versos
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